Título: Separados para Deus — Buscando a santificação para vermos o Senhor e sermos usados por Ele
Comentarista: Natalino das Neves
Lição 11: Santidade integral
Data: 12 de Março de 2023
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1Ts 5.23).
A santidade deve abranger o ser humano por completo: o espírito, a alma e o corpo.
SEGUNDA — Gn 2.7
Deus criou nosso corpo, alma e espírito
TERÇA — 1Ts 5.23
Deus nos santifique em tudo
QUARTA — Tg 2.26
O corpo sem o espírito está morto
QUINTA — 1Co 15.50
Carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus
SEXTA — 1Pe 1.22
Purificando a alma
SÁBADO — 1Co 15.42-58
Jesus morreu na cruz para nos resgatar de forma integral
Professor(a), nesta lição veremos que o ser humano foi criado de forma integral e que a santidade deve acontecer também de forma irrestrita: corpo, alma e espírito. Deus formou o ser humano com um espírito para se comunicar com Ele. Assim por meio dele é possível o crente ter comunhão e se relacionar com Deus. O intelecto, as emoções e a vontade são vivenciadas pela alma. Para santificar o espírito e a alma, precisamos do estudo devocional e sistemático da Palavra de Deus, não por obrigação, mas pelo desejo de conhecer mais ao Pai e a sua vontade. Além do estudo da Palavra de Deus é necessário a prática da oração como diálogo sincero e em secreto com o Senhor; o estudo da Palavra e a constante vigilância sobre os desejos carnais. Com a ajuda do Espírito Santo temos condições de nos santificar de forma integral.
Professor(a), para esta aula sugerimos uma participação mais efetiva dos alunos. Convide três voluntários que estudaram a lição para que exponham um tópico da lição. Escolha, com antecedência o tópico que vão comentar. Faça a oração para iniciar a aula, leia o Texto Bíblico, o Texto Principal e o Resumo da lição. Em seguida, deixe que o voluntário explique o seu tópico e na conclusão da lição se coloque à disposição para tirar as dúvidas. Se houver necessidade, com todo cuidado, intervenha auxiliando em uma complementação ou para corrigir alguma explicação.
Gênesis 2.7; 1 Tessalonicenses 5.21-23; Gálatas 5.24-26.
Gênesis 2
7 — E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
1 Tessalonicenses 5
21 — Examinai tudo. Retende o bem.
22 — Abstende-vos de toda aparência do mal.
23 — E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
Gálatas 5
24 — E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
25 — Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
26 — Não sejamos cobiçosos de vanglorias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.
INTRODUÇÃO
O texto de 1 Tessalonicenses 5.23, apresenta o ser humano integral: espírito, alma e corpo. Na lição deste domingo veremos que a santificação também deve ser integral, abrangendo o ser humano em sua totalidade. Para isso, será analisado o impacto da santidade nestas três áreas, começando pelo espírito.
I. O SER HUMANO É INTEGRAL: ESPÍRITO, ALMA E CORPO
1. O conceito de ser humano integral. Para entender o conceito do ser humano integral e a influência deste na construção teológica no primeiro século, se faz necessário conhecer um pouco da visão da cultura helênica para contrastá-la com a judaica. Os gregos acreditavam em uma antropologia especialmente platônica, que era dicotomista (o ser humano em duas partes: corpo e alma). Nesta visão, a alma era supervalorizada, sendo considerada parte do bem; já o corpo era tido como a parte do mal, consequentemente desvalorizado e considerado o cárcere da alma. Entretanto, a concepção judaica considerava o ser humano em sua totalidade. Na Bíblia, a criação do homem é de forma integral (Gn 2.7). No Novo Testamento, por influência paulina, prevaleceu o ponto de vista judaico. O apóstolo Paulo, apesar de ser um conhecedor da cultura grega, assegurou aos crentes de Tessalônica, que Deus vê o ser humano como um todo (1Ts 5.23).
2. Corpo: a parte material do ser humano. A dicotomia dos gnósticos, por influência do pensamento grego, defendia que a matéria era má e distinta do espírito, considerado a parte boa. A doutrina gnóstica, com base neste pensamento dualista, provocava dois tipos de comportamentos errôneos: o primeiro levava as pessoas a fazerem o que bem entendessem com o corpo, uma vez que a crença era de que não afetava o espírito. O segundo comportamento era o inverso, já que o corpo era a matéria má, melhor não fazer nada com ele para mortificá-lo. Portanto, dois extremos, onde o primeiro comportamento pecava pelo excesso e segundo por falta.
O Novo Testamento demonstra que tanto os judeus, como os judeu-cristãos e os cristãos-gentios defendiam a preservação do corpo em santidade, evitando os pecados contra ele (1Co 6.18,19). O corpo humano é o lugar de habitação do espírito (2Co 5.1; 2Pe 1.13,14). O corpo, sem o espírito e a alma, é morto (Tg 2.26).
