Título: Sejam Fortes — Ensino sadio e Caráter Santo nas Cartas Pastorais
Comentarista: Silas Queiroz
Lição 5: Instruções para os pastores
Data: 30 de Julho de 2023
“Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.” (1Tm 3.1).
Pastores são líderes escolhidos por Deus para cuidarem do rebanho do Senhor.
SEGUNDA — Mt 20.28
Ser pastor é ser servo
TERÇA — Jo 12.26
Deus honra aqueles que servem com fidelidade
QUARTA — At 20.28
Apascentando o rebanho de Deus
QUINTA — Sl 23.1
O bom pastor
SEXTA — 1Tm 4.12
A chamada pastoral precisa ser confirmada pela Palavra
SÁBADO — 1Tm 3.2-7
Qualificações para o pastorado
Prezado(a) professor(a), na lição deste domingo estudaremos a respeito da missão de Timóteo em Éfeso. Veremos que esta missão é dada aos pastores. Como líder, Paulo foi dedicado, amoroso, irrepreensível e estava atento aos assuntos de interesse da igreja. Ao ler as suas cartas pastorais, podemos perceber que deu especial importância ao treinamento de obreiros, discorrendo a respeito da disciplina dos líderes, especialmente dos presbíteros que viessem a falhar. De forma bem clara, doutrinou a respeito dos relacionamentos na igreja local.
Paulo afirma que “se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja” (3.1). Do mesmo modo como os doze apóstolos de Jesus deixaram tudo para segui-lo, muitos homens, na igreja do primeiro século, deixaram tudo para se dedicar ao pastorado. Estes deveriam ser sustentados pela igreja. “Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário” (5.18). Aos coríntios, ele fez observações idênticas, revelando seu zelo pela manutenção dos obreiros (1Co 9.6-10).
Professor(a), inicie o primeiro tópico da lição fazendo as seguintes indagações: “Existe diferença entre os termos ‘bispo’, ‘presbítero’ e ‘pastor’? Quais são elas?”.
Ouça os alunos com atenção e incentive a participação da turma. Em seguida explique que “os termos ‘bispo’ [dai episcopado], ‘presbítero’ e ‘pastor’ são todos usados no Novo Testamento para se referir ao mesmo ofício. ‘Bispo’ [ou ‘supervisor’] enfatiza a tarefa de velar pela congregação (Hb 13.17). Os versículos 2-7 do capítulo três, não descrevem o trabalho do pastor. Eles descrevem o caráter da pessoa que deve servir nesse ofício, A lista não pretende ser exaustiva, mas prevê uma pessoa de caráter cristão amadurecido” (Bíblia de Estudo Holman. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.1943).
1 Timóteo 3.1-7.
1 — Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.
2 — Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar.
3 — Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento.
4 — Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia.
5 — (porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?).
6 — Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.
7 — Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo.
INTRODUÇÃO
Como temos visto, a missão de Timóteo em Éfeso, de defender a pureza do Evangelho contra o ataque dos falsos mestres, incluía, necessariamente, a transmissão de uma sólida doutrina para toda a igreja. Não era apenas refutar diretamente os que estavam ensinando falsas doutrinas, mas aparelhar a igreja com um ensino puro. Todo o corpo precisava estar bem ajustado, para que crescesse de forma saudável, com todos os membros funcionando adequadamente (Ef 4.16). Um corpo sadio possui células de defesa, que identificam e repelem os invasores. Na igreja, essa função é dada primordialmente aos pastores. Por isso, precisamos de uma liderança forte, dotada das qualificações espirituais e morais exigidas pela Palavra de Deus. Ouçamos o Espírito!
I. O PERFIL DA LIDERANÇA
1. Relativismo moral. Vivemos tempos de um profundo relativismo moral; de rejeição e negação de valores e de verdades absolutas; são tempos do “não é bem assim”. Essa é uma reação muito comum, para os relativistas, quando se deparam com um texto como o de 1 Timóteo 3. E quando alguém diz “não é bem assim”, cria-se um vácuo imaginário, que pode ser preenchido com qualquer tipo de concepção ideológica. Nesse novo e multifacetado universo colorido, o homem se torna o senhor do seu destino, fazendo suas próprias escolhas, sem nenhum parâmetro absoluto.
Os ensinos de Paulo já eram desafiadores naquele tempo. Para nós, hoje, são ainda mais, diante do grande afrouxamento de normas, com muitas acomodações às fraquezas e desejos pecaminosos, próprios da natureza humana caída.
2. Compromisso com as Escrituras. O perfil de líderes que precisamos ser e ter deve estar de acordo com a Palavra de Deus. São os grandes desafios que nos forjam e nos preparam para as grandes missões. Deus sempre submeteu a profundas provas os homens que escolheu para servi-lo. Paulo foi um deles (At 9.15,16). Timóteo estava seguindo o mesmo caminho (2Tm 1.8; 2.3,4; 3.10-12; Fp 2.19-22).
