Título: Sejam Fortes — Ensino sadio e Caráter Santo nas Cartas Pastorais
Comentarista: Silas Queiroz
Lição 3: Instruções a respeito da oração
Data: 16 de Julho de 2023
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de raças por todos os homens.” (1Tm 2.1).
Paulo recomenda à igreja a disciplina da oração, pois o crente tem a responsabilidade de orar em favor de todos os homens.
SEGUNDA — Fp 4.4
Apresente seus pedidos a Deus
TERÇA — Tg 5.16
A oração da fé
QUARTA — Mc 11.24
Tudo o que pedirdes em oração
QUINTA — Mt 6.7,8
Instruções do Mestre sobre oração
SEXTA — Mt 7.11
A bondade de Deus para com os que oram
SÁBADO — 1Ts 5.17
Ore continuamente
Prezado(a) professor(a), você reconhece a importância da oração na vida do crente? Então, não terá dificuldades em abordar essa temática, pois tem a oração como uma disciplina cristã em sua vida.
No decorrer da lição, enfatize que orar é conversar com Deus. É um meio vital de manter e aprofundar nossa comunhão com Ele e nos fortalecer na graça que há em Cristo Jesus.
A orientação de Paulo a Timóteo, que veremos na lição deste domingo, nos revela o lugar prioritário que a oração deve ter em nossa vida pessoal e na igreja local.
Professor(a), para iniciar a lição sugerimos que você faça a seguinte pergunta: “Você já parou para pensar na recomendação paulina a Timóteo a fim de que orasse por todos os homens, em especial os que estão na posição de líder?”.
Ouça os alunos e incentive a participação de todos. Depois explique que Paulo fez esta recomendação, quando Nero era o imperador. Sabemos que ele foi uma das figuras mais polêmicas da história e ficou conhecido por suas atrocidades. Orar por alguém que admiramos não exige esforço, mas a Palavra de Deus nos exorta a orar por todos, sejam eles bons ou maus. Os crentes eram perseguidos, presos e jogados no Coliseu para serem devorados pelos leões, mas eram incentivados a orar em favor de seus algozes. Tem você orado por nossa nação e nossos governantes? Que venhamos a aprender com os irmãos da igreja do primeiro século a interceder em favor de todos os que estão em eminência, sejam eles justos ou injustos, pois esta é a vontade de Deus para nós.
1 Timóteo 2.1-8.
1 — Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens.
2 — Pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade.
3 — Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador.
4 — Que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade.
5 — Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem.
6 — O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.
7 — Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e na verdade.
8 — Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda.
INTRODUÇÃO
Qual a missão fundamental do cristão em relação ao mundo e às autoridades? No texto em estudo, Paulo nos responde esta pergunta. Sabemos que a pregação do Evangelho é, sim, a grande missão da Igreja na Terra, conforme ordenado por Jesus (Mc 16.15). É preciso considerar, contudo, que antes da proclamação é necessário que haja oração (At 4.31; Ef 6.18,19).
Em tempos tão agitados, em que se busca uma participação mais ativa das igrejas na vida pública, é fundamental estudar o que o Novo Testamento nos ensina sobre isso. Vivendo em uma época de tanta conturbação, sob o opressor Império Romano, a orientação de Paulo foi, antes de tudo, a prática da oração. Vamos refletir sobre isso.
I. ORAÇÃO: UMA PRIORIDADE
1. “Antes de tudo”. No primeiro capítulo de sua carta, Paulo saúda a Timóteo e o lembra da principal missão que tinha em Éfeso: refutar o ensino dos falsos mestres. A partir do capítulo 2, transmite instruções práticas de como o jovem pastor deveria liderar a igreja e de como deveria ser desenvolvida a vida eclesiástica. O apóstolo começa advertindo-o da prioridade para o viver cristão: a oração.
A expressão “antes de tudo” indica que antes de qualquer outra prática litúrgica, Timóteo deveria dedicar-se à oração e estimular os crentes efésios a fazer o mesmo. Seu dever pessoal fica evidenciado quando o apóstolo diz “admoesto-te” e o dever congregacional está explícito na expressão “que se façam”. Ou seja, Timóteo e toda a igreja deveriam ter a oração como prioridade no viver. Isso funcionaria — e funciona, induvidosamente —, como condição para o estabelecimento e a vida da igreja.
