Título: Liderança na Igreja de Cristo— Escolhidos por Deus para servir
Comentarista: Elias Torralbo
Lição 5: A falta que faz um líder
Data: 30 de Outubro de 2022
“Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos.” (Jz 21.25).
Deus levanta pessoas, em diferentes tempos, para conduzir o seu povo, e a ausência de um líder pode trazer sérios prejuízos.
SEGUNDA — Jz 1.1-11
Um período de transição
TERÇA — Jr 23.1,2
Deus corrige os maus líderes
QUARTA — Jr 23.4
Deus estabelece bons líderes
QUINTA — Os 4.2
Quando o líder não cumpre com o seu papel
SEXTA — Jz 17.1 — 21.25
A falta de uma liderança
SÁBADO — Ec 8.1-10
A obediência ao rei
Prezado(a) professor(a), na lição deste domingo estudaremos a respeito do período dos juízes. Veremos que “ao morrerem os líderes que serviram a Josué, o compromisso dos israelitas com o Senhor caiu no esquecimento. Em vez de se afastar dos cananeus restantes, como o Senhor ordenara, os israelitas colocam os inimigos derrotados no trabalho forçado, ou, simplesmente se recusam a atacá-los em seus redutos. Cedo, os israelitas estavam se casando com povos da terra, e muitos adotaram deuses e costumes pagãos.
O livro de Juízes traça a ruína política e espiritual de Israel. O volume todo do livro atravessa sete ciclos padronizados que caracterizam a época. Os ciclos envolvem: Pecado, quando os israelitas se voltam para idolatria e abandonam a Lei de Deus; servidão, quando os israelitas permitem a um inimigo oprimir seu povo; súplica, quando Israel desesperado volta-se para Deus confessando seu pecado e pedindo por socorro; salvação, quando a pessoa de um líder carismático (um juiz) derrota os opressores; e silêncio, um período de descanso durante o qual o juiz ajuda Israel a permanecer fiel ao Senhor” (Adaptado de Guia do Leitor da Bíblia. 10ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.157).
Professor(a), peça aos alunos que citem os nomes de alguns juízes que julgaram os israelitas. À medida que forem falando, vá anotando os nomes. Em seguida apresente o quadro abaixo e mostre os personagens centrais do livro de Juízes.
Juízes 2.7-14.
7 — E serviu o povo ao SENHOR todos os dias de Josué e todos os dias dos anciãos que prolongaram os seus dias depois de Josué e viram toda aquela grande obra do Senhor, a qual ele fizera a Israel.
8 — Faleceu, porém, Josué, filho de Num, servo do Senhor, da idade de cento e dez anos.
9 — E sepultaram-no no termo da sua herdade, em Timnate-Heres, no monte de Efraim, para o norte do monte Gaás.
10 — E foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e outra geração após eles se levantou, que não conhecia o Senhor nem tampouco a obra que fizera a Israel.
11 — Então, fizeram os filhos de Israel o que parecia mal aos olhos do Senhor; e serviram aos baalins.
12 — E deixaram o SENHOR, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e encurvaram-se a eles, e provocaram o SENHOR à ira.
13 — Porquanto deixaram ao SENHOR e serviram a Baal e a Astarote.
14 — Pelo que a ira do SENHOR se acendeu contra Israel, e os deu na mão dos roubadores, e os roubaram; e os entregou na mão dos seus inimigos ao redor; e não puderam mais estar em pé diante dos seus inimigos.
INTRODUÇÃO
O livro de Juízes oferece um registro importante de um longo período da história de Israel. Ele mostra uma época de “altos e baixos” do povo de Deus, um tempo marcado pelo declínio espiritual, moral e social. Um olhar mais atento sobre este Livro nos permite dizer que um dos principais fatores para tal decadência foi a ausência de uma liderança constante à frente de Israel. Na lição deste domingo, estudaremos as consequências da falta de uma liderança permanente estabelecida por Deus.
I. O PERÍODO DOS JUÍZES
1. O livro de Juízes. É um livro histórico do Antigo Testamento, cuja autoria é desconhecida. Ele relata a história dos chamados juízes que governaram o povo de Israel num período que compreende a morte de Josué até a ascensão de Saul como rei (At 13.19,20).
Com uma abordagem de natureza religiosa, o livro de Juízes é melhor compreendido a partir de uma análise da realidade vivida por Israel na época. Este exame nos mostra a infidelidade do povo, o juízo de Deus, o sofrimento, o clamor e a resposta do Todo-Poderoso. Diante destes fatos, podemos afirmar que o livro de Juízes se propõe a advertir a respeito do perigo e dos prejuízos de um povo desprovido de uma liderança. Outra importante mensagem que aprendemos por intermédio do estudo do livro de Juízes é o quanto Deus é benevolente e longânimo, pois mesmo em tempos sombrios de apostasia, o Senhor sempre ouve e atende ao seu povo quando este se arrepende de seus erros e o busca. Deus é bom e tem levantado ao longo de toda a história, homens e mulheres fiéis para liderarem o seu povo, glorificando o seu santo nome.
