Título: A verdadeira religião — Um convite à autenticidade na Carta de Tiago
Comentarista: Eduardo Leandro Alves
Lição 4: A autenticidade contra a parcialidade
Data: 26 de janeiro de 2025
“Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas.” (Dt 10.17).
Deus não faz acepção de pessoas, por isso precisamos tratar todos com igualdade e amor.
SEGUNDA — At 10.34,35
Deus não faz acepção de pessoas
TERÇA — Tg 2.9
Fazer acepção de pessoas é pecado
QUARTA — At 10.35
Temer a Deus e fazer o que é justo
QUINTA — Dt 1.17
“Ouvireis assim o pequeno como o grande”
SEXTA — 1Pe 1.17
Andai em temor a Deus
SÁBADO — 1Tm 5.21
Não faça nada por parcialidade
Prezado(a) professor(a), na lição desse domingo vamos tratar a respeito da discriminação e a parcialidade com as pessoas. Veremos que segundo a Palavra de Deus, este é um grave erro, um pecado contra o Senhor. Tal atitude parecia estar prejudicando os irmãos da igreja do primeiro século e tem prejudicado a Igreja na atualidade. Fazer acepção de pessoas é estabelecer um juízo de valor baseado em conceitos desse mundo, como a aparência física (exterior), status social, cor da pele, cultural ou etnia. Estudaremos a abordagem da Carta de Tiago a respeito desse pecado segundo as Escrituras. Não podemos jamais esquecer de que servimos a Deus e que Ele não faz acepção de pessoas (Dt 10.17; Rm 2.11). É impossível ter fé em Deus e fazer acepção de pessoas.
Para essa aula, sugerimos que você reproduza o quadro abaixo. Utilize-o para apresentar aos alunos porque é errado mostrar favoritismo.
POR QUE É ERRADO O FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS
1. É incompatível com os ensinos de Cristo.
2. Resulta de pensamentos maus.
3. Insulta as pessoas feitas à imagem de Deus.
4. É um subproduto de motivos egoístas.
5. É contrário à definição bíblica de amor.
6. Mostra falta de misericórdia pelos menos afortunados.
7. É hipocrisia.
8. É pecado.
Tiago 2.1-13.
1 — Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.
2 — Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar também algum pobre com sórdida vestimenta.
3 — E atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado.
4 — Porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?
5 — Ouvi, meus amados irmãos. Porventura, não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?
6 — Mas vós desonrastes o pobre. Porventura, não vos oprimem os ricos e não vos arrastam aos tribunais?
7 — Porventura, não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado?
8 — Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis.
9 — Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores.
10 — Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos.
11 — Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu, pois, não cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei.
12 — Assim falai e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade.
13 — Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa sobre o juízo.
INTRODUÇÃO
Na Carta de Tiago encontramos um chamado à autenticidade na fé cristã, especialmente no que diz respeito ao tratamento das pessoas.
O texto bíblico que estudaremos nesta lição, nos ensina que não devemos trataras pessoas com parcialidade, interesse ou preconceito. Juntos vamos examinar esse ensinamento que será dividido em três pontos: a proibição da parcialidade, o impacto do preconceito e a chamada para a misericórdia.
Veremos, mediante o texto bíblico, como esses princípios se aplicam à nossa vida cristã diária.
I. A PROIBIÇÃO DA ACEPÇÃO DE PESSOAS
1. O mandamento. O texto de Tiago 2.1 nos exorta a não fazermos distinção entre as pessoas: “Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.” A fé cristã exige que os discípulos de Jesus amem a Deus e ao próximo (Mt 22.39). Quem demonstra favoritismo insulta ao Criador e as pessoas feitas à sua imagem.
O termo grego para acepção é prosōpolēpsia. Esse termo se refere as pessoas que, erroneamente, consideram ser mais importantes aqueles que são ricos, famosos ou influentes na sociedade. Essa prática era comum na sociedade antiga, onde os ricos e poderosos eram frequentemente tratados com maior respeito e privilégio do que os pobres. Logo, percebemos que essa não é uma prática nova. No entanto, as Escrituras a condenam e nos levam a valorizar as pessoas independente dos seus bens materiais, sexo, cor da pele e segmento religioso a que pertence etc. O tempo passou e as sociedades mudaram, mas a Palavra de Deus é imutável e eterna (Mt 24.35).
Não é só Tiago que trata a respeito dessa temática no Novo Testamento encontramos várias referências que mostram que Deus não faz acepção de pessoas (Rm 2.11; Ef 6.9; Cl 3.25).
