LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

3º Trimestre de 2024

 

Título: Na cova dos leões — O exemplo de fé e coragem de Daniel para o testemunho cristão em nossos dias

Comentarista: Valmir Nascimento

 

 

Lição 10: Os impérios mundiais e a supremacia do Filho do Homem

Data: 8 de setembro de 2024

 

 

TEXTO PRINCIPAL

 

Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem [...].(Dn 7.13).

 

RESUMO DA LIÇÃO

 

Os reinos deste mundo vêm e vão, mas a soberania de Deus é para sempre.

 

LEITURA DA SEMANA

 

SEGUNDA — Hb 1.3

Jesus é rei eternamente

 

 

TERÇA — Dn 2.44

O reino do Messias será único e eterno

 

 

QUARTA — Ap 20.4

O reino milenial de Cristo

 

 

QUINTA — Dn 7.14

O reino do Messias é invencível

 

 

SEXTA — Mt 6.33

A realidade do Reino de Deus

 

 

SÁBADO — Fp 2.10,11

Todo joelho se dobrará

 

OBJETIVOS

 

  • SABER a ocasião e as características da visão de Daniel dos quatro animais;
  • APRENDER sobre a interpretação profética do sonho;
  • COMPREENDER como se dará o cumprimento profético nos últimos tempos, com o julgamento.

 

INTERAÇÃO

 

O capítulo 7 do livro de Daniel marca uma transição significativa na narrativa, trazendo uma mudança de gênero literário. Enquanto os primeiros seis capítulos concentram-se em histórias e eventos da vida de Daniel e seus amigos, a partir do capítulo 7, entramos no território das visões e profecias. A partir daqui, até o capítulo 12, o livro assume um caráter apocalíptico, à medida que Daniel relata uma série de visões e sonhos que recebeu. Ao todo, serão quatro visões: duas no período babilônico e duas no período medo-persa. É importante perceber, portanto, que a narrativa não segue a sequência cronológica do capítulo anterior. As primeiras duas visões são anteriores aos acontecimentos relatados no capítulo 6; e as outras duas, após. Nesta lição, estudaremos o relato da visão dada a Daniel sobre os quatro animais e o Filho do Homem, que forma um paralelo com o sonho de Nabucodonosor do capítulo 2.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

A partir desta lição iniciamos a seção apocalíptica do Livro de Daniel. Para uma aula de qualidade, é fundamental que você pesquise sobre o tema em livros de referência, especialmente dicionários e obras escatológicas. Para esta lição, apresenta o quadro sinótico abaixo com as características associadas aos animais que representam os impérios mundiais descritos no capítulo 7, bem como a visão do Filho do Homem que representa o reino eterno de Deus. É uma visão profética complexa que descreve o curso da história mundial e a soberania divina sobre os impérios da Terra.

 

 

TEXTO BÍBLICO

 

Daniel 7.3-8,13,14.

 

3 — E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar.

4 — O primeiro era como leão e tinha asas de águia: eu olhei até que lhe foram arrancadas as asas, e foi levantado da terra e posto em pé como um homem; e foi-lhe dado um coração de homem.

5 — Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne.

6 — Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas: tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.

7 — Depois disso, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez pontas.

8 — Estando eu considerando as pontas, eis que entre elas subiu outra ponta pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram arrancadas; e eis que nesta ponta havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente.

13 — Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele.

14 — E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino, o único que não será destruído.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Na lição de hoje estudaremos o capítulo 7 do livro de Daniel, que contém a descrição de uma visão profética que ocorreu durante o primeiro ano de reinado de Belsazar. Essa visão precede os eventos narrados nos capítulos anteriores do livro, e possui um paralelo com o sonho de Nabucodonosor, narrado no capítulo 2, mas com uma riqueza de detalhes que aprofunda nossa compreensão sobre o desenrolar da história mundial e a suprema soberania divina que permeia todos os eventos. A lição nos lembra de que Deus está no controle de todas as coisas.

 

 

I. A VISÃO DOS QUATRO ANIMAIS

 

1. A ocasião da visão. O capítulo 7 de Daniel descreve uma visão que o profeta teve durante o reinado de Belsazar. Vale lembrar que a partir desta seção, o livro não está redigido de forma cronológica, por isso não é uma sequência do capítulo anterior. Daniel data a visão no primeiro ano do reinado de Belsazar. Logo, ela ocorreu pelo menos dez anos antes do banquete mencionado no capítulo 5, sobre o qual estudamos na lição 8.

