Título: Sejam Fortes — Ensino sadio e Caráter Santo nas Cartas Pastorais
Comentarista: Silas Queiroz
Lição 6: Qualidades pessoais e essenciais para os diáconos
Data: 06 de Agosto de 2023
“Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância.” (1Tm 3.8).
Servir a Deus é um privilégio e uma responsabilidade.
SEGUNDA — At 6.1
A instituição dos diáconos
TERÇA — At 6.1-7
Os primeiros diáconos
QUARTA — Fp 1.1
Bispos e diáconos em Filipos
QUINTA — At 6.3
Qualidades espirituais dos diáconos
SEXTA — 1Tm 6.10
Vigilantes em relação ao dinheiro
SÁBADO — At 6.3,5,8
Qualificações morais
Prezado(a) professor(a), na lição deste domingo vamos estudar a respeito do serviço dos diáconos. Desde Jerusalém ficou evidente a necessidade de dois ministérios na igreja: o primeiro, de direção pela palavra: o segundo, de auxílio nas questões materiais. Veremos que o ministério diaconal é, também, de elevada importância e de natureza espiritual, daí a necessidade de qualificações semelhantes às do presbítero. Também veremos que a diferença determinante entre o presbitério e o diaconato está no ministério da Palavra, que é atribuído ao bispo, o pastor da Igreja Local.
Professor(a), explique aos alunos que “diáconos geralmente se refere a um servo que atende as necessidades de outros. Os responsáveis por servir uma refeição (Jo 2.5,9) e os auxiliares de um rei são servos (Mt 22.13). Aquele que almeja uma posição de grandeza deve se tornar um serviçal (Mc 10.43). Alguém pode também estar servindo uma potestade espiritual. Falsos apóstolos são chamados de ministros de Satanás (2Co 11.15) e Paulo é ministro do evangelho (Ef 3.7). Em outros lugares, diáconos retém a ideia de serviço, enquanto adota o sentido mais técnico de uma posição de liderança eclesiástica (ou seja, diácono)” (Bíblia de Estudo Holman. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.1943).
1 Timóteo 3.8-13.
8 — Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância.
9 — Guardando o mistério da fé em uma pura consciência.
10 — E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis.
11 — Da mesma sorte as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo.
12 — Os diáconos sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas.
13 — Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.
INTRODUÇÃO
Na lição anterior estudamos as instruções dadas a Timóteo para a ordenação dos bispos, anciãos ou presbíteros, que eram os pastores locais; responsáveis pela direção das igrejas e pelo ensino do rebanho. Nesta lição, estudaremos a respeito do segundo ofício presente nas igrejas do primeiro século, o diaconato.
Veremos que a principal distinção entre o presbítero e o diácono é que ao primeiro é dada a tarefa de ensinar a igreja, enquanto ao segundo é dada a missão de cuidar de questões temporais, como a assistência aos necessitados, nos moldes da experiência vivida pela igreja em Jerusalém (At 6.1-6). Consideraremos, contudo, como esse ministério auxiliar apresenta variações ao longo do tempo, de acordo com a realidade da igreja local.
I. MINISTÉRIO DIACONAL
1. A origem dos diáconos. Os primeiros diáconos foram instituídos em Jerusalém (At 6.1-6), na igreja Liderada pelos apóstolos (At 1.12-26; 24142), sob a direção de Tiago, irmão de Jesus (At 15.13). Lucas narra que “crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano” (At 6.1). Isso se deu pela conversão de judeus de fala grega, que fez reproduzir, no seio da igreja cristã, uma divergência que já existia no mundo judaico. Era um certo divisionismo entre judeus nativos — que falavam o aramaico, língua corrente em Israel na época — e judeus não nativos, que haviam se helenizado e falavam a língua grega.
De acordo com Lawrence O. Richards, escritos rabínicos indicam que a igreja de Jerusalém havia adotado o sistema judeu de ajuda aos pobres, que envolvia a “tigela dos pobres” e a “cesta dos pobres”. A primeira, uma distribuição diária de comida fornecida aos necessitados. A segunda, uma distribuição semanal de comida e roupas para as famílias pobres.
Lucas descreve que estava havendo um desprezo às viúvas gregas. Os apóstolos, então, precisaram agir para resolver esse problema interno (At 6.1). Foi nesse contexto que surgiu a necessidade de instituir “sete varões”, como assistentes ou auxiliares, para servirem às mesas, enquanto os dirigentes espirituais (os apóstolos) cumpriam integralmente o ofício que lhes cabia e era essencial para a vida da igreja: perseverar na oração e no ministério da palavra (6.1).
