Título: O Deus que governa o Mundo e cuida da Família — Os ensinamentos divinos nos livros de Rute e Ester para a nossa geração
Comentarista: Silas Queiroz
Lição 3: Rute e Noemi: entrelaçadas pelo amor
Data: 21 de julho de 2024
“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” (Rt 1.16).
Amar uns aos outros sem nada exigir em troca evidencia que Deus está em nós e nos une em relacionamentos fortes e duradouros.
Segunda — Hb 11.32-34
Tirando força da fraqueza, batalhando e se esforçando
Terça — Pv 20.11
Quando a manipulação sutil se manifesta desde a infância
Quarta — Pv 17.17
Quando um amigo é mais chegado que um irmão
Quinta — Mt 6.19-21; 1Tm 6.17-19; Tg 5.1-6
A situação do rico diante do princípio da Palavra de Deus
Sexta — Tt 2.3-5
O papel das mulheres mais velhas na orientação das mais novas
Sábado — Lc 24.1-10; Jo 20.11-18
As mulheres como testemunhas no ministério de Jesus
Rute 1.6-8,14-19.
6 — Então, se levantou ela com as suas noras e voltou dos campos de Moabe, porquanto, na terra de Moabe, ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo, dando-lhe pão.
7 — Pelo que saiu do lugar onde estivera, e as suas duas noras, com ela. E, indo elas caminhando, para voltarem para a terra de Judá,
8 — disse Noemi às suas duas noras: Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de benevolência, como vós usastes com os falecidos e comigo.
14 — Então, levantaram a sua voz e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra; porém Rute se apegou a ela.
15 — Pelo que disse: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu também após a tua cunhada.
16 — Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.
17 — Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada; me faça assim o Senhor e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.
18 — Vendo ela, pois, que de todo estava resolvida para ir com ela, deixou de lhe falar nisso.
19 — Assim, pois, foram-se ambas, até que chegaram a Belém; e sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi?
198, 200 e 344 da Harpa Cristã.
1. INTRODUÇÃO
A presente lição tem o propósito de, como ponto de partida da relação de amizade entre Noemi e Rute, nos ensinar o valor de uma amizade em Deus mediante a maturidade da vida cristã. A história de Rute e Noemi se contextualiza a partir de uma crise familiar. Desta, desabrocha uma linda amizade que terá como resultado o aparecimento do rei do Davi, bem como a linhagem do Senhor Jesus no Novo Testamento. Esse entrelaçamento de amor tem tudo a ver com o advento do nosso Salvador. A amizade de Noemi e Rute não diz respeito apenas a Davi, mas também ao aparecimento do Rei Jesus.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I) Apresentar a proposta de Noemi; II) Abordar a convicção amorosa de Rute em relação a sua sogra; III) Refletir a respeito da convicção de Rute: “O teu Deus é o meu Deus”.
B) Motivação: A lição desta semana traz um ponto muito importante no primeiro tópico: “sem manipulação emocional”. Noemi apresentou toda a sua amargura e tristeza diante da circunstância que se abateu sobre ela. Entretanto, isso não foi capaz de fazer com que ela aprisionasse emocionalmente suas duas noras. A escolha de Rute em ficar com a sogra foi de livre e espontânea vontade, jamais por pressão de Noemi. Essa maturidade emocional de Noemi é uma imagem poderosa do Antigo Testamento a respeito do equilíbrio e maturidade que podemos desenvolver por meio do Fruto do Espírito Santo (Gl 5.22,23).
C) Sugestão de Método: Após a exposição da lição, retome os pontos da Convicção de Fé da Mulher e do Amor Prático relatados ao longo da lição. Faça uma revisão e aplicação desses dois assuntos. Para finalizar a aula, sugerimos que você desafie a classe para que, na semana subsequente, cada aluno(a) faça uma ação que revele o amor prático, alinhado com o ensino da Palavra de Deus, em relação a uma pessoa do relacionamento dele(a). Na próxima aula, colha o relato dessa experiência, de modo que toda a classe seja edificada com essa atividade.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Convicção de fé e prática do amor são duas lições que podem ser aplicadas de maneira concreta na vida do aluno. No mundo de incertezas, convicções de fé mediante a Palavra de Deus trazem consolo; num contexto de apatia coletiva, o amor prático nos desperta para a vida.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 98, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação e desenvolvimento de sua aula: 1) O texto “Perfil da Personagem”, localizado depois do primeiro tópico, apresenta um panorama da vida de Noemi; 2) O texto “A devoção de Rute”, ao final do último tópico, destaca que a decisão de Rute foi orientada por sua fé em Deus.
