Título: O Corpo de Cristo — Origem, natureza e vocação da Igreja no mundo
Comentarista: José Gonçalves
Lição 11: O culto da Igreja cristã
Data: 17 de Março de 2024
“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.” (1Co 14.26).
O culto é uma sublime forma de nos expressarmos em adoração, louvor, gratidão e total rendição a Deus.
Segunda — 1Co 11.27
A solenidade do acontecimento do culto
Terça — Ez 44.9
A sacralidade do acontecimento do culto
Quarta — Sl 48.1
Celebrando a grandeza de Deus
Quinta — 1Co 14.26
O culto deve trazer edificação
Sexta — 1Tm 4.13
As Escrituras como base do verdadeiro culto cristão
Sábado — Ef 5.18-20
Louvando a Deus de maneira sincera e de todo o coração
Efésios 5.15-21.
15 — Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,
16 — remindo o tempo, porquanto os dias são maus.
17 — Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.
18 — E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito,
19 — falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,
20 — dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
21 — sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.
124, 436 e 533 da Harpa Cristã.
1. INTRODUÇÃO
Nesta lição, temos o propósito de estudar os preceitos do culto cristão. Nos aprofundaremos em sua natureza, observando-o como uma forma de servir, obedecer e adorar a Deus, que requer, portanto, a reverência, ordem e santidade devidas. Através das Sagradas Escrituras, veremos que tanto o conteúdo como a maneira de cultuar são importantes, o que é evidenciado na adoração focada exclusivamente no Senhor e na edificação da Igreja. E como marca na liturgia pentecostal, veremos a adoração fervorosa e a exposição da Palavra como primazia.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Identificar a natureza do culto a Deus, sua forma e conteúdo; II) Compreender o genuíno propósito do culto cristocêntrico; III) Enfatizar a primazia das Escrituras e a importância da adoração entusiástica na liturgia pentecostal.
B) Motivação: Com o passar dos anos de caminhada cristã, à medida que, constantemente nos relacionamos com a fé, podemos incorrer no erro de praticar de modo automático as disciplinas espirituais e, até mesmo, a forma de cultuar a Deus. Um antídoto poderoso contra este mal é estudar a sua Palavra, com a postura de um genuíno discípulo, sempre disposto a se deixar nortear, confrontar, corrigir e aperfeiçoar para a glória de Deus, a fim de que o culto público seja apenas o transbordar de uma vida de adoração legítima e agradável a Ele.
C) Sugestão de Método: Propomos um exercício reflexivo, a fim de elucidar a importância que o culto tem para Deus, não apenas em sua existência, mas também quanto a sua “forma” e o seu “conteúdo”. Para tal, conduza a classe a uma reflexão, pedindo que cada um pense num presente, uma demonstração de afeto, que gostaria de ganhar do ser amado (filhos, marido, pais). De maneira lúdica, a fim de exemplificar essa proposta, cite o seu caso - o que você mesmo gostaria de ganhar do seu cônjuge, numa celebração de aniversário de casamento, por exemplo. Permita que alguns comentem e, logo, a seguir indague coisas do tipo: Tal presente teria o mesmo valor se você descobrisse que ele foi roubado pela pessoa amada? Ou tal demonstração seria bem recebida se viesse como uma “barganha” para o outro conseguir um interesse pessoal? E se fosse um presente dado por culpa, devido a uma traição, você ainda gostaria de recebê-lo? Conclua explicando que, se até mesmo nós, tão limitados e pecadores, temos critérios para aceitar uma demonstração de afeto, imagine o nosso Deus Santo. Você pode pedir que um voluntário leia 1 Samuel 15.22 e Salmos 51.17.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Comumente, ao final de um culto, ouvimos comentários avaliando se ele foi bom ou ruim, como se o propósito de tal reunião fosse saciar o nosso ego ou atender aos nossos critérios. Contudo, como estudamos nesta lição, um culto precisa de fato seguir alguns princípios, mas que não são humanos, e sim divinos. Portanto, antes, durante e depois de tal momento solene perante o Senhor, cada um de nós avalie-se a si mesmo, a fim de que ofereçamos a Deus um culto racional, como fruto de uma vida genuína de adoração, santidade e serviço a Ele.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 96, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “O culto dirigido pelo Espírito Santo”, localizado após o primeiro tópico, aprofunda a reflexão a respeito da forma necessária para o culto ser agradável ao Senhor; 2) O texto “Os Elementos do Culto”, ao final do terceiro tópico, enfatiza a importância da integridade da adoração na liturgia desde o AT.
