LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

3º Trimestre de 2023

 

Título: Sejam Fortes — Ensino sadio e Caráter Santo nas Cartas Pastorais

Comentarista: Silas Queiroz

 

 

Lição 2: O problema dos falsos mestres

Data: 9 de Julho de 2023

 

 

TEXTO PRINCIPAL

 

Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina.(1Tm 1.3).

 

RESUMO DA LIÇÃO

 

Nossas doutrinas estão fundamentadas na Bíblia Sagrada, nossa única regra infalível de fé e prática.

 

LEITURA DA SEMANA

 

SEGUNDA — At 20.29

Lobos cruéis

 

 

TERÇA — 1Tm 1.3

Advertência contra as falsas doutrinas

 

 

QUARTA — 1Tm 1.7

Ensinando o que não sabem

 

 

QUINTA — 1Tm 6.3-5

A ganância dos falsos mestres

 

 

SEXTA — Mt 26.41

É preciso vigilância

 

 

SÁBADO — 1Tm 4.1-5

Apostasia nos últimos tempos

 

OBJETIVOS

 

  • SABER porque é preciso cuidar da doutrina;
  • EXPLICAR qual era a missão de Timóteo;
  • APRESENTAR a necessidade de se considerar o ensino bíblico.

 

INTERAÇÃO

 

Prezado(a) professor(a), é importante nessa lição recordar a recomendação de Paulo a Tito: “[…] não entres em questões loucas, genealogias e contendas e nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs. Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca estando já em si mesmo condenado” (Tt 3.9-11). Aproveite a temática da lição para enfatizar a importância de um estudo metódico e sistemático da Palavra de Deus, sob a iluminação do Espírito Santo. Pois, é fundamental para não cairmos em nenhum engano teológico.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor(a), para essa lição sugerimos que você converse com seus alunos falando a respeito dos falsos mestres. Diga que os “falsos mestres eram motivados por um espírito de curiosidade e um desejo de alcançar poder e prestígio. Em contraste, os genuínos mestres cristãos são motivados pela fé sincera e o desejo de fazer o que é certo.

Discutir sobre os detalhes da Bíblia pode ser interessante, mas esta atitude nos leva a situações irrelevantes e nos faz perder de vista o propósito da mensagem de Deus. Os falsos mestres de Éfeso construíram vastos sistemas especulativos e então discutiam sobre os detalhes secundários de suas ideias fortemente imaginárias. Não devemos permitir que nada nos distraia do evangelho da salvação em Jesus Cristo, que é o ponto principal das Escrituras. Devemos conhecer o que a Bíblia diz aplicar seus ensinos diariamente à nossa vida, e ensiná-los as outras pessoas. Se assim fizermos, podemos avaliar todos os ensinos que nos são apresentados à luz da verdade central a respeito de Jesus. Não enfoque os detalhes da Bíblia, excluindo o ponto principal que Deus está lhe ensinando (Extraído de Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, p.1701).

 

TEXTO BÍBLICO

 

1 Timóteo 1.8-11.

 

8 — Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente.

9 — Sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os Ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas.

10 — Para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina.

11 — Conforme o evangelho da glória do Deus bem-aventurado, que me foi confiado.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

A história da Igreja sempre foi marcada pela investida de falsos mestres, que buscam deturpar a mensagem do Evangelho e ameaçar o progresso espiritual dos cristãos. Desde os primeiros séculos, muitos heresiarcas fizeram verdadeiras cruzadas contra as verdades centrais das Escrituras. Por isso, zelar pelo correto ensino bíblico é fundamental para a preservação da verdadeira fé cristã.

Como vimos na lição anterior, sete anos antes Paulo já havia advertido aos anciãos de Éfeso de que “lobos cruéis” surgiriam para atacar o rebanho (At 20.29). Quando ele visita a cidade após sua primeira prisão em Roma, constata que isso havia ocorrido e delega a Timóteo a tarefa de ficar em Éfeso para refutar os falsos ensinos e transmitir a correta doutrina.

