LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

4º Trimestre de 1999

 

Título: Efésios — A Igreja nas regiões celestiais

Comentarista: Elienai Cabral

 

 

Lição 3: Paulo ensina a orar

Data: 17 de Outubro de 1999

 

TEXTO ÁUREO

 

Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações(Ef 1.16).

 

VERDADE PRÁTICA

 

A oração é o canal direto do crente com Deus.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — 1Cr 16.11

O dever de orar sem cessar

 

 

Terça — At 4.31

Exemplos de perseverança na oração

 

 

Quarta — Rm 15.30-32

Combatendo em oração

 

 

Quinta — Cl 4.2-4

A importância da oração no evangelismo

 

 

Sexta — Mc 11.24-26

A oração na cura divina

 

 

Sábado — Mt 6.10-13; 1Jo 5.14

Buscando a vontade de Deus através da oração

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Efésios 1.15-23.

 

15 — Pelo que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus e a vossa caridade para com todos os santos,

16 — não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações,

17 — para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação,

18 — tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos

19 — e qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,

20 — que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus,

21 — acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro.

22 — E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja,

23 — que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.

 

PONTO DE CONTATO

 

Nesta lição aprenderemos com o apóstolo Paulo o valor da oração intercessória vinculada ao princípio de uma solicitação contínua, sem cessar. A oração incansável de Paulo se caracterizava pela ação de graças, pois reconhecia a grandiosa obra de redenção que o Espírito Santo operara entre os efésios. A Igreja de Cristo deve ser uma sociedade unida por meio da oração, em que todos oram por cada um. Pergunte a seus alunos se gostariam de ser lembrados nas orações dos irmãos colegas de classe. É obvio que a resposta será afirmativa! Diga-lhes, então, que por isso devem orar incessantemente intercedendo e dando graças a Deus pela salvação de cada um dos seus irmãos em Cristo.

 

OBJETIVOS

 

Ao final desta aula, seu aluno deverá ser capaz de:

Destacar os principais fatores que estimularam o apóstolo Paulo a orar pelos crentes de Éfeso.

Relacionar os elementos indispensáveis à oração exemplificados por Paulo no texto desta lição.

Apontar as garantias que temos da resposta de nossas orações mencionadas na lição em apreço.

Decidir interceder uns pelos outros, a exemplo do apóstolo Paulo.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

Com base na satisfação de ter ouvido da fé daqueles crentes no Senhor Jesus, Paulo orou, impelido pelo grande amor que tinha para com os efésios, pedindo a Deus que concedesse a eles três bênçãos, a saber: a sabedoria que vem do alto; a revelação do pleno conhecimento de Deus e a iluminação dos olhos do entendimento. Adiante, ainda submerso nas profundas águas da intercessão, pede que o Senhor nos revele três aspectos de nossa posição em Cristo: a esperança que se prende à sua vocação; a riqueza da glória de sua herança e a sobre-excelente grandeza do seu poder.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Escreva numa cartolina os três elementos indispensáveis na oração considerados nesta lição: Constância, gratidão e intercessão. Depois escolha três alunos de sua classe e peça que cada um discorra sobre um dos temas. Exemplo: O que significa constância na oração? Por que é necessário orar sem cessar? Além do apóstolo Paulo, quais outros exemplos bíblicos podem ser citados? Seria interessante se, nesta ocasião, falassem de suas próprias experiências com Deus no exercício da oração. Dê pelo menos dez minutos para que exponham suas idéias. Após esse tempo, complemente o assunto a partir do argumento deles.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

O grande desafio do crente é a manutenção e preservação das bênçãos da salvação em sua vida. O apóstolo Paulo, atento a isso, foi impelido a orar pelos efésios. Sua oração é, acima de tudo, uma lição de fé. Através dela, ele nos ensina a orar.

 

 

I. FATORES QUE ESTIMULAM A ORAÇÃO

 

Dois fatos especiais levaram o apóstolo Paulo a orar, não apenas como uma devoção, mas com palavras do seu coração, as quais contêm ensino doutrinário com profundas verdades espirituais.