2. A liderança dos juízes. Os juízes mencionados neste livro são: Otniel, Eúde, Sangar, Débora, Gideão, Tola, Jair, Jefté, Ibsã, Elom, Abdom e Sansão. Eli e Samuel pertencem a este grupo seleto, mas os seus feitos não são registrados no livro de Juízes. Sendo assim, quatorze é o número de juízes registrados nas Escrituras. Os juízes foram pessoas escolhidas por Deus para governar o seu povo. A função deles não era herdada, como os reis e sacerdotes, mas se tratava de uma escolha direta de Deus. Os juízes não tinham a função de interpretar a Lei, mas a responsabilidade de cumpri-la e levar o povo a fazer o mesmo. Cada um desses juízes foi levantado em um tempo de grande aflição para Israel. Sob a autoridade e o poder de Deus eles realizaram grandes feitos, desempenhando um importante papel ao longo de, aproximadamente, 410 anos.
3. O contexto social dos juízes. Os juízes atuaram em um período que pode ser bem compreendido e bem definido pelas seguintes expressões: “não havia rei em Israel” (Jz 18.1) e “cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25). Estas declarações revelam um povo sem a presença de um líder permanente, e que, em função disso, acreditava que era livre para fazerem o que bem desejasse.
A desobediência foi uma marca no tempo dos juízes. Sem a presença e a referência de um líder, o povo de Israel se desviou dos Mandamentos do Senhor, foi indiferente às obras que Deus havia realizado por ele e por seus pais, mas, além disso, negligenciou a comunhão com Deus, pois o livro de Juízes registra vários episódios nos quais Israel esteve mergulhado na idolatria. Os juízes foram levantados por Deus em uma época de frieza espiritual, confusão social e declínio moral.
Professor(a), explique que “os juízes, de onde o livro de Juízes toma o seu nome, foram líderes carismáticos comandantes de rebeliões contra opressores estrangeiros e líderes espirituais e políticos da nação ou de uma ou mais das suas áreas tribais. Como os reis mais tarde, um juiz exercia poder associado com as três divisões do governo: legislativo, administrativo e judiciário.” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. 10ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. p.145).
II. A FALTA DE UM LÍDER
1. O problema. Sabemos que liderar é o mesmo que conduzir pessoas, orientando-as nas mais diferentes situações da vida. Tal conceito nos mostra que a liderança é essencial para o sucesso de um empreendimento e o bem-estar de uma sociedade. Todo grupo social, sem uma liderança, está fadado ao desastre, assim como Israel no tempo dos juízes. Certa vez, o Senhor Jesus vendo uma multidão se compadeceu dela “porque andavam como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.36). A percepção de Jesus a respeito daquela multidão expõe pelo menos duas importantes lições: 1) devemos cuidar para que haja líderes que se importam com o rebanho; 2) a falta de líderes segundo o coração de Jesus é uma tragédia.
A situação na qual o povo de Israel foi submetido no período dos juízes, somada à atitude e às palavras de Jesus aqui expostas, é suficiente para mostrar o quão grave e problemática é a caminhada do povo de Deus sem a presença permanente de uma liderança estabelecida pelo Senhor.
2. As consequências gerais. Quais são as consequências, para o povo de Deus, que a falta de uma liderança estabelecida por Ele pode causar? Segundo a experiência de Israel no período dos juízes, podemos apontar os seguintes efeitos: as pessoas ficam sem ter uma direção e se tornam como um barco à deriva; o povo passa a ter a ideia errônea de que é livre para fazer o que bem entender, prejudicando o próximo, a si próprio e a nação como um todo; as pessoas ficam mais vulneráveis aos ataques dos inimigos e a toda a sorte de males.
O registro dos acontecimentos narrados no livro de Juízes é cíclico, pois a história se repete muitas vezes, ou seja, Israel cai na idolatria, Deus subjuga Israel a outros povos; Israel clama em meio ao sofrimento e Deus os livra por meio de um juiz (Jz 3.7-9).
Ao que parece, uma das formas de Deus corrigir o seu povo é privando-o de líderes que o represente. Da mesma forma, quando Ele quer abençoar e recompensar o seu povo, Deus o presenteia com líderes segundo o seu coração (Jr 3.14,15). Como Igreja do Senhor, devemos clamar a Ele, pedindo que nunca falte líderes espirituais cujo caráter seja ilibado.
3. As principais consequências. As consequências da falta de uma liderança permanente são inúmeras, porém as principais, de acordo com o livro de Juízes são: a confusão social, o caos moral e a apostasia. O povo de Israel se esqueceu do concerto com o Senhor que o havia resgatado do Egito. O povo, sem direção, passou a caminhar pela senda da idolatria e da devassidão. Como forma de punição pelos pecados, era oprimido e saqueado por diversos povos inimigos.
