Título: Na cova dos leões — O exemplo de fé e coragem de Daniel para o testemunho cristão em nossos dias
Comentarista: Valmir Nascimento
Lição 11: Revelações sobre o Tempo do Fim
Data: 15 de setembro de 2024
“E aconteceu que, havendo eu, Daniel, visto a visão, busquei entendê-la e eis que se me apresentou diante uma como semelhança de homem.” (Dn 8.15).
O conhecimento das coisas futuras nos dá esperança e a certeza de que Deus está no controle de todas as coisas.
SEGUNDA — 2Ts 2.3-4
O homem da iniquidade
TERÇA — Ap 13.1-10
Os atos da Besta
QUARTA — 1Jo 2.18
Anticristos no mundo
QUINTA — 2Pe 3.13,14
Esperança futura
SEXTA — Rm 12.21
Vencendo o mal com o bem
SÁBADO — 1Ts 4.16,17
Esperança futura
Professor(a), no oitavo capítulo, encontramos o relato de Daniel sobre uma visão profética que teve no terceiro ano do reinado de Belsazar. Nessa visão, Daniel foi transportado espiritualmente para a cidadela de Susã, na região de Elão, onde testemunhou uma intensa batalha entre um carneiro e um bode. Esses símbolos representam eventos relacionados aos impérios Medo-Persa e Grego, além de fornecerem um vislumbre profético da ascensão do Anticristo. Essa visão preenche os principais detalhes do plano divino para a humanidade até o fim dos tempos. Além disso, ela nos lembra que, mesmo em meio à turbulência geopolítica, Deus mantém o controle soberano sobre a ascensão e queda de reis e reinos. Nessa passagem, os fiéis foram previamente informados das calamidades que estavam por vir, a fim de que eles pudessem direcionar seus olhares para o Senhor e confiar em sua soberania, mesmo em tempos de incerteza.
Nesta aula recorde aos seus alunos o sentido da palavra “escatologia”. Ela é formada pela junção dos termos “eschatos”, que significa “último” ou “final”, e “logos”, que significa “estudo” ou “tratado”. Portanto, a escatologia estuda os últimos acontecimentos da história humana, conforme Deus revelou em sua Palavra. Lembre-os que, ao estudarmos esses temas, não podemos ser direcionados pela especulação, pelo medo e pela fuga da realidade. Em vez disso, precisamos nos manter vinculados àquilo que a Bíblia diz, termos uma perspectiva de esperança e mantermos o nosso compromisso com a vida cotidiana. Uma visão distorcida do estudo das últimas coisas pode levar à busca de detalhes sensacionalistas e à negligência das responsabilidades terrenas. No entanto, a abordagem escatológica correta nos direciona para compreensão dos princípios-chave das Escrituras, à confiança em Deus e à expectativa no cumprimento da sua Palavra.
Use o quadro abaixo que mostram dois erros comuns e opostos quando se estuda o fim dos tempos.
Daniel 8.1-6.
1 — No ano terceiro do reinado do rei Belsazar, apareceu-me uma visão, a mim, Daniel, depois daquela que me apareceu no princípio.
2 — E vi na visão (acontecendo, quando vi, que eu estava na cidadela de Susã, na província de Elão), vi, pois, na visão, que eu estava junto ao rio Ulai.
3 — E levantei os meus olhos e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha duas pontas; e as duas pontas eram altas, mas uma era mais alta do que a outra; e a mais alta subiu por último.
4 — Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte, e para o meio-dia; e nenhuns animais podiam estar diante dele, nem havia quem pudesse livrar-se da sua mão; e ele fazia conforme a sua vontade e se engrandecia.
5 — E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha uma ponta notável entre os olhos.
6 — Dirigiu-se ao carneiro que tinha as duas pontas, ao qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo o ímpeto da sua força.
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos o capítulo 8 do Livro de Daniel. Esta visão, narrada por Daniel, descreve um conflito entre um carneiro e um bode, numa alusão aos impérios Medo-Persa e Grego. Ao mesmo tempo, a passagem descreve uma revelação sobre Antíoco Epifânio e a sua representação do Anticristo, nos tempos do fim.