INTRODUÇÃO
Já fizemos uma visão panorâmica do livro de Rute. Agora, vamos caminhar por seus capítulos e versículos, focados nos principais personagens da obra: Rute, Noemi e Boaz. Nesta lição, estudaremos o relacionamento entre Noemi e Rute, duas mulheres unidas por um amor profundo e uma intensa mutualidade. O caráter voluntário da doação pessoal de sogra e nora é um extraordinário exemplo de abnegação e amizade sincera.
Palavra-Chave:
AMOR
I. A PROPOSTA DE NOEMI
1. Uma crise em família. É importante considerar as circunstâncias da vida de Noemi para entender o valor e o significado de seus atos. Principal provedor da casa, seu marido Elimeleque (no hebraico, “Meu Deus é Rei”) havia morrido. Seus filhos Malom (“doença”) e Quiliom (“definhamento”) casaram-se e tiveram morte prematura, deixando viúvas as moabitas Rute (“amizade”) e Orfa (“pescoço”). Considerando a expressão que os nomes tinham na Antiguidade, é bastante provável que Malom e Quiliom não tivessem boas condições de saúde desde o nascimento. A vida de Noemi (“agradável”) tornou-se amarga, como ela mesma diria tempos depois, preferindo ser chamada de Mara (“amargosa”) (Rt 1.20).
2. Tirando força da fraqueza. Todas as pessoas, inclusive as cristãs, estão sujeitas a dias maus (Ec 7.14). A diferença é como cada uma se comporta em meio às tempestades da vida (Ef 6.13; Mt 7.24-27). Noemi não escondeu seus sentimentos, mas também não os explorou, com autopiedade ou autocomiseração. Quando soube que Deus havia abençoado o seu povo, “se levantou” com suas noras para voltar a Belém (Rt 1.6,7). Ela teve uma atitude de liderança, mesmo em meio à tristeza e dor que sentia pela perda do marido e dos filhos. A distância entre os campos de Moabe e Belém era superior a 120 quilômetros. Idosa, Noemi soube tirar força da fraqueza subindo e descendo das montanhas, em tempos tão remotos (Hb 11.34). Se tivesse se entregado aos seus sentimentos, jamais teria tomado uma decisão tão desafiadora. Os problemas da vida não podem nos paralisar (Pv 24.10).
3. Sem manipulação emocional. Rute e Orfa decidiram prontamente acompanhar a sogra. Mas tão logo começaram a viagem, Noemi decidiu liberá-las, para que voltassem à casa dos pais (Rt 1.7,8; 2.11). Mesmo de avançada idade, Noemi pensou primeiro em suas noras e no futuro delas. De volta às suas origens, Rute e Orfa poderiam casar novamente e constituírem família (Rt 1.8-13). Noemi assumiu sua condição pessoal, sem apelar aos sentimentos das noras. Esse tipo de conduta é fundamental para a construção de relacionamentos saudáveis. A manipulação emocional é sutil e costuma se manifestar desde a infância (Pv 20.11). O pecado não escolhe idade. Pessoas emocional e espiritualmente sadias não são manipuladoras.
SINOPSE I
A crise familiar de Noemi traz lições a respeito da perseverança e do bem-estar emocional.
“PERFIL DA PERSONAGEM
Histórico
• A esposa de Elimeleque.
• A mãe de Malom e Quiliom.
História
• Sua família, por causa da fome, mudou-se para Moabe (1.1).
• Seu marido e filhos, enquanto estavam em Moabe, morreram (1.3,5).
• Rute recolheu espigas nos campos de Boaz, um parente distante, para prover sustento para ela e Noemi (2.1-2).
• Noemi buscou segurança para Rute, encorajando-a a se aproximar de Boaz, o parente-remidor dessas mulheres (‘o remidor’ da família, 3.1-5).
• Ela cuidou de seu neto, o filho de Rute com Boaz e avô do rei Davi (4.13-17).
Lições de Vida
• Noemi, apesar de seus amargos desapontamentos, perseverou em sua fé.
• A jornada de fé traz recompensas, quer na terra quer na eternidade.”
(Bíblia de Estudo da Mulher Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.448).
II. A CONVICÇÃO AMOROSA DE RUTE
1. Uma amizade provada e aprovada. Orfa amava Noemi, mas seu sentimento e força moral não eram tão fortes quanto os de Rute. Quando a sogra disse pela segunda vez que voltassem para a casa dos pais, Orfa se convenceu de que isso era o melhor para ela. Chorando, abraçou Noemi e voltou para seu povo. Rute, porém, se apegou a Noemi (Rt 1.14). A firmeza e o altruísmo de Noemi novamente se revelam. Ela insiste para que Rute faça o mesmo que sua cunhada (Rt 1.15). A atitude de Noemi extraiu o que havia no mais íntimo de Rute: uma convicção amorosa por sua sogra, além de uma declaração de fé no Deus de Israel: “[...] aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16). As verdadeiras amizades resistem às mais intensas provas.
