Título: Encorajamento, Instrução e Conselho — Alcance uma Vida Cristã feliz com os ensinos dos Salmos
Comentarista: Marcelo Oliveira
Lição 5: Prestando um culto santo a Deus
Data: 30 de Abril de 2023
“Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.” (Sl 24.7).
A nossa vida deve estar plenamente em coerência com os valores do Deus que tributamos, reverenciamos e adoramos.
SEGUNDA — 2Sm 6.12-15
A Arca de Deus conduzida para Jerusalém
TERÇA — Mt 1.23
Jesus Cristo é o Emanuel
QUARTA — Ap 20.2-7
O Senhor implantará o seu reino eterno
QUINTA — Mt 22.37-39
Amando a Deus e ao próximo
SEXTA — Hb 10.19,20
O novo e vivo caminho
SÁBADO — Jo 4.23
Adorando a Deus em espírito e em verdade
Professor(a), na lição deste domingo estudaremos a respeito do Salmo 24. Veremos que “como a terra é do Senhor, todos somos servos, zeladores. Devemos administrar bem este mundo e seus recursos, mas não devemos dedicar-nos a qualquer coisa criada nem agir como proprietário exclusivos, porque este mundo passará.
Este Salmo pode ter sido escrito para celebrar a mudança da Arca da Aliança da casa de Obede-Edom para Jerusalém (2Sm 6.10-12). A tradição diz que era cantado no primeiro dia de cada semana, nos cultos realizados no Templo. Os versículos de um a seis explicam quem é digno de adorar a Deus” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.755).
Professor(a), peça que em grupo os alunos leiam os versículos de 7 a 10 do Salmo 24. Em seguida faça a seguinte pergunta: “Quem é este Rei da Glória?”. Incentive a participação dos alunos e ouça a todos com atenção. Explique que aqui, Ele é identificado como o Senhor Todo-Poderoso, é o Messias eterno, santo e poderoso. Este Salmo não é apenas um grito de guerra para a Igreja, também aponta para a espera ansiosa pela entrada de Cristo na nova Jerusalém, para reinar para sempre (Ap 19.11-21). Este cântico de louvor, provavelmente foi usado na adoração pública. Deve ter sido entoado muitas vezes no Templo. Imaginem a cena: As pessoas do lado de fora clamariam para que os portões do recinto se abrissem e deixassem entrar o Rei da glória. Do lado de dentro, os sacerdotes ou outro grupo perguntam: ‘Quem é este Rei da Glória?’. Todos respondem em uníssono: ‘O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra’” (adaptado da Bíblia de Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p.754).
Salmos 24.1-10.
1 — Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.
2 — Porque ele a fundou sobre os mares e a firmou sobre os rios.
3 — Quem subirá ao monte do SENHOR ou quem estará no seu lugar santo?
4 — Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente.
5 — Este receberá a bênção do SENHOR e a justiça do Deus da sua salvação.
6 — Esta é a geração daqueles que buscam, daqueles que buscam a tua face, ó Deus de Jacó. (Selá)
7 — Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.
8 — Quem é este Rei da Glória? O SENHOR forte e poderoso, o SENHOR poderoso na guerra.
9 — Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.
10 — Quem é este Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos; ele é o Rei da Glória. (Selá)
INTRODUÇÃO
A presente lição é um estudo a respeito do Salmo 24. Veremos o contexto em que este Salmo foi produzido, sua estrutura e como ele mostra duas realidades no contexto de um culto: Deus como objeto de adoração; adoradores que tributam adoração a Ele. Nesse sentido, perceberemos que o Salmo 24 tem muito a nos auxiliar na prática do culto a Deus em nossas igrejas locais.
I. O DEUS TODO-PODEROSO É O OBJETO DE NOSSA ADORAÇÃO
1. O contexto do Salmo 24. Acerca do Salmo 24, a maioria dos estudiosos o remonta ao contexto da chegada da Arca da Aliança à tenda preparada no Monte Sião, no período do reinado de Davi (2Sm 6.1-15). É verdade também que o Salmo tem sido classificado na categoria dos messiânicos devido à ênfase dos versículos 7-10. Entretanto, o nosso estudo se dará na perspectiva de considerar o salmo adequado para uma ocasião litúrgica, e o quanto ele nos ajuda a cultuar a Deus de maneira verdadeira. Por isso, o classificamos na categoria de salmos litúrgicos. Seu apelo litúrgico nos auxilia na prática do culto moderno. Assim, podemos estabelecer a seguinte estrutura do Salmo 24:
1) A verdadeira natureza da adoração (vv.1-6);
2) A coroação do Rei (vv.7-10).