3. Alma e espírito, a parte espiritual do ser humano. Tanto no Antigo Testamento, como no Novo, temos textos que distinguem bem a parte imaterial do ser humano (alma e espírito). Dentre outros textos do Antigo Testamento, o profeta Isaías faz uma afirmação que destaca a alma e o espírito (Is 26.9). Dentre outros textos do Novo Testamento, pode ser destacada a adoração de Maria (Lc 1.46-56); bem como o versículo de Hebreus (Hb 4.12).
O espírito humano foi gerado a partir do Criador (Gn 2.7), nele o ser humano tem consciência de Deus e das coisas espirituais e tem conexão com as realidades divina e espiritual (1Co 6.17). Enquanto a alma é a sede da personalidade, lugar dos sentimentos, pensamentos e decisões. Tanto o espírito quanto a alma são eternos e se mantêm unidos após a morte. O cristão deve cuidar das partes do ser como um todo.
Professor(a), explique que Paulo na primeira Carta aos Tessalonicenses mostra que “a separação do crente é real e importante: os crentes precisam ‘reter o que é bom’ e, ao mesmo tempo, se abster de toda a forma de mal (versão RA). Paulo não quis dizer que os crentes devem literalmente se retirar do mundo, pois fazer isto significaria que eles não projetariam a luz de Cristo para que mais pessoas pudessem vir até Ele. Os crentes podem, no entanto, ser certificar de que não deem ao mal uma plataforma, evitando situações tentadoras e concentrando-se na obediência a Deus (veja também Romanos 12.9).” (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Volume 2. 4ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2017. p.454).
II. A SANTIDADE DO ESPÍRITO E DA ALMA
1. Jesus morreu na cruz para resgatar o ser humano de forma integral. Cristo morreu na cruz para resgatar o ser humano em sua totalidade. O pensamento dualista grego levava as pessoas a não acreditarem na ressurreição do corpo. Por isso, os crentes de Corinto tiveram dúvidas em relação à ressurreição pregada por Paulo. Então, o apóstolo assevera: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1Co 15.19). Ele reafirma a fé na ressurreição de Jesus (1Co 15.20-28). Cristo ressuscitou em corpo, alma e espírito. Tanto que as pessoas o reconheceram depois de sua ressurreição, como por exemplo Tomé, que queria ver as marcas dos pregos nas mãos de Jesus e a ferida profunda do seu lado (Jo 20).
2. A santificação do espírito. A santificação do espírito ocorre no momento da justificação e regeneração, e se mantém contínua e progressiva de acordo com as experiências essencialmente do crente com Deus. Trata-se de uma mudança diante de Deus, de morto espiritualmente para vivo, pois o Espírito Santo vem habitar no crente (Ef 2.1). Por meio da santificação do espírito, essa nova criatura mantém comunhão com Deus, tornando-se coparticipante da natureza divina, e não vive mais na prática do pecado (1Jo 3.9).
Quando o crente se afasta de Deus, ele morre espiritualmente porque o seu espírito se afasta do Espírito Santo de Deus. Adão e Eva receberam a recomendação para não tocar no fruto da árvore da vida, pois se desobedecessem, eles morreriam (Gn 2.17). Todavia, quando eles tomaram o fruto não morreram fisicamente, mas espiritualmente.
3. A santificação da alma. A santificação da alma também está diretamente ligada à Palavra de Deus (Tg 1.21). Quando o crente ouve e cumpre a Palavra de Deus, seu espírito e alma são fortalecidos.
Na justificação e santificação iniciais, o pecado é perdoado e removido, todavia a velha natureza continua presente em luta constante para sobrepor sobre o intelecto, emoções e vontade, que são vivenciados por meio da alma. À medida que vamos tendo mais comunhão com Deus, Ele vai limpando o nosso interior e curando nossas emoções.
Professor(a), enfatize que o texto de 1 Tessalonicenses 5.23 mostra que “Paulo orava para que Deus operasse na vida dos crentes para santificá-los. Quando Deus fixa residência dentro de um crente, Ele começa o processo da ‘santificação’ — a mudança que Ele opera na vida de cada crente. Os crentes são santificados (separados ou consagrados) pela obra de Cristo. Isto inicia-se pelo Espírito de Deus quando eles creem. Embora a ‘perfeição’ não ocorra até que os crentes estejam plenamente glorificados, a santificação é o processo que nos conduz em direção àquele objetivo, em direção à semelhança a Cristo. Para ser santificado de todas as maneiras, Deus precisará operar em todas as áreas da vida de uma pessoa — todo o espírito e alma. Esta expressão é a maneira de Paulo de dizer que Deus deve estar envolvido em todos os aspectos da vida de um crente. Como os crentes vivem na presença de Deus, Ele os conservará irrepreensíveis até à volta de Cristo. Talvez os crentes de Tessalônica estivessem se perguntando, quando seus companheiros morriam antes da segunda vinda, se estes queridos crentes poderiam receber esta perfeição de Cristo. Paulo explicou que o processo sobrenatural iria ocorrer para todos os crentes.” (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Volume 2. 4ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.454).