 

 

I. CUIDANDO DA DOUTRINA

 

1. O que é doutrina? É o conjunto de preceitos fundamentais que compõem um sistema religioso, filosófico, político, social ou econômico. No campo das religiões, cada uma tem a sua doutrina, os dogmas ou conjunto de crenças. O Cristianismo tem suas doutrinas fundamentadas na Bíblia Sagrada, nossa única regra infalível de fé e prática (2Tm 3.14-17).

O Novo Testamento usa dois termos gregos para doutrina: didache e didaskalia, ambos com dois sentidos: o ato de ensinar e o conteúdo do ensino (Mt 7.28; Mc 4.2; Rm 16.17; 1Tm 4.13,16; Tt 1.9; 2.1). A boa doutrina, ou a “sã doutrina” (1Tm 1.10; Tt 2.1), é o ensino correto (ortodoxo), de acordo com as Escrituras, fruto de uma exegese que considera o que realmente está no texto, seguindo o método histórico e gramatical. Busca, portanto, a intenção do autor sagrado, que escreveu inspirado pelo Espírito Santo (2Pe 1.20,21). Não se orienta por pensamentos, sentimentos ou desejos do leitor, que, como destinatário do texto, deve crer nas Escrituras como infalível, completa e inerrante Palavra de Deus, amoldando-se a ela e aplicando-a em seu viver (Sl 119.9; Rm 12.2).

2. O lugar da experiência espiritual. Nós, pentecostais, valorizamos a experiência espiritual. Ela nos auxilia na compreensão do que está registrado nas Escrituras à medida que experimentamos o mesmo que viveram os personagens do texto sagrado, como de Atos dos Apóstolos, por exemplo.

Cremos, portanto, que podemos viver, hoje, o que os crentes primitivos viveram há quase dois mil anos (At 2.14,41-47).

Não interpretamos a Bíblia segundo nossas experiências, mas as submetemos ao escrutínio das Escrituras, validando-as ou não conforme a autoridade da Palavra de Deus (Jo 10.35; 2Tm 3.16; 2Pe 1.21). Assim, podemos nos manter livres de qualquer desvio teológico ou doutrinário e ter uma vida cristã sadia, desfrutando de uma vida espiritual verdadeira e equilibrada.

3. “Outra doutrina”. Não sabemos ao certo que doutrina estranha estava sendo ensinada em Éfeso. O segredo para a preservação da boa doutrina é refutar qualquer ensino que lhe seja contrário. Por isso, bastava a Timóteo não permitir que fosse ensinada outra doutrina (1Tm 1.3). Conforme o comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal, “a expressão outra doutrina vem do grego heteros e significa ‘estranha’, ‘falsificada’, ‘diferente’”. Podemos considerar, então, que mais importante de que estudar todo o universo de doutrinas estranhas é conhecer, com profundidade, a correta doutrina bíblica, o que nos permitirá, por consequência, identificar com clareza qualquer outro ensino contrário. Quem conhece bem o que é verdadeiro não tem dificuldade para discernir o que é falso.

 

SUBSÍDIO I

 

 

Prezado(a) professor(a), inicie o tópico fazendo a seguinte pergunta: “O que é doutrina?”. Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Depois, explique que “sete anos antes de Paulo escrever esta epístola, advertira os presbíteros de Éfeso de que os falsos mestres procurariam distorcer a verdadeira mensagem de Cristo. Agora que isso já estava acontecendo, Paulo exorta Timóteo a confrontá-los com coragem. Este jovem pastor não devia transigir com esses falsos ensinos que corrompiam tanto a lei quanto o evangelho. Ele deveria travar contra eles o bom combate mediante a proclamação da fé original, conforme o ensino de Cristo e dos apóstolos (2Tm 1.13,14). A expressão ‘outra doutrina’ vem do grego heteros e significa ‘estranha’, ‘falsificada’, ‘diferente’.” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. p.1864).