Professor(a), inicie o tópico fazendo a seguinte pergunta: “Quais são as consequências de quando não se tem uma liderança efetiva?”. Ouça os alunos com atenção. Em seguida apresente o esquema abaixo com as consequências apresentadas na lição.
A FALTA DE UM LÍDER
1. Confusão social.
2. As pessoas, erroneamente acreditam que podem fazer o que bem entenderem, gerando caos.
3. Caos moral e apostasia.
Conclua enfatizando que uma das formas de Deus corrigir o seu povo é privando-o de líderes que o represente.
III. A SOLUÇÃO
1. A inevitável necessidade de transição. A obra de Deus não é feita por uma pessoa apenas. Deus decidiu conduzir o seu povo por meio de homens. Contudo, sabemos que todos os homens têm as suas limitações e que toda a liderança é passageira, pois o tempo passa para todos, indistintamente. Sendo assim, a transição é inevitável e deve acontecer segundo a orientação do Senhor. Assim como Moisés, o líder precisa ter desprendimento e compromisso com o futuro da obra de Deus (Nm 27.15-21) e apresentar ao Senhor aquele que será escolhido para tal tarefa de sucedê-lo (Dt 31.1-8).
O líder que prepara o sucessor demonstra reconhecer as próprias limitações, a dependência de Deus e o amor à sua obra. Grandes líderes tiveram o cuidado de trabalhar na transição de suas lideranças, dentre os quais se destacam a ousadia de Elias, quando escolheu a Eliseu como o seu sucessor (1Rs 19.19).
2. O investimento nos mais jovens. Deus nunca teve problemas em usar pessoas, independentemente de suas idades cronológicas. O Senhor falou com Samuel enquanto ele era bem jovem, pois o sacerdócio havia se corrompido (1Sm 3.1-14). Davi era um menino quando foi separado e ungido para substituir Saul. Jeremias se considerou uma criança diante da incumbência de ser um profeta e Timóteo enfrentou dificuldades por ter exercido o ministério pastoral sendo ainda tão jovem (Jr 1.6,7; 1Tm 4.12-14). É preciso preparar as crianças, os adolescentes e os jovens para que, futuramente, venham servir ao Senhor exercendo uma liderança que glorifique o seu nome.
3. Deixando um legado positivo. O que é um legado? Segundo o Dicionário Houaiss significa “o que é transmitido às gerações que se seguem”. Partindo deste significado podemos afirmar que o legado de alguém é algo que o tempo não é capaz de desfazer. Também, podemos concluir que legado não tem relação só com bens materiais, mas com princípios, valores e exemplo de vida. Não podemos também nos esquecer de que, nas Escrituras Sagradas, alguns líderes deixaram um “legado” de dor e sofrimento e não podem ser vistos como um referencial a ser seguido. Tomemos como exemplo o rei Acabe e a rainha Jezabel, símbolos da idolatria e apostasia. Outro exemplo é o “legado” de Sansão. Este jovem foi chamado pelo Senhor para libertar o seu povo da mão dos filisteus, mas decidiu não seguir o exemplo de seus pais e abandonou os princípios bíblicos para fazer suas próprias escolhas e seguir sua vontade (Jz 13.5,8,14,24,25). Ele menosprezou a capacidade e o poder que o Senhor lhe concedeu.
Toda liderança precisa estar consciente da responsabilidade de se deixar uma “herança” frutífera para as próximas gerações até que Cristo venha.
Professor(a), escreva a seguinte frase no quadro: “Líderes cultivam líderes” (Stan Toler). Em seguida discuta com os alunos se eles concordam ou não com o que foi escrito e o porquê. A reflexão tem como objetivo ajudar os alunos a compreenderem que precisamos investir na formação dos jovens para que futuramente tenhamos líderes “segundo o coração de Deus”, que vão deixar um legado para as próximas gerações.
CONCLUSÃO
Aprendemos, nesta lição, a respeito da importância e o valor do líder segundo o coração de Deus e também as consequências da falta de uma liderança.
É necessário preparar os adolescentes e os jovens para que, futuramente, venham servir ao Senhor exercendo uma liderança que glorifique o seu nome.
DODD, Brian J. Liderança de Poder na Igreja: O Ministério no Espírito Segundo Paulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
1. Quem é o autor do livro de Juízes?
Sua autoria é desconhecida.
2. Qual a realidade de Israel no tempo dos juízes?
Sofrimento, clamor e a resposta ao Todo-Poderoso.
3. Segundo a lição, o que se propõe o livro de Juízes?
O livro de Juízes se propõe a advertir a respeito do perigo e dos prejuízos de um povo desprovido de uma liderança.
4. Cite três juízes de Israel.
Otniel, Débora e Sansão.
5. O que significa um legado?
“O que é transmitido às gerações que se seguem”.