2. Amizade na adversidade. A convicção amorosa de Rute é mesmo surpreendente. Salomão escreveu que “o amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade” (Pv 17.17). Rute estava disposta a enfrentar toda e qualquer dificuldade ao lado da sogra viúva e idosa. As expressões “onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu” e “onde quer que morreres, morrerei eu” (Rt 1.16,17) demonstravam o grau de companheirismo e comprometimento da jovem moabita. E isso não ficou somente em palavras; transformou-se em atitudes concretas por toda a vida. Nesses dias de tanto individualismo, qual tem sido o nível de nossos relacionamentos?
3. Um amor prático. Chegando a Belém, Rute não ficou parada, envolta em expectativas fantasiosas. Encarando a realidade, prontificou-se a um trabalho humilde e penoso, que era feito por pessoas pobres e necessitadas: ir às plantações e catar espigas que caíam e ficavam no chão durante a colheita, como instituído nos dias de Moisés (Rt 2.2; Lv 19.9,10; 23.22; Dt 24.19). Na Palavra de Deus, o princípio básico é: os ricos não podem reter para si toda a riqueza, devendo inclusive auxiliar os necessitados (Mt 6.19-21; 1Tm 6.17-19; Tg 5.1-6); mas também não são obrigados a alimentar o ócio dos pobres, que devem ir ao campo e trabalhar duro para garantir o seu sustento, pois, exceto nos casos de incapacidade física ou mental, o mesmo princípio vige até hoje (Gn 3.19; 2Ts 3.10-13). Rute trabalhou — e muito — nos campos de Boaz. Seu esforço impressionou o chefe dos trabalhadores. No fim do dia, recolhia tudo e levava para a sogra (Rt 2.7,17,18). Rute não apenas dizia amar, ela praticava o amor (1Jo 3.18).
SINOPSE II
A convicção amorosa de Rute nos ensina a respeito do amor prático.
III. A CONVICÇÃO DA MULHER: “O TEU DEUS É O MEU DEUS”
1. Uma fé fervorosa. Rute é um exemplo de fé fervorosa. Sua declaração convicta perante Noemi — “o teu Deus é o meu Deus” — demonstra sua profunda devoção ao Deus de Israel, sob cujas asas decidiu se abrigar (Rt 2.12). Seu fervor é demonstrado em suas atitudes. Rute renunciou ao modelo de vida frívolo dos moabitas, e não seguiu caminhos fáceis entre os belemitas (Rt 3.10). Manteve uma vida austera e disciplinada e, assim, alcançou uma excelente reputação: “Toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa” (Rt 3.11).
2. Uma fé que inspira. A fé de Rute foi inspirada na vida e crença de sua sogra. Ao referir-se ao Deus de Noemi, dava testemunho de sua fé. Em todos os tempos, as mulheres mais velhas têm a missão de resistir aos ventos da superficialidade espiritual, sendo piedosas, dedicadas a Deus e à família, a despeito das pressões da sociedade mundana. Somente assim poderão inspirar e ensinar as mais novas (Tt 2.3-5).
3. Sensibilidade sob liderança. As Escrituras evidenciam a profunda sensibilidade espiritual da mulher. Um exemplo disso é o fato de terem sido as primeiras a testemunhar e crer na ressurreição de Jesus (Lc 24.1-10; Jo 20.11-18). É de grande valor quando esse extraordinário potencial feminino é reconhecido e floresce sob uma liderança séria, que orienta o trabalho da mulher, evitando que ela seja explorada em sua fé (Fp 4.3; Rm 16.12; Mc 12.38-40; 2Tm 3.6,7).
SINOPSE III
A convicção de Rute nos apresenta uma fé fervorosa e que inspira.
“A DEVOÇÃO DE RUTE
Noemi pediu mais uma vez para que Rute voltasse, mas a jovem permaneceu firme. Sua resposta é uma das mais memoráveis promessas de devoção e amor encontradas em toda a literatura: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada; me faça assim o Senhor e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti (16,17). Esta terna amizade humana é similar à de Davi e Jônatas (1Sm 20.17,41) e à de Cristo e os apóstolos (Jo 15.9,15). Além disso, é o reflexo de uma firme decisão religiosa. Rute estava determinada a abandonar os deuses de Moabe e tornar-se seguidora do Deus de Israel juntamente com Noemi. Ela viu alguma coisa nas vidas e na fé daqueles israelitas que fez com que ela se aproximasse não apenas deles, mas também do Senhor Jeová” (Comentário Bíblico Beacon. Volume II. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.163).
CONCLUSÃO
O relacionamento de Noemi e Rute nos ensina quão precioso para Deus é o amor altruísta. Ao pensarem uma na outra e se dedicarem ao cuidado mútuo, ambas foram alcançadas pelo favor divino (Rt 4.13-17). Em um mundo tão narcisista, o Senhor espera que nos doemos mais uns aos outros. A família é o primeiro ambiente no qual o amor deve ser praticado (1Tm 5.8). O segundo, nossa igreja local.
