Título: O Corpo de Cristo — Origem, natureza e vocação da Igreja no mundo
Comentarista: José Gonçalves
Lição 10: A Ceia do Senhor — A segunda ordenança da Igreja
Data: 10 de Março de 2024
“Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha.” (1Co 11.26).
A Ceia do Senhor, como uma ordenança, celebra a comunhão do crente com o Senhor ressuscitado.
Segunda — Lc 22.19,20
Uma ordenança de Jesus
Terça — 1Co 11.24
A Ceia do Senhor como um memorial
Quarta — 1Co 11.26
Proclamando a morte do Senhor
Quinta — At 2.42
Celebrando a comunhão cristã
Sexta — 1Co 11.27
Mantendo a reverência na Ceia do Senhor
Sábado — 1Co 5.7,8
Celebrando de maneira festiva
1 Coríntios 11.17-34.
17 — Nisto, porém, que vou dizer-vos, não vos louvo, porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior.
18 — Porque, antes de tudo, ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio.
19 — E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.
20 — De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comera Ceia do Senhor.
21 — Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome, e outro embriaga-se.
22 — Não tendes, porventura, casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisso não vos louvo.
23 — Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;
24 — e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
25 — Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.
26 — Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha.
27 — Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.
28 — Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice.
29 — Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.
30 — Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem.
31 — Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.
32 — Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.
33 — Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.
34 — Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que vos não ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for ter convosco.
199, 233 e 482 da Harpa Cristã.
1. INTRODUÇÃO
A Ceia do Senhor é outra importante ordenança e prática da Igreja de Cristo. É um rito que foi instituído pelo próprio Senhor Jesus e perpassou toda a Igreja até a atualidade. Ao longo dos séculos, essa celebração também tem sido uma identidade da Igreja. Nesta lição, procuraremos compreender o propósito bem como a forma da Ceia do Senhor de acordo com a Bíblia. Por isso, faremos uma exposição da doutrina bíblica da Ceia do Senhor e também consideraremos suas implicações históricas.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Apresentar a natureza da Ceia do Senhor na Tradição Cristã; II) Mostrar o propósito da Ceia do Senhor; III) Refletir a respeito do modo de celebração da Ceia do Senhor.
B) Motivação: A Ceia do Senhor traz uma perspectiva passada, pois nos remete ao perdão dos pecados e à obra salvífica de Jesus Cristo; ela traz uma perspectiva presente, pois realça a nossa comunhão com Cristo com sua Igreja; e, finalmente, aponta para o futuro esperançosamente, pois somos lembrados da promessa da vinda de Cristo.
C) Sugestão de Método: Para introduzir o segundo tópico desta lição, sugerimos que você leia atentamente a seção Motivação e o segundo subsídio com o título “A Tríplice Lembrança da Ceia do Senhor”. Em seguida, antes de expor o segundo tópico, pergunte a classe a respeito do símbolo da Ceia do Senhor, o que os alunos pensam a respeito do seu significado. Após ouvir as respostas, exponha o tópico e aprofunde a perspectiva da tríplice lembrança da Ceia do Senhor de acordo com a leitura que você já fez na seção “Motivação” e o “segundo auxílio”.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Leve o(a) aluno(a) a refletir a respeito do valor e do privilégio de participar da celebração da Ceia do Senhor. De acordo com a natureza, os símbolos e propósito dessa grande celebração cristã, mostre o quanto a Ceia do Senhor tem um significado espiritual para a nossa fé.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 96, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “A Ordenança da Ceia do Senhor”, localizado depois do primeiro tópico, aprofunda a compreensão da Ceia do Senhor como uma ordenança de Cristo; 2) O texto “O Tríplice Sentido da Ceia do Senhor”, ao final do segundo tópico, amplia a reflexão a respeito do propósito da Ceia do Senhor.
INTRODUÇÃO
Assim como o Batismo em águas, a Ceia do Senhor também é uma ordenança dada por Jesus à sua Igreja. Ao longo da história, a Igreja tem a Ceia do Senhor como uma das celebrações mais significativas. Nesse sentido, o cristão pode contemplar a Ceia sob três perspectivas.
Primeira, um olhar para trás, quando contempla Cristo entregando-se em sacrifício vicário na cruz; segunda, um olhar para o presente, quando vê sua real condição diante de Deus e como foi alcançado pela graça de Deus; terceira, um olhar para o futuro, quando mantém sua expectativa e esperança na Segunda Vinda de Cristo. Nesse sentido, a Ceia do Senhor é uma cerimônia que deve ser celebrada com reverência, júbilo e expectativa.
