LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

1º Trimestre de 2022

 

Título: Jesus, o Filho de Deus — Os sinais e ensinos de Cristo no Evangelho de João

Comentarista: Silas Queiroz

 

 

Lição 8: O quinto sinal: Jesus anda sobre o mar

Data: 20 de Fevereiro de 2022

 

 

TEXTO PRINCIPAL

 

E, tendo navegado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco, e temeram. Porém ele lhes disse: Sou eu; não temais.(Jo 6.19,20).

 

RESUMO DA LIÇÃO

 

Os discípulos se viram diante de uma situação frente a qual eram impotentes. Foi naquelas circunstâncias que Jesus se revelou a eles.

 

LEITURA DA SEMANA

 

SEGUNDA — Jo 6.18

Quando o mar se levanta

 

 

TERÇA — Jo 6.19

Medo em meio à adversidade

 

 

QUARTA — Jo 6.20

“Não temais”

 

 

QUINTA — Jo 6.24

Quando Jesus entra no barco

 

 

SEXTA — Sl 121.1,2

De onde vem o nosso socorro

 

 

SÁBADO — Sl 121.7

Deus nos guarda

 

OBJETIVOS

 

  • APRESENTAR o quinto sinal narrado no Evangelho de João: Jesus anda sobre as águas;
  • COMPREENDER o processo da revelação de Jesus segundo João;
  • SABER como se deu o treinamento dos doze apóstolos de Jesus.

 

INTERAÇÃO

 

Prezado(a) professor(a), na lição deste domingo estudaremos o quinto sinal narrado pelo apóstolo João: Jesus anda sobre o mar. O capítulo 6 de João nos mostra que depois de alimentar a multidão faminta, os discípulos de Jesus entraram em um barco em direção a Cafarnaum. Contudo, eles foram surpreendidos por uma terrível tempestade, pois as tormentas eram comuns no mar da Galileia devido a sua localização.

A tempestade causou muito medo nos discípulos e os deixou abalados, pois chegaram a pensar que Jesus era um “fantasma”. Em geral, as tormentas da vida mexem com as nossas emoções. Ficamos cornos os discípulos no barco, temerosos e o medo nos leva a vermos “fantasmas”. Não importa a tempestade que você ou quem sabe alguns de seus alunos estejam enfrentando, tenha confiança, pois Jesus também virá em seu socorro.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor(a), depois de orar para iniciar a aula faça a seguinte pergunta aos seus alunos: “Quem é Jesus Cristo para você?”.

Ouça com atenção a todos os alunos e incentive a participação deles, pois a participação da turma torna a aula mais interativa.

Infelizmente, muitos na atualidade, falam e até conhecem algo a respeito de Jesus Cristo. Muitas pessoas também buscam a Jesus somente esperando receber um milagre. Contudo, poucos são os que reconhecem a Jesus Cristo como o Cordeiro de Deus (1.29,36); o Messias (1.41,45): o Filho de Deus (1.34,49) e na verdade, ninguém menos que o próprio Deus (1.1-3).

Ao ver Jesus caminhando sobre as águas os discípulos pensaram ser um fantasma e não o Mestre, uma visão equivocada do Filho de Deus. Que venhamos ter uma visão correta a respeito de Jesus e que Ele seja visto como o nosso Salvador e Senhor.

 

TEXTO BÍBLICO

 

João 6.16-21.

 

16 — E, quando veio a tarde, os seus discípulos desceram para o mar.

17 — E, entrando no barco, passaram o mar em direção a Cafarnaum; e era já escuro, e ainda Jesus não tinha chegado perto deles.

18 — E o mar se levantou, porque um grande vento assoprava.

19 — E, tendo navegado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco, e temeram.

20 — Porém ele lhes disse: Sou eu; não temais.

21 — Então, eles, de boa mente, o receberam no barco; e logo o barco chegou à terra para onde iam.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Dentre os propósitos de Cristo em seu ministério, estava o treinamento dos discípulos. Isso acontecia através da criação de oportunidades que gerassem experiências de fé. Nesta lição refletiremos a esse respeito, considerando, inclusive, como é importante que reconheçamos nossa fragilidade diante do poder de Deus, que não encontra quaisquer limites ou barreiras. Na sequência do estudo dos sinais selecionados por João, esse se destaca como mais uma contundente demonstração de sua divindade: Jesus andando sobre as águas mostra seu poder como Criador, com absoluto controle sobre todas as coisas, incluindo a criação e seus fenômenos, como uma tempestade em alto mar. Por isso podemos ter segurança nEle em meio aos maiores perigos da vida.

