Título: O fundamento dos apóstolos e dos profetas — A doutrina bíblica como base para uma vida vitoriosa
Comentarista: Elias Torralbo
Lição 1: Bíblia: A fonte da genuína doutrina
Data: 7 de Janeiro de 2024
“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça.” (2Tm 3.16).
A Bíblia é a única fonte genuína de doutrina para o cristão.
SEGUNDA — 2Pe 1.19-21
Inspirados pelo Espírito Santo
TERÇA — Jo 5.39
A Palavra testifica acerca de Jesus
QUARTA — Sl 119.72
A Palavra de Deus é preciosa
QUINTA — Sl 119.89
A Palavra permanece para sempre
SEXTA — Sl 119.105
A Palavra é lâmpada para os nossos pés
SÁBADO — Hb 4.12
A Palavra e o seu poder eficaz
Prezado(a) professor(a), com a graça de Deus iniciamos o primeiro trimestre do ano. Estudaremos treze lições a respeito do fundamento dos apóstolos e profetas. Veremos que a Bíblia é a única fonte genuína de doutrina para o crente de todos os tempos.
O comentarista das lições é o pastor Elias Torralbo, Mestre em Teologia Sistemática e especialista em Gestão Escolar, Diretor Executivo da FAESP — Faculdade Evangélica de São Paulo. Atua como pastor na Assembleia de Deus Ministério do Belém, cidade de Mogi das Cruzes — SP.
Que o estudo de cada lição possa trazer a certeza, para você e seus alunos, de que a Bíblia é a inspirada e inerrante Palavra de Deus. Seus ensinos são luz para o nosso caminho e se praticados vão nos oferecer uma vida vitoriosa.
Professor(a), para a primeira aula do trimestre, sugerimos que você reproduza a tabela abaixo mostrando aos alunos que as Escrituras Sagradas são uma confirmação de que Deus deseja ser conhecido pelos seres humanos. Deus fala conosco de diferentes maneiras, mas a sua Palavra é a sua revelação plena para nós.
2 Timóteo 3.14-17.
14 — Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que fostes inteirado, sabendo de quem o tens aprendido.
15 — E que, desde a tua meninice, sabe as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.
16 — Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça,
17 — Para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos a respeito do “Valor da Doutrina”. Este é um tema de fundamental importância para o cristão, individualmente e para a igreja. Quanto ao foco da primeira lição, abordaremos a Bíblia como fonte segura da doutrina.
Certamente você concorda que a Bíblia é indispensável para uma vida cristã frutífera, saudável. Mas você sabe qual é a sua origem e natureza? Nesta primeira lição, vamos responder essas questões, discorrendo a respeito da origem da Bíblia, a sua inspiração divina e a sua elevada e inestimável importância.
I. A ORIGEM DA BÍBLIA
1. Definição do termo. As Escrituras Sagradas são uma confirmação de que Deus deseja ser conhecido pelos seres humanos, por isso a revelação de si mesmo foi preservada de forma escrita em um livro chamado Bíblia Sagrada. Qual o significado da palavra Bíblia? Como se deu o seu desenvolvimento dentro da história?
O vocábulo Bíblia tem origem na expressão grega biblos (Mt 1.1), que significa “um livro”, ou ainda, da forma diminutiva “biblion” (Lc 4.17) que significa “pequeno livro”. O termo Bíblia relaciona-se com biblos, de onde vem o nome dado à parte interna do papiro, material usado na antiguidade para escrever os livros.
A Bíblia é também chamada de: Escritura (Mc 12.10; 15.28); Santas Escrituras (Rm 1.2) e Sagradas Letras (2Tm 3.15).
2. A origem literária da Bíblia. A Bíblia é a Palavra de Deus aos homens e, como literatura, é um livro antigo. Seu formato original era a de um rolo (Jr 36.2; 2Tm 4.13). Inicialmente, a Bíblia não foi formada de um livro só, mas cada livro compunha um rolo individual. A invenção do papel no século II pelos chineses e o desenvolvimento da imprensa, por Johannes Gutenberg, contribuíram com a junção de seus livros.
