LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

3º Trimestre de 2024

 

Título: Na cova dos leões — O exemplo de fé e coragem de Daniel para o testemunho cristão em nossos dias

Comentarista: Valmir Nascimento

 

 

Lição 12: Estudo, oração e as Setenta Semanas de Daniel

Data: 22 de setembro de 2024

 

 

TEXTO PRINCIPAL

 

Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa Cidade.(Dn 9.24).

 

RESUMO DA LIÇÃO

 

Deus revela os seus planos, mas os fiéis devem buscar entendimento e interceder pelo povo da promessa.

 

LEITURA DA SEMANA

 

SEGUNDA — Jr 25.12-14

Setenta anos profetizados por Jeremias

 

 

TERÇA — 2Pe 1.20,21

Homens que falaram inspirados pelo Espírito

 

 

QUARTA — Hb 1.14

Anjos, espíritos ministradores

 

 

QUINTA — Ne 2

O início das Setenta Semanas

 

 

SEXTA — Lc 21.24

O tempo dos gentios

 

 

SÁBADO — 1Ts 1.10

A igreja preservada

 

OBJETIVOS

 

  • APRENDER com a postura de Daniel de estudo e oração diante da profecia;
  • COMPREENDER a revelação de Deus sobre o futuro de Israel;
  • ENTENDER o teor da profecia das Setenta Semanas.

 

INTERAÇÃO

 

Prezado(a) professor(a), como tem sido a compreensão dos alunos sobre as aulas ministradas? É muito importante que você acompanhe a assimilação da sua classe, especialmente sobre temas escatológicos. Lembre-se de que o entendimento do significado das profecias bíblicas requer dedicação, como fez Daniel ao estudar com zelo os escritos de Jeremias. Nesta aula, verifique se algum tópico da aula anterior permanece obscuro para eles ou se há alguma dúvida persistente que precisa ser esclarecida. Ressalte a relevância do tópico que abordaremos, uma das profecias escatológicas mais significantes: as Setenta Semanas de Daniel. Ela começou a se cumprir a partir do decreto da restauração de Israel por ordem do rei Artaxerxes (Ne 2.1-8), contudo, a última semana ainda não teve início. Esta profecia trata do plano de Deus para Israel e anuncia o Anticristo e a Grande Tribulação nos tempos do fim.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Prezado(a) professor(a), para facilitar a compreensão da profecia das Setenta Semanas, reproduza o esquema abaixo que mostra as etapas do seu cumprimento ao longo da história. No terceiro tópico, enfatize que estamos vivendo um hiato que antecede a septuagésima semana. De acordo com a nossa linha teológica, a Igreja de Cristo será arrebatada e não estará na terra durante a última semana, período da Grande Tributação.

 

 

TEXTO BÍBLICO

 

Daniel 9.1-4,20-24.

 

1 — No ano primeiro de Dario, filho de Assuero, da nação dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus.

2 — No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o SENHOR ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as desolações de Jerusalém, era de setenta anos.

3 — E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração, e rogos, e jejum, e pano de saco, e cinza.

4 — E orei ao SENHOR, meu Deus, e confessei. e disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos.

20 — Estando eu ainda falando, e orando, e confessando o meu pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a face do SENHOR, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus.

21 — Estando eu, digo, ainda falando na oração, o varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente e tocou-me à hora do sacrifício da tarde.

22 — E me instruiu, e falou comigo, e disse: Daniel, agora sai para fazer-te entender o sentido.

23 — No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; toma, pois, bem sentido na palavra e entende a visão.

24 — Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua Santa Cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos santos.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Nesta lição, estudaremos o capítulo 9 do livro de Daniel, ocasião em que o profeta se acha profundamente preocupado com o destino de seu povo e de Jerusalém. Ele busca entender o plano de Deus para a restauração de Israel e o fim do exílio. Com fervor espiritual, orou a Deus buscando respostas, e sua oração sincera é atendida por uma revelação profunda por meio do anjo Gabriel Esta revelação divina contém a profecia das Setenta Semanas, por meio da qual Deus faz saber sobre um período de tempo decretado para o seu povo e sua cidade santa. Neste episódio, além de aprendermos mais uma vez com a postura piedosa de Daniel veremos a história redentora que se desdobra na Bíblia, incluindo a vinda do Messias, sua morte e o subsequente destino de Jerusalém.