INTRODUÇÃO
Nesta lição vamos estudar o culto cristão sob diferentes aspectos, pois precisamos conhecê-lo em sua natureza.
Aqui, veremos que o culto é santo e, por isso, deve ser solene. Assim, também, mostraremos que a glorificação de Deus e a edificação da igreja são os propósitos sublimes do verdadeiro culto cristão. E, por último, mostraremos que todo culto também tem um ritual. No contexto da igreja cristã, destacaremos o papel da Bíblia e da adoração entusiástica na dinâmica pentecostal.
Palavra-Chave:
CULTO
I. A NATUREZA DO CULTO
1. O culto como serviço a Deus. Na Bíblia, o culto é mostrado como um serviço, isto é, uma vida entregue e consagrada a Deus (Dt 6.13). Em um primeiro plano tem a ver com a atitude com a qual se cultua o Altíssimo e, em um segundo plano, com a forma como se cultua. O culto, portanto, expressa uma combinação de obediência à Palavra de Deus e a forma ritual como essa adoração acontece. O livro de Atos dos Apóstolos, por exemplo, mostra a adoração no contexto do culto cristão (At 13.1-4). Enquanto os cristãos “serviam” (gr. leitourgeô), isto é, cultuavam ao Senhor, o Espírito Santo comissionou os primeiros missionários da igreja.
2. O culto deve ser solene. Por “solene” nos referimos ao que traz respeito e é majestoso. Isso significa que tanto o conteúdo como a maneira de se cultuar são importantes (Ec 5.1; 1Co 11.27). Por isso, o culto não pode ser destituído de significado nem realizado de qualquer jeito (Lv 10.1,2). Não por acaso, o apóstolo Paulo expõe princípios que regulamentaram o culto na igreja de Corinto (1Co 12.14). Isso deixa claro que há uma ordem a ser observada na liturgia cristã. Para isso, temos na Bíblia o parâmetro para o bom ordenamento do culto. Por exemplo, aos coríntios, o apóstolo destacou o seguinte: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1Co 14.40). Nesse texto temos os termos gregos euschémonós, traduzido como “decentemente” e “decorosamente”; e taxis, traduzido como ordem. Isso nos leva a compreender, portanto, de acordo com a Bíblia, que o culto precisa ter decoro, decência e ordem.
3. O culto é santo. A santidade de Deus é afirmada por toda a Bíblia (Lv 11.44; Is 43.3; 1Pe 1.15,16). Visto que Deus é santo (Lv 20.26), o culto também deve ser santo. Dessa forma, nada que fosse profano deveria fazer parte do culto e da vida de quem o praticava no Antigo Testamento (Ez 44.9; Am 5.21-27; Is 1.13). Assim, o limite entre o santo e o profano deveria ser mantido (Ez 22.26; 44.23). Por outro lado, o Novo Testamento também põe em destaque o viver cristão na esfera do culto, isto é, de uma vida a serviço de Deus (Rm 15.5). A igreja é o espaço sacro onde o culto acontece (At 13.2). Assim como no Antigo Testamento, o culto cristão também não deve ser profanado (1Co 11.17,18). Nesse caso, tanto a conduta como o modo de viver são levados em conta na esfera do culto (1Co 11.22).
SINOPSE I
Sendo o culto uma forma de serviço a Deus, sua prática requer reverência, ordem e santidade.