2. Como orar. Apesar de Paulo usar palavras sinônimas (“deprecações, orações, intercessões e ações de graças”), fica claro que não se trata de uma mera repetição. Deprecação é uma súplica por uma necessidade específica. Oração é um termo genérico e pode expressar desde petições feitas em favor de si mesmo, por necessidades gerais, a toda e qualquer expressão verbal dirigida a Deus. Interceder é orar em favor de outra pessoa. Ações de graças são expressões de gratidão.
Timóteo e toda a igreja deveriam fazer todo o tipo de oração, por eles mesmos, por todos os homens e, como uma nota especial no texto, por todas as autoridades (2.2). Orar antes de tudo é uma recomendação que se aplica a todos nós, em relação a toda e qualquer área da vida. Há nisso um aspecto temporal e prático.
Orar primeiro e orar antes de tudo significa, por exemplo, que não devemos começar o dia sem orar; que não devemos iniciar uma viagem sem orar; que precisamos buscar a vontade de Deus para todas as decisões de nossa vida (Tg 4.13-16). Orar antes de tudo é reconhecer a soberania de Deus e dar a Ele o controle de nosso viver. Orar sem cessar (1Ts 5.17; Cl 4.2).
3. Orar pelas autoridades. Nos tempos de Paulo, o mundo vivia sob o controle de reis e imperadores cruéis, como Nero, um implacável perseguidor dos cristãos, que governava o Império Romano naqueles dias (54-68 d.C.). O apóstolo já havia sido hostilizado e preso muitas vezes pelas autoridades romanas. Pouco tempo antes de escrever essa carta a Timóteo, sofrerá cinco anos de aprisionamento, da prisão em Jerusalém até Roma (At 28.11-31).
Da parte dos judeus, os conflitos políticos e militares com seus dominadores sempre foram intensos, com grandes revoltas, como a dos Macabeus (164 a.C.) e as guerras judaico-romanas, como a que culminou com a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Os judeus eram dados a levantes, protestos e sedições, como narram historiadores como Flávio Josefo e Eusébio de Cesareia. Lucas faz um rápido registro desse típico comportamento judaico, citando Teudas e Judas, o galileu (At 5.34-37). Contudo, em Jesus e nos apóstolos não se observa qualquer instigação a movimentos revoltosos contra as autoridades ou o exercício para ascensão ao poder. O que o Novo Testamento nos ensina é orar intensamente pelas autoridades (1Tm 2.1) e nos sujeitar a elas (Rm 13.1; 1Pe 2.13-17).
Prezado(a) professor(a), “com o começo do segundo capítulo, o apóstolo chega à questão que o levou a escrever a Timóteo — a preocupação pela devida ordem na igreja efésia. A prioridade que Paulo deu a este tema mostra-se na frase de abertura: ‘Admoesto-te. pois, antes de tudo’. Há certa adequação que deve caracterizar o culto público a Deus. Lógico que não é formalismo censurável preocupar-se pelos segmentos sequenciais adequados e próprios a serem observados quando os cristãos se reúnem para cultuar. O apóstolo exorta o tipo de oração que deve fazer parte de todo culto dessa categoria: ‘Admoesto-te… que se façam deprecações (súplicas), orações, intercessões e ações de graças por todos os homens’. Não há dever cristão para com nossos semelhantes que se compare em importância com o dever de orar por eles. O crente não pode fazer algo para ajudar as pessoas se, em primeiro lugar, não orar por elas. Depois de orar, há muitas coisas que pode fazer; mas até que ore, não há nada a fazer, exceto orar”. (Comentário Bíblico Beacon. Volume 9. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.461).
PROFESSOR(A), “a passagem de Lucas 11.1-4, transmite uma mensagem muito simples. […] A oração é a expressão do nosso relacionamento familiar com Deus. E as respostas às orações não dependem de alguém ter ou não cometido um erro ao recitar as palavras adequadas. Na verdade, as respostas à oração representam um transbordamento daquele permanente amor que Deus tem por nós, seus filhos. (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.167).