 

 

II. A MISSÃO DE TIMÓTEO

 

1. Um delegado apostólico. Timóteo foi deixado em Éfeso como uma espécie de “delegado apostólico”, representante de Paulo com uma missão pastoral específica. Entende-se que é por isso que apesar de ser uma carta dirigida diretamente a Timóteo, o apóstolo abre a epístola enfatizando suas credenciais ministeriais, como “apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa” (1Tm 1.1) e identificando Timóteo como seu “verdadeiro filho na fé” (v.2).

Assim, a carta serviria não apenas para Timóteo, mas, também, para a igreja local, a quem seria dado a conhecer o seu conteúdo. Isso reforçaria a autoridade espiritual do jovem pastor, notadamente diante de sua juventude e certa timidez e da possibilidade de resistência ao seu ensino, pela confrontação dos desvios doutrinários (1Tm 4.11,12; 6.3-5).

2. Os falsos mestres. Éfeso era a principal cidade da Ásia Menor. Como cidade portuária, era um agitado centro econômico na época, o que também fazia dela um lugar de grande ebulição religiosa, cultural e filosófica. Era grande o paganismo em Éfeso, cidade da conhecida deusa Diana (Ártemis), cujo templo era uma das sete maravilhas do mundo antigo. O culto a Diana dava muito lucro para os efésios (At 19.24-28). Mais de cinquenta outros deuses e deusas eram adorados em Éfeso.

Como já assinalado, Paulo não se preocupou em identificar quem seria os falsos mestres e quais, exatamente, as heresias que difundiam na igreja de Éfeso. Isso se deve, também, ao fato de que Timóteo já era conhecedor da realidade espiritual local, como se extrai da expressão paulina “Como te roguei […] que ficasses em Éfeso, para […]” (1Tm 1.3). Claro está que Paulo e seu cooperador já tinham conversado acerca dos problemas daquela igreja.

3. Heresias infiltradas. Dois movimentos ocorreram em Éfeso para a infiltração de heresias na igreja: o primeiro, a entrada de “lobos cruéis”; o segundo, o surgimento de falsos mestres dentre os próprios presbíteros locais. Isso está claro na advertência feita por Paulo sete anos antes (At 20.29,30) e continua sendo um perigo para qualquer igreja: (1) abrir-se para a entrada de líderes cujas convicções de fé não sejam suficientemente conhecidas e (2) fomentar o surgimento de ensinadores ou pregadores neófitos (1Tm 3.2,6).

Em Éfeso, esses falsos mestres estavam ensinando doutrinas estranhas, preocupados com fábulas (mitos) e genealogias judaicas intermináveis, que produziam infrutíferas discussões. Com o seu orgulho, causavam divisões. Agiam em busca de popularidade (1.7) e eram gananciosos (6.3-5).

Na pretensão de serem doutores da lei, estabeleciam confusão e mistura entre elementos judaicos e cristãos (1.6,7), descambando para o ascetismo, como a proibição de casamento e abstinência a determinados alimentos (4.3). Há, também, indícios de uma certa inclinação gnóstica, ainda que incipiente, pela expressão “falsamente chamada ciência” (6.20).

Timóteo é exortado a “conservar a fé e a boa consciência”, para o que é fundamental dedicar-se a uma vida de piedade e santificação, a qual inclui, necessariamente, o estudo devocional da Palavra de Deus, além da vigilância e da oração constantes (Mt 26.41; 1Tm 4.8-16). Isso sempre foi um grande desafio para todo cristão, principalmente agora em tempos pós-modernos, de uma vida tão frenética e de tanta perversidade (2Tm 3.1-5). Contudo, não podemos desfalecer (Lc 18.1-8), mas perseverar sempre (Rm 12.12; Cl 4.2).