2. Um duplo ministério. Embora Lucas não use o substantivo diahonos (“aquele que serve”) como um título para identificar os sete varões eleitos pela igreja de Jerusalém, é consensualmente admitido que ali se deu a instituição dos diáconos. Mesmo porque, o termo grego diahonia (serviço ou atendimento) está presente no versículo 1, enquanto o verbo diakoneo (servir) aparece no versículo 2. Em ambos os casos, a referência está ligada a servir às mesas.
No versículo 4 o termo diahonia (serviço) volta a aparecer. Agora, contudo, na expressão “ministério da palavra”. Assim, são dois ministérios ou serviços distintos: o principal, de servir a palavra, e o auxiliar, de servir às mesas. Um duplo ministério estava estabelecido, realidade que seria reproduzida nas demais igrejas do Novo Testamento.
A síntese é: tanto o presbítero quanto o diácono são servos (diahonos), no sentido comum do termo. Contudo, o primeiro serve à Palavra. O segundo, às mesas. Em outros trechos do Novo Testamento o mesmo vocábulo grego vai aparecer com o sentido amplo (servos) e com o sentido específico (o ofício diaconal), como veremos no tópico III desta lição.
3. Bispos e diáconos. Como já vimos, Paulo instituiu presbíteros nas diversas igrejas que fundou em suas viagens missionárias. Éfeso foi uma delas (At 20.17). Lucas relata em Atos 14.23: “E, havendo-lhes por comum consentimento eleito anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido”. De igual sorte, foram ordenados diáconos, como se vê na Carta aos Filipenses, na qual Paulo saúda “a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos” (Fp 1.1). Vê-se, portanto, que os ministérios locais foram constituídos por bispos ou presbíteros, responsáveis por dirigir e ensinar a igreja: e por diáconos, auxiliares para as questões administrativas ou temporais, conforme a necessidade de cada comunidade.
Prezado(a) professor(a), explique que “da mesma maneira como fez com os bispos ou líderes, o apóstolo discute as qualificações (não os deveres) daqueles que servem à igreja como diáconos ou ministros. Embora sirvam como auxiliares da igreja e não como líderes, seus requisitos morais e espirituais são semelhantes; deste modo, o apóstolo introduz suas qualificações com a expressão ‘da mesma sorte’.
Quem eram os diáconos? Ainda que seja uma prática comum considerar os que fossem selecionados para servir às mesas em Atos 6.1-6 e 21.8 como protótipos daqueles que desempenhasse este papel, tais homens não foram chamados de diáconos.” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003. p.1454).
II. AS QUALIFICAÇÕES DOS DIÁCONOS
1. Diferença determinante. Entre as qualificações dos presbíteros (pastores locais) e dos diáconos há uma diferença determinante: a aptidão para ensinar, que somente é exigida dos bispos (1Tm 3.2). Isso reforça o que já foi dito: o pastor é o responsável por dirigir e ensinar a igreja, contando com o auxílio direto do diácono, a quem é dada a tarefa de atuar na esfera administrativa, como nos assuntos do templo, na arrecadação de finanças e donativos e na assistência aos necessitados.
2. Da mesma sorte. Ao começar a seção relativa aos diáconos com a expressão “da mesma sorte”, Paulo já indica que o padrão que se espera deles é semelhante ao dos presbíteros. A honestidade refere-se ao estrito cumprimento de suas responsabilidades e deveres em todos os âmbitos. Não deve ser admitido ao diaconato quem tenha negócios mal resolvidos. O diácono precisa ser um homem de palavra (“não de língua dobre”), ou seja, alguém em quem se pode confiar no que diz.
A expressão “não dado a muito vinho” costuma suscitar muita discussão. O emprego do advérbio de intensidade “muito” é invocado por alguns intérpretes como uma concordância de Paulo com o uso moderado de bebida alcoólica. Isso, contudo, destoa do conselho do próprio apóstolo quanto à abstinência do vinho (Ef 5.18; 1Co 6.10). Por isso, considera-se que ele estava se referindo a um vinho não fermentado (não embriagante), e, ainda assim, recomendada a moderação, em função das práticas pagãs da época, que consistiam em glutonaria. Nossa conduta prudente sempre é de abster-se de toda a aparência do mal (1Ts 5.22).
3. Completando o rol. Assim como os presbíteros, os diáconos deveriam ser vigilantes em matéria de dinheiro, afastando-se da cobiça, Contentamento e moderação são fundamentais para nos livrar de toda a ambição ou desejo imoderado por bens ou riquezas. Paulo enfatiza isso nos versículos 9 a 12 do capítulo 6 de primeira a Timóteo, especialmente no versículo 10: “[…] o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males […]”.
Outra recomendação semelhante à dos presbíteros diz respeito à vida conjugal e à liderança da família. A expressão “marido de uma mulher” não é apenas uma reprovação à poligamia, mas, também, ao divórcio e ao novo casamento fora das hipóteses bíblicas de exceção, quando esgotadas todas as possibilidades de reconciliação (Mt 19.9; 1Co 7.15).
