Título: Separados para Deus — Buscando a santificação para vermos o Senhor e sermos usados por Ele
Comentarista: Natalino das Neves
Lição 1: Santificação: Caminho que leva à vida eterna com Deus
Data: 1 de Janeiro de 2023
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12.14).
O crente deve se esforçar para viver em paz com todos e para ser santo, pois a santificação é indispensável para vermos o Senhor.
SEGUNDA — Lv 10.10
Fazer a diferença entre o santo e o profano
TERÇA — Lv 20.26
A separação do povo de Deus
QUARTA — 1Co 6.9-11
Os impuros e o Reino de Deus
QUINTA — Gl 5.16-17
Andar em Espírito
SEXTA — Rm 8.18-23
Aguardando a santificação final
SÁBADO — 1Pe 1.15
Santos em toda a maneira de viver
Prezado(a) professor(a), com a graça de Deus vamos iniciar mais um trimestre de Lições Bíblicas Jovens. O comentarista é o pastor Natalino das Neves, pastor auxiliar na IEADC — Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Curitiba — PR. Ele é doutor em Teologia pela PUC (Pontifícia Universidade Católica/Curitiba), onde também concluiu o pós-doutorado.
Depois de apresentar as principais abordagens do trimestre e o comentarista, explique que na sua grande maioria as pessoas associam a santificação a questões de costumes, como o modo de vestir, falar e se comportar. Todavia, a santificação é muito mais do que isso. As Escrituras Sagradas afirmam que sem santificação ninguém verá ao Senhor (Hb 12.14). Sem uma vida consagrada ao Senhor o crente não poderá desfrutar da vida eterna no Céu.
Professor(a), para a primeira aula do trimestre, sugerimos que você reproduza a tabela abaixo. Utilize-a para mostrar aos alunos as principais diferenças entre justificação e santificação.
Levítico 20.1-8.
1 — Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:
2 — Também dirás aos filhos de Israel: Qualquer que, dos filhos de Israel ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, der da sua semente a Moloque, certamente morrerá; o povo da terra o apedrejará com pedras.
3 — E eu porei a minha face contra esse homem e o extirparei do meio do seu povo, porquanto deu da sua semente a Moloque, para contaminar o meu santuário e profanar o meu santo nome.
4 — E, se o povo da terra de alguma maneira esconder os olhos daquele homem que houver dado da sua semente a Moloque e o não matar.
5 — Então, eu porei a minha face contra aquele homem e contra a sua família e o extirparei do meio do seu povo, com todos os que se prostituem após ele, prostituindo-se após Moloque.
6 — Quando uma alma se virar para os adivinhadores e encantadores, para se prostituir após eles, eu porei a minha face contra aquela alma e a extirparei do meio do seu povo.
7 — Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus.
8 — E guardai os meus estatutos e cumpri-os. Eu sou o Senhor que vos santifica.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos a respeito da santificação, ou seja, a separação do crente do mundo e das obras da carne para o uso exclusivo de Deus. Como já é do seu conhecimento, o conteúdo da primeira lição é uma introdução à temática que será estudada no decorrer do trimestre. Depois, na sequência, serão apresentados os estágios da santificação, demonstrando sua dinâmica.
Veremos, de forma detalhada, as recomendações bíblicas a respeito do viver santo dos filhos(as) de Deus. Ao final do trimestre, se você tiver participado de todas as aulas, provavelmente estará mais preparado(a) para viver de modo mais puro e santo em meio a uma sociedade corrompida pelo pecado.
I. SAGRADO X PROFANO
1. O sagrado e o profano. Para estudarmos a respeito do conceito de santidade em nossos dias, é indispensável tratarmos da distinção entre o sagrado e o profano na Idade Antiga. A relação do ser humano com o sagrado era determinada pelo sentimento de medo, de poder e de desejo. O medo era visto como um sentimento capaz de afastar as pessoas de tudo que fosse profano. O “poder” era representado por aqueles que detinham algum tipo de liderança religiosa. O desejo era um conjunto de impulsos em direção à própria vontade: os desejos carnais. Na Idade Antiga, o sagrado era visto como tudo aquilo que era relativo à religião, ao culto e ritos e que não deveria ser infringido. O profano era tudo aquilo que não pertencia à religião.
2. A concepção e a vinculação com o sagrado. As sociedades, de um modo geral, têm concepções diferentes a respeito do sagrado. No geral, os não crentes recebem tantas informações a respeito de Deus que acabam por formar uma concepção nem sempre correta a respeito do Todo-Poderoso e sobre o que é ser santo.
Algumas pessoas não crentes têm concepções diferentes a respeito do que é divino e sagrado, mas na sua maioria elas têm esperança em uma vida após a morte e, consequentemente a uma prescrição de ritos e práticas como requisitos para se alcançar este novo estágio depois da morte.