Ócio: falta de ocupação, cessação de trabalho.
Frívolo: que é ou tem pouca importância; inconsistente, inútil, superficial.
1. Que atitudes de Noemi revelam seu altruísmo?
Noemi decidiu liberá-las, para que voltassem à casa dos pais (Rt 1.7,8; 2.11). Mesmo de avançada idade, Noemi pensou primeiro em suas noras e no futuro delas.
2. O que a insistência de Noemi extraiu de Rute?
A atitude de Noemi extraiu o que havia no mais íntimo de Rute: uma convicção amorosa por sua sogra, além de uma declaração de fé no Deus de Israel.
3. Como se revelou o amor prático de Rute?
Rute trabalhou — e muito — nos campos de Boaz. Seu esforço impressionou o chefe dos trabalhadores. No fim do dia, recolhia tudo e levava para a sogra (Rt 2.7,17,18). Rute não apenas dizia amar, ela praticava o amor (1Jo 3.18).
4. Qual a missão das mulheres mais velhas em relação às mais novas?
As mulheres mais velhas têm a missão de resistir aos ventos da superficialidade espiritual, sendo piedosas, dedicadas a Deus e à família, a despeito das pressões da sociedade mundana. Somente assim poderão inspirar e ensinar as mais novas (Tt 2.3-5).
5. Qual a importância da liderança em relação à sensibilidade espiritual da mulher?
É de grande valor quando esse extraordinário potencial feminino é reconhecido e floresce sob uma liderança séria, que orienta o trabalho da mulher, evitando que ela seja explorada em sua fé (Fp 4.3; Rm 16.12; Mc 12.38-40; 2Tm 3.6,7).
RUTE E NOEMI: ENTRELAÇADAS PELO AMOR
O relacionamento entre Noemi e Rute foi marcado por um profundo sentimento de altruísmo e mutualidade. A amizade entre essas duas mulheres que ficaram desamparadas em razão da morte de seus respectivos maridos alcançou a atenção de Deus. Mesmo em meio à crise e adversidade, elas não se deixaram dominar pelo sentimento de autopiedade, mas demostraram resiliência e esforçaram-se pelo bem-estar mútuo. A decisão de Rute por não deixar Noemi desamparada revela o caráter integro e o amor sincero por sua sogra. Uma amizade leal que serve de exemplo para os relacionamentos familiares tão fragmentados como se vê nos dias atuais. O livro de Provérbios destaca as características do amigo leal, quando afirma que é na angústia que os encontramos. Na verdade, os amigos sinceros revelam-se como verdadeiros irmãos (Pv 17.17). Essas características são facilmente encontradas no comportamento de Rute para com a sua sogra.
O Dicionário Bíblico Wycliffe (CPAD, 2006) discorre que “Rute foi notável em sua disposição de renunciar ao seu próprio meio em troca de outro que lhe era estranho, e se parece um pouco com Abraão ao se aventurar em uma terra que nunca tinha visto (Gn 12.1ss. cf. Rt 2.11). Ela resistiu à tentação — sem dúvida muito forte — de sua cunhada (Orfa) de retornar ao seu povo. Por causa de seu amor por Noemi, Rute desejava permanecer com sua sogra, tornar-se uma judia, trocar o seu deus (provavelmente, Quemos, Nm 21.29; 1Rs 11.7,33) pelo Deus de Noemi (O Senhor, cf. Rt 2.12,13) e ser sepultada no mesmo local de Noemi (Rt 1.14-17). A devoção de Rute transcendia o pessimismo de Noemi, que atribuía seu completo ‘vazio’ ao Deus Todo-Poderoso, e insistia que as mulheres de Belém a chamassem de Mara (‘amarga’, 1.19-21)” (p.1709).
A dedicação exclusiva de Rute à sua sogra a levou a ampará-la no momento mais difícil, quando Noemi sentiu-se desanimada, pensando até mesmo que Deus a havia abandonado. Em contrapartida, a gentia moabita mostrou-se convicta de que juntas encontrariam a solução para aquele dilema. O exemplo de Rute revela um coração inclinado à obediência e a sinceridade no exercício da sua fé para com Deus. A resiliência da moabita, ainda que não compreendesse integralmente em que consistia a fé no Deus de Israel, coadunou com o testemunho e a conduta benevolente de Noemi que não foi egoísta quanto ao futuro de suas noras. Então, se cumpriu o que declarou o salmista: “Quem é como o Senhor nosso Deus, que habita nas alturas? O qual se inclina, para ver o que está nos céus e na terra! Levanta o pobre do pó e do monturo levanta o necessitado” (Sl 113.7-9). O Senhor conhece os que são seus e não os deixa desamparados!