Paulo inclui aos diáconos a recomendação de que guardem “O mistério da fé em uma pura consciência”. Devem estar convictos de sua salvação em Cristo e não terem nenhuma culpa que possa lhes abalar a fé. Somente homens que tenham todas essas qualificações e forem “primeiro provados” e atestados como “irrepreensíveis” poderão ser ordenados ao importante ministério diaconal.
Professor(a), explique que “acima de tudo, os diáconos devem ser pessoas convictas. O ‘ministério da fé’ que os diáconos devem manter equivale à verdade do ensino cristão que transcende a razão humana, e que somente é acessível por meio da revelação divina. Paulo está insistindo na relação íntima entre uma fé sadia e uma consciência irrepreensível e imaculada; sem essa última a primeira está estéril. A consciência dos diáconos deve estar livre de ofensas. A qualificação genérica final para todos os diáconos é que deverão ser primeiramente avaliados, e se considerados inocentes, então, poderão servir.” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.1462).
III. A REFERÊNCIA ÀS MULHERES
1. Diaconisas? Aparentemente, Paulo abre uma nova seção em seu texto para se referir às mulheres. Assim como havia dito “Da mesma sorte os diáconos”, agora diz: “Da mesma sorte as mulheres…”. Isso tem levado alguns eruditos a considerarem que o apóstolo estava tratando de três ofícios distintos na igreja: bispos, diáconos e diaconisas. Mas os contextos mediato e imediato não convergem para esta interpretação.
As mulheres sempre exerceram um papel de alta relevância no serviço cristão, sendo sempre bem reconhecidas, principalmente pelo apóstolo Paulo, como na referência que faz a uma distinta mulher de nome Febe, que “[servia] na igreja que [estava] em Cencreia” (Rm 16.1). Alguns intérpretes acreditam que se tratava de uma diaconisa. Contudo, é sabido que a referência à diahonia é feita muitas vezes no Novo Testamento em relação à função de servir e não ao ofício de diácono, como um cargo da estrutura ministerial.
Paulo usa a palavra diahonos para se referir ao seu próprio ministério e aos de seus cooperadores (1Co 3.5; 2Co 3.6; Cl 1.23; 4.7). No mesmo sentido é feita a referência a Febe, razão que a estrutura do texto não é suficiente para afirmar que se tratava de uma mulher ordenada ao ministério diaconal. Isso não impede, naturalmente, em reconhecer e saber que as mulheres desempenham extraordinário serviço como auxiliares na obra de Deus, inclusive na assistência às pessoas enfermas e necessitadas.
2. Esposas dos diáconos. Além da interpretação de que a referência as mulheres em 1 Timóteo 3.11 seria às diaconisas, há outras duas linhas de entendimento: uma que considera que Paulo estava se referindo às mulheres em geral, e outra que sua fala estava sendo dirigida às esposas dos diáconos.
Essa é a posição mais aceita, em função de que a palavra grega presente no texto (gynaihas) pode ser interpretada tanto como “mulheres” quanto como “esposas”. Paulo estava, portanto, recomendando que as esposas dos diáconos tivessem um viver honesto; não fossem maldizentes, mas equilibradas e fiéis em tudo.
“Mulheres no texto de 1 Timóteo 3.11 ‘pode ser uma referência a mulheres auxiliares ou a diaconisas. Pode, também, referir-se a esposas de diáconos. Seja como for, Paulo esperava que o comportamento de mulheres em posição de proeminência fosse tão responsável e irrepreensível como o de homens proeminentes’.” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p.1753).
CONCLUSÃO
Paulo conclui suas instruções aos diáconos enfatizando que os que servirem bem serão dignos de respeito e honra perante a igreja e se fortalecerão em convicção espiritual. Além de recompensa no céu, quem se dispõe a servir recebe de Deus, já nesta vida. uma profunda alegria interior, que não pode ser sufocada nem mesmo diante das perseguições, Que Deus nos conceda sempre a graça de servir.
TORRALBO, Elias. Vocação: Descobrindo o seu Chamado. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
1. Como se deu o surgimento do ministério diaconal?
Os primeiros diáconos foram instituídos em Jerusalém, na igreja liderada pelos apóstolos, sob a direção de Tiago, irmão de Jesus.
2. Quais os ofícios instituídos nas igrejas dos dias de Paulo?
Bispos, presbíteros e diáconos.
3. Qual a diferença determinante entre o diaconato e o presbitério?
A aptidão para ensinar.
4. Qual a melhor atitude para nos prevenir das ambições?
Contentamento e moderação.
5. O que significa a expressão “marido de uma mulher”?
É uma reprovação à poligamia, mas também, ao divórcio e ao novo casamento fora das hipóteses bíblicas de exceção.