Na primeira estrutura, a natureza da verdadeira adoração, podemos subdividi-la em duas partes:
a) o objeto da adoração, o Deus Criador (vv.1,2);
b) a vida de quem adora (vv.3-6).
Neste primeiro tópico, abordaremos os versículos 1, 2 e os versículos 7-10, pois dizem respeito ao objeto de devoção e adoração do crente.
2. Deus é soberano (vv.1,2). O primeiro versículo atesta que o mundo e tudo o que nele habita pertencem ao Senhor (v.1). Foi Deus mesmo que fundou a terra sobre os mares e a estabeleceu sobre os rios (v.2). Esse Deus é o objeto de adoração na Tenda de Israel (2Sm 6.12-15). Como estabeleceu o mundo e tudo o que nele há, Deus formou a nossa vida, nos forjou segundo a sua vontade. Nós somos criação direta do Deus Todo-Poderoso. É a Ele que devemos louvar e adorar. É a Ele que devemos prestar culto. Deus é soberano na vida do seu povo. Não somos onipotentes, onipresentes nem oniscientes; mas Deus é. Somos limitados, mas Ele é ilimitado e infinito.
3. A coroação do Rei (vv.7-10). É possível contextualizar esses versículos a um chamado ao povo diante das portas da tenda que se tornou Templo (v.7). O pastor George Wood, em sua obra sobre Salmos, diz que nos versículos 3-6 o adorador está fora do Templo, mas nos versículos 7-10 ele está dentro da área do Templo. É o Senhor, forte, poderoso e Rei da Glória entrando no Templo (vv.8-10). Como cristãos, também aplicamos os versículos 7-10 à messianidade de Jesus Cristo (Jo 1.14). Nosso Senhor é o Rei da Glória, o Emanuel, isto é, o Deus conosco, o Deus que se tornou barro (Mt 1.23). Embora tenha sido humilhado com uma morte de cruz, Deus o exaltou soberanamente, dando-lhe um nome que é sobre todo o nome para que todo joelho se dobre diante dEle e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor. Assim, o Salmo 24 nos ajuda a adorar o Deus Filho, Jesus Cristo. Eis o elemento cristocêntrico do culto cristão. Nele, experimentamos um pouco do reino eterno de nosso Senhor quando um dia será implantado neste mundo por Ele mesmo e de uma vez por todas (Ap 20.2-7).
“O Salmo 24 diz respeito ao reino de Jesus Cristo:
(1) O seu reino providencial pelo qual Ele governa o mundo (vv.1,2).
(2) O reino de sua graça, pelo qual Ele governa a sua igreja.
1. Em relação aos súditos de tal reino. O seu caráter (vv.4,6), o seu estatuto, v.5.
2. Em relação ao rei desse reino, e uma intimação para que todos lhe deem admissão, vv.7-10.
É suposto que o Salmo tenha sido escrito na ocasião em que Davi trouxe a arca para o lugar preparado para ela, e que a sua intenção fosse conduzir o povo acima da pompa e das cerimônias externas para uma vida santa de fé em Cristo, de quem a arca era um tipo.” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares. Rio de Janeiro: CPAD. 2010, p.288).
II. COMO SE APRESENTAR DIANTE DE DEUS EM SANTO CULTO
1. Pureza de coração (vv.3,4). O versículo 3 se inicia com a seguinte pergunta: “Quem subirá ao Monte do SENHOR?”. Em outras palavras, quem pode entrar no templo e receber a bênção do SENHOR (v.5)? O versículo 4 responde: “o limpo de mãos, puro de coração, que não tem vaidade e nem pratica o engano”. Todas essas características são esperadas do jovem adorador que entra no Templo para cultuar a Deus. É um tipo de vida em que o adorador renuncia o próprio ego para entronizar a Deus em seu coração (Mt 22.37-39). É um estilo de vida que tem consequências práticas para fora da área do Templo.