3. A mediação entre o sagrado e o profano. O sagrado e o profano são antagônicos. Enquanto o sagrado tem origem em Deus e é baseado nas Escrituras, o profano vem do maligno e encontra lugar no velho homem, carnal.
No Antigo Testamento quem cuidava das coisas divina era o rei, o sacerdote e o profeta. O rei era quem comandava o povo. O sumo sacerdote era o principal entre os sacerdotes e era o responsável pelo culto, pela adoração e pelos sacrifícios na congregação dos filhos de Israel (Nm 15.25; Hb 5.1). Sua função era representar os israelitas diante de Deus. O profeta falava em nome de Deus e exortava o rei, o sacerdote e o povo quando era preciso.
A forma como o crente se relaciona com o Senhor vai interferir no seu conceito de santidade. Podemos ver tal verdade todas as vezes em que o povo apostatava da fé e passava a seguir falsos deuses.
Entre os israelitas, a vida religiosa estava diretamente relacionada a alguns elementos sagrados: o sábado, o Templo, os sacrifícios e os sacerdotes (mediadores). No Novo Testamento, o conceito de santidade supera a divisão entre o sagrado e o profano, como veremos em Lições mais adiante.
Prezado(a) professor(a), inicie o tópico fazendo a seguinte pergunta: “O crente deve pensar e viver de maneira diferente do mundo?”. Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Em seguida, explique que “o cristão hodierno deve deferir da sociedade em derredor quanto a comer, beber e vestir-se, de tal modo que glorifiquem a Deus no seu corpo (cf. 1Co 6.20; 10.31) e pela rejeição de todos os costumes pecaminosos sociais dos ímpios. O crente precisa ser ‘santo em toda a vossa maneira de viver’ (1Pe 1.15). A ênfase nos detalhes à pureza cerimonial ressaltava a necessidade da separação moral do povo de Deus, em pensamento e obras, em relação ao mundo ao seu redor (Êx 19.6; 2Co 7.1). Todos os aspectos da nossa vida devem ser regulados pela vontade de Deus (1Co 10.31)” (Adaptado de Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, p.200).
II. O QUE É A SANTIFICAÇÃO
1. Compreendendo os termos “santo” e “santidade”. No hebraico, as palavras qadosh (santo) e qodesh (santidade) significam a separação do que é comum ou impuro, e a consagração a Deus (Lv 20.24-26). O termo é utilizado em Levítico 6.19-23 a respeito da consagração dos sacerdotes e em Êxodo 29.37 quando trata a respeito da consagração do altar. Também é utilizado no ato de consagração de um Lugar, como ocorreu com o Monte Sinai (Êx 19.23). Outra utilização é para demonstrar a santidade de Deus, que o qualifica para julgar pecados (Lv 10.3; Nm 20.13; Ez 28.22).
2. As leis de Deus sobre os pecados sexuais. Deuteronômio 22.13-30 trata a respeito das Leis divinas sobre os pecados sexuais. Os israelitas eram o povo de Deus, por isso deveriam evitar tais pecados ao se estabelecer como nação na Terra Prometida, pois estavam cercados por povos que eram impuros. No Novo Testamento, em Colossenses 3.5-8, Paulo reconheceu a importância da pureza sexual. Tal pecado tem o poder de destruir pessoas e uma nação, por isso é tão combatido nas Escrituras Sagradas.
3. A santificação e a Septuaginta. Na Septuaginta, antiga versão grega do Antigo Testamento, a raiz hebraica que dá origem à palavra santificação é traduzida, na grande maioria das vezes, pelo termo “santo”. De forma geral, os termos utilizados pelos autores bíblicos para se referirem à santificação têm como objetivo principal enfatizar o sentido de separação das práticas consideradas pecaminosas. Eles também apontam para a ideia de consagração e dedicação ao serviço do Reino de Deus, tendo como parâmetro a justiça e a vontade do Senhor.
Prezado(a) professor(a), inicie o tópico fazendo a seguinte pergunta: “Existe diferença entre santidade e santificação?”. Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Em seguida, explique os dois conceitos dizendo que: “Santidade (do lat. sanctitatem). Perfeição moral. Estado de quem se destaca pela pureza. Nas Sagradas Escrituras, a santidade tem dois sentidos muito distintos: 1) É a separação do mal e do pecado; e 2) É a dedicação completa ao serviço do Reino de Deus. Santificação (do Lat. sanctificatio). Separação do mal e do pecado, e dedicação ao serviço do Reino. É a forma pela qual o filho de Deus aperfeiçoa-se à semelhança do Pai Celeste (Lv 11.44). A santificação só é possível através da Palavra de Deus e mediante o sangue de Cristo (Jo 17.17; 1Jo 1.7)” (ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, p.326).