O CULTO DIRIGIDO PELO ESPÍRITO SANTO
“Todos sabemos que o culto divino deve ser orientado pelo Espírito Santo, e consideraríamos uma temeridade se houvesse nestes escritos a pretensão de tomar para o homem prerrogativas que são exclusivas do Senhor. Cabe-nos, no entanto, dizer que o Espírito de Deus usa, para todos os atos que se praticam na igreja, o homem que se coloca à sua disposição. É maravilhoso notar que somos instrumentos do Espírito, e é do agrado do Senhor que seus servos estejam devidamente informados sobre qualquer procedimento nas atividades que a cada um têm sido conferidas.
A direção de um culto, cabe prioritariamente ao Espírito Santo, mas a participação humana é indispensável. O elemento humano na direção de um culto a Deus precisa estar primeiramente em sintonia com o Espírito Santo.
Dirigir um culto requer muita responsabilidade, porque, neste ato, se está trabalhando com matéria prima do Céu, alimento do Céu, que se distribui com os famintos espirituais. A meta de quem dirige um culto nunca pode ser a de cumprir um anseio humano nem de encontrar uma oportunidade para expor os frutos do eu e da vaidade, mas, sim, fazer tudo para glorificar o nome do Senhor” (OLIVEIRA, Timóteo Ramos. Manual de cerimônias. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.16).
EXPRESSÕES DA ADORAÇÃO NO CULTO CRISTÃO
“Dois princípios essenciais ajudam a dirigir e orientar a adoração cristã, (a) A adoração genuína acontece em espírito e em verdade (veja Jo 4.23, nota). Em outras palavras, a adoração não é apenas uma atividade física ou mental, mas também um exercício espiritual — uma resposta apropriada à maneira como Deus se revelou a nós, especificamente por meio do seu Filho, Jesus Cristo, (cf. Jo 14.6). A adoração envolve a interação sincera entre o espírito humano e o Santo Espírito de Deus (1Co 12.7-12).” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal, editada pela CPAD, p.818.
II. O PROPÓSITO DO CULTO
1. Glorificar a Deus. O culto é uma celebração que se faz a Deus. Celebramos a grandeza de Deus e seus poderosos feitos (Sl 48.1). Assim o culto é uma celebração pelo que Deus é e pelo que Ele faz (Sl 103.1-5). Nesse aspecto, o culto é sempre cristocêntrico, nunca antropocêntrico. Cristo é a esfera ou lugar onde deve acontecer o verdadeiro culto (Jo 2.18-22; Mc 14.58). Ele é o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5) e o Eterno Sumo-Sacerdote (Hb 2.17; 55.10). Se Deus não é celebrado, se Ele não é glorificado, então, o culto perdeu o seu real sentido.
2. Quando não se cultua a Deus. De fato, há cultos que não cultuam a Deus. Paulo censurou os coríntios afirmando que: “Quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a Ceia do Senhor” (1Co 11.20). Era como se dissesse: “o que vocês estão celebrando não é a Ceia”. Não era um culto o que eles estavam fazendo.
Não daquela maneira. Infelizmente há muitas reuniões envernizadas para se parecerem com um culto, mas, de fato, não são. Parecem reuniões profanas tanto na sua forma quanto na sua essência. Não buscam glorificar a Deus.
3. Edificar a igreja. Um dos propósitos principais do culto é trazer edificação à igreja. Assim, na esfera do culto, tudo deve buscar a edificação (1Co 14.26). O verbo grego oikodoméo, traduzido como “edificar”, ocorre 40 vezes no Novo Testamento enquanto o substantivo oikodomé, traduzido como “edificação”, ocorre 18 vezes. O sentido é de algo que está sendo construído, como na parábola da casa edificada sobre a rocha (Mt 7.24,26; Lc 6.48). Ele é usado muitas vezes no contexto do culto. O fato mais claro de que um dos propósitos do culto é trazer edificação para a igreja está revelado no capítulo 14 de 1Coríntios. Nesse capítulo, o apóstolo disciplina os usos dos dons na igreja pelo fato de seu uso não estar trazendo edificação à igreja. Assim, aquele que falava línguas na esfera do culto público deveria interpretar para que a igreja fosse edificada (1Co 14.5). Todos os demais dons deveriam seguir esse critério (1Co 14.12). Da mesma forma, os dons ministeriais (Ef 4.11) deveriam contribuir para “edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.12).
