Título: Sejam Fortes — Ensino sadio e Caráter Santo nas Cartas Pastorais
Comentarista: Silas Queiroz
Lição 10: A Segunda Carta a Timóteo
Data: 03 de Setembro de 2023
“A Timóteo, meu amado filho: graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai, e da de Cristo Jesus, Senhor nosso.” (2Tm 1.2).
O líder deve manifestar sua afeição aos seus fiéis cooperadores.
SEGUNDA — 2Tm 2.9
Paulo, apóstolo de Cristo
TERÇA — 2Tm 2.4
O real interesse de Paulo
QUARTA — 2Tm 1.1
O que nutria Paulo
QUINTA — 2Tm 4.8
A tônica da Segunda Carta
SEXTA — Fp 3.20,21
A esperança do apóstolo
SÁBADO — 2Tm 3.12
Sofre comigo
Na lição desse domingo vamos dar início ao estudo da Segunda Carta a Timóteo. Sabemos que a Carta a Tito foi escrita antes, mas nossa reflexão será feita segundo a sequência bíblica.
Professor(a), você já parou para pensar no fato de que Paulo foi um jovem judeu devoto e culto (Fp 3.4-8), mas deixou uma carreira pessoal altamente promissora e abraçou um ministério que lhe trouxe intensos sofrimentos, exemplo de Paulo nos mostra que precisamos abraçar a fé em Cristo e viver conforme a vontade de Deus por toda a nossa vida.
Assim como Paulo, precisamos ser vigilantes e não viver de falsas esperanças, manter uma visão espiritual plena, focada na eternidade.
Professor(a), peça que um aluno ou aluna, leia em voz alta 2 Timoteo 4.10. Em seguida explique aos alunos que “o segundo aprisionamento de Paulo foi bem mais rigoroso que a prisão domiciliar quando ele veio a Roma pela primeira vez (At 28.30-31). Alguns de seus amigos o abandonaram nesta ocasião. Onesíforo não se envergonhou das cadeias de Paulo. Ele o procurou, veio até a prisão e serviu o apóstolo (2Tm 1.13-18). Onesíforo era um exemplo de fidelidade em contraste com aqueles que tinham abandonado Paulo. O versículo 18 do capítulo 1 é uma expressão do desejo de Paulo de que Onesíforo persevere, prosseguindo em fidelidade, não deixando se afastar pelos falsos caminhos.” (Adaptado de Bíblia de Estudo Holman. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.1950).
2 Timóteo 1.1,2; 2.1,2; 3.1-5.
2 Timóteo 1
1 — Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, segundo a promessa da vida que está em Cristo Jesus.
2 — A Timóteo, meu amado filho: graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai, e da de Cristo Jesus, Senhor nosso.
2 Timóteo 2
1 — Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.
2 — E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.
2 Timóteo 3
1 — Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
2 — Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos.
3 — Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons.
4 — Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus.
5 — Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.
INTRODUÇÃO
Vamos iniciar o estudo da segunda carta de Paulo a Timóteo. Na ordem cronológica, a Carta a Tito foi escrita antes desta. Contudo, para que tenhamos uma continuidade imediata do processo histórico de comunicação entre Paulo e Timóteo, nossa reflexão será feita nesta ordem, como consta da sequência bíblica.
Nesta lição abordaremos a diferença de contexto em que a carta foi escrita. Paulo estava preso novamente em Roma e sentia a proximidade de sua morte. Seu texto tem um tom mais pessoal, diferente da primeira carta, em que transmitiu ensinos relacionados à vida da igreja.
O velho apóstolo manifesta sua profunda afeição ao seu fiel cooperador e emite claros sinais de que está lhe passando a tocha ministerial.
I. A FIRMEZA DE PAULO
1. Apóstolo até o fim. Das 13 cartas de autoria paulina, a Segunda Carta a Timóteo é a última delas. O prefácio da obra nos apresenta Paulo chegando ao final de sua vida e de seu ministério com a mesma firmeza que demonstrou ao longo de sua carreira. Mesmo preso e tratado como um criminoso (2Tm 2.9), ele se identifica como “apóstolo de Jesus Cristo”.
