Título: Alcance um futuro feliz e seguro — Conselhos de Salomão no Livro de Provérbios: Um convite à Sabedoria e às promessas de proteção
Comentarista: Marcelo de Oliveira
Lição 13: Protegendo-se com integridade na Sociedade
Data: 29 de dezembro de 2024
“Quando os justos triunfam, há grande alegria; mas, quando os ímpios sobem, os homens escondem-se.” (Pv 28.12).
A sabedoria e a integridade são virtudes do cristão que se manifestam na sociedade.
SEGUNDA — Pv 1.1-6
Chamado para ser sábio
TERÇA — Mc 7.20-23
O que contamina o ser humano
QUARTA — 1Jo 2.15-17
O amor pelas coisas do mundo
QUINTA — Mt 4.19
Chamados para transformar o mundo
SEXTA — Pv 1.7
O temor do Senhor
SÁBADO — Mt 20.26,27
Um chamado para servir
Com a graça de Deus estamos encerrando mais um trimestre. Tivemos a oportunidade ímpar de estudar o livro de Provérbios (1.1-6) e gostaríamos de recordar o seu propósito: levar sabedoria. Este livro foi escrito para nos educar em diversas áreas de nossas vidas. Contudo, é importante que você conclua esta série de ensino ressaltando que, mais do que ser sábio e integro em cada áreas de nossas vidas, é importante que essas virtudes ultrapassem os muros da nossa vida interior. Não vivemos sozinhos, isolados, mas em sociedade, por isso, somos convocados por Deus para agir sabia e integramente na sociedade em que vivemos.
Nesta última lição, veremos que a sabedoria divina não opera na vida interna, mas nos impulsiona a externalizar o que está dentro de nós como valores divinos que derivam da Palavra de Deus.
Professor(a), reproduza o quadro abaixo e utilize-o na introdução da lição. Mostre aos alunos que o bom ensinamento vem do bom aprendizado, e o livro de Provérbios tem mais a dizer aos estudantes que aos professores.
Provérbios 23.17-21; 24.1,2.
Provérbios 23
17 — Não tenha o teu coração inveja dos pecadores; antes, sê no temor do Senhor todo o dia.
18 — Porque deveras há um fim bom; não será malograda a tua esperança.
19 — Ouve tu, filho meu, e sê sábio e dirige no caminho o teu coração.
20 — Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne.
21 — Porque o beberrão e o comilão cairão em pobreza; e a sonolência faz trazer as vestes rotas.
Provérbios 24
1 — Não tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com eles.
2 — Porque o seu coração medita a rapina, e os seus lábios falam maliciosamente.
INTRODUÇÃO
Não vivemos sozinhos, isolados, mas em sociedade. Por isso, somos convocados por Deus para agir sábia e integramente na sociedade em que vivemos. Este é o assunto desta última lição.
I. SABEDORIA, PRUDÊNCIA E SOCIEDADE
1. Sabedoria e prudência na manutenção da ordem social. A seção de versículos (vv.2-12) do capítulo 28 que forma o nosso texto base, embora cada um desses versículos possa ser considerado individualmente, tomados por um conjunto, como os intérpretes atestam, revela um componente ideal de sociedade. O contexto de Provérbios 28.2-12 mostra que a base de uma sociedade justa e ordeira é que o ideal de justiça e integridade domine seus habitantes. O versículo 2 revela que por causa da injustiça e da impiedade, frequentemente os príncipes são destronados, mas se um príncipe é sábio e prudente, a ordem é assegurada. Aqui a sabedoria e a prudência são virtudes que fazem a manutenção da ordem social. Essa percepção está de pleno acordo com o versículo 12 que mostra a alegria do povo quando os justos triunfam e a apatia das pessoas quando os injustos se levantam. Portanto, sabedoria e prudência são virtudes que desenvolvem a vida interior e, ao mesmo tempo, devem se manifestar na vida exterior e no convívio social.
