Título: Sejam Fortes — Ensino sadio e Caráter Santo nas Cartas Pastorais
Comentarista: Silas Queiroz
Lição 12: Venha depressa
Data: 17 de Setembro de 2023
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2Tm 4.7).
De uma das cadeias romanas, possivelmente acorrentado e esperando por sua execução, Paulo escreveu a Timóteo e apelou para vê-lo depressa.
SEGUNDA — Rm 1.16
O Evangelho e o poder de Deus
TERÇA — 1Co 2.4
A pregação do autêntico Evangelho
QUARTA — 2Tm 4.2
Pregando a correta doutrina
QUINTA — 2Tm 4.8
A coroa da justiça: A recompensa que Paulo almejava
SEXTA — 2Tm 4.6
Sacrifício vivo
SÁBADO — 2Co 7.5
Fiel em meio à oposição
Professor(a), na Lição deste domingo veremos a despedida de um líder experiente, Paulo, e o seu desejo de instruir seu filho na fé e amigo que estava iniciando sua carreira, Timóteo (2Tm 4.6). Em um tom de despedida, Paulo é bem enfático ao encorajar seu fiel cooperador. Ele sabia que era o momento certo de passar-lhe o cajado, a tocha ministerial, A atitude de Paulo evidencia maturidade e convicção espiritual. Ele foi um líder extraordinário que além de cumprir o seu ministério, soube formar outros líderes, dando-lhes oportunidade e espaço para servir. Já no final da vida, teve a tranquilidade de comissionar seus auxiliares, especialmente Timóteo, a dar prosseguimento na obra de propagação do Evangelho. Aprendemos com Paulo que um dos sinais da boa liderança é uma transição tranquila.
Professor(a), sugerimos que você reproduza o quadro abaixo. Utilize-o para mostrar as quatro ordens que Paulo deu a Timóteo. Peça que em grupo, os alunos, façam um contraste entre as ordens de Paulo e a obra dos falsos mestres.
As 4 ordens de Paulo:
• “Se sóbrio em tudo”;
• “Sofra as aflições”;
• “Faça a obra de um evangelista” (continue pregando a mensagem);
• “Cumpre o teu ministério”, ou seja, cumpre sua responsabilidade da melhor maneira possível.
2 Timóteo 4.1-9.
1 — Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino.
2 — Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.
3 — Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências.
4 — E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.
5 — Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.
6 — Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
7 — Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
8 — Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
9 — Procura vir ter comigo depressa.
INTRODUÇÃO
No ano 67 da era cristã, Nero, um dos mais sanguinários imperadores romanos, que ordenou a execução da própria mãe, havia desencadeado uma terrível perseguição aos cristãos, a quem atribuiu a autoria do incêndio ocorrido em Roma no ano 64 d.C. As prisões e os martírios se multiplicavam por todo o império. Roma era uma cidade espetáculo com tantas atrocidades praticadas. Corpos de cristãos, atados em postes, ardiam em chamas.
Paulo foi uma das vítimas de Nero. É de uma das cadeias romanas, possivelmente acorrentado e esperando por sua execução, que ele escreve a Timóteo e apela para que vá vê-lo depressa.
Na lição de hoje, vamos meditar acerca desse momento crucial da vida de Paulo e seu anseio de ver Timóteo mais uma vez.
I. PREGUE A PALAVRA
1. Consciência da missão. Embora essa segunda carta tenha um tom mais pessoal, fica evidente a preocupação primordial de Paulo com a continuidade da pregação do Evangelho. Consciente de que a missão precisava prosseguir, ele não dedicou o texto, em primeiro plano, para a exposição de suas preocupações individuais.
A segunda carta a Timóteo é repleta de apelos, incentivos e orientações para que o jovem ministro continuasse o serviço de pregação e defesa do Evangelho. Em 2 Timóteo 4.1, Paulo emprega novamente a expressão “conjuro-te” (no grego, diamartyromai; um apelo solene), como em 1 Timóteo 5.21. Agora, para dar uma incumbência missional a Timóteo.
2. A missiologia paulina. O método missional de Paulo sempre esteve pautado na ordem imperativa de Cristo: a pregação (Mc 16.15; At 1.8). Atualmente, método tidos como inovadores, apresentados como alternativas para que as igrejas sejam “relevantes”, defendem um jeito humanista secular de fazer missão, no qual a essência não é a pregação do evangelho.
A igreja pode sim desenvolver outras ações no seu dia a dia — de cunho social ou cultural, por exemplo, mas nenhuma delas pode substituir sua missão precípua, que é a pregação do Evangelho no poder do Espírito, fruto de constante busca em oração (At 4.31).
Qualquer proposta missional que não considere o valor da pregação do Evangelho em primeiro plano não tem respaldo bíblico. Somente a pregação da Palavra de Deus gera a fé salvífica (Rm 10.17). O Evangelho é “o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16).
Paulo sempre enfatizou a essencialidade da pregação poderosa do autêntico Evangelho, como escreveu aos coríntios: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder” (1Co 2.4).
