Título: Separados para Deus — Buscando a santificação para vermos o Senhor e sermos usados por Ele
Comentarista: Natalino das Neves
Lição 10: Arrependimento, perdão e santificação
Data: 5 de Março de 2023
“Vinde, então, e argui-me, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve.” (Is 1.18).
O caminho da santificação passa pelo arrependimento e pelo perdão.
SEGUNDA — 2Pe 1.3,4
Escapamos da corrupção do mundo
TERÇA — 2Co 7.10
A tristeza segundo Deus
QUARTA — 1Jo 4.17-19
O amor de Cristo nos livra do medo
QUINTA — Cl 2.14
A cédula foi riscada
SEXTA — Hb 2.11
O que santifica e os santificados
SÁBADO — Lc 19.1-10
Zaqueu, arrependimento e perdão
Professor(a), nesta lição falaremos a respeito de três assuntos fundamentais para que o cristão tenha uma vida vitoriosa em Jesus Cristo: arrependimento, perdão e santificação. Algumas pessoas têm dificuldades para aceitar o perdão de Deus. Outras já não conseguem se perdoar. Porém, ainda há aquelas que não sabem perdoaras ofensas recebidas, deixando que a raiz de amargura adentre em seus corações. Depois de apresentar os tópicos da lição, ore com seus alunos pedindo que Deus nos ajude a recebermos o seu perdão, que venhamos também nos perdoar, assim como aqueles que nos ofenderam.
Professor(a), sugerimos que reproduza o quadro abaixo e utilize-o para mostrar aos alunos a respeito de Jesus e o perdão. Explique que assim como Jesus nos perdoa, nós também devemos perdoar aqueles que nos ofendem de alguma maneira. Afirme que a condição para recebermos o perdão divino é perdoando os que nos maltratam.
1 João 1.7-10.
7 — Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
8 — Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.
9 — Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
10 — Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
INTRODUÇÃO
O caminho para a santificação passa necessariamente pelo arrependimento e o perdão. Para se obter o perdão divino é preciso ter consciência do erro cometido, confessar e deixar a prática do pecado. Ser perdoado não é tudo, precisamos aprender a perdoar também, até a nós mesmos. Muitas pessoas têm se afastado de Deus por não conseguirem se perdoar, pelo orgulho que os afastam do arrependimento e do perdão ao próximo.
I. SANTIDADE E ARREPENDIMENTO
1. Santidade não significa perfeição. O que significa perfeição? Não existe uma resposta única, pois cada pessoa tem seus padrões. Na filosofia grega, o conceito de perfeição estava relacionado a uma realidade imutável, um conceito estático e inflexível. No entendimento dos gregos algo que precisasse mudar já indicaria que não era perfeito, pois se fosse, não precisaria de mudanças.
Na cultura judaica, que regia os ensinos de Jesus e de seus apóstolos, o entendimento é de que a perfeição é uma realidade relacionai e moral. A santificação não significa perfeição.
Ela é contínua e progressiva. Só alcançaremos a perfeição e a santificação completa quando formos arrebatados pelo Senhor e recebermos um corpo glorificado. Jesus é o padrão divino de santidade para a humanidade, e quanto mais próximo chegarmos deste padrão, melhor.
2. A graça divina viabiliza que o cristão agrade a Deus com sua vida. Sabemos que não existe ninguém perfeito a não ser Deus. O cristão é coparticipante da natureza divina, mas está sujeito a falhas, a pecar (2Pe 1.3,4). Essa verdade pode levar algumas pessoas a pensarem que não é possível alguém agradar a Deus.
As pessoas têm talentos, habilidades, personalidade que as diferenciam como indivíduos. Na área da santidade não é diferente, elas lidam de forma distinta com determinadas situações, mas todas podem agradar a Deus à sua maneira, mediante a graça, que possibilitou a nossa justificação por meio do sacrifício de Cristo e o perdão de nossos pecados (1Jo 1.9). A graça de Deus alcança a todos que creem e buscam misericórdia.
3. O arrependimento é a base para a santificação. Arrependimento não se fabrica, ele deve ser real e sincero. O cristão não pode viver na prática do pecado, mas em algum momento, inevitavelmente irá pecar (1Jo 1.10). Para a restauração do homem será necessária uma conscientização do erro e o arrependimento para uma mudança de atitude. A tristeza segundo Deus, por causa dos pecados, conduz ao verdadeiro arrependimento (2Co 7.10). Por isso, o arrependimento serve como base à santificação.