 

 

I. ESTUDO E INTERCESSÀO DE DANIEL

 

1. Estudando as profecias. O reino dos caldeus havia chegado ao fim com a queda da Babilônia (Dn 5.30-31). e agora Israel encontrava-se sob o domínio do Império Medo-Persa, sob o governo de Dario. Consciente acerca das visões que Deus lhe dera, a mente de Daniel se volta para o seu povo, dedicando-se ao estudo das antigas profecias por meio das Escrituras (v.2). Ele se recordou da referência de Jeremias, profeta que vaticinou sobre o cativeiro babilônico. Ele tinha convicção de que Deus falara com Jeremias e que podia falar com ele também. Tendo estudado os livros, os pergaminhos trazidos de Jerusalém, Daniel teve entendimento acerca do cumprimento da desolação de Jerusalém no período de setenta anos. Esta profecia encontra-se nos capítulos 25 e 29 de Jeremias, referindo-se ao período de provação dos israelitas sob domínio estrangeiro.

2. Persiste em ler. É interessante perceber o zelo de Daniel em ler e estudar o ensino ministrado por outros profetas. O verdadeiro profeta, afinal, jamais despreza o estudo sistematizado das Escrituras. Daniel era um homem de oração e também dos livros, tinha visões, mas nunca abandonou a Palavra escrita de Deus. Eis um dos segredos de como viver na Babilônia, sem que a “Babilônia” viva em você. Isso nos Lembra de que a leitura da Bíblia e de livros de bons autores é vital para o entendimento do cristão sobre as questões espirituais. Por isso, Paulo aconselha o jovem Timóteo a persistir na Leitura (1Tm 4.12).

3. Oração e jejum. Ao compreender a mensagem, Daniel buscou o Senhor em oração e súplicas, com jejum (v.3). Ele estava empenhado em uma busca profunda e sincera pela ajuda divina. Ao longo de sua jornada de fidelidade, Daniel sempre se mostrou um homem de oração. Ele orou por livramento; orou para agradecer, e agora orava para interceder. Daniel tinha convicção de que era preciso voltar-se ao Senhor com um coração contrito e arrependido por causa da sua nação. Por isso, ele põe-se a interceder pelo povo de Judá, de Jerusalém e de todo o Israel. O uso do pano de saco e as cinzas simboliza arrependimento. A oração do profeta foi, sobretudo, uma confissão de reconhecimento de culpa (vv.4-14). Embora íntegro, Daniel não se pôs acima do povo, mas na mesma condição. Ele não apresenta desculpas ou justificativas, antes reconhece a justiça do Senhor e suplica pelo seu perdão (vv.15-19). Com este exemplo bíblico, um verdadeiro modelo de influência que devemos seguir, somos inspirados em nossos dias a compreender o valor da oração intercessória e do jejum (Ef 6.18; 1Ts 1.2; 1Tm 2.1,2; Mt 6.16-18).

 

SUBSÍDIO I

 

 

Professor(a), explique aos alunos que “Daniel entendeu, a partir das profecias de Jeremias, que o exílio na Babilônia duraria setenta anos (Dn 9.2; Jr 25.11; 29.10). Ele reconheceu que a restauração dependia do arrependimento nacional (Jr 29.10-14), de modo que Daniel intercedeu pessoalmente por Israel com penitência e petições. Ele orou especificamente pela restauração de Jerusalém e do Templo (Dn 9.3-19). Aparentemente, Daniel esperava o cumprimento imediato e completo da restauração de Israel com a conclusão do cativeiro dos setenta anos. No entanto, a resposta que lhe foi entregue por Gabriel (a profecia dos setenta anos) revelou que a restauração de Israel seria progressiva e se cumpriria definitivamente somente no tempo do fim.” (LAHAYE, Tim; HINDSON Ed. (Ed.). Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.429).