 

 

I. O MAR SE LEVANTOU

 

1. A cronologia dos fatos. Pela narrativa feita por João, Mateus e Marcos, entendemos que a travessia do mar da Galileia foi iniciada na tarde do mesmo dia da primeira multiplicação dos pães. De Tiberíades Jesus ordenou aos discípulos que navegassem para o outro lado do lago, em direção a Cafarnaum, enquanto Ele foi orar.

A travessia demandava um tempo considerável, principalmente pelas condições primitivas das embarcações. Naquela tarde e noite os discípulos já haviam navegado “uns vinte e cinco ou trinta estádios” (Jo 6.19), ou seja, uns 4,5 ou 5,4 km. Com ventos contrários, isso representava longas horas.

Quando Jesus foi ao encontro dos discípulos já havia passado das 3h da manhã. Mateus registra que era já a quarta vigília da noite (Mt 14.25). Portanto, já estavam no mar havia aproximadamente 12h.

2. A impetuosidade das ondas. Os discípulos se viram diante de uma situação frente a qual eram totalmente impotentes. O mar da Galileia, por sua grande extensão (20 km) e ventos inesperados, sujeitava os navegantes a fortes tempestades. No caso dos discípulos, João conta que “um grande vento assoprava” (Jo 6.18). Conforme Mateus, o barco estava “açoitado pelas ondas” (Mt 14.24). Foi naquelas pavorosas circunstâncias que Jesus apareceu “andando sobre o mar” (Jo 6.19). O Mestre se revelou como soberano que, mesmo diante de qualquer tempestade jamais perde o controle da situação, a ponto de andar sobre as águas.

O quadro é justamente esse: do ponto de vista físico e humano, havia uma tragédia iminente; a instabilidade era reinante. Do ponto de vista divino, contudo, havia plena segurança e estabilidade. Jesus apareceu, soberano, andando sobre as águas.

3. Um fantasma? A relevância desse sinal também se vê na reação dos discípulos quando veem Jesus. Marcos registra que eles “pensaram que era um fantasma e deram grandes gritos” (Mc 6.49).

É de se imaginar que os discípulos não cogitassem que Jesus fosse tão poderoso a ponto de andar sobre as águas, mesmo sendo autor dos milagres que já haviam testemunhado. Como poderia não ser afetado pela impetuosidade das ondas ou qualquer força da natureza? Eles ainda não tinham uma compreensão exata de sua divindade e poder.

É de se imaginar também qual seria a origem da crença que expressaram, ao imaginarem que seria um fantasma. Isso não tinha relação alguma com toda a revelação escriturística já disponível aos judeus! Precisamos ter cuidado com todo tipo de crendice. Nossa compreensão das realidades espirituais deve ter sempre uma fonte única e segura: a Palavra de Deus.

 

SUBSÍDIO I

 

Professor(a), abra a sua Bíblia e procure mostrar aos alunos o “quinto sinal” nos Evangelhos de Mateus e Marcos (Mt 14.22-33; Mc 6.45-52). Em seguida explique que “nos três relatos dos Evangelhos sobre este milagre, o de João é o que inclui menos detalhes. Ele expõe a ação com moderação, e exceto por uma breve menção do pavor dos discípulos, ele dá pouca ênfase a este evento. Mateus descreve o andar de Pedro sobre as águas, destacando também o momento em que lhe faltou a fé e começou a afundar. Marcos mencionou as dificuldades que foram criadas pelo vento e pelas ondas, bem como o fato de que quando os discípulos viram Jesus, Ele estava passando por eles. Os enfoques de Mateus e Marcos destacaram o milagre e seus efeitos sobre aqueles que participaram dele; João incluiu o milagre como sendo ainda outra indicação da verdadeira identidade de Jesus”.

 

 

II. O PROCESSO DA REVELAÇÃO DE JESUS

 

1. “Sou eu; não temais”. Quando os discípulos, assustados e com medo, pensaram estar diante de um “fantasma”, Jesus se identificou: “Sou eu; não temais” (Jo 6.20), João relata o momento em que o recebem no barco, mas Mateus dá uma informação precedente. Pedro manifestou dúvida se realmente era Jesus: “Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas” (Mt 14.28).

Jesus o chama e ele, descendo do barco, começa andar sobre as águas. Sentindo o vento forte, teve medo e começa a afundar. Clama por Jesus, que lhe estende a mão e o segura (Mt 14.31).