2. Bênçãos e justiça de Deus (vv.5,6). Os versículos 5 e 6 trazem uma promessa. O adorador, que age de acordo com os versículos 3 e 4, receberá bênçãos de Deus e sua justiça para salvação. Nesse sentido, esses adoradores são os que buscam a face de Deus. Sim, o adorador é chamado para se apresentar diante do Altíssimo para adorá-lo, buscá-lo e exaltá-lo (Rm 12.1).
3. É tempo de “subir ao monte do Senhor”. O Salmo 24 nos chama a subir ao “monte do Senhor”. O Novo Testamento aprofunda a compreensão do Templo de Deus. Hoje, o Espírito Santo nos impulsiona a glorificar a Cristo (Jo 16.14). O escritor aos Hebreus diz que “tendo, pois irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou” (Hb 10.19,20). Em Cristo, podemos adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.24). Nesse sentido, o jovem que “sobe ao monte do Senhor” vive integralmente um estilo de vida de um verdadeiro adorador.
Professor(a), inicie o tópico fazendo a mesma indagação do salmista no versículo três: “Quem subirá ao Monte do Senhor?”. Ouça os alunos com atenção. Explique que “aqui está uma investigação em busca de coisas melhores, v.3. Essa terra são os escabelos de Deus; porém, se nós tivermos muito dela, nós devemos ficar aqui por pouco tempo, devemos em breve ir embora, e quem subirá ao monte do Senhor? Quem irá para o céu futuramente, e, falando sério acerca disso, haverá comunhão com Deus nas ordens santas? Uma alma que conhece e considera a sua própria natureza, origem e imortalidade, quando ela tiver visto a terra e a sua plenitude, ela se sentirá satisfeita. Não foi encontrada, entre todas as criaturas, uma ajuda adequada para o homem, e, por essa razão, pensará acerca da ascensão em direção a Deus, em direção ao céu, e perguntará: O que eu devo fazer para subir para aquele lugar alto, aquele monte, onde o Senhor habita e se manifesta, para que eu possa ser familiarizado com Ele e permanecer naquele lugar santo e feliz onde Ele se encontra com o seu povo e os torna santos e felizes? O que devo fazer para que eu possa ser um daqueles a quem Deus toma como o seu povo peculiar e que pertence a Ele de outra maneira, como a terra é sua e a sua plenitude? Essa questão é muito parecida com essa, Salmos 15.1. O monte de Sião, em que o Templo foi construído, representando a igreja, tanto visível quanto invisível. Quando o povo vinha até a arca no seu santo lugar, Davi relembra-lhes de que esses eram modelados das coisas celestiais, e, portanto, que por meio deles, eles deveriam ser levados a considerar as coisas celestiais.” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.289).
III. O CULTO: A EXPRESSÃO VISÍVEL DO DIVINO NA TERRA
1. O culto a Deus. Basicamente o culto a Deus é o momento em que tributamos, reverenciamos e adoramos a Deus numa igreja local. Embora os cristãos entendam, teológica e doutrinariamente, que a adoração não mais está restrita à área geográfica (Jo 4.24), desde os primórdios nos reunimos num local visível para cultuar a Deus e cumprir as duas ordenanças de nosso Senhor: ao batismo e a Ceia do Senhor. Nesse momento, entendemos que Deus se encontra conosco em culto, pois o louvamos, intercedemos, esperamos que Ele fale conosco por meio da exposição da Palavra de Deus e experimentamos o compartilhamento dos dons espirituais para a nossa edificação (1Co 12.4-11). Logo, o culto cristão é um momento de grande devoção espiritual de maneira congregacional.
2. A importância da liturgia. De maneira geral, podemos conceituar liturgia como a forma que um culto a Deus é conduzido. Nesse caso, de acordo com a sua história, a igreja local pensa nos cânticos, na linguagem a ser usada, nos gestos e toda forma audível e visível que contribuirão para o bom andamento do culto. Naturalmente, a liturgia traz uma ideia de ordem. Ela deve ser espontânea no sentido do que o apóstolo Paulo ensinou: “Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1Co 14.26). Assim, podemos dizer que a liturgia das igrejas, no geral, tem os seguintes elementos: oração inicial, cânticos congregacionais, momento de intercessão, leitura oficial das Escrituras, ofertório, pregação da Palavra, apelo, oração final e bênção apostólica. Essa ordem pode variar de acordo com a região de nosso país e a liderança da igreja.