I. A VISÃO DE UM CARNEIRO E UM BODE
1. Características da visão. A visão do capítulo 8 ocorre no terceiro ano do reinado de Belsazar, por volta de 550/549 a.C. Não se tratava de uma visão pelos olhos físicos e nem imaginação da mente humana, mas uma revelação celestial concedida pelo Senhor ao seu servo. Em seu vislumbre profético, Daniel se vê na cidadela de Susã, na província de Elão, localizada a cerca de 300 quilômetros a leste da Babilônia. A expressão “cidadela” alude a um local específico, referindo-se a uma fortaleza situada em lugar estratégico, que domina e protege uma cidade. Segundo historiadores, Susã servia como residência de inverno dos reis persas.
É importante perceber que grande parte da visão é explicada pelo anjo Gabriel, a quem Deus enviou com o propósito de dar a interpretação a Daniel.
2. O carneiro. O primeiro animal da visão do profeta é um carneiro que possuía duas pontas (chifres), simbolizando o Império Medo-Persa (v.20). Os dois chifres compridos do animal, sendo um maior que o outro, representam a história destes dois impérios que se unem após a conquista da Média por volta de 550 a.C., dando origem ao Império Aquemênida. O chifre mais alto (v.3) aponta para a Pérsia, que apesar de ser posterior ao reino Medo, tornou-se proeminente.
3. Ciro, o Grande. Este foi o líder persa responsável por essa unificação e, posteriormente, pela tomada da Babilônia. Trata-se do mesmo Ciro mencionado pelo profeta Isaías (Is 44.28; 45.1) que Deus levantou para colocar fim ao período de exílio dos judeus na Babilônia (Ed 1.1). Isso porque Deus é soberano e usa quem Ele quer para cumprir os seus desígnios sobre o seu povo e sobre o mundo.
De acordo com o relato de Daniel (vv.4,5), Ciro era um conquistador implacável, sendo invencível em suas campanhas militares, o que o tornou um líder poderoso. Filho do rei persa, Cambises, Ciro conseguiu conquistar os territórios da Mesopotâmia, de toda a Ásia Menor (atual Turquia) e de territórios a leste da Pérsia (parte ocidental da Índia). Também é conhecido por sua atitude respeitosa em relação aos inimigos derrotados, tratando os povos conquistados com tolerância.
“Razões para estudar o fim dos tempos
A questão não é se devemos estudar o fim dos tempos. Os cristãos têm de considerar o fim dos tempos! Veja por quê:
1. Os apóstolos de Jesus mandaram que o povo de Deus pesquisasse as Escrituras (2Tm 3.14-17; 2Pe 1.19,20), e as Escrituras testificam que Deus dará um fim ao mundo como o conhecemos (Is 65.17-25).
2. Jesus, repetidamente, lembrou os discípulos sobre sua futura chegada (Mt 24.42; veja também Mt 25.13; Mc 13.35-37; Lc 12.37).
3. Paulo disse aos seus leitores: ‘Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão. [...] Vigiemos e sejamos sóbrios’ (1Ts 5.4,6).
4. No Apocalipse, João registrou esta bênção dita pelos próprios lábios de Jesus: ‘Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia’ (Ap 16.15).
Portanto, a questão não é se devemos pensar sobre o fim dos tempos. Deus é claro em querer que consideremos, cuidadosamente, sobre o fim dos tempos.
A questão é: ‘Como podemos ‘controlar os pés’ em nosso estudo sobre o fim dos tempos? Como estudar a segunda vinda de Jesus sem nos desviar do curso e entrar em território doutrinal perigoso? Como explorar o fim dos tempos de forma a focarmos em Jesus?’.
Há um fato que você precisa saber para manter-se na direção certa quando se trata de estudar o fim dos tempos: Só é perigoso quando você foca na direção errada.” (JONES, Timothy Paul. Guia Profético para o Fim dos Tempos. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p.7).