3. O conteúdo da pregação. Paulo adverte a Timóteo para que pregasse a palavra “a tempo e fora de tempo”, sendo perseverante na exposição da correta doutrina (2Tm 4.2). O jovem pastor deveria preservar a essência da verdade revelada a despeito do desejo dos ouvintes.
Esta era uma advertência essencial, inclusive porque o apóstolo já previa tempos em que as multidões iriam rejeitar a “sã doutrina”, a doutrina ortodoxa, pura, como contida na Palavra de Deus, preferindo mensagens que estivessem de acordo com seus desejos pecaminosos.
Paulo estava desenhando, profeticamente, o quadro que hoje vemos. Cresce o número de “doutores” que torcem as Escrituras a partir de suas concepções, a fim de amoldar seus ensinos aos desejos de seus ouvintes (2Tm 4.3) Em tais igrejas, nada mais é pecado.
Sempre que se rejeita esse ou aquele trecho da Bíblia, forçando interpretações que se ajustam aos nossos próprios desejos, opera-se um mortal desvio da verdade, culminando em apostasia (2Tm 4.4).
“Considerando ‘a vinda’ e o ‘reino’ de Cristo, Timóteo é instruído a ‘pregar a Palavra’, ou seja, anunciar ou ser um arauto da verdade. Esta instrução solene ao jovem pastor é modificada com quatro ordens adicionais:
1) ‘Pregues a palavra’, mantenha-se firme nisto, guarde seu posto (isto é, sua pregação), quer isto seja quer não seja conveniente para você e seus ouvintes;
2) ‘Instes a tempo e fora de tempo’, corrija com tal sentimento eficaz, seja para trazer alguns ao menos a uma confissão, ou à simples convicção de pecado;
3) ‘Repreendas’ ou censure claramente aqueles que estão no erro;
4) ‘Exorte’, ‘encoraje’ (quer dizer, implore, exorte, advogue, admoeste) a todos. Estas ordens e instruções devem ser executadas ‘com toda a longanimidade e doutrina’ — um temperamento caracterizado pela paciência, que tolere as pessoas que são lentas a responder à correção e à instrução.” (Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.1500).
II. “COMBATI O BOM COMBATE”
1. A expectativa do apóstolo. Por muito tempo Paulo teve a expectativa de que Cristo voltaria em seus dias (1Co 15.51; 1Ts 4.17). Em princípio, esse deve ser o anseio e a esperança de todo o cristão (2Pe 3.9-14; 1Jo 2.18; 3.2,3).
Fato é, contudo, que as circunstâncias que passou a viver produziram em Paulo a consciência de que seu encontro com Cristo provavelmente não se daria por meio do arrebatamento, como esperava. Ele precisaria, como tantos outros santos, passar pela morte e aguardar o dia da ressurreição, como já havia ensinado para consolo dos cristãos (1Ts 4.13-18). Isso está explícito na referência que fez ao recebimento da “coroa da justiça”, a recompensa que Paulo espera receber do justo Juiz “naquele Dia” (2Tm 4.8), perante o Tribunal de Cristo (1Co 3.11-14).
2. A transição. Em 2 Timóteo 4.6 Paulo indica claramente que o seu enfático propósito com o encorajamento e as recomendações transmitidas ao seu fiel cooperador era mesmo passar-lhe o cajado, a tocha ministerial. O apóstolo tinha plena consciência da iminência de sua morte. No versículo imediatamente anterior (2Tm 4.5), o apóstolo fecha o ensino com a sentença “cumpre o teu ministério”, enquanto abre a próxima seção indicando o porquê: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo” (2Tm 4.6).
Esse é um grande sinal de maturidade e convicção espiritual Paulo foi um líder extraordinário. Além de cumprir o seu ministério, soube formar outros líderes, dando-lhes oportunidade e espaço para servir. Já no final da vida, teve a tranquilidade de comissionar seus auxiliares, especialmente Timóteo, a dar prosseguimento na obra de propagação do Evangelho.
Um dos sinais da boa liderança é uma transição tranquila, Paulo havia “combatido o bom combate”. Enfrentou oposição de todos os lados (2Co 7.5; 11.26), batalhas espirituais (1Ts 2.18) e fortes resistências ao seu ministério, como a de um certo Alexandre, o latoeiro, que lhe causou muitos males (2Tm 4.14). Mas o apóstolo permaneceu firme e concluiu a sua carreira sem perder a fé.
3. Oferecido como libação. Em 2 Timóteo 4.6 Paulo volta a usar a mesma figura de linguagem que usou em Filipenses 2.17. Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, “sua vida estava sendo oferecida como libação” ou “aspersão de sacrifício”; uma demonstração concreta de sua entrega pessoal à causa do Evangelho: de seu “amor sacrificial pelos seus filhos espirituais na fé”.
O que isso significa? Que Paulo não reteve sua vida para si mesmo em momento algum, mas se deixou gastar completamente para alcançar muitas almas para Cristo (At 20.24; 2Co 12.15). O resultado de seu trabalho alcançaria milhões de pessoas em todas as eras da Igreja, Quase dois mil anos depois, continuamos sendo edificados por seu exemplo e palavras.