1. A fé dos crentes (v.15). Paulo estava radiante ao escrever esta epístola. Era-lhe um consolo na prisão em Roma ouvir notícias boas da igreja em Éfeso, por isso, escreveu: “ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus”. Que tipo de fé era esta vivida por aqueles crentes? O contexto histórico da epístola indica que, a despeito das pressões da vida idólatra daquela cidade, mantinham a sua fidelidade ao evangelho que de Paulo haviam recebido. A fé assim demonstrada tinha o peso da sua convicção na pessoa do Senhor Jesus Cristo.

2. O amor para com todos os santos (v.15). Trata-se aqui (v.l5), do amor de Deus demonstrado pelos efésios (no original, ágape ). É o termo que aparece através do Novo Testamento referente ao sublime e incomparável amor de Deus. É o amor que não mede sacrifícios por aquele a quem amamos. À igreja de Corinto, o apóstolo desenvolve essa doutrina do amor dinâmico de Deus, aliado à fé e à esperança, e assim manifesto na vida do crente (1Co 13.1-13). O exercício da fé em Cristo é demonstrado em amor; praticado, experimentado, compartilhado e vivido plenamente. Por isso, a fé sem as obras é morta (Tg 2.14-18).

 

 

II. ELEMENTOS INDISPENSÁVEIS À ORAÇÃO

 

1. Constância na oração. As palavras no v.16 demonstram que Paulo levava muito a sério a prática da oração. Ele orava com liberdade no Espírito e, sem cessar (Rm 12.12; Ef 5.18; Cl 4.2; 1Ts 5.17). Devemos orar a tempo e fora de tempo. Oremos sempre porque esse é o canal de comunicação que temos com Deus.

2. Gratidão com ação de graças (v.16). A oração, na sua essência e prática, requer, antes de tudo, “ação de graças”. A relação entre Deus e o crente através oração já é razão suficiente para ação de graças, uma vez que essa relação só é possível mediante a reconciliação que Jesus efetua (Rm 5.10,11; 2Co 5.18). No texto inicial da epístola o apóstolo afirma que fomos abençoados com todas as bênçãos espirituais em Cristo (Ef 1.3). Isto deve nos mover a sermos gratos a Deus para todo sempre com ações de graças. Porém, as ações de graças de Paulo relacionam-se com a igreja de Éfeso (“por vós”). Devemos ser sempre gratos a Deus, não apenas pelas bênçãos pessoais dEle recebidas, mas também por nossos irmãos, batalhadores pela fé tanto quanto nós. Essa gratidão deve ser contínua (“não cesso”).

3. Intercessão, uma atitude edificante da oração (vv.16,17). Vários homens e mulheres da Bíblia foram intercessores exemplares, mas ninguém foi mais espontâneo e livre nessa forma de oração que Jesus (Lc 19.10,41; Jo 17.6-26; Lc 22.32). A intercessão diante do Senhor é uma forma de oração que precisa ser despertada e exercitada em nossos dias, na vida cotidiana da Igreja. Todos os crentes precisam mutuamente uns dos outros em intercessão, pois ela extingue o egoísmo e o individualismo.

 

 

III. OBJETIVOS DA ORAÇÃO

 

Nos versículos 17 e 18, o apóstolo Paulo apresenta os objetivos de sua intercessão pelos crentes efésios. Ele começa de modo incisivo e direto a sua intercessão “ao Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória” (v.17).

1. Ter “espírito de sabedoria” (v.17). O sentido da palavra espírito, aqui, é qualitativo, impessoal. Ela não se refere à pessoa do Espírito Santo ou a qualquer outro espírito, e sim qualidade do que o Espírito é capaz de realizar. Paulo pediu que Deus, pelo seu Espírito, ampliasse a capacidade dos efésios de ver e entender as coisas espirituais. Não se tratava de sabedoria meramente intelectual, terrena. Mas a sabedoria espiritual que habilitaria o crente a penetrar no conhecimento de Deus. É o conhecimento espiritual que amplia a percepção das coisas que nos rodeiam. Um dos dons do Espírito é a “palavra da sabedoria” (1Co 12.8). O “espírito de sabedoria” capacita o crente a saber distinguir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. O objetivo principal de Paulo era que os efésios conhecessem em profundidade Jesus Cristo, Salvador e Senhor de suas vidas.