O arrependimento não pode ser algo a ser procrastinado; o ideal é ocorrer quando o cristão percebe que ofendeu ao Senhor. Quando alguém fica procrastinando o arrependimento é porque ele ainda não aconteceu. O arrependimento não poder ser por medo do inferno ou de ser punido. O crente salvo é conduzido pela cruz e constrangido pelo amor de Deus (2Co 5.14,15). Sem arrependimento não ocorre transformação de vidas.
Professor(a), inicie explicando que assim como recebemos o perdão de Jesus, nós também temos que oferecer o mesmo perdão aqueles que cometeram alguma falta contra nós. Em seguida, peça que um aluno(a) leia João 1.7. Explique que nos “tempos do Antigo Testamento, os crentes transferiam simbolicamente os seus pecados para um animal, que era então sacrificado. O animal morria em seu lugar para pagar por seus pecados e permitir que continuassem a viver na presença de Deus. O Senhor gratuitamente lhes perdoava por causa de sua fé nEle e porque conhecia às suas ordens relativas ao sacrifício. Tais sacrifícios antecipavam o dia em que Cristo removeria completamente o pecado. A verdadeira purificação do pecado veio com Jesus, o ‘Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo’ (1Jo 1.29). O pecado, por sua natureza, traz a morte — este é um fato tão certo quanto a lei da gravidade. Jesus não morreu por seus próprios pecados. Ele não tinha nenhum. Em vez disso, por uma transação que podemos nunca vir a entender completamente, Ele morreu pelos pecados do mundo. Quando entregamos e comprometemos nossa vida a Cristo, e deste modo nos identificamos com Ele, sua morte se torna a nossa. Ele pagou a pena por nossos pecados, e seu sangue nos purificou. Da mesma maneira que Cristo ressuscitou dos mortos, nós ressuscitaremos para uma nova vida de comunhão com Ele (Rm 6.4).” (Bíblia de Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD. p.1781).
II. A SANTIDADE E O PERDÃO
1. O cristão precisa aprender a se perdoar. João afirma que o amor de Cristo gera fruto de santidade e nele não há lugar para o medo ou julgamento (1Jo 4.17-19). Uma das grandes fontes de medo é o sentimento de culpa. O cristão precisa entender que a justificação e a santificação em Cristo salvam tanto da culpa quanto do poder do pecado. Conta-se que certa vez, Lutero teve um sonho em que o Diabo apareceu e lhe apresentou uma longa lista de pecados cometidos por ele. O Inimigo queria impor sobre Lutero a culpa e a condenação pelas suas inúmeras falhas. Lutero não negou os pecados, mas lembrou ao Diabo que algo estava faltando ser escrito naquela longa lista. Então, ele disse: Escreva no final da lista que o sangue de Cristo, vertido na cruz, me purifica de todo pecado (1Jo 1.7). Todos os nossos pecados, tudo o que poderia nos condenar, foi cravado na cruz do Calvário (Cl 2.14).
2. O cristão precisa perdoar o seu próximo. Paulo aponta a grande dívida do cristão salvo para com Deus. O uso metafórico do pecado como dívida era uma prática comum dos judeus (Lc 7.41,42).
O perdão ao próximo após a justificação, é colocado como uma condicional para o perdão de novas dívidas na vertical (Mt 6.12; Mt 18.21-27). Infelizmente, algumas pessoas estão despercebidas da realidade da mensagem na oração do Pai-Nosso: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6.12). Esta frase condiciona o nosso perdão à maneira como perdoamos a quem nos tem ofendido. Você já pensou na seriedade dessa afirmação? Como você tem lidado com aqueles com quem não simpatiza ou tem lhe ofendido? Como acha que Deus tratará tal situação? Liberte-se hoje, abandone essa carga pesada causada pela falta de perdão e continue a caminhada da santidade.
3. O cristão deve ser livre da raiz de amargura. A raiz de amargura pode surgir, dependendo de como se lida com a ofensa recebida. Por um lado, se a ofensa não for tratada e perdoada a pessoa ficará ferida e presa ao seu ofensor. Contudo, se a ofensa for tratada e a pessoa ofensora for perdoada, haverá restauração total, com total liberdade para uma vida de santificação.