Paulo se converteu por volta do ano 35 d.C. Desde então, experimentou terríveis sofrimentos por causa de sua fé e do apostolado que abraçou. Um relato parcial de suas aflições está em 2 Coríntios 11.23-27. Inclui açoites, prisões, apedrejamento, naufrágios, fome e sede, frio e nudez. Agora, cerca de 32 anos depois (provavelmente em 67 d.C.), ele permanece firme na fé e na missão apostólica.
Paulo jamais pôs o seu interesse em “negócio[s] dessa vida” (2Tm 2.4). Não que Paulo não fosse conhecedor da realidade de seu tempo! Aliás, estava preso por ordem de Nero, que governou Roma de 54 a 68 d.C. A cidade havia sido incendiada, talvez pelo próprio imperador sanguinário, que, contudo, pôs a culpa nos cristãos. O mundo estava em grande agitação.
Paulo passa totalmente ao largo de tudo isso. Seu texto não faz uma referência sequer a esses fatos, nem mesmo indiretamente. Envolver-se com os temas do mundo somente prejudicariam o exercício de seu ministério. Ele entendeu, até o fim, que era “apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus”.
2. A promessa da vida. A firmeza de Paulo quanto à sua fé e ao exercício de seu ministério estava na compreensão do propósito escatológico (últimas coisas) de sua conversão e chamado. O que nutria o apóstolo e o fazia permanecer firme em sua carreira era “a promessa da vida que está em Cristo Jesus” (2Tm 1.1). Essa “vida em Cristo” tem o caráter presente, mas tem, acima de tudo, o caráter futuro, da eternidade (1Tm 4.8). Como Paulo já havia dito aos coríntios: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1Co 15.19).
A grande tônica dessa segunda carta é a esperança final do apóstolo, em relação a ele mesmo e a todos os que amarem a vinda de Jesus (2Tm 4.8). Se não fosse assim, as circunstâncias vividas por Paulo seriam absolutamente desanimadoras.
Como um jovem judeu devoto e culto (Fp 3.4-8), Paulo deixou uma carreira pessoal altamente promissora e abraçou um ministério que lhe trouxe intensos sofrimentos e agora o fazia viver desamparado em uma terrível cadeia romana (2Tm 4.9-16). Se não fosse a esperança celestial, teria valido a pena?
3. Conservando a esperança. Paulo nos deixa um exemplo inspirador de como devemos conservar a esperança em Cristo para a vida eterna (1Tm 1.16; 6.12); uma vida além dessa passageira realidade terrena. Não podemos deixar que essa esperança que aponta para a “cidade [que] está nos céus” (Fp 3.20,21) seja sufocada por nada.
Nos últimos tempos, teologias importadas pela igreja evangélica brasileira têm difundido uma visão de mundo muito voltada para o presente século, A pregação escatológica — do Jesus que breve voltará! — tem sido substituída, em grande parte, por discursos sobre temas seculares, com ênfase no aqui e agora.
A crença em uma “redenção da cultura” tem ganhado muito espaço e sua verbalização vem expondo o enfraquecimento da esperança no Reino Celestial. Vigiemos (Mt 25.1-13)!
Prezado(a) professor(a), explique que “a Segunda Carta de Paulo a Timóteo é pessoal. Ela é a última mensagem que temos do apóstolo. Provavelmente, foi escrita poucos anos após as cartas de 1 Timóteo e Tito, depois que Paulo havia sido preso, novamente, em Roma. Desta vez, aparentemente, Paulo não sairia da prisão, ele escreveu essa carta para ‘passar o bastão’ para uma nova geração de líderes cristãos. Paulo dá a Timóteo conselhos úteis para permanecer firmemente fundamentado no serviço cristão, e para suportar o sofrimento, durante os dias difíceis que viriam. É fácil servimos a Cristo pelas razões erradas; porque isso é estimulante, recompensador, ou pessoalmente enriquecedor. No entanto, sem uma fundação apropriada, acharemos também fácil, desistir, nos momentos difíceis. Todos os crentes precisam de uma forte fundação para seu serviço.” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p.1762).