II. O BODE E O PEQUENO CHIFRE
1. O bode. O bode peludo que surge na visão de Daniel e derrota o carneiro é o rei da Grécia (v.21). Na história, ele é identificado como “Alexandre, o Grande” (356-323 a.C.), rei da Macedônia. Amplamente reconhecido como um dos maiores líderes militares da história, graças às suas conquistas expansivas pelo mundo conhecido na época. Educado pelo filósofo Aristóteles, também difundiu a cultura grega por meio de uma política chamada “helenização”. O fato do animal surgir “sem tocar no chão” (v.5) mostra a velocidade da sua expansão. Em doze anos de reinado, Alexandre tinha um vasto império que se estendia da Grécia até a Índia.
2. Os quatro chifres. Alexandre morreu com apenas 33 anos de idade sem sucessor familiar, cumprindo-se a profecia de que o seu reino seria quebrado e repartido, mas não para a sua posteridade (cf. Dn 11.8). Os quatro chifres que surgem referem-se à divisão do reino depois da sua morte (v.22), que desencadeou uma série de lutas entre os seus generais: Cassandro, Lisímaco, Ptolomeu e Seleuco. O império foi então dividido em quatro partes, cada uma governada por um dos generais. Cassandro reinou na Macedônia; Lisímaco reinou na Trácia e Ásia Menor; Ptolomeu reinou no Egito e Seleuco reinou sobre a Síria e o restante do Oriente Médio. Este último reino incluía a Judeia naquela ocasião e será ele o palco da sequência da profecia.
3. O pequeno chifre. Enquanto Daniel observava, viu surgir de um dos quatro chifres um pequeno chifre, que cresceu rapidamente e se lançou contra o exército do céu (v.10), profanando o santuário. Historicamente, esse pequeno chifre simboliza Antíoco IV (215-162 a.C.), pertencente à dinastia selêucida. Embora não fosse herdeiro direto do trono, Antíoco assumiu o poder após o assassinato de Seleuco IV Filopátor, em meio a intrigas e disputas. Ao assumir o trono sírio, mudou o título para Antíoco Epifânio, isto é, “Deus manifestado”, reinando de 175 a 164 a.C. Dotado de um temperamento cruel e sanguinário, esse homem cometeu diversas atrocidades contra o povo judeu, buscando o seu extermínio. Em uma de suas campanhas militares, invadiu Jerusalém e profanou o Templo, conforme a visão de Daniel (vv.10,11). Posteriormente, proibiu as práticas religiosas judaicas. Isto deu lugar à Revolta dos Macabeus, liderada por Judas Macabeu.
“O carneiro medo-persa (8.3-4)
Na primeira visão de Daniel no capítulo 7, os animais que simbolizavam o poder mundial eram animais selvagens. Agora a disposição da visão muda e dois desses mesmos poderes mundiais aparecem como animais domesticados - um carneiro e um bode. Será que é possível que o Espírito de Deus esteja retratando aqui mais uma importante fase da vida humana e da história, ou seja, o aspecto cultural? Enquanto o capítulo 7 ressalta o poder político das nações, o capítulo 8 destaca as influências culturais. Se concordarmos com essa hipótese, é possível imaginar que esses dois aspectos, provenientes de dois reinos diferentes, convirjam em dado momento em uma manifestação culminante do mal, ou seja, no surgimento do Anticristo.” (SWIN, Roy E. Comentário Bíblico Beacon. Volume 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p.529).
III. O TEMPO DO FIM
1. Um protótipo do Anticristo. Em razão de suas características e descrições bíblicas, Antíoco é tido por muitos intérpretes das Escrituras como um tipo de Anticristo, um líder no fim dos tempos que se levantará contra o povo de Deus e fará coisas semelhantes (vv.23,24). Conforme o ensino do saudoso Pr. Antônio Gilberto, Antíoco seria o cumprimento parcial desta visão; o Anticristo, o cumprimento cabal. Suas características são as de um ditador mundial. Será o último grande governo mundial da história, identificado em Apocalipse como a besta que surge do mar (Ap 13.1) - é uma personagem que terá controle sobre dez reinos. Ela representa o Anticristo e o seu governo (Ap 17.13). Contudo, assim como Antíoco, o Anticristo também será derrotado, mas não por algum rei humano, mas pelo próprio Cristo (v.25). O verso 25 retrata o Armagedom apocalíptico, quando o poder gentílico mundial sob o Anticristo será sobrenaturalmente destruído por Cristo na sua vinda.