 

 

II. DEUS REVELA O FUTURO DO SEU POVO

 

1. A resposta da oração. Antes mesmo de terminar a sua intensa oração, o anjo Gabriel aparece repentinamente diante dele (v.21). Este ser angelical, o mesmo registrado no capítulo 8, é mencionado na Bíblia como mensageiro de Deus (Lc 1.19,20,26). Foi enviado nesta ocasião em resposta à súplica do profeta, para lhe dar entendimento sobre a visão (vv.22,23). Apesar do espanto, Daniel deve ter experimentado um conforto indescritível ao ouvir a voz do anjo. Seu pedido moveu o céu. Muitas vezes, em nossas vidas, não recebemos uma resposta divina rápida, daí a necessidade da perseverança (Cl 4.2). No caso de Daniel, porém, o Senhor apressou-se em atender ao seu servo, porque era ele “mui amado” (v.23). A verdade maravilhosa é que Deus tem prazer em ouvir a oração dos seus filhos, sobretudo quando se concentram na glória do seu nome!

2. Oração aos anjos? Você deve notar que Daniel dirigiu a sua oração a Deus, e não ao anjo Gabriel. Em lugar algum das Escrituras temos autorização para orar aos seres angelicais. Esse tipo de prática é chamado de angelolatria, ou seja, idolatria aos anjos. Embora eles sejam seres espirituais com poderes extraordinários superiores aos homens (Sl 8.4,5; 103.20; 2Pe 2.11), são criaturas limitadas. Não são oniscientes (1Pe 1.12) e recusam a adoração (Ap 22.8,9); antes, adoram a Deus e a Cristo (Ap 5.11,12). Eles são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14). Assim, supostas mensagens angelicais não podem perverter o Evangelho revelado em sua Palavra (Gl 1.8). Por essas mesmas razões, conforme consta em nossa Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, a ideia de que todas as pessoas possuem um anjo da guarda designado para acompanhá-las durante toda a sua vida não tem sustentação bíblica.

3. A revelação das Setenta Semanas e o Messias. A mensagem de explicação do anjo celeste revela um tempo determinado de setenta semanas decretadas por Deus para o seu povo e sua cidade santa (v.24). Fazendo uma contagem histórica da profecia de Jeremias, Daniel compreendia que o cativeiro estava terminando. Isso viria a se cumprir por intermédio do Decreto de Ciro, não muito tempo depois. Contudo, o anjo dá um entendimento mais profundo e apocalíptico das Setenta Semanas, que se aplica não somente a Israel, mas a todo o mundo. Semelhantemente a Daniel, Deus quer que você amplie o seu entendimento e tenha uma dimensão mais profunda da sua Palavra e da vida espiritual As Setenta Semanas simbólicas destacam sobretudo o tempo e a obra do Messias. Ele é descrito como o Ungido e o Príncipe (vv.25,26). O verso 24 apresenta seis aspectos da sua obra redentora: acabar com a transgressão, dar fim ao pecado, expiar a iniquidade, trazer a justiça eterna, selar a visão e a profecia, e ungir o lugar santíssimo.

 

SUBSÍDIO II

 

 

Professor(a), mostre aos seus alunos as principais escolas escatológicas: Preterista, Progressista e Futurista. A “Preterista, interpreta as profecias de Daniel e do Apocalipse como já cumpridas, com exceção de umas poucas. Progressista, como o próprio nome já indica, interpreta Daniel e o Apocalipse como o desenvolvimento histórico do mundo e a Futurista, segundo essa escola, quase todas as profecias de Daniel e do Apocalipse se cumprirão durante os sete anos que se seguirão ao arrebatamento da Igreja, que, por sua vez, ocorrerá repentinamente.” (ALMEIDA, Abraão. Israel, Gogue e o Anticristo. 11ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, pp.122,123).