2. Medo e dúvida. Jesus abordou os discípulos com uma palavra de ânimo, diante do pavor que enfrentavam. Pedro pôs em dúvida sua identidade e pediu uma prova exclusiva, de ordem pessoal. Foi censurado por sua incredulidade. Aprendemos com isso que o reconhecimento de nossas fragilidades encontra conforto em Deus. Ele é nosso socorro bem presente na angústia (Sl 46.1). O que não devemos fazer é duvidar de sua Palavra, como fez Pedro.

3. O perigo da apostasia. As Escrituras e a história nos mostram exemplos de pessoas que exigiram provas da existência de Deus e de seu poder, não como fruto da necessidade de conhecê-lo, mas como expressão de resistente incredulidade e orgulho.

Uma das fases da tentação de Cristo foi quando o Diabo o instou para que se lançasse do pináculo do Templo, exigindo que o Pai ordenasse aos anjos que o livrasse (Mt 4.6). Disse-lhe Jesus: “Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus” (Mt 4.7).

 

SUBSÍDIO II

 

Professor(a), leia novamente com os alunos o Texto Bíblico da Lição. Explique que a tempestade no mar “foi o cenário em que os discípulos aprenderam que a presença divina vem ao homem não somente na hora da adoração no lugar sagrado, mas nos momentos inesperados e de maior necessidade (cf. Hb 4.16). Jesus chegou dizendo ‘Sou eu’ (literalmente, ‘Eu sou’): a divina presença está aqui; não tenham medo. ‘Então, eles, de boa mente, o receberam no barco; e logo o barco chegou à terra para onde iam’. Aqui está um bonito epílogo para todo o drama”. Diga aos alunos que é preciso confiar em Jesus em todo o tempo — na bonança e na tempestade. A nossa fé nEle não pode ser alterada pelas circunstâncias, pois não vivemos firmados no que vemos ou sentimos.

 

 

III. TREINANDO OS DOZE APÓSTOLOS

 

1. A ordem de Jesus. Mateus e Lucas trazem informações complementares das circunstâncias do sinal em estudo. Mateus diz que Jesus “ordenou” que os discípulos entrassem no barco e passassem para a outra banda do mar, enquanto despedia a multidão (Mt 14.22). Marcos usa uma expressão que revela mais incisividade: Jesus “obrigou os seus discípulos a subir para o barco” (Mc 6.45).

Isso mostra que o propósito do Mestre era que os discípulos atravessassem, sozinhos, o mar da Galileia. Tanto Mateus quanto Marcos dizem que depois de despedir a multidão Jesus subiu ao monte para orar (Mt 14.23; Mc 6.46). Enquanto isso, os discípulos estavam no meio do mar, com o barco “açoitado pelas ondas” (Mt 14.24).

Para os discípulos, o cenário era único, e desolador. Estavam enfrentando uma grande tempestade. Não são poucos os momentos em que vivemos experiências como essa, quando nada há de animador em nosso horizonte. Nossa perspectiva se torna absolutamente negativa. Devemos permanecer firmes, conservando a fé.

2. Compreender ou obedecer? Em nosso relacionamento com Deus, sempre deve prevalecer a obediência, a despeito de nossa incompreensão. Os discípulos estavam sob ordem expressa de Jesus. Não estavam agindo por vontade própria. Mas isso não os isentou de enfrentar tão grande tempestade. Isso nos leva a refletir sobre a necessidade de sempre obedecer ao nosso Senhor e fazer sua vontade.

Saul imaginou que poderia agradar a Deus fazendo sua própria vontade. Na guerra contra Amaleque, a ordem de Deus era que ferisse a todos e não poupasse nada, incluindo os animais (1Sm 15.1-3). O jovem rei decidiu poupar parte das ovelhas, vacas e cordeiros (v.9). O argumento era oferecê-los a Deus em holocausto (vv.20,21).

Samuel o repreendeu por isso: “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (v.22).

A rejeição da Palavra de Deus feita por Saul foi considerada como rebelião, e isso lhe custou muito caro: “Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei” (1Sm 15.23). Desse episódio tiramos uma lição muito importante: o valor da obediência para Deus.

3. Fé e confiança. Nosso relacionamento com Deus precisa estar fundamentado na fé e confiança nEle, considerando todos os seus atributos. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). No contexto dessa afirmativa temos o exemplo de homens e mulheres que confiaram em Deus sem qualquer exigência, sem informação que lhes desse segurança.