Assim como Paulo, milhares de cristãos têm sido martirizados ao longo de toda a história da Igreja. Nos nossos dias, muitos estão sob forte perseguição por causa da fé em Cristo. Oremos por eles! E oremos também pelo Brasil, para que continuemos tendo liberdade religiosa.
Professor(a), explique que “Paulo descreve antecipadamente seu fim por meio de quatro retratos vividos da palavra:
1) Retrata seu martírio iminente como se o seu sangue fosse uma libação prestes a ser derramada no altar do sacrifício;
2) Descreve sua partida desta vida como se fosse um navio levando a âncora ao deixar a orla, ou como um soldado que rapidamente desmonta sua barraca antes de uma marcha. O que para Timóteo poderia parecer o fim, para o apóstolo parece ser uma gloriosa nova quando será libertado de todas as aflições presentes;
3) Paulo conclui dizendo que sua competição ou luta, representada pelo simbolismo atlético ou militar, foi um bom combate;
4) Comenta que concluiu sua carreira, usando a metáfora atlética de uma corrida a pé. Sua preocupação não era chegar antes dos outros, mas terminar sua carreira tendo feito o melhor possível.” (Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.1487).
III. O DESFECHO PAULINO
1. O apelo a Timóteo. Paulo se encaminha para o final de sua carta fazendo um forte apelo ao seu jovem e fiel cooperador; “Procura vir ter comigo depressa. […] antes do inverno” (2Tm 4.9,21). Naquela época, as navegações costumavam ser interrompidas na estação invernosa, geralmente entre novembro e março. Se Timóteo se atrasasse, seu tempo de chegada a Roma seria muito prolongado em função do inverno, Paulo também menciona a necessidade de sua capa, que havia deixado em Trôade (2Tm 4.13), e era útil para protegê-lo do frio. Não se sabe se Timóteo chegou a Roma a tempo de rever Paulo e entregar-lhe suas encomendas (a capa, os livros e os pergaminhos). Historiadores clássicos, como Eusébio de Cesareia, registram que Paulo foi martirizado por ordem de Nero. Isso deve ter ocorrido ainda no ano 67 d.C. Como já registramos, Nero suicidou-se em junho de 68 d.C.
2. As decepções de Paulo. Como todo grande líder, Paulo também experimentou decepções com seus liderados. Na verdade, o final da vida do apóstolo não foi muito animador no que diz respeito à assistência de seus companheiros. Paulo cita Demas nominalmente, que estava entre seus colaboradores por ocasião de sua primeira prisão em Roma, ao lado de Lucas (Cl 4.14). Talvez a intensidade das últimas perseguições o tivesse feito desanimar, “amando o presente século”, expressão que indica que ele trocou as promessas de uma recompensa celestial, por alguma facilidade ou oportunidade da vida presente. Outros cooperadores certamente se deslocaram a serviço da obra de Deus, como Crescente e Tito (2Tm 4.10), e o próprio Tíquico, que Paulo enviou a Éfeso, provavelmente para substituir Timóteo em sua ausência (2Tm 4.12).
De qualquer sorte, por ocasião da “primeira defesa”, a audiência preliminar a que Paulo foi submetido (2Tm 4.16), “todos” haviam desamparado o apóstolo, certamente temerosos diante da implacável e cruel perseguição de Nero.
3. Triunfo escatológico. Apesar de sentir-se abandonado por seus companheiros, Paulo estava firme em sua fé e propósito, porque nunca se sentiu só em relação a quem servia, ao Senhor Jesus. Ele o havia assistido, fortalecido e livrado da “boca do leão” (2Tm 4.17).
O mesmo Senhor “o livraria de toda má obra” e o guardaria para o seu Reino celestial (2Tm 4.18). A morte não seria o seu fim. Os céus o esperavam.
CONCLUSÃO
Paulo teve Timóteo como fiel cooperador, pronto tanto para assisti-lo pessoalmente como para cumprir missões distantes, quando designado. Que o Espírito Santo incline o nosso coração para o serviço cristão humilde, em nossas igrejas locais, ao lado de nossos líderes; ou onde quer que Ele nos envie, sempre sob a autoridade de nossa liderança.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de janeiro: CPAD.
1. Qual a característica predominante da missiologia paulina?
O método missional de Pauto sempre esteve pautado na ordem imperativa de Cristo: a pregação (Mc 16.15; At 1.8).
2. Qual o conteúdo da pregação de Paulo?
A Palavra de Deus: a sã doutrina.
3. Que quadro profético Paulo desenhou para o fim dos tempos em relação à doutrina?
Paulo estava desenhando, profeticamente, o quadro que hoje vemos. Cresce o número de “doutores” que torcem as Escrituras a partir de suas concepções, a fim de amoldar seus ensinos aos desejos de seus ouvintes.
4. Qual o sentido da expressão “aspersão de sacrifício”?
Significa que Paulo não reteve sua vida para si mesmo em momento algum, mas se deixou gastar completamente para alcançar muitas almas para Cristo.
5. Segundo a lição, porque “todos” haviam desamparado a Paulo?
Certamente temerosos diante da implacável e cruel perseguição de Nero.