A Bíblia tem 66 livros que foram escritos por 40 homens de lugares e culturas diferentes. Originalmente foi escrita em dois idiomas (hebraico e grego) e um dialeto (aramaico), dentro de mais de 1600 anos, com os mais variados temas, com uma unidade admirável e inigualável. O centro de sua mensagem não é o homem (antropológico), mas Deus (teocêntrico), abordando o criacionismo (Deus é o Criador de todas as coisas), a teologia (ênfase no conhecimento a respeito de Deus e a sua relação com o mundo), a antropologia (exposição sobre o lugar do homem no plano de Deus), culminando na soteriologia e na escatologia (a doutrina da salvação e das últimas coisas, respectivamente).
3. A origem da Bíblia Sagrada. A Bíblia é um livro sagrado e a expressão dada a isso é “cânon sagrado”. A palavra “cânon” é de origem cristã e vem do grego kanon e provavelmente do hebraico “kaneh”, que quer dizer “junco”, “cana” ou “vara de medir”, com referência a uma regra ou uma norma a seguir. O cânon bíblico é uma referência aos livros considerados como Palavra de Deus, servindo como regra de fé e prática (Gl 6.16).
A canonização dos livros da Bíblia foi feita por concílios eclesiásticos nos quais os livros eram considerados úteis para a fé e a adoração cristã. O Antigo Testamento foi aceito como sagrado pelos judeus e, nos dias de Jesus, a sua composição já existia. Quanto ao Novo Testamento, a autoridade de seus livros se confirmou pelos seguintes critérios: a) deveriam ter sido escritos por um dos apóstolos ou por alguém bem próximo a eles; b) o conteúdo deveria ser coerente com os ensinos da igreja e os demais livros sagrados e c) deveriam ser conhecidos e reconhecidos na igreja. Os concílios não concederam autoridade divina às Escrituras, apenas a reconheceu.
Professor(a), inicie o tópico fazendo a seguinte pergunta: “Você crê na inspiração divina da Bíblia?”. Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Explique que toda a Escritura é inspirada por Deus. Em seguida, aclare que a “palavra ‘bíblia’ é derivada do latim, proveniente da palavra grega bíblia (livros), que diz respeito especificamente aos livros que são reconhecidos como canônicos pela Igreja cristã.
Um termo sinônimo de ‘a Bíblia’ é ‘os escritos’ ou ‘as Escrituras’ (em grego hai graphai, ta gramata), frequentemente usado no Novo Testamento para designar, no todo ou parte, os documentos do Antigo Testamento. Por exemplo, Mateus 21.42 diz: ‘Nunca lestes nas Escrituras?’ (em tais graphais). A passagem paralela, Marcos 12.10, traz o singular, referindo-se ao particular texto citado: ‘Ainda não lestes esta Escrituras?’ (ten graphen tauten). Em 2 Timóteo 3.15, temos ‘as sagradas letras’ (ta hiera gramata), e o versículo seguinte (ARA) diz: ‘Toda Escritura é inspirada por Deus’ (passa grafe theopneustos). Em 2 Pedro 3.16, ‘todas’ as epístolas de Paulo são incluídas junto com ‘as outras Escrituras’ (tas loipas graphas), as quais presumem-se que sejam os Escritos do Antigo Testamento e provavelmente os evangelhos também” (BRUCE, F. F. A Origem da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p.13).
II. A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS
1. Uma breve definição. Termos como inspiração, iluminação, aplicação, convicção e testemunho compõem a discussão acerca da fonte das Escrituras. A expressão “inspiração” é a que coordena o funcionamento das demais, pois atesta a origem da Bíblia, reafirmando assim a sua autoridade final.
Do Latim inspiratio, que advém do verbo inspirare, inspiração quer dizer “soprar em”, ou ainda, “insuflar”. Ao afirmar que a Escritura é “divinamente inspirada”, o apóstolo Paulo está afirmando que ela foi idealizada e supervisionada pelo Espírito Santo (2Tm 3.16), motivo pelo qual ela é “digna de toda aceitação” (1Tm 1.15). Portanto, uma vez que o Espírito Santo é que inspirou a Bíblia, é Ele quem também ilumina o homem para que possa entendê-la, além de operar os seus resultados exclusivos, atestando ser ela a verdade eterna de Deus.
2. A revelação especial da Bíblia. Inicialmente veremos duas questões a serem consideradas: “Por que Deus usou homens como autores de sua Palavra?” e “Como aceitar a Bíblia como Palavra de Deus se ela foi escrita por homens?”.