 

SUBSÍDIO II

 

 

Professor(a), explique aos alunos que “a responsabilidade imediata de Timóteo era esta: ‘Para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina’. O apóstolo não nos informa a quem ele se referia quando emitiu esta ordem. Timóteo provavelmente já sabia muito bem quem eram os envolvidos. Paulo usa termos vagos para descrever a natureza destas heresias: ‘Fábulas ou… genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus. que consiste na fé’. Mesmo que seja impossível concluir com plena certeza quais eram estes ensinos o apóstolo percebia que estavam minando a fé dos cristãos efésios, não é forçar a interpretação sugerir que se tratava de um começo de gnosticismo. A heresia conhecida por gnosticismo. que no século II se tornou ameaça séria à integridade do ensino cristão, tinha raízes judaicas e gentias. Houve três fases sucessivas da influência judaica na Igreja Primitiva. A segunda era a fase judaizante que Paulo combateu com tanta eficácia na Epistola aos Gálatas. É sobre a terceira fase, em que havia ‘relações fingidas sobre nomes e genealogias de anjos, que o apóstolo procura avisar Timóteo’. A falácia básica do gnosticismo era o posicionamento de um dualismo fundamental entre o espírito e a matéria, entre o bem e o mal. Reconhecidamente, Deus era bom, mas o mundo era essencialmente mau. Diante disso, como explicar que o bom Deus criou um mundo mau? Isto era realizado pelo conceito de um demiurgo — uma espécie de ‘semideus’ suficientemente afastado do Deus santo a ponto de este não ter responsabilidade pela criação do mundo mau. Entendemos prontamente o fato de Paulo caracterizar especulações por fábulas (ou mitos intermináveis), e porque havia genealogias intermináveis. Esta última expressão refere-se à importância que o judaísmo dá a genealogias. (Comentário Bíblico Beacon. Volume 9. Rio de Janeiro: CPAD, 2014. p.452).

 

 

 

PROFESSOR(A), “O conceito bíblico de ensino e aprendizagem não é primeiramente transmitir conhecimentos ou preparar-se academicamente. É produzir santidade e uma vida piedosa que se conforme com os caminhos de Deus (cf. 2Tm 1.13), O mestre da Palavra de Deus deve ser uma pessoa cuja vida seja uma demonstração de perseverança na verdade, na fé e na santidade (3.1-13), Como pastor e dirigente da igreja. Timóteo devia permanecer leal à verdadeira fé apostólica e combater as falsas doutrinas que estavam entrando na igreja” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. p.1864).

 

 

CONCLUSÃO

 

O problema dos falsos mestres foi o desprezo ao verdadeiro propósito das Escrituras, que é gerar em nós um coração puro e cheio de amor, uma boa consciência e uma verdadeira fé. Que tenhamos a cada dia um autêntico crescimento espiritual, longe de toda disputa e farisaísmo. Cheios de amor de Deus e da alegria do Espírito Santo, cultivando uma vida de comunhão diária com o nosso Salvador e Senhor.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. Como podemos conceituar doutrina?

É o conjunto de preceitos fundamentais que compõem um sistema religioso, filosófico, político, social ou econômico.

 

2. Quais os termos gregos usados para doutrina no Novo Testamento e quais os sentidos?

O Novo Testamento usa dois termos gregos para doutrina: didache e didashalia, ambos com dois sentidos: o ato de ensinar e o conteúdo do ensino.

 

3. Que características da cidade de Éfeso a lição apresenta?

Éfeso era a principal cidade da Ásia Menor. Como cidade portuária, era um agitado centro econômico na época, o que também fazia dela um lugar de grande ebulição religiosa, cultural e filosófica.

 

4. Qual o verdadeiro propósito do ensino das Escrituras?

O alvo supremo de toda a instrução da Palavra de Deus é uma transformação moral interior da pessoa, que se expressa no amor, na pureza de coração, numa consciência pura e numa fé sem hipocrisia.

 

5. O que devemos fazer para conservar a fé e a boa consciência?

É fundamental dedicar-se a uma vida de piedade e santificação, a qual inclui, necessariamente, o estudo devocional da Palavra de Deus, além da vigilância e da oração constantes.