2. Quando a injustiça prospera. Os versículos 3, 6, 8 e 11 abordam a questão do tratamento social dos ricos para com os pobres e dos pobres para com outros pobres. O contexto mostra que a ausência da sabedoria e da integridade é determinante para que o pobre seja oprimido, vilipendiado e sistematicamente ignorado. É terrível para uma sociedade quando a tolice e a corrupção se multiplicam, pois até o pobre oprime outros pobres (v.3), o perverso se envaidece com as suas riquezas (v.6), a ganância e os abusos dos juros são insaciáveis (v.8) e os que possuem riqueza pensam em não precisar de mais nada (v.11). Uma sociedade assim se apressa para a autodestruição, pois a ausência da sabedoria e da integridade revela algo muito mais grave: uma rebelião sistemática contra a Justiça de Deus.
3. Quando não há compromisso com a Lei de Deus. Em Provérbios está muito claro que o sábio e o íntegro são os que observam a Lei de Deus e, por isso, tem no “temor do SENHOR” a base moral e espiritual para toda sua atitude na vida (Pv 1.7). Assim, os versículos 4, 5, 7 e 9 revelam que a recusa de se perseverar na Lei do Senhor gera pessoas cada vez menos comprometidas com as virtudes, como a sabedoria e a integridade. As pessoas que oprimem o pobre já abandonaram a Lei de Deus (v.4), nem entendem o que é justiça nem buscam ao Senhor de todo o coração (v.5); pessoas gananciosas e soberbas já não guardam a Lei de Deus há muito tempo (v.7); e os que têm uma falsa aparência de piedade e praticam todas essas injustiças simplesmente têm suas orações como abomináveis diante de Deus (v.9). O versículo 10 confirma que os íntegros herdarão o bem, mas o que procuram desviar os retos de sua integridade sofrerão as consequências. Dessa forma o contexto de Provérbios 28.2 e 12 deixa muito claro que a sabedoria e a integridade são virtudes indispensáveis para uma sociedade socialmente justa e moralmente íntegra.
Professor(a), com base em tudo o que estudamos no decorrer do trimestre, faça as seguintes perguntas: “Qual a diferença entre o conhecimento e a sabedoria?”; “Qual é o perigo potencial de ter conhecimento sem sabedoria?”. Incentive a participação de todos os alunos e ouça as respostas com atenção. Em seguida “explique que como é fácil adquirir conhecimento, mas como é difícil e doloroso o processo de obter sabedoria. O homem transmite conhecimento. Deus dá sabedoria. O conhecimento nos vem com a educação, seja absorvendo o que os mais educados têm a dizer, seja simplesmente reunindo informações aqui e ali, no caminho da vida. Mas e quanto à sabedoria que vem do alto? Como você já sabe, não há curso, não há escola, não há banco de dados na terra onde possamos acessar a sabedoria. E, diferentemente do conhecimento, que pode ser avaliado em análises objetivas, quantificado por exames e certificado por diplomas, a sabedoria desafia a mensuração; ela é muito mais subjetiva, requer mais tempo para sua aquisição, e tem muito a ver com a nossa atitude.” (SWINDOLL, Charles R. Vivendo Provérbios. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.248).
II. O JUSTO DIANTE DOS VALORES OPOSTOS DA SOCIEDADE
1. Diante das injustiças. As questões das injustiças e desigualdades sociais estão na ordem do dia em nossa sociedade. Por causa delas, surgem ideologias diversas que buscam dar respostas imperiosas para as injustiças. Diante desse quadro, como o jovem cristão deve se posicionar? À luz da lição de Provérbios, a maneira de um(a) jovem cristão atuar sociedade tem a ver com apresentar, de maneira sábia e íntegra com a vida, a veracidade da mensagem que ele(a) carrega consigo. Um(a) jovem que pensa biblicamente nunca reduzirá o problema social a uma mera questão. Ele sabe que a Palavra de Deus revela que há um problema no coração do ser humano que é a fonte de todo mal social que impera no mundo (Mc 7.20-23). Logo, a solução não se reduz ao programa social de um governo, como se somente as políticas públicas resolvessem a questão que é do coração. Dessa forma, sua responsabilidade é apresentar a mensagem de salvação que altera radicalmente o interior do pobre e, consequentemente, sua posição na sociedade. Além disso, suprir as necessidades mais básicas de quem precisa, como bem fazia a igreja do primeiro século (At 2.42-47; Tg 2.14-17), também está na ordem do dia para um autêntico cristão (Gl 2.10).