Deus nos tem dado líderes valorosos, aos quais devemos reconhecer e honrar, com respeito e gratidão, orando por eles e os ajudando em suas difíceis tarefas (1Ts 5.12,13; Hb 13.17-19).
3. Desejo pelo episcopado. A expressão “se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja” não contém um juízo de valor sobre o desejo. O adjetivo está na obra, chamada de excelente. Mas não há censura para quem aspira ser um obreiro, desde que a motivação seja pura e correta. Quando não há sinais externos evidentes do caráter da motivação, somente Deus conhece a natureza do desejo de liderança.
Cabe à igreja local uma observância cautelosa da presença ou não das qualificações espirituais e morais exigidas pela Palavra de Deus. Com ou sem o desejo de ser presbítero, ninguém pode ser ascendido à função sem evidenciar os qualificativos prescritos nas Escrituras. O afrouxamento da observância desses requisitos para a escolha de líderes, sob o pensamento de estar beneficiando o candidato, pode impor graves prejuízos a ele e a todos os liderados.
Prezado(a) professor(a), explique que as aspirações à liderança são ratificadas (3.1). “O apóstolo volta sua atenção especificamente às posições de liderança na igreja, citando outro provérbio aparentemente famoso. Já naquele tempo, a igreja primitiva tinha uma coleção de curtas declarações (logia), de modo resumido, porções memoráveis de verdades comumentes sustentadas pelos crentes. Tais expressões existiram antes do tempo da composição das pastorais, e como reconhecimento de sua aceitação geral foram introduzidas em forma de citações como vemos aqui: ‘Esta é uma palavra fiel’.
Esta declaração cristã valida a aspiração que um crente possa ter de servir à igreja em uma posição de liderança ou supervisão. O crente que tenha esta aspiração, certamente deseja fazer um bom trabalho, desempenhar uma tarefa nobre. Ao citar este provérbio, o apóstolo recomenda o ofício do bispo a qualquer pessoa que tenha qualificações que se seguem (vv.2-7)” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.1454).
II. A INSTITUIÇÃO DO MINISTÉRIO
1. A estrutura. As cartas pastorais contribuem muito para que se conheça o grau de organização ministerial que a Igreja alcançou já no primeiro século, principalmente como resultado do trabalho de Paulo ao longo de suas viagens missionárias. Vários textos de Atos indicam a organização de presbitérios nas igrejas (At 14.21-23; 15.2-4,22; At 20.17,28). Em várias passagens do Novo Testamento encontramos referências a diáconos, presbíteros, mestres, pastores, evangelistas, profetas e apóstolos (At 6.1-6; Fp 1.1; 1Tm 3.8).
O Novo Testamento não apresenta um rol rígido, taxativo ou exaustivo de funções ou serviços ministeriais, o que tem levado a interpretações distintas, com modelos variados de organização eclesiástica. No pentecostalismo clássico, o corpo de obreiros é constituído de diáconos, presbíteros, evangelistas e pastores.
2. O episcopado. Bispo, ancião ou presbítero. Do grego episkopos, significa supervisor, “literalmente, ‘inspetor’ (formado de epi, ‘por cima de’, e skopeo, ‘olhar ou vigiar’)”. É a figura do pastor da igreja local. Alguém que tenha maturidade e discernimento espiritual necessários para cuidar do rebanho; apascentar as ovelhas. O próprio sentido da palavra, portanto, é suficiente para entendermos que somente pode exercer essa missão quem reunia altas qualificações espirituais e morais, daí Paulo usar a expressão “convém”, no sentido de ser recomendável e necessário.
3. Rol de qualificações. Não se trata de um rol exaustivo, mas cuida do que é essencial na vida do obreiro, do líder espiritual, do cuidador de almas. De imediato, é possível observar que a prioridade não está ligada a popularidade ou carisma, em qualquer sentido, nem mesmo no sentido bíblico, quanto aos dons espirituais.
Não se trata, jamais, de desprezar a exigência de que o pastor seja dotado de dons espirituais (1Co 12.4-10). O batismo no Espírito Santo, como sabemos, é a experiência inicial no glorioso caminho dos dons (At 2.3,4,38,39). Mas o candidato ao presbiterato precisa já ter percorrido esse caminho e ingressado em outro, “ainda mais excelente” (1Co 12.31), no qual é imprescindível que seja evidenciado em sua vida o fruto do Espírito (Gl 5.22). Sem essas virtudes, ninguém consegue alcançar as qualificações exigidas em 1 Timóteo 3.2-7.