II. O PODER DA ORAÇÃO
1. Uma questão de fé. Um dos sinais dos últimos tempos é a apostasia, o abandono da fé (1Tm 4.1). Isso acontece paulatinamente, com a diminuição de disciplinas espirituais essenciais, como a leitura bíblica e a oração. Fé e oração, oração e fé. Atributo e prática intimamente associados e codependentes. É preciso ter fé para orar (Hb 11.6; Tg 1.6-8) e é preciso orar para ter mais fé (Lc 17.5; 22.32; Ef 3.14-17; 2Ts 1.11).
Pela parábola do juiz iníquo, entendemos como a crise de fé tem relação com a diminuição da frequência e do tempo de oração (Lc 18.1-8). Jesus contou essa parábola com o propósito específico de nos estimular a “orar sempre e nunca desfalecer”. A viúva insistiu com o perverso juiz, que “nem a Deus temia, nem respeitava homem algum”, o que demonstra o grau de improbabilidade de que a pobre mulher fosse atendida. Sua insistência, contudo, levou o ímpio magistrado a atendê-la.
2. O perigo do secularismo. Jesus fez a aplicação da parábola aos seus discípulos de todos os tempos, tratando do relacionamento que precisamos ter com nosso Pai celestial: “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?” (v.7). O Mestre responde: “Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura achará fé na terra?” (v.8). Em outras palavras: ainda haverá quem creia que vale a pena orar, esperando pela intervenção de Deus?
Jesus estava nos advertindo de uma onda mortal chamada secularismo, fruto do abandono da fé, de incredulidade e dureza de coração. Será que ainda vale a pena “orar sempre e nunca desfalecer”, esperando que Deus faça justiça em nossas causas, ou é hora de agir, usando nossas próprias armas para resolver nossos problemas e nos livrar das injustiças de nosso tempo? A resposta está no nível de fé que temos.
3. Vida quieta e sossegada. Paulo está estimulando Timóteo a orar e ensinar à igreja que ore pelas autoridades, para que Deus, o Pai, nos faça ter “uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (2.2), O apóstolo não está sugerindo qualquer outra prática como prioridade para a vida do cristão. Desdenhar, portanto, do poder da oração é um sinal trágico para a fé evangélica. A oração pelas autoridades faz com que Deus, que é Soberano em tudo, dirija seus corações segundo a vontade dEle, livrando-nos de hostilidades e perseguições. Provérbios 21.1 diz: “Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo quanto quer o inclina”. Atentemos, contudo, para o propósito correto que precisamos ter, que é viver “em toda a piedade e honestidade”. Não pode ser outra a nossa motivação, portanto, para que Deus aja em nosso favor controlando o agir do Estado. Nosso alvo deve ser uma vida piedosa, de profunda comunhão e serviço ao nosso Senhor, ao mesmo tempo em que vivemos honestamente diante de todos os homens.
Professor(a), explique aos alunos que “há oração em todas as religiões. Deus e a oração são inseparáveis. A crença em Deus e na oração são elementares e intuitivas. As ideias podem ser cruas e cruéis entre os povos primitivos e pagãos, mas pertencem às instituições da raça humana. O ensino do Antigo Testamento está repleto do assunto oração.
A oração, conforme lá se observou, está entre as mais antigas práticas da humanidade. Falando de Antigo Testamento, ela faz sua introdução no livro dos princípios, o Gênesis, e permanece em evidência até o livro de Malaquias.
De todas as criaturas de Deus somente as pessoas oram — a oração é estritamente pessoal. Ela é um dom de Deus para nós, o nosso elo com o Criador. Portanto, vendo a oração da perspectiva do Antigo Testamento, nosso enfoque será sobre as pessoas que oram, os motivos de suas orações, como elas se aproximaram de Deus e o trataram, como os nomes e os atributos de Deus influenciaram suas orações e que resultados e realizações chegaram a alcançar. (Comentário Bíblico Beacon. Volume 9. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.452).