2. Tratamento injusto não deve existir entre os santos. Tiago exorta a respeito do tratamento diferenciado que era dado aos ricos (Tg 2.2-4). Ele critica a distinção feita pelos irmãos em relação à aparência pessoal e ao status social, pois tais atitudes vão contra os ensinamentos das Sagradas Escrituras. A Palavra de Deus deixa claro que a acepção de pessoas é incompatível com a fé cristã.
É dever do cristão tratar a todos com respeito e dignidade, independentemente de sua posição social, seja na igreja, seja no trabalho ou em família. É preciso refletir o caráter de Deus, apesar de ainda conviver com as duas naturezas: a nova, gerada pelo Espírito Santo e a caída, implantada em nós pela Queda. Como novas criaturas (2Co 5.17), temos o Espírito Santo habitando em nós e precisamos permitir que Ele corrija nossas atitudes, produzindo o seu fruto em nós.
3. “A lei real”. Em Tiago 2.8, ele menciona a “lei real” encontrada nas Escrituras. O que seria essa “lei real”? É amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo (Mt 22.37,38). Este é um dos princípios centrais do Cristianismo que deve governar nossas ações.
A igreja deve ser um lugar de acolhimento, onde todos são bem-vindos e valorizados. Isso inclui ser hospitaleiro, cuidadoso com os pobres, marginalizados e todos aqueles que são frequentemente discriminados pela sociedade. É importante ressaltar que acolher e valorizar o indivíduo não significa acolher o pecado, as práticas contrárias à Palavra de Deus. Não podemos confundir não fazer acepção de pessoas com o apoio ao erro, às práticas contrárias aos preceitos divinos. A igreja deve acolher a todos, e, nesse acolhimento, demonstrar o amor de Deus que transforma qualquer realidade mediante a obra vicária de Jesus Cristo, o nosso Salvador.
Prezado(a) professor(a), inicie o tópico fazendo a seguinte pergunta: “O que significa fazer acepção de pessoas?”. Incentive a participação dos alunos e ouça as respostas com atenção. Em seguida, explique que significa trataras pessoas de maneira diferente, usando medidas diferentes segundo a condição social, a cor da pele, o grau de estudo etc. Explique que a acepção de que Tiago fala é um favoritismo maléfico e incompatível com a fé cristã. Jesus morreu na cruz e ressuscitou para destruir todo favoritismo: “Onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos” (Cl 3.11). A Palavra de Deus também afirma que, como nova criatura, “não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8.4). Um autêntico cristão jamais será partidário da acepção de pessoas que é uma forma de discriminação, seja ela qual for.
II. AS CONSEQUÊNCIAS DO FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS
1. Divisão. O preconceito, além de ferir os princípios divinos, causa divisões dentro da igreja. Quando tratamos as pessoas de maneira diferente, estamos ferindo a unidade que Cristo deseja para o seu Corpo, a Igreja. A unidade do Corpo de Cristo é um tema central do Novo Testamento. Qualquer forma de preconceito e exclusão atenta contra essa unidade, causando o enfraquecimento da comunhão entre os irmãos. As Escrituras Sagradas enfatizam, repetidamente, a importância da unidade entre os crentes (Ef 4.3-6; 1Co 12.12,13).
2. Julgamento. Tiago 2.6,7 nos adverte a respeito do perigo de menosprezar os pobres e favorecer os ricos. Lembrando de que, naquele contexto social, os ricos frequentemente oprimiam os pobres e blasfemavam contra o nome de Cristo. É errado julgar uma pessoa por sua condição econômica ou aparência.
Jesus, segundo o texto de Isaías 61, veio para os pobres: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos pobres [...]” (Is 61.1 — NAA). O texto do profeta Isaías destaca a missão de Cristo e a sua chamada para cuidar dos pobres e oprimidos. Todo julgamento humano é contrário ao Evangelho, pois Cristo veio por amor a fim de restaurar a toda a humanidade perdida (Jo 3.16).
3. Desvalorização do ser humano. A acepção de pessoas desvaloriza a dignidade do ser humano, criado à imagem de Deus. Quando tratamos alguém de forma diferenciada por sua posição social ou econômica, estamos desrespeitando a imagem divina que cada pessoa carrega. Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança (Gn 1.27), mas o pecado, que entrou na humanidade por um ato de desobediência, produziu muitas mazelas e uma delas é o fazer acepção de pessoas e o preconceito. Como cristãos, somos chamados a honrar e a respeitar a todos, reconhecendo que a imagem de Deus, embora distorcida pelo pecado, está em cada indivíduo, podendo assim, ser alcançado pela graça salvífica de Deus em Cristo Jesus e serem restituídos à comunhão com o Criador.