2. Diante da corrupção moral. O problema da nossa sociedade não se resume às questões sociais. Há uma dificuldade moral grave em que um longo processo de desconstrução tem sido claramente desenvolvido para desconstruir as famílias e a noção de gênero. Nesse sentido, um(a) jovem cristão, que pensa biblicamente, deve se apresentar aos outros jovens como aquele(a) que não se envergonha do compromisso ético do Evangelho em toda a esfera de sua vida (1Pe 1.15,16). Assim, perseverar num estilo de vida frontalmente oposto ao do mundo nada tem a ver com desrespeitar pessoas, mas manter um compromisso inegociável com Deus, sem amar o mundo apesar de vivermos nele (1Jo 2.15-17).
3. Tocando o mundo das pessoas. Um jovem cristão sábio e prudente, com uma consciência bíblica, não terá a pretensão de “transformar o mundo”, pois sabe que esse tipo de utopia é ilusão. Transformar completamente o mundo é uma tarefa tão acima de nossas possibilidades que só será possível com o retorno glorioso de nosso Salvador para implantar pessoalmente o seu reino visível neste mundo (Ap 20.1-6). Contudo, isso não significa que não podemos ser instrumentos de Deus para transformar as almas das pessoas (Mt 4.19). Isso é perfeitamente possível! Deus conta conosco para isso! Quando servimos alguém em sua necessidade, somos instrumentos transformadores do mundo de uma pessoa. Quando damos suporte ao próximo que está passando por uma tentação, ou qualquer outra luta pessoal, é uma alma que estamos tocando, é uma transformação que está acontecendo, pois Deus está nos usando como um instrumento. Quando o nosso discurso é respeitoso (Cl 4.6), quando nossa resposta sobre a nossa fé é carregada de um espírito manso (1Pe 3.15), podemos tocar o coração das pessoas com o Evangelho do Senhor Jesus Cristo (Lc 24.32). Então, suas vidas podem ser radicalmente transformadas. Não podemos transformar o mundo, mas podemos ser instrumentos de Deus para transformar o mundo das pessoas.
Professor(a), inicie o tópico fazendo a seguinte pergunta: “Como o jovem cristão deve se posicionar diante das injustiças sociais?”. Incentive a participação de todos os alunos. Ouça as respostas e diga que as questões das injustiças e desigualdades sociais estão na ordem do dia em nossa sociedade. Por causa delas, surgem ideologias diversas que buscam dar respostas imperiosas para causas dessas injustiças. Há ideologias que acertam na análise, mas erram nas soluções de modo que o que antes acusavam como opressão, elas mesmas se tornam opressoras. (Adaptado de Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, p.817).
III. QUANDO A SABEDORIA E A INTEGRIDADE SE MANIFESTAM EXTERNAMENTE
1. Vale a pena ser integro? O texto de Provérbios, nesta lição, nos ensina que a integridade, que é um fruto da sabedoria, é uma virtude que vem de dentro para fora. Quando não há integridade, a impiedade reina; e é natural que quanto mais pessoas ímpias, mais a sociedade é injusta. Geralmente, quando há uma cultura de impiedade se torna até “perigoso” ser integro. Dessa forma é preciso coragem e perseverança para permanecer na integridade. Por isso, a manutenção dessa virtude passa pelo princípio fundamental do “temor do SENHOR” como o início e o fim de tudo (Pv 9.10). O ser humano que não teme a Deus não temerá também os outros. Essa é grande diferença entre cultivarmos valores que começam e terminam em Deus e observarmos valores meramente criados por uma ética humana, frutos de uma perspectiva antropocêntrica.