Palavra-Chave:
COMUNHÃO
I. A NATUREZA DA CEIA DO SENHOR NA TRADIÇÃO CRISTÃ
1. Na tradição romana. O romanismo compreende de forma literal as expressões ditas por Jesus em referência aos elementos da Ceia do Senhor: “isto é o meu corpo” (Lc 22.19); “Este cálice é [...] meu sangue” (Lc 22.20). Assim, segundo esse entendimento, durante o cerimonial os elementos da Ceia se convertem no corpo e no sangue de Cristo. Esse ensino é conhecido como transubstanciação. Há pelo menos dois problemas com essa interpretação. O primeiro de natureza lógica, pois quando Jesus celebrou a última Páscoa, Ele estava presente e, portanto, não poderia estar fisicamente no pão e muito menos no cálice, já que fisicamente ele se encontrava lá. Por outro lado, entender essas palavras de forma literal e, não como metáforas, cria problemas de natureza exegética. Jesus disse, por exemplo, que ele era a porta (Jo 10.9). Evidentemente, Ele não se referia a uma porta literal.
2. Na tradição protestante. A tradição luterana diverge da católica quando nega que os elementos da Ceia, o pão e o vinho, se tornem ou se convertam no corpo e no sangue de Cristo. Contudo, afirma que o corpo físico de Jesus está presente no pão da Ceia. Esse entendimento luterano é denominado de consubstanciação. Como se vê, Lutero não conseguiu se desvencilhar por completo da tradição católica quando dá uma versão modificada da sua antiga crença.
3. A posição pentecostal. A tradição pentecostal entende que o pão e o vinho não se convertem fisicamente no corpo de Jesus nem tampouco Jesus está presente fisicamente neles. Assim, o pão e o vinho simbolizam o corpo e o sangue de Jesus. Contudo, Jesus se faz presente espiritualmente nos símbolos da Ceia (Mt 18.20). Essa é a posição da maioria dos pentecostais. Também enfatizamos o aspecto memorial na celebração da Ceia do Senhor. Nesse sentido, a Ceia do Senhor é para quem está em comunhão, e não para dar comunhão. Esse entendimento se ajusta ao ensino do Novo Testamento sobre a Ceia do Senhor.
SINOPSE I
A Ceia do Senhor é celebrada em nossa igreja sob uma perspectiva memorial em que Jesus está espiritualmente presente.
A ORDENANÇA DA CEIA DO SENHOR
“A segunda ordenança da Igreja é a Santa Ceia ou Santa Comunhão. Assim como o batismo, esta ordenança tem feito parte do culto cristão desde o ministério terrestre de Cristo, quando Ele próprio instituiu o rito na refeição da Páscoa, na noite em que foi traído. A Ceia do Senhor tem alguns paralelos em outras tradições religiosas (tais como a Páscoa judaica; outras religiões antigas também se valiam de refeições sacramentais para se identificar com suas deidades), mas ela vai muito além quanto ao seu significado e importância. Seguindo as instruções dadas por Jesus, os cristãos participam da Comunhão em ‘memória’ dEle (Lc 22.19,20; 1Co 11.24,25). O termo traduzido por ‘lembrança’ (gr. anamnêsis) talvez não signifique exatamente o que o leitor está imaginando. Hoje, lembrar-se de alguma coisa é pensar numa ocasião passada. O modo neotestamentário de entender anamnêsis é exatamente o inverso: significava ‘transportar uma ação enterrada no passado, de tal maneira que não se percam a sua potência e a vitalidade originais, mas sejam trazidas para o momento presente’. Semelhante conceito é refletido até mesmo no Antigo Testamento (cf. Dt 16.3; 1Rs 17.18)” (HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp.573,574).
II. O PROPÓSITO DA CEIA DO SENHOR
1. Celebrar a expiação de Cristo. Ao escrever sobre a Ceia do Senhor, o apóstolo Paulo destacou como propósito dessa celebração “anunciar a morte do Senhor” (1Co 11.26). Nesse caso, a Ceia do Senhor aponta para o Calvário. Ela celebra a vitória de Cristo na cruz sobre o pecado, a morte e o Diabo (Hb 2.14,15). Por intermédio da morte de Cristo na cruz, fomos justificados e reconciliados com Deus (2Co 5.21). Portanto, na Ceia do Senhor celebramos a vitória de Jesus na cruz, que também é a nossa vitória (Ap 12.11).