III. A SANTIDADE DO CORPO
1. Dominando a concupiscência da carne (1Jo 2.16). Concupiscência no sentido etimológico tem sua origem do latim concupiscens e significa “o que tem um forte desejo”. A concupiscência da carne é a falta de domínio sobre os prazeres carnais (Rm 7.18). João adverte o cristão a vigiar e buscar o controle e não se deixar dominar pela natureza humana, caída e pecaminosa. Algumas pessoas atribuem suas imoralidades à ação de Satanás, mas o apóstolo Tiago deixa bem claro que as pessoas cometem pecados motivados pela própria concupiscência (Tg 1.14).
2. Dominando a concupiscência dos olhos (1Jo 2.16). Os olhos são considerados as janelas da alma. Se controlados e conduzidos pelos interesses egoístas, podem levar o ser humano a uma cobiça desenfreada cometendo toda a sorte de torpeza. Tomemos como exemplo Davi. Ele estava no terraço quando avistou uma mulher se banhando. Aquele olhar fez com ele cometesse um adultério e depois um homicídio (2Sm 11).
3. Dominando a soberba da vida. A soberba da vida é a ostentação pretensiosa (riqueza, poder, inteligência, status social, carros, entre outros). Algumas pessoas querem, a todo custo, fama, dinheiro e prestígio. Aqueles que não têm o temor de Deus buscam, erradamente, a ostentação a qualquer preço e acabam renunciando a prática da honestidade e dos valores divinos.
“1 João 2.16 — João advertiu os seus leitores contra o amor ao mundo e tudo que ele oferece porque ‘tudo que há no mundo não é do Pai’. Jesus deixou esta diferença clara quando disse o mesmo. O ‘mundo’ aqui, como em 1 João 2.15, é o sistema iníquo presente, que é governado por Satanás o oposto a Deus. Este ‘mundo’ rebelou-se e caiu no pecado. Nada no sistema deste mundo ama ao Pai ou encontra a sua origem no Pai.
João classificou ‘o que há no mundo’ em três categorias básicas. Estas três categorias são subjetivas, pois falam de atitudes do coração. Os crentes podem parecer perfeitamente puros e seremos exteriormente, mas abrigar alguma ou todas estas atitudes no seu interior. João temia que isso pudesse acontecer, de modo que estava advertindo os crentes a refrearem estes desejos.
— Concupiscência da carne. Jesus falou sobre como o adultério começa não no ato em si, mas no desejo (Mt 5.28). Estas palavras retratam qualquer tipo de desejo, mas especialmente a mania por sexo.
— A concupiscência dos olhos. Os pecados de desejar e acumular posses (curvando-se ao deus do materialismo) poderiam ser enquadrados nesta categoria. Embora o sexo possa também ser incluído aqui, os ‘olhos’ das pessoas podem desejar muitas coisas.
— A soberba da vida (ou o orgulho pelas coisas da vida). Isto refere-se tanto à atitude interior quanto à vangloria exterior devido a uma obsessão pela condição ou pelas posses de uma pessoa.
Estes pecados, são sutis a ponto de nascerem quase desapercebidos no coração, tornam-se as tentações que levam às obras do pecado na vida das pessoas.” (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Volume 2. 4ª Edição. Rio de Janeiro: CPÀD, 2017, p.774).
CONCLUSÃO
Na lição deste domingo, aprendemos que o ser humano atinge a santidade integral quando busca um relacionamento sincero e íntimo com Deus por meio do Espírito Santo. Quando permitimos que o Consolador controle os nossos sentimentos, emoções e vontade, passamos a viver de modo que o nome de Senhor é glorificado em nossas vidas. Cristo tem sido glorificado em toda a sua maneira de viver?
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
1. Segundo a lição, qual a constituição do ser humano?
Corpo, alma e espírito.
2. Como os gregos acreditavam na formação do homem?
Os gregos acreditavam em uma antropologia especialmente platônica, que era dicotomista (o ser humano em duas partes: corpo e alma).
3. Qual é a parte imaterial do ser humano?
A alma e o espírito.
4. A morte e a ressurreição de Jesus alcançam todo o nosso ser?
Sim. Cristo morreu na cruz para resgatar o ser humano em sua totalidade.
5. Qual o significado da palavra “concupiscência”?
Concupiscência no sentido etimológico tem sua origem do latim concupiscens e significa “o que tem um forte desejo”.