LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

4º Trimestre de 1999

 

Título: Efésios — A Igreja nas regiões celestiais

Comentarista: Elienai Cabral

 

 

Lição 1: O glorioso propósito da Salvação

Data: 03 de Outubro de 1999

 

TEXTO ÁUREO

 

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo(Ef 1.3).

 

VERDADE PRÁTICA

 

A epístola aos Efésios apresenta o plano da salvação envolvendo o passado, presente e o futuro dos crentes.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — At 19.1,17-20

Paulo prega o Evangelho em Éfeso

 

 

Terça — At 20.17-21

Confirmando a salvação

 

 

Quarta — At 28.28-31

A salvação para os gentios

 

 

Quinta — Cl 1.13-17

Jesus, nosso Redentor

 

 

Sexta — Fp 2.5-11

Jesus, nosso Salvador

 

 

Sábado — 2Co 2.14,15

Somos propagadores da salvação

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Efésios 1.1-3; Colossenses 1.24-27.

 

Efésios 1

1 — Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso e fiéis em Cristo Jesus:

2 — a vós graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo.

3 — Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais no lugares celestiais em Cristo.

 

Colossenses 1

24 — Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja;

25 — da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus:

26 — o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos;

27 — aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória.

 

PONTO DE CONTATO

 

Esta epístola ensina-nos a manter uma relação sem reservas com Jesus Cristo e a permanecer na simplicidade do Espírito Santo sem contristá-lo ou extingui-lo. O apóstolo começa com uma exclamação de louvor e de adoração ao Senhor. Logo no primeiro capítulo, o versículo três coloca-nos à fonte de todas as bênçãos. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo…”. Não há bênção fora de Deus, pois ficaremos expostos aos perigos do caminho.

O objetivo geral desta lição é situar circunstancial e historicamente a epístola e trazer aos alunos noções “panorâmicas” que evidenciam a razão, motivo e finalidade de ter sido escrita. Em primeiro plano, o aluno precisa vislumbrar as riquezas e bênçãos espirituais contidas nesta edificante epístola. Depois, em cada lição, deve aprender a digerir este precioso alimento.

 

OBJETIVOS

 

No término desta aula seu aluno deverá estar apto a:

Narrar o fundamento histórico da Epístola aos Efésios.

Enumerar as bênçãos e os privilégios dos crentes posicionados em Cristo.

Identificar a fonte e o caráter das bênçãos espirituais em Cristo.

Recordar que, em Cristo, o crente é levantado desse mundo tenebroso e colocado numa posição de superioridade.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

A epístola aos Efésios revela o segredo da estabilidade e da força espirituais — fruto da comunhão verdadeira com o Salvador glorificado. Sua mensagem comunica-nos a fonte, o caráter e os resultados dessa comunhão. Esta epístola contém as mais significantes e profundas declarações sobre os eternos propósitos de Deus relativos aos homens. Por fim, encerra as mais claras revelações divinas acerca da natureza e do destino da Igreja.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

O método de raciocínio dedutivo pode ser usado de modo bastante eficiente em suas aulas. Este método consiste na obtenção de conhecimentos genéricos sobre determinado assunto para se chegar a compreensão de dados específicos, ou seja, vai-se do geral para o particular.

Considerando o referido método, peça a seus alunos que leiam em casa os seis capítulos de Efésios e preparem para a próxima aula um esboço, diferente do proposto pela revista, que traduza em essência o assunto principal da epístola. Use o esboço abaixo como referência.