Na visão de Daniel, ele observa os “quatro ventos do céu” agitando o “grande mar” (7.2). Essa imagem simbólica sugere que eventos poderosos e influentes, representados pelos ventos, estão prestes a desencadear mudanças significativas e turbulentas na história da humanidade, simbolizada pelo mar. Na Bíblia, a agitação do mar representa a inquietude das nações da Terra (Is 17.12; Ap 17.15).

2. Os quatro grandes animais. Daniel continua descrevendo sua visão, na qual quatro grandes animais surgem do mar: o “leão com asas de águia” (v.4); o urso (v.5); o leopardo com quatro asas (v.6) e o quarto animal, terrível e espantoso (v.7). A notável característica desses animais é que cada um deles é “diferente do outro”, o que indica que eles representam reinos ou impérios distintos, cada um com suas próprias características, poderes e importância na história. A simbologia animalesca indica a natureza selvagem dos impérios, que batalham em busca de domínio e poder. Esses quatro animais representam os reis da terra (v.17): o rei da Babilônia, o rei Medo-Persa, o rei da Grécia e o rei de Roma. Portanto, profetizando no período do Império Babilônico, Daniel anteviu a sua queda e os governos seguintes.

3. O espanto de Daniel. A visão era tão impressionante que deixou Daniel perplexo (v.15). Apesar de ser um homem sábio e experiente, aquela revelação era profunda e impactante para ele. Não importa o quanto tenhamos caminhado na vida cristã, Deus sempre nos surpreende. As implicações sombrias para as pessoas da terra e para o seu próprio povo eram mais do que Daniel podia absorver calmamente. Contudo, o anjo de Deus estava lá para dar entendimento a Daniel, explicando o sentido do sonho (vv.16,17).

 

SUBSÍDIO I

 

 

Professor(a), peça que leiam Daniel “7.17. Depois explique que estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra.

A grande visão dada a Daniel se adapta perfeitamente com a interpretação verdadeira. Aqueles grandes impérios eram de fato discernidos quanto ao seu verdadeiro caráter de bestas ferozes. Em linhas gerais, esses grandes animais são discernidos pelo tempo e pela história, como segue:

1) O leão (tipificando o Império da Babilônia). O versículo 4 do capítulo em foco, determina essa interpretação: Numa simbologia perfeita, o monarca caldeu é ali representado. Tem também respaldo bíblico em outras partes das Escrituras Sagradas (Jr 4.7; 49.19; Hc 1.8; ver Ez 17.3).

2) O urso simbolizava o Império Medo-Persa. Já tivemos a oportunidade de explicar, em outras notas, porque esta fera se ‘levantou de um lado’.

As três costelas na sua boca representam as três primeiras potências conquistadas por Ciro (Babilônia, Lídia, na Ásia Menor, e Egito).

3) O leopardo representa o Império Greco-Macedônio.

As 4 asas, significam seus 4 generais: as 4 cabeças, as quatro realezas fundadas por estes generais depois da morte de Alexandre.

4) A fera terrível representa o Império Romano.” (DA SILVA, Severino Pedro. Daniel Versículo por Versículo: As Visões para Estes Últimos Dias. Rio de Janeiro: CPAD, 2004).

 

 

II. A INTERPRETAÇÃO DO SONHO

 

1. Os reinos deste mundo. O sonho de Daniel guarda relação direta com a estátua do sonho de Nabucodonosor no capítulo 2. O sonho e a visão retratam as mesmas realidades históricas, sob perspectivas diferentes.

a) Império Babilônico: O leão, animal feroz e régio, corresponde à cabeça de ouro (2.38) e, em Jeremias 4.7 e 50.17, Nabucodonosor é comparado a um leão. A menção de que lhe foi dado um coração de homem (7.4), alude à sua restauração, após ter vivido entre os animais (Dn 4).