II. O AMADO FILHO TIMÓTEO
1. Um tom mais pessoal. Na Primeira Carta Paulo dirige-se a Timóteo usando a expressão “meu verdadeiro filho na fé”. Agora, há uma expressão ainda mais afetuosa. O tratamento de “amado filho” revela o profundo sentimento de Paulo por seu principal cooperador.
O difícil momento que o apóstolo vivia, o tempo longe de Timóteo e a expectativa de sua morte, produziram em Paulo lembranças singulares e ainda mais afetivas de seu fiel cooperador (2Tm 1.4).
2. “Fortifica-te na graça”. Outra característica específica dessa Segunda Carta é a emissão de claros sinais de que Paulo está passando a tocha ministerial para Timóteo: “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm 2.1,2).
Para atender a esse comissionamento, Timóteo precisaria se fortificar. No grego, “fortifica-te” é endynamoõ e quer dizer “crescer em força” ou “continue a se fortificar”. Isso exigiria de Timóteo uma resposta pessoal contínua. Crescer com a ajuda de Deus sempre; fortalecido pela graça divina.
Do grego charis, graça é “favor imerecido”. Por meio dela, Cristo opera em nós no aspecto salvífico (Ef 2.8) e no aspecto capacitador, nos habilitando a viver a vida cristã e servi-lo (“trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”, 1Co 15.10).
Paulo tinha plena consciência do quanto a graça de Deus era imprescindível para uma vida cristã vitoriosa e o exercício de um ministério eficaz. Uma de suas mais profundas experiências com o poder da graça foi quando recebeu o “espinho na carne” (2Co 12.1-10).
3. “Sofre, pois comigo”. A vida cristã é dinâmica e cheia de vitórias. Mas é, também, um chamado ao sofrimento (Lc 9.23; 1Pe 4.12-16). Paulo disse a Timóteo: “[…] todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12). Abraçar o evangelho de Cristo e vivê-lo em sua inteireza nos impõe uma luta constante contra a nossa própria natureza e o mundo hostil, que está sob o poder do Maligno (Rm 12.1,2).
Confrontar o sistema mundano com atitudes individuais de amor, pureza, justiça e honestidade é um desafio diário para todo o cristão (Mt 5.38-48). Mais que um mero ativismo religioso, político ou ideológico, nosso grande desafio é cumprir a vontade de Deus em nossa vida, como indivíduos. Os reflexos disso na sociedade são consequências de nosso viver como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16).
A vocação ao serviço cristão nos traz responsabilidades ainda maiores. Por isso, Paulo anima a Timóteo a compartilhar de suas aflições: “Sofre, pois, comigo, como bom soldado de Cristo” (2Tm 2.3). O sofrimento de Timóteo, assim como de todos quantos compreendem o que é servir a Cristo e o aceitam com resignação, será recompensado por Jesus em seu reino eterno (2Tm 2.11,12).
Professor(a). explique que “Paulo orava constantemente por Timóteo, seu amigo, seu companheiro de viagens, seu filho na fé, e um forte líder na igreja cristã. Embora os dois homens estivessem distantes um do outro, suas orações proporcionaram uma fonte de mútuo encorajamento”.
Enfatize que também devemos orar constantemente pelos outros, especialmente os que realizam a obra de Deus. Na sua lista de orações, inclua seu pastor, outros líderes da igreja, e missionários pelo mundo. Eles precisam das nossas orações. (Adaptado de Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p.1763).
III. TEMPOS TRABALHOSOS
1. “Últimos dias”. De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal a expressão “últimos dias” aparece no Novo Testamento como “a era cristã na sua totalidade”. Em Atos 2.17, Pedro cita “últimos dias” como a era da Igreja, já presente no dia de Pentecostes. Há textos, contudo, que indicam se tratar dos tempos do fim, os dias que antecedem a volta de Cristo, quando o quadro moral da humanidade seria ainda mais degradante (2Pe 3.3; Jd vv.17,18).