1. A natureza gloriosa da salvação (1.1-23).

2. A unidade de todos os que creem em Cristo (2.1-22).

3. O ministério do amor de Cristo (3.1-21).

4. A natureza da vida cristã (4.1-6.24).

Para situar seus alunos no estudo, mostre a localização da cidade de Éfeso utilizando, primeiro, o mapa Império Romano, da Coleção de Mapas, volume 2, CPAD, e, em seguida, use os mapas das Viagens de Paulo, que constam na referida Coleção. Recomende a leitura, em casa, de Atos 18.18-21 que registra a primeira visita de Paulo a Éfeso e de Atos 19 onde está o relato da Segunda visita do apóstolo em sua terceira viagem missionária.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Estudaremos neste trimestre a epístola de Paulo aos Efésios que se destaca pela universalidade do seu conteúdo, não só à igreja em Éfeso, mas a todas as igrejas sob a liderança pastoral de Paulo, bem como a toda a Igreja de Deus em todo o mundo e em todos os tempos. O caráter universal dessa epístola é percebido pelo plano da salvação proposto por Deus desde a fundação do mundo e que alcança a toda criatura humana, independente de raça, cor ou nação. Esse plano não discrimina judeu nem gentio, mas coloca todos debaixo da graça imensurável de Deus em Cristo Jesus.

 

 

I. O FUNDAMENTO HISTÓRICO

 

Nos capítulos 19 e 20 de Atos dos Apóstolos está narrado o episódio que levou o apóstolo Paulo a passar três anos na cidade de Éfeso, cidade a qual dispensou um bom tempo de seu ministério. Diz o relato bíblico que “a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.19,20). A operação divina por meio de Paulo em Éfeso alvoroçou os adeptos do culto a Diana, que tinha seu templo na cidade (At 19.23-41).

1. O aspecto circunstancial. Quando Paulo escreveu a epístola aos Efésios, estava preso em Roma, de onde a enviou àquela igreja através de Tíquico, por quem, também, enviou as cartas a Filemom e à igreja de Colossos, provavelmente entre 61 e 63 d.C. É considerada uma das “cartas da prisão” porque as escreveu enquanto estava preso em Roma. Na primavera de 63 d.C., provavelmente, foi liberto.

2. O aspecto geográfico. Éfeso ficava situada na costa ocidental da antiga Ásia Menor, hoje parte da Turquia e que ficava distante de Atenas, na Grécia, apenas 240 quilômetros. Naquela época Éfeso era uma importante metrópole pertencente ao Império Romano e que chegou a ter uma população de aproximadamente 300 mil habitantes. Éfeso era uma próspera cidade, com porto de mar, o qual favorecia a peregrinação obrigatória dos adeptos dos deuses pagãos daquela região, tais como Diana (cultuada entre os gregos como Ártemis). A indústria e o comércio de Éfeso atraíam gente de todas as regiões adjacentes.

 

 

II. IDENTIDADE E DESTINATÁRIOS

 

Os dois primeiros versículos da epístola constituem a saudação do apóstolo Paulo. Naquela época havia uma forma peculiar de se iniciar uma carta contendo no começo o nome do autor e em seguida o destinatário.

1. A identificação de Paulo (v.1). Ele começa, como era o costume da época, usando o prenome Paulo e, a seguir, além de sua identificação pessoal, apresenta os títulos que identificavam o seu ministério apostólico. “Apóstolo de Jesus Cristo”. “Apóstolo” foi o termo que Jesus aplicou aos doze primeiros obreiros que Ele chamou dentre os discípulos. Paulo não tinha falsa modéstia, nem tinha em seu coração qualquer atitude de vaidade e presunção, aplicando a si mesmo um título sem merecê-lo. Paulo esclarece que seu apostolado não veio de homens, mas “pela vontade de Deus”. Ele exalta a vontade de Deus porque ela expressa a soberania divina na edificação e destino da Igreja de Cristo. Se o título de apóstolo dependesse apenas da vontade de homens Paulo não teria a aprovação do Espírito Santo no seu ministério.

2. Os destinatários (v.1). Paulo saúda os cristãos de Éfeso chamando-os de “santos” e “fiéis”. São dois termos típicos aplicados aos cristãos através do Novo Testamento. A Igreja é constituída de “santos e fiéis”. Ao tratar os cristãos de Éfeso como “santos”, o apóstolo reforçava a posição desses cristãos em relação à idolatria daquela cidade. Eram santos porque eram separados da vida mundana de Éfeso. Eram chamados fiéis porque não se deixaram levar pela força demoníaca que dominava os habitantes da cidade e os escravizava ao paganismo.