b) Império Medo-Persa: O urso que levantou de um lado é retratado como o peito e braços de prata da estátua, correspondendo ao Império Medo-Persa. A este animal as pessoas diziam: “Levanta-te, devora muita carne” (v.5). Na simbologia profética, segundo os pastores Antônio Gilberto e Severino Pedro, as três costelas entre os dentes seriam potências conquistadas pelo império (Babilônia, Lídia e Egito).

c) Império Grego: O leopardo com asas correlaciona-se com o ventre e quadris de bronze. As características deste animal representam adequadamente o Império Grego liderado por Alexandre, o Grande, que conquistou uma nação após a outra com extrema velocidade. Com a sua morte, o império se dividiu em quatro partes, distribuídas entre os seus generais: Seleuco, Ptolomeu, Lisímaco e Cassandro.

d) Império Romano: O quarto animal despertou a curiosidade de Daniel de maneira singular (v.19). Ele lembra a parte inferior da estátua, com pernas de ferro e os pés e dedos de ferro e barro. O profeta antecipou o período em que o Império Romano emergiu como uma superpotência. A descrição do verso 7 diz que o Urso fazia seus inimigos em pedaços. A primeira coisa que fazia o Império Romano após conquistar uma nação, era dividir suas terras em regiões, tetrarquias, províncias e distritos. Roma se destacou como o império mais impactante na história da humanidade. Enquanto era formidável, representado pelo ferro em sua força e eficácia administrativa, também se mostrava frágil, como o barro, devido à imensa corrupção que, em última instância, contribuiu para o declínio de um império cujo nome se tornou sinônimo de grandiosidade e decadência.

2. O Anticristo. As dez pontas (algumas traduções usam a expressão “chifres”) que saíam da cabeça do quarto animal prefiguravam dez reis advindos do antigo Império Romano (v.20). Mas outro rei, representado pela pequena ponta, se levantará após os dez reis e abaterá os três primeiros, arrancando-os tal como descreve a visão. Essa descrição encontra ressonância em Apocalipse 17.12-14. Os fatos proféticos do versículo 8 são ainda futuros, como bem mostra o Livro de Apocalipse. Na escatologia pentecostal, a interpretação é que a pequena ponta representa o Anticristo, que surgirá no final dos tempos e fará guerra aos santos (7.21). Esse é o homem do pecado, o filho da perdição (2Ts 2.3,4). O Anticristo será a mais completa personificação de Satanás e o seu mais autêntico representante (2Ts 2.9), porém, se apresentará como se fosse Deus. Será “o iníquo” (2Ts 2.8), e a sua influência será “mundial”, pois governará sobre todas as nações (Ap 13.8; Dn 8.24: Ap 17.12).

 

SUBSÍDIO II

 

Professor(a), inicie o tópico fazendo a seguinte pergunta: “Diante das tensões geopolíticas da atualidade, o que podemos fazer?”. Incentive a participação de todos e ouça os alunos com atenção. Diga que assim como Daniel, podemos orar e confiar em Deus. Sabemos que o bode que surge na visão de Daniel e derrota o carneiro é o rei da Grécia (v.21) e que o Anticristo terá poder no mundo, mas será derrotado por Cristo. Em seguida, pergunte: “Como vocês acreditam que o Anticristo será?”. Ouça os alunos com atenção e depois explique que segundo o pastor Antônio Gilberto ele “será um homem personificando o Diabo, porém, apresentando-se como se fosse Deus (Dn 11.36). Ele terá uma habilidade e capacidade desconhecida até hoje”.

Ressalte que assim como Antíoco, o Anticristo também será derrotado, mas não por algum rei humano, mas pelo próprio Cristo.

Deus é soberano e tem o controle da história, das nações e de toda a humanidade, criada pelas suas mãos. Não podemos nos esquecer dessa verdade para que não venhamos ficar aflitos diante das circunstâncias desse mundo.

 

 

III. O REINO DE DEUS E O SEU JULGAMENTO

 

1. O juízo divino. A visão de Daniel mostra que o poder dos animais não é para sempre. O versículo nove nos diz: “foram postos uns tronos, e um ancião de dias se assentou: sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça, como a limpa lã; o seu trono, chamas de fogo, e as rodas dele, fogo ardente” (v.9). O trono é símbolo de poder, governo e julgamento. A profecia nos revela que o juiz supremo neste julgamento é o “ancião de dias”, que é uma representação de Deus, com cabelos brancos e vestes brancas. O tribunal divino, apresentado no sétimo capítulo de Daniel, revela que Deus julgará “a pequena ponta” e proferirá o veredito final contra o quarto animal, que representa Roma (vv.11,12). Este é o ponto culminante da visão de Daniel, onde o Altíssimo avalia e julga as más ações, a crueldade e a maldade das nações deste mundo!