Esse agravamento é indicado por Paulo a Timóteo também pelo uso da expressão “de mal a pior”, contida em 2 Timóteo 3.13. Os dias de Paulo e Timóteo já eram difíceis, mas dias ainda mais trabalhosos estavam por vir. Essa escalada do mal é crescente, infelizmente, e não será eliminada senão com o retorno triunfal de Cristo para julgar as nações e implantar seu Reino Milenial (Mt 25.31,32; Ap 20.1-6).
2. “Haverá homens”. A falência do corpo começa com a degeneração das células. Paulo era bem consciente de que a origem do problema da humanidade não era estrutural ou coletiva, mas individual. Por isso, não nutria esperança alguma em estruturas humanas. Os “tempos trabalhosos” são uma consequência da perversão pessoal (2Tm 3.2).
As características apontadas por Paulo são um nítido retrato do que vivemos em nossos dias: egoísmo (“amantes de si mesmos”), materialismo (“avarentos”), arrogância (“presunçosos, soberbos”), rebeldia (“desobedientes a pais e mães”), ingratidão, profanação, desprezo aos valores familiares (“sem afeto natural”), hostilidade, calúnia, crueldade, ódio ao bem e apego ao mal, busca desenfreada de prazeres (hedonismo) (2Tm 3.2-4).
Em uma sociedade tão corrompida, o papel da Igreja continua sendo o mesmo: pregar o Evangelho, “poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16).
3. “Destes afasta-te”. Quando alguém é um pecador confesso, nossa convivência comum serve para que esta pessoa testemunhe a obra de Deus em nós e possa desejar a mesma transformação e graça para viver liberto do pecado (Fp 2.15).
No texto de 2 Timóteo 3.5, Paulo trata, contudo, daqueles que buscam encobrir suas iniquidades com uma “aparência de piedade”. Uma religiosidade falsa, na qual fala-se em Deus, mas vive-se de acordo com os próprios desejos. É a negação da eficácia da piedade, isto é, do poder do Evangelho. Nesse caso de extrema hipocrisia, a recomendação bíblica é: “afasta-te”.
CONCLUSÃO
A missão de Timóteo já não era fácil e se tornaria ainda mais difícil com o aumento da perversidade. Amadurecido na fé e próximo da sua morte, Paulo precisava conscientizar seu jovem cooperador da realidade da vida cristã e dos desafios da vida ministerial.
Assim como para Timóteo, o segredo para todos nós é nos fortificar na graça que há em Cristo Jesus. Ele venceu o mundo (Jo 16.33; Rm 8.37-39).
1. Quais as diferenças circunstanciais entre a Primeira e a Segunda Carta a Timóteo?
Paulo agora estava preso em condições ainda piores que da sua prisão domiciliar em Roma. Ele estava em uma masmorra e sabia que não sairia mais de lá.
2. Que exemplo inspirador Paulo nos deixa com sua firmeza espiritual?
O exemplo de que mesmo preso e tratado como um criminoso, ele se identifica como “apóstolo de Jesus Cristo”.
3. Que característica específica a Segunda Carta a Timóteo apresenta?
É uma Carta pessoal. A grande tônica dessa segunda Carta é a esperança escatológica do apóstolo, em relação a ele mesmo e a todos os que amarem a vinda de Jesus.
4. Por que a vida cristã é um chamado ao sofrimento?
A vida cristã é um chamado ao sofrimento, pois “[…] todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2Tm 3.12). Abraçar o evangelho de Cristo e vivê-lo em sua inteireza nos impõe uma luta constante contra a nossa própria natureza e o mundo hostil que está sob o poder do maligno.
5. Qual o significado da expressão “últimos dias” em 2 Timóteo 3.1?
De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal, a expressão “últimos dias” aparece no Novo Testamento como “a era cristã na sua totalidade”. Há textos, contudo, que indicam se tratar dos tempos do fim, os dias que antecedem a volta de Cristo, quando o quadro moral da humanidade seria ainda mais degradante.