3. Como devo me preparar para o culto? De acordo com o Salmo 24, nosso culto e sua liturgia devem nos levar a adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.26). Aqui, espírito e verdade têm a ver exatamente com a disposição de estar inteiro no ato de adoração, sabendo o que se está fazendo ali (Rm 12.1). Não podemos estar presentes de corpo, mas ausentes de mente. O culto não acontece por causa da liturgia, mas por causa dos adoradores. Nesse sentido, toda a nossa memória, atenção, imaginação, pensamento e linguagem devem estar voltados para o que estamos fazendo: prestando santo culto a Deus. No momento do culto, estamos subindo ao “monte do Senhor”. Por isso, devemos ser participantes ativos do período cúltico. Entoar os cânticos, suplicar a Deus na oração congregacional, receber a Palavra de Deus com toda reverência e quebrantamento (Sl 51.17). Um culto pode mudar a trajetória de uma vida.
“Tendo em vista a soberania de Deus, quais são as exigências feitas àqueles que o adorariam? As qualificações espirituais daqueles que se aproximavam de Deus ‘em espírito e em verdade’ (Jo 4.24) são anunciadas. Perowene descreve os versículos 3-6 como uma lista das ‘condições morais que são necessárias para toda a pessoa que se aproxima de Deus em seu suntuário. O Salmo passa, como ocorre habitualmente, do geral para o particular, da relação de Deus com toda a humanidade como o seu Criador para o seu relacionamento especial com seu povo escolhido no meio do qual Ele tem manifestado a sua presença. O Deus Poderoso é também o Deus Santo. Seu povo, portanto, deve ser santo. Observe os paralelos em 15.1-5 e Isaías 33.14-17.
Aquele que é limpo e puro de coração está livre da culpa dos pecados cometidos. Pilatos lavou suas mãos em água para simbolizar sua alegação de inocência pela morte de nosso Senhor. Mas a água não pode limpar as mãos manchadas dos pecadores. Somente a fonte aberta para a casa de Davi contra o pecado e a impureza pode proporcionar a purificação da culpa (Zc 13.1). As mãos representam aquilo que a pessoa faz, mas puro de coração representa aquilo que a pessoa é. Mesmo o Antigo Testamento reflete o padrão do Evangelho quanto à pureza de coração (51.7-10; cf. Tg 4.8).” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 3. Rio de Janeiro: CPAD. 2005. p.29).
CONCLUSÃO
O Salmo 24 mostrou que Deus é o objeto de nossa adoração e que nós vivemos para adorá-lo. Nesse sentido, temos um compromisso ético com Deus e com nós mesmos que expressa a nossa vida de culto a Deus, o momento em que passamos em comunhão, adorando ao Senhor em espírito e em verdade, pode alterar por completo a trajetória de nossa vida. Portanto, cultuar a Deus com os nossos irmãos se torna o melhor ato do mundo.
GONZALES, Justo. A Bíblia na Igreja Antiga. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
1. Qual contexto do Salmo 24 podemos remontar?
Acerca do salmo 24, a maioria dos estudiosos o remonta ao contexto da chegada da Arca da Aliança a tenda preparada no Monte Sião, no período do reinado de Davi (2Sm 6.1-15).
2. O que o primeiro versículo atesta?
O primeiro versículo atesta que o mundo e tudo o que nele habita pertencem ao Senhor (v.1).
3. Segundo o Salmo 24, quais características são esperadas de um adorador?
“O limpo de mãos, puro de coração, que não tem vaidade e nem pratica o engano.”
4. Como podemos conceituar o culto a Deus, de acordo com a lição?
Basicamente o culto a Deus é o momento em que tributamos, reverenciamos e adoramos a Deus numa igreja local.
5. Conforme a lição, cite pelos menos três elementos da liturgia bíblica.
Oração inicial, cânticos congregacionais, momento de intercessão, leitura oficial das Escrituras, momento ofertório, pregação da Palavra, apelo, oração final e bênção apostólica.