3. A saudação peculiar da Igreja primitiva: “graça e paz” (v.2). O apóstolo Paulo usava estas palavras em suas saudações em todas as epístolas enviadas às igrejas. Na tradição judaica usava-se apenas a palavra “paz” ( shalom , no hebraico), mas Paulo por inspiração divina, adicionou a palavra “graça” à já conhecida “paz”, e deu à saudação cristã um sentido muito especial: “graça e paz”. Os crentes em Cristo têm agora a “paz” da parte de Deus Pai, mas obtiveram a “graça” por Jesus Cristo.

 

 

III. BÊNÇÃOS E PRIVILÉGIOS EM CRISTO

 

O versículo 3 abre o cortejo de “todas as bênçãos espirituais em Cristo”. O apóstolo começa com uma exclamação de louvor e adoração ao Senhor, demonstrando que a vida cristã só tem sentido se tivermos sempre uma atitude de reconhecimento e ação de graças ao doador de todas as bênçãos: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”.

1. A fonte das bênçãos (v.3). A palavra “bendito” torna exclusiva e singular a fonte de todas as bênçãos que é Deus Pai. Só Ele é digno de ser bendito porque somente Ele é o perfeito doador de bênçãos. A fonte é original. Não é imaginária, nem falsa. Ela é identificada como “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Por três vezes nesse mesmo capítulo a Palavra de Deus nos ensina que a finalidade de todas as coisas realizadas por Deus é o louvor da sua glória (Ef 1.6,12,14).

2. O caráter das bênçãos (v.3). “O qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais”. As bênçãos de que trata a Bíblia aqui, tem uma total abrangência mediante a palavra “todas”, porque essa palavra refere-se, não à coisas naturais e materiais, mas essencialmente, espirituais. As bênçãos espirituais em Cristo estão acima de todo e qualquer bem físico ou material. As riquezas de que fala o apóstolo são espirituais, porque, na realidade, Paulo não tinha nada materialmente. Sua fé e confiança estavam depositadas na contemplação das riquezas espirituais. Lamentavelmente, esse texto tem sido interpretado erradamente, como se referisse às riquezas materiais, como sendo bênçãos espirituais. Cuidado com a falsa teologia da prosperidade.

3. O campo de fruição das bênçãos (v.3). A expressão “nos lugares celestiais” indica a sublimidade da vida cristã, o nível mais elevado no qual fomos colocados. Essas “bênçãos espirituais” são alcançadas evidentemente pelos que, pela fé em Cristo, vivem no plano espiritual (Gl 2.20; Cl 3.3), pois o termo “lugares celestiais” não tem um sentido geográfico, físico ou espacial, mas trata-se de estado e realidade espirituais que são alcançados somente pelos que, por amor e dedicação a Cristo, renunciaram a uma vida carnal e vivem uma vida biblicamente espiritual (Rm 8.1b). Em outras versões da Bíblia usa-se o termo “regiões” que não muda o sentido do termo “lugares”. Ser abençoado “nos lugares celestiais” significa ter alcançado um estado de vida espiritual e galgado uma posição espiritualmente acima do plano meramente físico ou material. Em Cristo, o crente é levantado desse mundo tenebroso e colocado numa posição de superioridade. Significa que está por cima, nunca por baixo, o que deve ser uma coisa normal da nova criatura (2Co 5.17).

 

 

CONCLUSÃO

 

Vimos através desta lição o plano de Deus quanto à constituição do seu novo povo, a Igreja. Dentro do propósito divino, ela, seria formada de modo diferente do que Israel, o povo da antiga aliança. Louvemos ao Senhor pelo seu maravilhoso plano para constituir esse novo povo, o qual, embora no mundo, lhe pertence unicamente.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Histórico

 

“Éfeso, uma das grandes metrópoles da Antiguidade, estava localizada na costa oeste da Ásia Menor, a Turquia de hoje. Sua importância desapareceu. Tudo o que resta são algumas minas magníficas, que estão sendo escavadas por inúmeras organizações do mundo inteiro. Em vista de as estradas principais, edifícios, templos, casas e o anfiteatro estarem mais ou menos intactos, pode-se ter uma ideia de como era a vida nos tempos romanos ao visitar esses extraordinários remanescentes de uma civilização do passado.