O autor de Hebreus relaciona a plena santificação, condição para ver e ter uma vida eterna com Deus, com a raiz de amargura: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb 12.14,15). É preciso ter cuidado para que nenhuma raiz de amargura brote em seu coração e venha atrapalhar sua comunhão com o Senhor.
Professor(a), explique que “pelo fato de Deus perdoar todos os pecados que cometemos, não devemos negar perdão a nossos semelhantes. À medida que entendemos o completo perdão de Cristo em nossa vida, devemos demonstrar uma atitude de perdão em relação aos outros. Se não o fizermos, colocamo-nos acima da Lei do amor de Cristo” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p.188).
III. EXEMPLOS DE PESSOAS ARREPENDIDAS
1. Zaqueu, o chefe dos publicanos (Lc 19.1-10). Jesus, ao passar por Jerico, teve um encontro com Zaqueu, chefe dos publicanos. Ele era de pequena estatura e rico. Os publicanos não eram bem-vistos pelos judeus, pois eram aliados das forças de ocupação romanas e tinham como principal atribuição coletar impostos de seus compatriotas para serem entregues a César. Por isso, eles eram odiados pelos judeus, considerados traidores da pátria e do povo.
Zaqueu estava ansioso para ver quem era o Senhor, mas a multidão ao redor de Jesus tornava quase impossível vê-lo. Então, ele sobe em uma figueira brava, um sicômoro. Ao chegar ao local, Jesus olha para Zaqueu e pede para se hospedar em sua casa, o que foi considerado pelos judeus um ato de traição (Lc 19.7). Na casa de Zaqueu, o resultado da bondade de Jesus logo é manifesto na fala do anfitrião: “Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado” (Lc 19.8). A resposta de Jesus é objetiva e assertiva: “Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão” (Lc 19.9). Um exemplo de transformação duradora de uma pessoa constrangida pela bondade e o perdão de Jesus.
2. A mulher pega em flagrante adultério (Jo 8.3-11). João conta que os escribas e fariseus trouxeram a Jesus uma mulher apanhada em flagrante adultério e perguntaram-lhe: “Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando, e, na Lei, nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?” (vv.4,5). Na Lei estava escrito que o homem adúltero e a mulher adúltera deveriam ser punidos com a morte (Lv 20.10). Fica explícita a má intenção dos escribas e fariseus, pois só apresentaram a mulher. Nem mesmo o marido dela é mencionado. Todavia, Jesus não debate a respeito da Lei, pois Ele estava interessado em resgatar a mulher. Ela estava em uma situação humilhante e opressiva, em nome de uma falsa santidade. Jesus, depois de se inclinar e escrever na terra, por insistência dos acusadores, se levanta e responde: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (v.7b). Jesus, mais uma vez, inclina-se e volta a escrever na terra. Os acusadores, como viviam uma santidade de “fachada”, saem desiludidos. Jesus, se levanta e percebendo que está a sós com a mulher, então pergunta: “Ninguém te condenou?”. A mulher responde: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus disse-lhe: “Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais”. Jesus não a humilhou, não fez um longo sermão, simplesmente a aconselhou: “não peques mais”. As palavras de Jesus são um chamamento para uma vida de santidade.
CONCLUSÃO
Nesta lição, nós aprendemos que não existe perfeição humana, mas mediante a graça de Deus o cristão que busca uma vida de santidade pode agradar a Deus. O crente precisa perdoar a si mesmo, ao próximo e deixar toda raiz de amargura, bem como buscar o arrependimento sincero, que é a base para o caminho de santidade.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 3ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
1. Santidade significa perfeição?
Santidade não significa perfeição. A santificação é continua e progressiva.
2. Na cultura judaica o que significava perfeição?
Na cultura judaica, que regia os ensinos de Jesus e de seus apóstolos, o entendimento é de que a perfeição é uma realidade relacionai e moral.
3. Qual a base para a santificação?
O arrependimento é a base para a santificação.
4. O que a experiência do amor de Cristo gera em nós?
João afirma que a experiência do amor de Cristo gera fruto de santidade e nele não há lugar para o medo ou do julgamento (1Jo 4.17-19).
5. Transcreva um versículo que trata a respeito do perdão.
Sugestão: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6.12).