2. Proclamar a segunda vinda de Cristo. A Ceia do Senhor proclama a sua segunda vinda (1Co 11.26). Logo, há um sentido escatológico na celebração da Ceia do Senhor. Quando essa bendita esperança é perdida, a igreja se seculariza. Assim, na Ceia do Senhor, a Igreja mantém um olhar no passado, quando contempla a vitória de Jesus na cruz, mas também mantém o seu olhar no futuro, esperando e ansiando por sua Segunda Vinda. Ao contemplar o retorno de Cristo, a Igreja lembra que é peregrina nesta Terra e que a sua pátria não é aqui (Fp 3.20,21).
3. Celebrar a comunhão cristã. Uma das razões que levou o apóstolo Paulo a escrever a sua Primeira Carta aos Coríntios estava relacionada à questão de divisões entre os irmãos daquela igreja (1Co 1.11). Esse era um problema recorrente entre os coríntios e estava presente também durante a celebração da Ceia do Senhor. Paulo os reprova por isso (1Co 11.17). O clima fraterno e de comunhão deixara de existir (At 2.42; 1Jo 1.7). Nesse sentido, alguns não esperavam pelos outros para celebrarem a Ceia juntos (1Co 11.21). Quando há o espírito de divisão, litígios e intrigas entre os crentes, a celebração da Ceia do Senhor perde todo o seu sentido.
SINOPSE II
O propósito da Ceia do Senhor passa pela lembrança da expiação de Cristo, nossa comunhão com Ele e a promessa de sua segunda vinda.
III. O MODO DE CELEBRAÇÃO DA CEIA DO SENHOR
1. O que é participar “indignamente”? Concernente à celebração da Ceia do Senhor, Paulo advertiu sobre o perigo de participar da Ceia indignamente (1Co 11.27). O termo português “indignamente” é a tradução do advérbio grego anaxiós. Um advérbio indica a maneira ou modo como se faz uma coisa enquanto um adjetivo indica o seu estado. Nesse sentido, esse advérbio modifica o verbo comer e está relacionado ao modo ou maneira como os coríntios estavam comendo a Ceia do Senhor — de maneira desordenada, quando não esperavam um pelos outros; de maneira indisciplinada, quando comiam mais do que os outros e de maneira irreverente quando se embriagavam (1Co 11.18,21,22).
2. Uma celebração reverente. Se em lugar de um advérbio, que indica modo ou maneira, Paulo tivesse usado um adjetivo, que indica estado, qualidade ou natureza, então ninguém poderia participar da Ceia, pelo fato de que ninguém é digno (1Co 11.27). Como mostramos, não é esse o caso. É verdade que não participamos da Ceia do Senhor porque somos dignos, mas pela graça de Deus. Contudo, ninguém seja tentado em pensar que, pelo fato de ser um pecador alcançado pela graça, pode participar da Ceia vivendo deliberadamente em pecado. Se a simples maneira irreverente de celebrar a Ceia atrai o juízo divino, o que dizer então de quem participa com pecados não confessados? Pecado não confessado atrai o juízo divino.
3. Celebração festiva. A Ceia do Senhor celebra a morte e ressurreição de Jesus e não o seu funeral. A Ceia celebra o Cristo que morreu, mas que ressuscitou (1Co 15.1-4). Deve, portanto, ser uma celebração reverente, contudo, festiva (1Co 5.7-8). Nosso Redentor vive e, por isso, devemos demonstrar isso na Celebração da Ceia do Senhor. Nela, portanto, deve haver um ambiente de reverência e, ao mesmo tempo, de abundante alegria.
SINOPSE III
A celebração da Ceia do Senhor deve acontecer de modo reverente e, ao mesmo tempo, festivo.
O TRÍPLICE SENTIDO DA LEMBRANÇA DA CEIA DO SENHOR
“Na Ceia do Senhor, talvez possamos sugerir um tríplice sentido de lembrança: passado, presente e futuro. A Igreja se reúne como um só corpo à mesa do Senhor, relembrando a sua morte. Os próprios elementos usados de modo simbólico na Comunhão representam o derradeiro sacrifício de Cristo, no qual Ele entregou seu corpo e sangue para redimir os pecados do mundo. Existe ainda um sentido bem presente, o convívio espiritual com Cristo à sua mesa. A Igreja vem proclamar não um herói morto, mas um Salvador ressuscitado e vencedor. A expressão: ‘mesa do Senhor’ sugere estar Ele presente como o verdadeiro anfitrião, aquele que transmite o sentido de terem os crentes, nEle, segurança e paz (ver Sl 23.5). Finalmente, há um sentido futuro neste relembrar, sendo que a comunhão da qual o crente agora participa com o Senhor não é o ponto final. Neste sentido, a Ceia do Senhor tem uma dimensão escatológica. Ao participarmos dela, antecipamos a alegria pela sua segunda vinda e pela reunião da Igreja com Ele para toda a eternidade (cf. Mc 14.25; 1Co 11.26)” (HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.573,577).