SINOPSE II
Embora o alvo do culto seja Deus e não o ser humano, um culto legitimamente cristocêntrico edifica toda a igreja.
III. A LITURGIA DO CULTO
1. A exposição da Bíblia. O Movimento Pentecostal tem firmado seu compromisso com a autoridade da Bíblia para governar toda crença, experiência e prática. Dessa forma, os pentecostais viram a necessidade de julgar o mérito de todo ensino, manifestações espirituais e conduta à luz da Palavra objetiva e revelada de Deus, a Bíblia. Esse fato mostra que a leitura e a exposição da Bíblia devem ocupar o lugar de primazia na dinâmica da liturgia do culto. Nesse aspecto, o pastor que está à frente de uma igreja, e responsável pela liturgia do culto, deve ficar atento ao lugar que as Escrituras têm no culto. O Senhor Jesus, nosso maior exemplo, fez da exposição das Escrituras a base de seu ministério (Lc 4.16-18). Escrevendo sobre a liturgia do culto na igreja de Corinto, o apóstolo Paulo pôs a “doutrina”, “instrução” (gr. didaché) como uma das necessidades da igreja (1Co 14.26). Encontramos esse mesmo apóstolo, juntamente com seu companheiro Barnabé, expondo e ensinando a Palavra de Deus (At 15.35). Da mesma forma, o apóstolo ficou em Corinto durante muito tempo expondo as Escrituras (At 18.11).
2. A adoração entusiástica. A adoração aparece em primeiro lugar na liturgia sugerida pelo apóstolo Paulo à igreja de Corinto (1Co 14.26). A palavra “salmo” usada nesse texto traduz o grego psalmon e é uma referência ao hinário usado pelos primeiros cristãos. É possível que o apóstolo esteja se referindo aos Salmos de Davi. Não há dúvida de que a adoração na Igreja Primitiva era entusiástica. Isso porque Paulo se refere a cristãos cheios do Espírito que se reuniam para adorar (Ef 5.18-20).
3. O lugar da adoração no culto pentecostal. Um grande teólogo pentecostal, William W. Menzies, destaca o lugar que a adoração tem entre os pentecostais. De acordo com ele, desde o começo, os pentecostais foram conhecidos no mundo todo pelas reuniões de cultos alegres e ruidosas. Isso era visto nas reuniões de oração nas quais todos os presentes, coletiva e eloquentemente, derramavam o coração perante Deus em oração e louvor. Isso também acontece no levantar das mãos como resposta a percepção de que Deus se faz presente. Faz parte também da liturgia pentecostal louvar a Deus em alta voz e exercitar os dons espirituais durante o culto.
SINOPSE III
O culto Pentecostal segue o modelo de liturgia neotestamentária, com expressão fervorosa de adoração e primazia ao ensino da Palavra.
“OS ELEMENTOS DO CULTO
Havia diversos elementos na adoração nos tempos do Antigo Testamento, como oração, sacrifício, oferta, louvor e cântico. Fazia parte da liturgia judaica nas sinagogas do primeiro século d.C. a oração antífona do Shema, ‘ouve’, a confissão de fé dos judeus, a leitura bíblica e a exortação. Nossa liturgia é simples e pentecostal, conforme o modelo do Novo Testamento: ‘Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação’ (1Co 14.26). Ela consiste em oração, louvor, leitura bíblica, exposição das Escrituras Sagradas ou testemunho e contribuição financeira, ou sejam ofertas e dízimos. Entendemos que a adoração está incompleta na falta de pelo menos um desses elementos, exceto se as circunstâncias forem desfavoráveis ou contrárias” (SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.145).