2. Ter o “espírito de revelação” (v.17). A palavra revelação tem o sentido de “tirar o véu” que encobre algo. Existem inúmeras coisas no mundo espiritual que não são percebidas pela mente natural (1Co 2.14,15). A revelação tira o véu, ou seja, vislumbra a realidade. Ter o espírito de revelação não significa extrapolar o que já está revelado nas Escrituras. É ser iluminado pelo Espírito Santo acerca de verdades espirituais que precisam ser conhecidas pelos crentes.

3. Ter “iluminados os olhos do entendimento” (v.18). É ver com o coração. Por isso, um cristão espiritual no sentido bíblico (1Co 2.10-16) ver coisas que a mente natural não pode. O entendimento espiritual diz respeito ao ser interior de cada criatura, inclusive o intelecto, as emoções e a volição do homem. É viver com uma luz que as pessoas comuns não conseguem ter. O mundo é de trevas e só quem conhece Jesus tem “olhos iluminados” para ver o que está acontecendo ao seu redor (Ef 5.8; Mt 13.15; Rm 1.21).

 

 

IV. GARANTIAS DA ORAÇÃO

 

Depois do triunfo pleno, perfeito e eterno de Cristo no Calvário, que garantia e certeza temos da resposta de nossas orações? O texto dos versículos 20-23 é objetivo e afirmativo ao relatar a esmagadora vitória sobre todos os poderes, demonstrada na sua ressurreição. É no Cristo ressurreto e vencedor sobre todos os poderes do mal que está a nossa certeza e vitória, inclusive na oração.

1. Jesus ressuscitou dos mortos (v.20). O mesmo poder divino que tirou Jesus do sepulcro, ressuscitando-o dos mortos, é o mesmo que levanta um pecador da morte espiritual, e o coloca numa nova posição em relação a Deus. E a grandeza desse glorioso e infinito poder é vista no caminho que Deus abriu no mar Vermelho para Israel passar a seco (Êx 14.15-26); é o mesmo poder que fechou a boca dos leões na cova em que Daniel foi colocado (Dn 6); é o mesmo poder que provisionou Israel no deserto com o maná (Êx 16.35). Nesse poder, em Cristo, está a garantia de tudo que Ele tem prometido ao seu povo (Mt 28.18).

2. Jesus está acima de todos os tipos de poderes (vv.20,21). Esse fato é o cumprimento de uma profecia do Salmo 110.1: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés”. Nosso Jesus está entronizado acima de todos os poderes espirituais e físicos. As designações “principado, poder, potestade, domínio” (v.21), falam de ordens angelicais, tanto aquelas que servem a Deus, como aquelas que servem ao Diabo, as quais, nos céus, na terra e debaixo da terra, estão sob o poder de Cristo.

3. Jesus tem um nome acima de todo o nome (v.21). No mundo dos homens e dos anjos, seus nomes representam o que eles são, mas Deus concedeu a Jesus “um nome” que é sobre todo o nome (Fp 2.9), sem limite, sem tempo, em toda a eternidade.

4. Jesus foi constituído como cabeça da Igreja (vv.22,23). Sua autoridade é absoluta em relação à Igreja. O corpo da Igreja não está separado da cabeça, porque é a cabeça que comanda todo o corpo, e Cristo se tomou Senhor desse corpo. Cada crente está ligado a Cristo em termos de vida e atividade. O v.23 declara que a Igreja é a plenitude do seu corpo, isto é, não pode haver um corpo inteligente sem uma cabeça que o comande. Por isso, a Igreja como tal corpo, só tem importância no mundo em que vivemos porque Cristo a compõe e plenifica com a sua glória e seu poder.