Tiago — 2.1-7. Professor(a), enfatize que “Tiago condena o favoritismo. Diga que na sociedade atual, infelizmente, as pessoas tendem a tratar melhor, uma pessoa bem-vestida e de aparência impressionante do que alguém que parece maltrapilho e pobre. Essas pessoas fazem isto porque preferem se identificar com as pessoas bem-sucedidas do que com aqueles que são aparentemente fracassados. A ironia, como Tiago nos lembra, é que os supostos vencedores naquele contexto, podem ter conquistado seu estilo de vida impressionante às custas dos pobres. Além disso, muitos ricos consideram difícil identificar-se com o Senhor Jesus, que veio como um humilde servo. Para concluir o tópico, faça as seguintes perguntas, promovendo um debate: Você fica facilmente deslumbrado pela posição social, riqueza ou fama?; Você é parcial com o ‘ter’, enquanto ignora o ‘ser’?” (Adaptado de Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p.1754).
III. UMA CHAMADA À MISERICÓRDIA
1. Agindo sem misericórdia. Tiago 2.12,13 mostra que o juízo será sem misericórdia sobre aqueles que não fizeram uso dela. Deus nos chama a exercitar a misericórdia para com todos, sejam eles maus ou bons, justos ou injustos (Mt 5.7; 6.14,15).
Tiago também menciona a “lei da liberdade” em 1.25 e 2.12, referindo-se aos mandamentos de Deus interpretados à luz do evangelho de Jesus Cristo. Esta lei é descrita como “perfeita” e capaz de trazer liberdade porque, em Cristo, os crentes são livres do poder do pecado e capacitados a viver em obediência e em bondade. A misericórdia é um reflexo do caráter de Deus e um fruto esperado na vida daqueles que foram transformados pela graça de Jesus Cristo (Gl 5.22).
2. A prática da misericórdia. Ser autêntico na fé significa viver de acordo com a misericórdia de Deus e isso envolve tratar a todos com compaixão e respeito, independentemente de sua posição social ou segmento religioso.
A compreensão de que todos serão julgados por Deus deve motivar-nos a viver de forma que venhamos refletir os valores do Reino de Deus, onde a misericórdia e o amor são centrais. Somos chamados a viver de acordo com os princípios do Evangelho que incluem a obediência a Deus e a prática da justiça e da misericórdia.
3. A recompensa da misericórdia. A misericórdia deve ser um distintivo do cristão, refletindo o caráter de Deus. A sua prática beneficia o próximo e nos aproxima do Senhor. Jesus ensinou que “bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 5.7). Pelo fato de que todos os dias experimentamos a misericórdia divina, precisamos exercê-la como uma prática natural da fé em Cristo.
Exercer misericórdia significa agir com compaixão e empatia, oferecendo ajuda e perdão aos outros, especialmente aos que estão em necessidade ou sofrimento. Esta prática reflete a verdadeira natureza da fé cristã, que se manifesta em ações. Quando praticamos a misericórdia, mostramos ao mundo o caráter de Deus e vivemos de acordo com os ensinamentos de Jesus.
CONCLUSÃO
Somos desafiados a viver uma fé autêntica, livre de parcialidade e preconceito. Quando seguimos o exemplo de Deus revelado nas Escrituras Sagradas, refletimos o caráter de Cristo. Não tratar as pessoas com interesse, mas com amor e justiça, é fundamental para uma vida cristã saudável. Assim, somos convidados a cultivar uma fé que se manifesta em ações, com respeito e com misericórdia, promovendo a dignidade de todos como criaturas de Deus.
A “lei da liberdade” não é uma licença para o pecado, mas um chamado a uma vida de obediência e compaixão.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
1. A que nos exorta o texto de Tiago 2.1?
O texto de Tiago 2.1 nos exorta a não fazermos distinção entre as pessoas.
2. Qual o significado do termo grego para “acepção”?
O termo grego para acepção é prosōpolēpsia. Esse termo se refere às pessoas que, erroneamente, consideram ser mais importantes aqueles que são ricos, famosos ou influentes na sociedade.
3. Segundo a lição, como devemos tratar a todos?
Devemos tratar a todos com respeito e dignidade, independentemente de sua posição social, seja na igreja, no trabalho ou em família.
4. O que significa a “lei real”?
É amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo (Mt 22.37,38).
5. Quais são as consequências de se fazer acepção de pessoas?
Divisão, julgamento e desvalorização do ser humano.