CONCLUSÃO
Nesta lição, sob diferentes perspectivas, vimos alguns aspectos que revelam o sentido e propósito da Ceia do Senhor. Não é um sacramento, que de forma mágica concede graça aos que dela participam nem tampouco uma vacina para dar comunhão a quem não tem. Na verdade, o direito de celebrar essa importante ordenança é o resultado da graça que foi concedida a cada crente. É necessário ter esse discernimento quando se participa desse rito cristão. Trata, pois, de um ato que não pode ser celebrado de qualquer jeito ou maneira, nem tampouco por quem vive deliberadamente em pecado.
1. Qual é a posição da maioria dos pentecostais em relação aos elementos da Ceia do Senhor?
O pão e o vinho simbolizam o corpo e o sangue de Jesus. Contudo, Jesus se faz presente espiritualmente nos símbolos da Ceia (Mt 18.20). E também há o aspecto memorial da Ceia do Senhor.
2. Para o que a Ceia do Senhor aponta?
A Ceia do Senhor aponta para o Calvário.
3. Que tipo de sentido está presente na Ceia do Senhor?
A Ceia do Senhor proclama a sua segunda vinda (1Co 11.26). Logo, há um sentido escatológico na celebração da Ceia do Senhor.
4. Qual foi a advertência de Paulo em relação à Ceia do Senhor?
Concernente à celebração da Ceia do Senhor, Paulo advertiu sobe o perigo de participar da Ceia indignamente (1Co 11.27).
5. O que a Ceia do Senhor celebra?
A Ceia do Senhor celebra a morte e ressurreição de Jesus e não o seu funeral. A Ceia celebra o Cristo que morreu, mas que ressuscitou (1Co 15.1-4).
A CEIA DO SENHOR — A SEGUNDA ORDENANÇA DA IGREJA
Nesta aula, veremos a finalidade da segunda ordenança instituída por nosso Senhor Jesus Cristo à sua Igreja. A Ceia do Senhor trata-se de uma celebração da comunhão do crente com Cristo. Enquanto esteve com seus discípulos, o Mestre os instruiu a todas as vezes que se reunissem para comer o pão e o cálice em memória da sua morte, este cerimonial seria uma forma de anunciarem os benefícios espirituais do seu sacrifício sobre a cruz (1Co 11.23-26). Logo, o crente que participa da Ceia do Senhor compartilha de um memorial que tem como função celebrar a morte de Cristo não com lamento, mas com alegria, haja vista que a Sua morte é a razão pela qual alcançamos o perdão de nossos pecados e a reconciliação com Deus. Assim sendo, convém que os crentes lavados e remidos compreendam que a participação desse cerimonial significa compartilhar da plena comunhão com o Senhor sem que haja alguma coisa que desabone a sua conduta diante de Deus ou dos homens.
O grande dilema que repercute entre os cristãos é a condição espiritual para participar desse momento de comunhão. Nota-se, no caso dos coríntios, que a condição para participar da Ceia já era conhecida dos irmãos, isto é, somente os crentes santificados e em comunhão com o Corpo de Cristo deveriam participar da Ceia. Paulo enfatiza o modo como a Ceia vinha sendo celebrada, isto é, sem reverência e com rasa compreensão do seu sentido real.
De acordo com o Comentário Pentecostal do Novo Testamento (CPAD, 2003), “Por um lado, ninguém é verdadeiramente digno de comer e beber à mesa do Senhor, a não ser por meio da graça e do perdão de Deus que são recebidos pela fé, e que tornam o coração de uma pessoa justo para com Deus. Uma pessoa só é indigna quando persiste no pecado; e pecar, especialmente neste contexto, é pecar contra os irmãos crentes, e consequentemente contra o próprio Cristo. Então, tal pessoa compartilha a culpa daqueles que crucificaram o Senhor (veja Hb 6.6). Em vista disso, os crentes devem examinar ou provar a si mesmos antes de participarem, para que não participem de uma maneira indigna” (p.203).
Esse mesmo erro é cometido por muitos crentes atualmente, pois não consideram o modo como participam desse momento e, portanto, participam de modo inapropriado. Nesse sentido, a Ceia não tem a pretensão de melhorar a conduta de quem vive de modo contumaz no pecado. Antes, a Ceia deve ser celebrada como um ato de gratidão por aqueles que já compreenderam a dimensão da graça que trouxe-lhes a salvação e, por esse motivo, não vivem na prática do pecado. Que Deus ajude a Sua igreja a conservar o temor no coração!