Professor(a), leia juntamente com os alunos o texto de 1 Timóteo 3.2-7. Depois, explique que “estes versículos não descrevem o trabalho do pastor. Eles descrevem o caráter da pessoa que deve servir nesse ofício. A lista não pretende ser exaustiva, mas prevê uma pessoa de caráter cristão amadurecido.
‘Apto para ensinar’ é o único requisito desta lista que não é necessariamente requerido de todos os crentes. Isso também não é requerido dos diáconos. Consequentemente, essa é uma marca distintiva do pastor (Tt 1.9).” (Bíblia de Estudo Holman. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.1943).
III. AS QUALIFICAÇÕES E SEUS ASPECTOS
1. “Irrepreensível”. Do grego anepilemptos, o termo “significa literalmente ‘que não se pode atingi-lo’”. Veja-se que não se trata de uma exigência superficial, mas absolutamente profunda, que nos leva a refletir sobre o detido cuidado que é preciso ter no exame preliminar do aspirante ao episcopado. O bispo precisa ser uma pessoa com a vida resolvida, como poderíamos dizer.
Não é por acaso que a expressão “marido de uma mulher” aparece logo em seguida. Naqueles tempos de tanta poligamia, totalmente tolerada pelo paganismo da época, era fundamental que essa regra fosse estritamente obedecida pelos bispos, como exemplo para os demais cristãos. Hoje, de igual sorte, esse requisito deve ser observado.
2. Sobriedade e correção moral. O líder espiritual precisa ser prudente, equilibrado, justo em seus negócios e acolhedor. Isso é retratado pelas expressões “vigilante, sóbrio, honesto [e] hospitaleiro”.
3. Apto para ensinar. O pastor precisa se dedicar ao estudo e ensino das Escrituras à igreja. Não deve negligenciar a transmissão da doutrina, transferindo a responsabilidade a terceiros ou ocupando o tempo do culto com qualquer outra atividade, ainda que espiritual. O momento do ensino da Palavra é sagrado, literalmente (1Tm 4.6,11-16). Mas essa aptidão para ensinar não é somente associada ao preparo bíblico e teológico. Tem a ver, também, com aptidões decorrentes de seu testemunho pessoal, evidenciados por um comportamento sóbrio e por uma conduta moral isenta de reprovação, dentro e fora de casa (1Tm 3.7).
“Quinze qualificações (3.2-7). Os versículos relacionam 15 qualidades a serem consideradas quando da seleção de bispos. Observe que entre as qualificações, não aparece a capacitação em seminário ou a posse de algum dom espiritual em particular. Observe o breve esboço do caráter do bispo (3.2-7).
Irrepreensível: inteiramente fiel à sua esposa;
Esposo de uma só mulher: inteiramente fiel à sua mulher;
Temperante: sóbrio, solícito e modesto;
Domínio próprio: discipulado, moderado;
Respeitável: modesto, honrado, bem-comportado;
Hospitaleiro: que recebe bem os visitantes;
Apto para ensinar: capacitado a explicar e aplicar os ensinamentos;
Não dado à embriaguez: não dado ao vinho;
Não violento: não dado à hostilidade, ao antagonismo;
Gentil: bondoso, razoável, de boa família;
Não contencioso: não combativo, inimigo de contendas;
Não avarento: preocupado com as pessoas, não com as finanças;
Bom governante de sua família: administra a vida familiar;
Não seja um recém-convertido: maduro e humilde;
Reputação imaculada: admitido pelos de fora.”
(RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma Análise de Gênesis a Apocalipse, Capítulo por Capítulo. 10ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2012. p.835).
CONCLUSÃO
Paulo conclui a lista de qualificações do pastor incluindo a recomendação de que “não [seja] neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo” e que tenha bom testemunho dos que estão de fora (1Tm 3.6,7). Concluímos, portanto, que o pastor deve ser maduro espiritualmente e viver em harmonia com todos: em casa, na igreja e na sociedade. O desafio é grande. Oremos mais por nossos pastores.
KEENER, CRAIG S. Comentário Exegético Atos. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
1. O que é relativismo moral e qual a sua principal consequência?
Rejeição e negação de valores e de verdades absolutas. O homem se torna o senhor do seu destino, fazendo suas próprias escolhas.
2. Como devemos agir para não sucumbirmos diante do relativismo moral?
Devemos agir com compromisso com as Escrituras Sagradas.
3. Qual o significado do termo “bispo” em 1 Timóteo 3.2?
Do grego epishopo significa supervisor, literalmente inspetor.
4. Qual o significado do termo “irrepreensível”?
Do grego anepilemptos, o termo significa literalmente “que não se pode atingi-lo”.
5. O que significa apto para ensinar?
Significa que o pastor precisa se dedicar ao estudo e ensino da Palavra de Deus.