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos os princípios que devem reger um culto cristão. O culto não pode ser de qualquer forma, pois ele tem princípios e normas para seguir. Como Deus é um Deus de ordem, então, o culto que se presta a Ele também tem de ser ordenado. Contudo, ordenado não significa frio e sem vida. O culto deve ser um momento de celebração, alegria e dinamizado pelo Espírito Santo.
Envernizar: Aplicar verniz, lustrar, polir, dar brilho.
1. Como a Bíblia mostra o culto a Deus?
Na Bíblia, o culto é mostrado como um serviço, isto é, uma vida entregue e consagrada a Deus (Dt 6.13).
2. De acordo com a Bíblia, o que o culto precisa ter?
De acordo com a Bíblia, o culto precisa ter decoro, decência e ordem.
3. Quando que o culto perde o sentido?
O culto perde o sentido quando Deus não é celebrado, se ele não é glorificado.
4. Além de glorificar a Deus, qual é o outro propósito do culto de acordo com a lição?
Um dos propósitos principais do culto é trazer edificação à igreja. Assim, na esfera do culto, tudo deve buscar a edificação (1Co 14.26).
5. Qual compromisso o Movimento Pentecostal tem firmado?
O Movimento Pentecostal tem firmado seu compromisso com a autoridade da Bíblia para governar toda crença, experiência e prática.
O CULTO DA IGREJA CRISTÃ
O culto é a forma pela qual expressamos nossa gratidão, reverência e adoração ao Criador. Ao rendermos louvores a Deus estamos reconhecendo a sua soberania, poder e autoridade. Nesse sentido, os cristãos são ensinados a adotar uma liturgia de culto que tenha como primazia a adoração somente a Deus. Logo, qualquer distração que interfira na prática da devoção a Deus durante o culto deve ser rejeitada. Há vários elementos que constituem um culto de adoração a Deus nas igrejas dos dias atuais, bem como havia nos cultos da igreja primitiva (Ef 5.19-21; Cl 3.16). Por essa razão, o apóstolo Paulo ressaltou a importância de haver ordem e decência nos cultos (1Co 14.26).
No culto prestado a Deus deve haver adoração, oração, comunhão, manifestação dos dons espirituais com vista na edificação espiritual individual e coletiva, mas, acima de tudo, não pode faltar o ensino sistemático das Escrituras Sagradas. Em várias ocasiões, o apóstolo Paulo se reunia com os irmãos das igrejas por onde passava e compartilhava com eles o conhecimento que o Espírito Santo o havia concedido (At 18.11). Considerando os elementos que se fazem presente no culto, torna-se indispensável que haja ordem para que cada exercício seja realizado de maneira proveitosa. Entende-se por ordem o modo inteligível e racional pelo qual conduzimos e lidamos com as práticas espirituais presentes no culto.
O Comentário Pentecostal do Novo Testamento (CPAD, 2003) endossa a orientação do apóstolo: “Não é somente o exercício dos dons de expressão verbal que deve ser inteligível; o próprio ato de adoração deve estar de acordo com a livre obra do Espírito implícita nos dons. O exercício dos dons deve estar sujeito a certas regras (vv.26-33a); as adoradoras não devem se mostrar desordenadas (33b-35); a autoridade apostólica de Paulo em toda a instrução precedente sobre os dons deve ser reconhecida para que a adoração coletiva seja ajustada e ordenada (vv.36-40)” (p.226).
A exortação de Paulo não buscava tratar os coríntios como crentes incapazes de administrar as manifestações dos dons do Espírito na igreja. Ao contrário, apontava a beleza espiritual de uma igreja que desfrutava das bênçãos dos dons do Espírito presentes de forma abundante em seus dias. A intenção do apóstolo era endossar e ajustar suas práticas querendo o aperfeiçoamento dos santos, para que não perdessem de vista o maior propósito de Deus por meio dos dons: a edificação da Igreja. Semelhantemente, a igreja dos dias atuais deve regulamentar o culto, não para torná-lo mecânico, enfadonho ou demasiadamente racional, mas para encorajar os crentes a fazerem uso dos dons espirituais de maneira honrosa e responsável.