Deus, inicialmente, se revelou ao homem por meio de sua criação (Sl 19.1-6; Rm 1.18-20). Ele também se revelou pela Bíblia, e por intermédio de Jesus Cristo, “a quem constituiu herdeiro de tudo” (Hb 1.1-3), o qual denominamos Revelação Especial. Portanto, a escolha de homens como autores da Bíblia é justificada pela estratégia divina em dar-se a conhecer à humanidade. Nota-se que, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, Deus se comunicou oralmente com o homem (Gn 1.28-30), e depois incumbiu pessoas a fazer o registro, em sua Palavra (Êx 17.14).
Os homens que escreveram a Bíblia foram chamados por Deus para tal tarefa, servindo-lhes como instrumento divino (2Pe 1.21). O “canal” usado foi o humano, mas a autoridade é divina, o que faz da Bíblia a Palavra de Deus para os homens de todos os tempos.
3. A natureza divina da Bíblia. Como confirmar a natureza divina da Bíblia? Há meios pelos quais a fonte divina da Bíblia pode ser constatada e aceita, tais como: a) sua unidade: b) sua mensagem sem igual; c) o cumprimento de suas profecias e d) o seu testemunho próprio.
Mesmo tendo sido escrita por diferentes pessoas, nas mais variadas condições e em diferentes épocas, a unidade doutrinária e estrutural da Bíblia indica a inquestionável e necessária presença de um idealizador soberano, que conduziu a sua composição e estruturação. A mensagem das Escrituras também faz dela um livro divino, pois reafirma a perfeição de Deus, o estado de Queda do homem e os seus efeitos, o amor de Deus revelado em Cristo, bem como o chamado ao homem para a redenção e para a esperança de vida eterna. A Bíblia contém profecias, das quais muitas já se cumpriram, outras estão em franco cumprimento e outras que ainda se cumprirão, e somente Deus é capaz de anunciar antecipadamente e, com precisão, a sua vontade. A própria Bíblia dá testemunho de sua natureza divina (2Sm 23.1,2; 2Tm 3.16; 2Pe 1.20,21).
Historicamente, as doutrinas bíblicas surgiram e se consolidaram como respostas às ameaças e defesa aos ataques à unidade da fé da Igreja. Nesse ponto, a doutrina se reafirma como indispensável à vida da igreja, pois ela cumpre uma função delimitadora, mantendo assim a sua integridade.
Os testemunhos da arqueologia, da própria Bíblia e das muitas vidas transformadas pela Palavra de Deus, de forma conjunta, também confirmam a natureza divina da Bíblia.
Professor(a), dê início ao tópico com a seguinte pergunta: “O que é inspiração bíblica?”. Ouça os alunos com atenção. Depois, explique que “inspiração é o termo usado para a ação direta de Deus sobre os escritores bíblicos. Embora a individualidade de cada um fosse mantida, foram ao mesmo tempo movidos, guiados e guardados pelo Espírito Santo; desse modo, o que escreveram constitui a suficiente Palavra de Deus para a humanidade. De acordo com essa declaração, fica evidente ser a Bíblia um produto tanto humano quanto divino. Veremos algo do seu autor — sua perspectiva, estilo, temperamento e outros. Mas toda ela traz o selo do impulso divino, para indicar que por trás e no interior da obra do autor humano está o próprio Deus. Portanto, mediante o processo da inspiração, Deus é o autor das Escrituras.
Uma das passagens que especificam a autoria divina: ‘Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo’ (2Pe 1.21). Esses autores foram inspirados por uma influência especial do Espírito Santo, que fez com que os seus escritos também fossem inspirados pelo sopro de Deus.” (Manual do Estudante. Rio de Janeiro: CPAD, 1997, pp.122,123).
III. A BÍBLIA COMO FONTE DA DOUTRINA
1. Definição do termo. O significado do termo “doutrina” é amplo. A este respeito, o Dicionário Teológico editado pela CPAD afirma: “[Do lat. Doctrino, do verbo docio, ensinar, instruir, educar.] Conjunto de princípios que formam a base de um sistema religioso”. Já em uma análise mais específica, a referida obra dá a seguinte explicação: “A doutrina cristã acha-se baseada na Bíblia Sagrada — nossa única regra de fé e prática. Ela pode vir expressa em forma de credos, declarações de fé ou dogmáticas”.