O exemplo mais eloquente é o de Abraão, que, “sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia” (Hb 11.8). Abraão foi provado diversas vezes, culminando com a oferta de Isaque. O patriarca obedeceu e ofereceu o próprio filho, considerando que “Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar” (v.18). Essa entrega revelou sua profunda confiança no Todo Poderoso (Gn 22.12).

Deus sempre pede de nós renúncias e entregas, envolvendo diversas áreas de nossa vida. Confiar nEle e nos entregar é sempre o melhor. A abnegação faz parte da essência da vida cristã (Mt 16.24-28; Lc 9.23-26).

 

SUBSÍDIO III

 

Professor(a), mostre aos alunos que “este é um dos grandes ‘sinais’ narrados por João para que crêssemos que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhamos vida em Seu nome. Os judeus, considerando-o o grande líder político, designado para salvar a pátria, tinham o intuito de arrebatá-lo e proclamá-lo Rei. Jesus, porém, ao andar sobre o mar, manifestou-se, não como um mero político em uma esfera limitada, mas como o divino Criador com supremo poder sobre o universo. ‘Logo o barco chegou à terra para onde iam’ (v.21): É uma figura expressiva e palpitante do Cristo atua:

1) Já subiu para orar noutro alto, Mt 14.23; Hb 7.26; 9.24.

2) O mar deste mundo é muito tempestuoso, Lc 21.25-28.

3) A quarta vigília, Mt 14.25. Jesus está para voltar, Rm 13.11-14.

4) Com a vinda de Jesus cessa o vento. Ele não deixa a tempestade aumentar demasiado, antes de chegar ao extremo, Ele aparecerá sobre as ondas mais elevadas, Lc 21.28.

5) Com a chegada de Jesus, o barco já estava no porto, não se tinha desviado um metro da rota, durante o temporal. Com a sua chegada findarão todos os problemas e logo entraremos no porto onde jamais baterão ventos nem tormenta”.

 

 

 

PROFESSOR(A), o sinal do mar acalmado relatado em João 6.15-24 é “uma espécie de interlúdio de transição para o tema principal: O Pão da Vida. Tem pelo menos três objetivos principais. Primeiramente, fornece o relato da mudança de cenário de Betsaida Júlia. O lugar do milagre dos pães e peixes, para Cafarnaum, o cenário do discurso a respeito do Pão da Vida. Isto é de particular interesse, uma vez que os discípulos primeiro passaram o mar na direção oeste, em um barco açoitado por um mar tempestuoso. Mais tarde. Jesus atravessou, andando sobre o mar e subindo no barco com os discípulos. Mais tarde ainda (no dia seguinte), a multidão entrou também nos barcos e foi a Cafarnaum. Um segundo objetivo é o de mostrar a completa inadequação do homem diante da adversidade, quando deixado sozinho com seus próprios recursos. A imagem é clara, era já escuro, e consequentemente os discípulos não eram capazes de manter um curso exato. Eles estavam sozinhos, separados da Fonte da ajuda adequada — ainda Jesus não tinha chegado perto deles. A adversidade natural da vida os superou — e o mar se levantou, porque um grande vento assoprava. Os seus medos multiplicaram-se com a aparição da Presença não reconhecida — e temeram” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.70).

 

 

 

CONCLUSÃO

 

Servimos a um Deus gracioso e cheio de misericórdia, que sempre quer se relacionar conosco, Para isso, precisamos ter fé. As mesmas tempestades que expõem nossas fraquezas e nosso medo servem para nos aproximar de Jesus e nos fazer conhecê-lo melhor. Precisamos buscá-lo mais, numa atitude de profunda humildade, reconhecendo nossas limitações. Com Ele chegaremos à terra firme.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

 

FEE, Gordon D. Exegese? Para Quê?: 21 Estudos Textuais, Exegéticos e Teológicos do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. Por que a travessia demandava tempo?

A travessia demandava um tempo considerável, principalmente pelas condições primitivas das embarcações.

 

2. Qual a extensão do mar da Galileia segundo a lição?

Ele tem cerca de 20 km.

 

3. O que os discípulos pensaram ser Jesus?

Eles pensaram que Jesus era um fantasma.

 

4. Como Jesus abordou os discípulos?

Ele disse: “Sou eu; não temais”.

 

5. Em que nosso relacionamento com Deus precisa estar fundamentado?

Nosso relacionamento com Deus precisa estar fundamentado na fé e confiança nEle.