2. Uma visão atormentadora. A visão foi tão terrível que Daniel ficou fragilizado, espantado (v.27) e adoeceu. Afinal, ele viu coisas angustiantes que se abateriam sobre o mundo e principalmente sobre o seu próprio povo. Por mais espirituais que possamos ser, existem momentos em que a fraqueza nos abate. Contudo, diz a Bíblia que ele se levantou e voltou aos seus afazeres perante o rei. Mesmo sabendo que o rei seria destronado, Daniel não deixou de trabalhar e servir. Isso mostra que o conhecimento do porvir e a escatologia não podem nos levar a uma fuga da realidade e das nossas responsabilidades terrenas.
3. Humildade e confiança diante do futuro. Ao final, Daniel declara que ninguém podia entender aquela visão; estava além da compreensão humana. O profeta foi humilde em reconhecer que nem mesmo ele tinha todas as respostas. Atitude muito diferente daqueles em nossos dias que parecem saber tudo sobre os eventos escatológicos, inclusive detalhes irrelevantes baseados em especulações. O estudo das últimas coisas exige seriedade e cautela (Dt 29.29; Rm 12.3). Assim como o profeta, precisamos confiar no Senhor. Olhando para o contexto social e político, era praticamente improvável conjecturar os fatos futuros, como por exemplo a ascensão da Grécia.
“O Anticristo será um homem personificando o Diabo, porém, apresentando-se como se fosse Deus (Dn 11.36; 2Ts 2.3,4). [...] A Besta ou Anticristo será uma personagem de uma habilidade e capacidade desconhecida até hoje. Será o maior líder de toda a história; acima de qualquer famoso general ou governante mundial conhecido. Será portador de uma personalidade irresistível. Sua sabedoria e capacidade serão sobrenaturais. Além da ação diabólica direta, outros fatores contribuirão decisivamente para a implantação do governo do Anticristo, como poderio bélico, alta tecnologia e poder econômico.
Será um grande demagogo. Influenciará decisivamente as massas com seus discursos inflamados (Ap 13.5). A Bíblia diz que toda a terra se maravilhará após a Besta (Ap 13.13). Exercerá uma influência e um fascínio extraordinário sobre as massas. [...] O Anticristo será recebido ao aparecer como solução dos problemas e crises sociais e políticas que fustigam o mundo inteiro, para os quais os líderes mundiais mais capazes não encontram solução.” (GILBERTO, Antônio. O Calendário da Profecia. 16ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2003. pp.48,49).
CONCLUSÃO
Ao estudarmos os últimos eventos mundiais, de acordo com a revelação das Escrituras, somos tomados pela esperança e a certeza de que Deus está no controle de todas as coisas. Enquanto isso, vivendo nesse mundo, mantemos nossa responsabilidade social e afazeres.
JONES, Timothy Paul. Guia Profético para o Fim dos Tempos. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.
1. Qual o sentido da expressão “cidadela”?
A expressão “cidadela” refere-se a um local específico, referindo-se a uma fortaleza situada em lugar estratégico, que domina e protege uma cidade.
2. Quem o carneiro, na visão de Daniel, simbolizava?
O Império Medo-Persa.
3. Na história, com quem é identificado o bode?
“Alexandre, o Grande” (356-323 a.C.), rei da Macedônia.
4. Em razão de suas características e descrições bíblicas, Antíoco é tido por muitos intérpretes da Escrituras como sendo quem?
Como um tipo de Anticristo, um líder no fim dos tempos que se levantará contra o povo de Deus e fará coisas semelhantes (vv.23-24).
5. O que retrata do verso 25 da passagem em estudo?
O verso 25 retrata o Armagedom apocalíptico, quando o poder gentílico mundial sob o Anticristo será sobrenaturalmente destruído por Cristo na sua vinda.