A doutrina também pode ser entendida como ensinamento. Portanto, doutrinar é ensinar com base em um conjunto de crenças pertencente a uma pessoa, individualmente, mas principalmente a um determinado grupo religioso, coletivamente. Quanto ao uso do termo “doutrina” nesta lição, e em todas as demais deste trimestre, relaciona-se com as bases da fé cristã, conforme expostas e ensinadas nas Escrituras Sagradas.
2. A importância da doutrina bíblica. A sua estima se confirma de muitas formas, principalmente se considerada a sua missão de apontar o caminho a ser seguido pela Igreja, isto é, para onde ela deve ir, mas também de protegê-la dos ataques externos, e, nesse caso, advertindo-a sobre o que não fazer como método de manutenção de sua saúde espiritual.
Historicamente, as doutrinas bíblicas surgiram e se consolidaram como respostas às ameaças e defesa aos ataques à unidade da fé da Igreja. Nesse ponto, a doutrina se reafirma como indispensável à vida da igreja, pois ela cumpre uma função delimitadora, mantendo assim a sua integridade. Uma igreja sem as doutrinas bíblicas pode ser comparada a uma casa sem portas, cuja característica é a ausência de limites e a presença marcante e desastrosa da desordem.
A doutrina bíblica lança luz na trajetória da igreja e fecha as portas para as ameaças externas.
3. Bíblia, verdadeira fonte doutrinária. A esta altura deve estar claro que a Bíblia é o instrumento de comunicação de Deus com o homem, que se dá em duas dimensões: com o homem, em geral e com a Igreja, em particular. Note que a ordem de Jesus é para que o Evangelho seja pregado a todo o mundo (Mc 16.15), assim como Paulo afirmou que compartilharia o mesmo Evangelho com os irmãos que estavam em Roma (Rm 1.15). Obedecendo os respectivos propósitos, o Evangelho a ser pregado ao pecador é o mesmo a ser ensinado à Igreja, cuja fonte é uma só, a Palavra de Deus, isto é, a Bíblia.
Considerando que, conforme já visto, doutrina é ensinamento, as palavras de Paulo confirmam que a Bíblia é a fonte de toda doutrina cristã: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm 3.16).
Professor(a), diga que doutrina é “didache no grego e denota ensinamento, quer aquilo que é ensinado (por exemplo, Mt 7.28; Tt 1.9; Ap 2.14,15,24), quer o ato do ensino, instrução (por exemplo, Mc 4.2; Rm 16.17). Didashalia, denota aquilo que é ensinado, doutrina (Mt 15.9; Mc 7.7; Ef 4.14; 1Tm 1.10). No mesmo tempo que o termo didache é usado apenas duas vezes nas Epístolas Pastorais (em 2Tm 4.2 e Tt 1.9), o termo didashalia é empregado quinze vezes. Ambos são usados nos sentidos ativo e passivo (ou seja, o ato de ensinar e o que é ensinado).” (Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p.579).
CONCLUSÃO
Nesta lição reafirmamos o lugar da Bíblia como fonte genuína da doutrina cristã. Vimos que ela é a inspirada Palavra de Deus, cujo desenvolvimento histórico e estrutural comprova que, não obstante tenha sido escrita por homens falíveis, Deus é a sua fonte; o que faz dela o Livro dos livros, pois é o instrumento infalível e inerrante de comunicação da mensagem de Deus aos seres humanos.
HORTON, Stanley M.; MENZIES, Willian W. Doutrinas Bíblicas. 2ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.
1. Qual o significado do vocábulo Bíblia?
O vocábulo Bíblia tem origem na expressão grega biblos (Mt 1.1), que significa “um livro”, ou ainda, de forma diminutiva “biblion” (Lc 4.17) que significa “pequeno livro”.
2. Qual o significado da expressão “Canon Sagrado”?
A palavra “cânon” é de origem cristã e vem do grego kanon e provavelmente do hebraico “haneh”, que quer dizer “junco”, “cana” ou “vara de medir”, com referência a uma regra ou uma norma a seguir.
3. Qual era o formato original da Bíblia?
Seu formato original era a de um rolo (Jr 36.2), feito de papiro e pergaminho (2Tm 4.13).
4. Segundo a lição, como confirmar a natureza divina da Bíblia?
Há meios pelos quais a fonte divina da Bíblia pode ser constatada e aceita, tais como: a) sua unidade: b) sua mensagem sem igual; c) o cumprimento de suas profecias e d) o seu testemunho próprio.
5. Defina o termo “doutrina”.
“Conjunto de princípios que formam a base de um sistema religioso”.