Paulo viajou para Éfeso em sua segunda viagem missionária, deixando ali Priscila e Áquila como responsáveis pelo ministério (At 18.18,19). Eles devem ter feito um bom trabalho, porque quando Paulo voltou mais tarde, para permanecer durante quase três anos, encontrou uma florescente comunidade cristã (At 19.1-10). Paulo viu-se forçado a deixar a cidade após um violento motim da população. O templo local de Ártemis (Diana) estava perdendo dinheiro e culparam Paulo, porque ele havia dito que os ídolos não têm valor e deviam ser rejeitados. O templo, um dos grandes monumentos da Antiguidade, deve ter arrecadado para Éfeso uma enorme quantia em dinheiro, ofertada pelos adoradores de Ártemis. Um sermão comovente é registrado em Atos 20.17-38, no qual Paulo encoraja os anciãos de Éfeso a permanecerem no caminho do Senhor. A carta é também um belíssimo retrato do missionário Paulo e seu amor pela igreja” (Manual do Estudante, CPAD, pp.284,287).

 

 

Subsídio Teológico

 

“Lendo o Antigo Testamento e considerando séria e literalmente a sua mensagem, facilmente concluiremos que a salvação é um dos temas dominantes, e Deus, o protagonista. O tema da salvação já aparece em Gênesis 3.15, na promessa de que o Descendente ou semente da mulher esmagará a cabeça da serpente. Este é o protoevangelium , o primeiro vislumbre da salvação que virá através daquEle que restaurará o homem à vida. Javé salvava o seu povo através de juízes (Jz 2.16,18) e outros líderes, como Samuel (1Sm 7.8) e Davi (1Sm 19.5). Javé livrou até mesmo a Síria, inimiga de Israel, por meio de Naamã (2Rs 5.1). Não há salvador à parte do Senhor (Is 43.11; 45.21; Os 13.4).

O texto clássico do emprego teológico de yasha , entre os narrativos, é Êxodo 14, onde Javé salvou Israel da mão dos egípcios (v.30). O evento veio a ser o protótipo do que o Senhor faria no futuro para salvar o seu povo. Tudo indicando o tempo em que Deus traria a salvação, mediante o Servo sofredor a todos, não somente a Israel. Em Isaías 49.6, Ele diz ao Servo: Também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra. Os atos salvíficos no Antigo Testamento vão preparando o palco para o derradeiro ato salvífico, que incluirá todas as pessoas sob suas bênçãos” (Teologia Sistemática, CPAD, p.337).

 

GLOSSÁRIO

 

Cortejo: Comitiva pomposa; séquito.

Discriminar: Estabelecer diferença; distinguir.

Dispensação: Período em que o indivíduo é experimentado quanto à sua obediência a alguma revelação especial da vontade de Deus.

Espacial: Relativo ou pertencente ao espaço.

Fruição: Ação ou efeito de fruir; gozo, posse, usufruto.

Gentio: Aquele que professa o paganismo; idólatra.

Imensurável: Que não pode ser medido; não mensurável; incomensurável.

Paganismo: O conjunto dos que são pagãos; não cristãos.

Universalidade: Qualidade de universal; totalidade; comum a todos os homens ou a um grupo dado.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Quantos anos Paulo ficou em Éfeso?

R. Três anos.

 

2. Qual o nome da deusa cultuada em Éfeso?

R. Diana.

 

3. Por que a epístola é considerada uma das “cartas da prisão”?

R. Porque Paulo as escreveu quando estava preso em Roma.

 

4. Quem é a fonte de todas as bênçãos?

R. Deus.

 

5. Qual é o campo de consolidação das bênçãos para o crente?

R. Os lugares celestiais.