2. Sabedoria: amando os mandamentos de Deus. O livro de Provérbios também nos ensina que não há sabedoria sem o amor pelos mandamentos de Deus. Na Bíblia, sabedoria só é possível quando a verdade da Palavra de Deus se encontra no centro do coração humano. Isso significa dizer que não basta apenas conhecer os mandamentos de Jesus, é preciso amá-los e cumpri-los. Nesse caso não é difícil amá-los, pois eles foram encarnados numa pessoa, o Senhor Jesus. Guardar os mandamentos é amar a Jesus (Jo 14.21). E quando amamos o Senhor, desejamos ser seus discípulos, imitá-lo em sabedoria, integridade, verdade, justiça e paz (Mc 1.22). Nosso Senhor é o exemplo supremo da verdadeira sabedoria. Podemos ser mansos porque Ele foi manso, podemos ser humildes porque Ele foi humilde (Mt 11.29). A vida de Jesus é um bálsamo de amor e um exemplo encarnado do que é ser verdadeiramente sábio.
3. Sabedoria e integridade para servir a sociedade. Em Provérbios o sábio e o íntegro sempre estão dispostos a servir com a sua sabedoria e integridade. Assim, a melhor maneira de responder ao mundo é com o serviço baseado no amor. É a mesma perspectiva que o Senhor Jesus nos ensinou: “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28; cf. Jo 13.12-15). Sim, servir a sociedade de maneira que coloquemos em prática os profundos ensinamentos de Jesus: no lugar de responder o inimigo na mesma moeda, socorrê-lo quando precisar (Rm 12.20); tratar com respeito os idosos (1Tm 5.1); tratar com respeito as pessoas do sexo oposto (1Tm 5.1,2); fazer o bem como um compromisso ético de fazer a coisa justa (Tg 4.17). Servir a sociedade acaba sendo uma referência ao amor do Senhor para conosco. Talvez possamos pensar que ela não mereça que a sirvamos, mas também não merecíamos que nosso Senhor nos servisse e desse a sua vida por nós, mas Ele o fez. Portanto, o seguidor de Jesus, o sábio e íntegro, entende que é seu dever servir outro ser humano (Mt 20.26,27). Nisso se resume a sabedoria e a integridade para servir.
CONCLUSÃO
O livro de Provérbios é um convite a sair da vida superficial para um estilo de vida mais profundo e repleto de significados espirituais. Ao longo deste trimestre, aprendemos o quanto a sabedoria da Palavra de Deus é profundamente prática. Nesta lição, vimos que a sabedoria divina não opera somente na vida interna, mas nos impulsiona a externalizar o que está dentro de nós como valores divinos que derivam da Palavra de Deus. Assim, somos convidados a ser íntegros, amantes dos mandamentos de Cristo e pessoas dispostas a servir na sociedade em que vivemos.
1. O que o contexto de Provérbios 28.2-12 mostra?
O contexto de Provérbios 28.2-12 mostra que a base de uma sociedade justa e ordeira é que o ideal de justiça e integridade domine seus habitantes.
2. O que os versículos 3, 6, 8 e 11 abordam?
Os versículos 3, 6, 8 e 11 abordam a questão do tratamento social dos ricos para com os pobres e dos pobres para com outros pobres.
3. O que os versículos 4, 5, 7 e 9 revelam?
Os versículos 4, 5, 7 e 9 revelam que a recusa de se perseverar na Lei do Senhor gera pessoas cada vez menos comprometida com as virtudes, como a sabedoria e a integridade.
4. Cite exemplos que mostram como podemos tocar a alma de uma pessoa.
Quando o nosso discurso é respeitoso (Cl 4.6). quando nossa resposta sobre a nossa fé é carregada de um espírito manso (1Pe 3.15), podemos tocar o coração das pessoas com o Evangelho do Senhor Jesus Cristo (Lc 24.32).
5. Sobre a relação da integridade com os mandamentos de Deus o que o livro de Provérbios ensina?
O livro de Provérbios também nos ensina que não há sabedoria sem o amor pelos mandamentos de Deus.