 

 

III. ENTENDENDO AS SETENTA SEMANAS

 

1. Semanas de anos. Na Bíblia, o número setenta possui um sentido profético. Nesta profecia, as Setenta Semanas são semanas de anos, não de dias. A Leitura da passagem (vv.24-27) mostra que as semanas estão divididas em três grupos. Sendo semanas de anos, totalizam 490 anos. Os três grupos são: a) 7 semanas (49 anos), b) de 62 semanas (434 anos), c) uma semana (7 anos).

a) Sete semanas (49 anos): O início deu-se com o decreto da reconstrução de Jerusalém (v.25). Os principais estudiosos do assunto concordam que se trata do decreto de Artaxerxes Longimano, baixado em 445 a.C. (cf. Ne 2).

b) Sessenta e duas semanas (434 anos): Refere-se ao período do advento do Messias, Jesus de Nazaré (vv.25,26). Neste tempo o Senhor foi morto e mais tarde Jerusalém foi novamente destruída através da liderança do general do exército romano, Tito, em 70 d.C.

c) Uma semana (7 anos): Esta semana ainda não aconteceu (v.27). Compare Daniel 9.27 com Mateus 24.15 e veja como se trata de uma profecia que ainda não se cumpriu. Esta última semana refere-se, então, ao período que implicará o advento do Anticristo e o início do tempo de tributação para Israel e para o mundo. A Grande Tributação será o período de maior angústia da história humana (Ap 6.15-17), quando o mundo testemunhará a ira do Senhor (Jr 30.7). Essa etapa da história foi determinada por Deus para fazer justiça contra a rebelião dos moradores da Terra e preparar a nação de Israel para o encontro com o seu Messias.

2. As duas metades da septuagésima semana. A Septuagésima Semana pode ser dividida em duas metades distintas. A primeira metade será marcada pelo reinado absoluto do Anticristo — “o príncipe”, de acordo com Daniel 9.26b. Ele enganará Israel fazendo uma aliança com o povo judeu (Dn 9.27a), e buscará a adoração como se fora Deus (2Ts 2.4b), profanando o santuário, o lugar santo para o povo de Israel, como alertou o próprio Senhor Jesus (Mt 24.15). A segunda metade terá início quando Israel se negar a adorá-lo, e então o Anticristo quebrará o acordo de paz — depois de três anos e meio (Dn 9.27b) — e perseguirá o povo judeu. Essa segunda metade é A Grande Tributação propriamente dita (1Ts 5.3; Jr 30.7). Ao final do período de sete anos, aparecerá o Libertador de Israel: “E, assim, todo o Israel será salvo.” (Rm 11.26).

3. O intervalo e a igreja. O estudo das Escrituras demonstra um longo intervalo de tempo que precede a septuagésima semana. A Bíblia identifica este intervalo profético como “o tempo dos gentios” (Lc 21.24). Atualmente, estamos no tempo da graça de Deus e temos de anunciar o ano aceitável do Senhor para o mundo inteiro (Lc 4.18,19).

É importante ressaltar que a profecia de Daniel refere-se a Israel e a Jerusalém. A Igreja de Cristo não passará pela Grande Tribulação (Ap 3.10), pois terá sido arrebatada. Neste período, receberemos nossos galardões consoante ao trabalho que executamos na expansão do Reino de Deus. A promessa de Jesus à sua Igreja é a de preservá-la desse sofrimento (1Ts 1.10; 5.9; Lc 21.35,36).

 

 

CONCLUSÃO

 

Ao término desta aula, a profecia das Setenta Semanas de Daniel nos leva a reconhecer a importância da dedicação ao estudo e da vigilância constante. Aprofundar nosso entendimento dessas profecias escatológicas requer esforço contínuo e atenção aos detalhes, pois são temas complexos que nos desafiam a ir além da superfície. Que o Senhor nos dê graça e continue guardando a sua igreja.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

 

LAHAYE, Tim; HINDSON, Ed. (Ed.). Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. Qual outro profeta, mencionado pela lição, profetizou sobre o cativeiro?

Jeremias.

 

2. O que simbolizava o uso de saco e as cinzas?

Simboliza arrependimento.

 

3. Qual o nome da prática de orar aos seres angelicais?

Angelolatria, ou seja, idolatria aos anjos.

 

4. Quais os grupos de anos que compõem as Setenta Semanas de Daniel?

Os três grupos são: a) 7 semanas (49 anos), b) de 62 semanas (434 anos), c) uma semana (sete anos).

 

5. A septuagésima semana pode ser dividida em quantas metades?

Em duas metades distintas.