2. A vinda do “Filho do Homem” (vv.13,14). No sonho do capítulo 2, a estátua colossal foi destruída por uma pedra que depois encheu toda a terra. Agora, no capítulo 7, o animal será destruído e “um como filho do homem” assume o Reino para sempre (vv.13,14). A pedra que esmaga a estátua e cresce para encher a terra é comparável à ascensão de Jesus Cristo como o Messias e a promessa de que seu reino se estabelecerá para sempre. Isso significa que os poderes terrenos e humanos são temporários, mas o Reino de Deus é eterno e preencherá todo o espaço. A mensagem central é a supremacia e o domínio duradouro de Deus sobre todas as coisas. Isso renova as nossas esperanças e fé no poder do Senhor Deus.

3. A Grande Tributação. Os versos 24 e 25 apresentam um período específico dos últimos tempos, no qual o Anticristo perseguirá o povo de Deus. Ele vai falar contra Deus e perseguir os seguidores de Deus, representados como “os santos”, mártires e crentes advindos da Grande Tributação. Além disso, ele tentará mudar leis e regulamentos, possivelmente tentando suprimir a religião e os princípios morais. Por “um tempo, e tempos, e metade de um tempo”, o “Anticristo” terá autoridade no mundo. Esse período equivale a “três anos e meio”, ou “quarenta e dois meses” ou “mil e duzentos e sessenta dias” (Dn 12.7; 9.27; Ap 12.14; 7.14). Ele compreende a metade dos sete anos finais prescritos como a Grande Tributação e o fim do “tempo dos gentios”. Nos primeiros “três anos e meio” o Anticristo fará acordo com Israel, mas não o cumprirá (Dn 9.27). Este é o período de grande poder e influência política desse líder mundial sobre o mundo e os judeus. Mas o Messias o dominará e quebrará o seu reino de mentira. O Anticristo será condenado e a plenitude do Reino de Deus será estabelecida para sempre!

 

 

PROFESSOR(A), a interpretação de qualquer livro considerado apocalíptico não exige uma hermenêutica específica ou sistemas interpretativos especiais. Mudar sua hermenêutica é separar a profecia bíblica de seu cumprimento histórico. E uma tentativa liberal de se considerar a profecia como mito ou fantasia.” (LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 5ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.175).

 

 

CONCLUSÃO

 

Como vimos no capítulo 7, Daniel recebe visões a respeito dos quatro grandes impérios e do estabelecimento do reino eterno de Deus. Essas visões revelam a promessa de que, apesar dos impérios e das forças poderosas que governam o mundo, o Senhor Deus continua no controle e, ao final, estabelecerá seu reino eterno de justiça e paz. Isso nos desafia a manter nossa fé firme, mesmo em meio às incertezas e turbulências do mundo, pois Deus tem um plano soberano que se cumprirá.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

 

MORGAN. Robert J. Os 50 Acontecimentos finais da História da Humanidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. Quando Daniel teve a visão dos quatro animais?

No primeiro ano do reinado de Belsazar.

 

2. Quais eram os animais da visão?

O “leão com asas de águia” (v.4); o urso (v.5); o leopardo com quatro asas (v.6) e o quarto animal, terrível e espantoso (v.7).

 

3. O urso simboliza qual império mundial?

O Império Medo-Persa.

 

4. 4. Na escatologia pentecostal, qual a interpretação sobre a “pequena ponta”?

A interpretação é que a pequena ponta representa o Anticristo, que surgirá no final dos tempos e fará guerra aos santos (7.21). Esse é o homem do pecado, o filho da perdição (2Ts 2.3,4).

 

5. A que período equivale a expressão “um tempo, e tempos, e metade de um tempo”?

Esse período equivale a “três anos e meio”, ou “quarenta e dois meses” ou “mil e duzentos e sessenta dias” (Dn 12.7; 9.27; Ap 12.14; 7.14).