III. O PROPÓSITO DIVINO
1. Bom e agradável. Deus espera que confiemos nEle e façamos o que Ele recomenda em sua Palavra. Sob a inspiração do Espírito Santo, Paulo não apenas adverte a Timóteo da prioridade da oração e do seu alvo, mas registra que isso é “bom e agradável diante de Deus”. Deixar de atender essa recomendação e buscar outros expedientes é, além de incredulidade, rebeldia, sob a falsa justificativa de que é preciso agir.
Porventura, orar não é agir? Sim, orar é agir. Agir na esfera própria, contra os verdadeiros inimigos da Igreja (Ef 6.12). É atravessar bloqueios e alcançar as regiões celestiais, onde estão as efetivas soluções de nossos problemas. É lutar com armas não carnais (2Co 10.4,5). Enganam-se os que pensam que a oração é uma inação ou inatividade. Oração é combate efetivo (Rm 15.30; Cl 4.12). Todas as nossas demais ações, justas e necessárias, somente serão corretas e eficazes se forem precedidas dessa ação fundamental, que é a oração (2Cr 7.14; Mt 6.33; Ef 6.18; Fp 4.6; Jo 15.5). “Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl 127.1).
2. A salvação de todos. O universalismo é a falsa crença de que, ao final, Deus salvará a todos os homens. Isso não tem respaldo bíblico algum. A Bíblia apresenta, repetidas vezes, os dois destinos distintos que serão dados aos salvos e aos perdidos (Mt 7.13,14; Ap 21.7,8). A salvação é para quem crê e permanece fiel por toda a vida (Ap 2.10). Mas isso não anula a vontade de Deus, que é a salvação de todos os homens, incluindo as autoridades hostis (1Tm 2.4). Orar nos coloca em sintonia com essa vontade e impede que nosso coração esteja fechado para a nossa missão, que é a pregação do Evangelho a toda criatura (Mc 16.15).
3. Unidade em Deus. O propósito da oração individual e congregacional é que sejamos agentes efetivos do plano de Deus de “tornar a congregar em Cristo todas as coisas” (Ef 1.9,10). Paulo diz isso quando escreve: “Porque, há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm 2.5). Nada, absolutamente nada, pode nos afastar desse propósito eterno, prejudicando nossa pregação comportamental e verbal, que encontra grande eficácia quando expressamos unidade como Corpo de Cristo (Jo 17.21-23). As intrigas e divisões entre os que professam o nome de Cristo causam grandes prejuízos espirituais e comprometem o progresso do Evangelho.
Prezado(a) professor(a), é importante que neste tópico seja enfatizado que Timóteo esteve presente, por ocasião do primeiro aprisionamento de Paulo em Roma. O apóstolo faz, por três vezes, citações ao seu “filho na fé”. Leia, juntamente com os alunos, os textos de Filipenses 1.1 e Colossenses 1.1. Paulo, ao ser solto, leva consigo a Timóteo em sua quarta e última viagem missionária, quando roga para que fique servindo na igreja em Éfeso (1Tm 1.3). Explique a importância de o líder estabelecer bons relacionamentos, tomando como exemplo Paulo e Timóteo.
CONCLUSÃO
Paulo conclui sua instrução com uma recomendação que abrange a atuação pública: “Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda” (1Tm 2.8). Esta é, portanto, a grande ação que se espera da Igreja, do recôndito de nosso coração à expressão congregacional e pública. Foi assim que a Igreja sempre cresceu. Nem a tirania romana deteve o avanço da fé cristã.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse, Capítulo por Capítulo. 10ª Edição, Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
1. O que aprendemos com a expressão “antes de tudo” em 1 Timóteo 2.1?
Aprendemos que “antes de tudo” indica que antes de qualquer outra prática litúrgica devemos, assim como Timóteo, dedicar-nos à oração.
2. Qual era o contexto político dos tempos de Paulo, quando estimulou a oração pelas autoridades?
Nos tempos de Paulo, o mundo vivia sob o controle de reis e imperadores cruéis, como Nero.
3. Qual a relação entre a prática da oração e a fé?
Fé e oração são atributos intimamente associados e codependentes. É preciso ter fé para orar.
4. O que é o secularismo?
Segundo a lição é uma onda mortal, fruto do abandono da fé, de incredulidade e dureza de coração.
5. Segundo a lição, o que é universalismo?
É a falsa crença de que, ao final, Deus salvará a todos os homens.