PROFESSOR(A), “talvez a melhor maneira de se definir santidade seja pelo caráter de Deus. A Bíblia ensina claramente que a característica fundamental de Deus é a santidade. Ele a aplica a si mesmo: ‘Sereis santos, porque eu sou santo’ (Lv 4.44); as pessoas proclamam o fato: ‘[Ele] é Deus santo’ (Js 24.19); os serafins, adorando a Deus, o afirmam: ‘Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos’ (Is 6.3; cf. Ap 4.8); até mesmo Jesus, o Filho de Deus, o chama de ‘Pai Santo’ (Jo 17.11)” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 19ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.413).
III. OS TRÊS ESTÁGIOS DA SANTIFICAÇÃO
1. Santificação posicional ou inicial. Esta etapa da santificação ocorre de forma instantânea, trata-se do momento em que a pessoa é justificada pela fé na obra vicária de Cristo e purificada de imediato (2Co 5.17). A justificação acontece por meio da fé e não pelos próprios méritos de quem foi justificado. A eficácia da obra expiatória de Cristo na cruz é “creditada na conta” da pessoa que creu (Rm 4.1-25).
A justificação é um ato de Deus, o Supremo Juiz, que muda o ser humano de réu, condenado à perdição eterna, para a posição de santo e justo diante dEle. Contudo ela é condicional, ou seja, eficaz enquanto se mantém uma vida em santidade.
2. Santificação contínua e progressiva. A santificação é dinâmica, um processo progressivo e contínuo. A santificação contínua e progressiva acontece na vida da pessoa já justificada, como algo natural, pois a pessoa, uma vez justificada, recebe uma nova natureza, que a torna alguém que não se acostuma mais com uma vida de pecado. No entanto, ela deve vigiar, pois a velha natureza continua atuando na vida do crente.
3. Santificação final. A pessoa que é justificada ainda tem de conviver com a velha natureza; a santificação somente alcançará seu estado pleno e perfeito quando a velha natureza for finalmente removida e mortificada. Portanto, a santificação final não será alcançada nesta vida. Isto acontecerá somente com a glorificação, quando os salvos receberão seus corpos glorificados, semelhantes ao de Cristo, depois da ressurreição (1Co 15.52).
“Logo no começo de nossa vida cristã, devemos ser declarados santos. Essa declaração, feita por Deus, é chamada ‘santidade posicionai'. É um modo de expressar a grande doutrina da justificação ou, pelo menos, junto com ela. Através da obra coroadora da expiação, Cristo tornou possível que o Deus vivo santo nos visse - não conforme somos, mas envolvidos nas vestes da retidão de Cristo (Fp 3.9). Esse aspecto da santificação ocorre pela fé em Cristo, e é instantânea — acontece no momento da conversão. Desse modo, somos santificados desde o momento em que somos salvos. Por essa razão, Paulo podia dirigir-se aos crentes das várias igrejas para as quais escreveu, algumas das quais precisavam desesperadamente de correção, chamando-os de ‘santos’, no grego, bagioi, ‘santos’. Todos começamos em Cristo: como santos, portanto. A palavra ‘santo’ tem sido deturpada por algumas igrejas, que a reservam a pessoas que põem num pedestal, às quais atribuem méritos extras, que outros podem aproveitar. Na verdade, Cristo é o único cujos méritos nos são disponíveis. Ninguém mais os possui.” (HORTON, Stanley M.; MENZIES, Willian W. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Fé Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, p.125).
CONCLUSÃO
Nesta lição, aprendemos que desde o início da humanidade existe uma grande diferença entre o sagrado e o profano. Contudo, de acordo com as Sagradas Escrituras, sabemos que o sagrado é algo separado para uso exclusivo de Deus.
Aprendemos também que a santificação em nós ocorre em três estágios: a inicial, no momento da conversão (passado); a contínua e progressiva durante a caminhada cristã (presente) e a final com a glorificação do nosso corpo (futuro).
HORTON, Stanley M; MENZIES, Willian W. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Fé Pentecostal. 2ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.
1. Como era visto o sagrado na Idade Antiga?
Na Idade Antiga o sagrado era visto como tudo aquilo que era relativo à religião, ao culto e ritos e que não deveria ser infringido.
2. O que era o profano na Idade Antiga?
O profano era tudo aquilo que não pertencia à religião.
3. Quem cuidava do que era sagrado no Antigo Testamento?
No Antigo Testamento, a liderança religiosa que cuidava do que era divino era a seguinte: o rei, o sacerdote e o profeta.
4. O que é santificação?
No hebraico as palavras qadosh (santo) e qodesh (santidade) significam a separação do que é comum ou impuro, e a consagração a Deus (Lv 20.24-26).
5. Quais os 3 estágios da santificação?
Santificação posicional, contínua e final.