 

 

CONCLUSÃO

 

Esta lição procurou mostrar uma pequena parcela do que a Bíblia ensina sobre a oração na vida do apóstolo Paulo. A oração aqui esboçada serve de modelo para a vida de oração que o crente precisa cultivar, sabendo que o Senhor responde as nossas petições e intercessões em favor de nossas necessidades e de todos aqueles para os quais sempre devemos orar.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Bibliológico

 

“Exemplos marcantes de intercessão no AT, são as orações de Abraão em favor de Ismael (Gn 17.18) e de Sodoma e Gomorra (Gn 18.23-32), as de Jó em favor de seus filhos (Jó 1.5). Na vida de Moisés, temos o exemplo supremo no AT, quanto ao poder da oração intercessória. Em várias ocasiões ele orou intensamente para Deus alterar a sua vontade, mesmo depois de o Senhor declarar-lhe aquilo que Ele já resolvera executar. Por exemplo, quando os israelitas se rebelaram e se recusaram a entrar em Canaã, Deus falou a Moisés que iria destruí-lo e fazer de Moisés uma nação maior (Nm 14.1-12). Moisés, então, levou o assunto ao Senhor em oração e implorou em favor dos israelitas (Nm 14.13-19); no fim da sua oração, Deus lhe disse: ‘Conforme à tua palavra, lhe perdoei’ (Nm 14.20; Êx 32.11-14; Nm 11.2; 12.13; 21.7; 27.5). Outros poderosos intercessores do AT são Elias (1Rs 18.21-26; Tg 5.16-18), Daniel (9.2-23) e Neemias (Ne 1.3-11).

O NT apresenta mais exemplos, ainda, de orações intercessórias. Os evangelhos registram como os pais e outras pessoas intercediam com Jesus em favor dos seus entes queridos. Os pais rogavam a Jesus para que curasse seus filhos doentes (Mc 5.22-43; Jo 4.47-53); um grupo de mães pediu que Jesus abençoasse seus filhos (Mc 10.13). Certo homem de posição implorou, pedindo a cura de seu servo (Mt 8.6-13), e a mãe de Tiago e João intercedeu diante de Jesus em favor deles (Mt 20.20,21).

A Igreja do NT intercedia constantemente pelos fiéis. Por exemplo, a igreja de Jerusalém reuniu-se a fim de orar pela libertação de Pedro da prisão (At 12.5,12). A igreja de Antioquia que os presbíteros da igreja orem pelos enfermos (Tg 5.14) e que todos os cristãos orem ‘uns pelos outros’ (Tg 5.16; cf. Hb 13.18,19). Paulo vai mais além, e pede que se faça oração em favor de todos (1Tm 2.1-3)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, pp.1261,1262).

 

 

Subsídio Doutrinário

 

“A ação de graças, como um elemento da oração, tanto pode ser desvalorizada como tida em alta conta. Até hoje os judeus devotos entremeiam o dia inteiro com suas orações, no geral compostas por sentenças curtas. Mais de cem bênçãos são normalmente recitadas começando com as palavras: ‘Bendito sejas tu, ó Senhor, Rei do Universo’. Um judeu típico, expressa um breve agradecimento a Deus, ao receber notícias boas ou más, ao cheirar uma flor odorífera, ao alimentar-se, ao ver um arco-íris e ao passar por uma borrasca. Durante todo o dia o judeu devoto louva e agradece a Deus por tudo que acontece, valendo-se de orações curtas, que não compreendem mais de uma sentença. A admoestação de Paulo para orarmos ‘sem cessar’ (cf. 1Ts 5.17) fica muito mais clara quando compreendemos o pano de fundo hebraico a partir do qual ele escrevia. Nos capítulos seguintes, ‘ação de graças’ é o reconhecimento da bondade divina, uma expressão de gratidão a Deus, sob a forma de oração (inclusive a silenciosa), em cântico, música ou língua desconhecida” (O Espírito nos Ensina a Orar, CPAD, pp.33,34).

 

GLOSSÁRIO

 

Plenificar: Tornar pleno; preencher.

Principado: Dignidade de príncipe.

Potestade: Poder, potência. Provisionar: Abastecer, fornecer.

Sobre-excelente: Mais que excelente; sublime; excelso.

Vindouro: Que há de vir ou acontecer; futuro.

Vislumbrar: Conhecer imperfeitamente; entrever.

Volição: Ato pelo qual a vontade se determina a alguma coisa.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Quais fatores estimularam a oração de Paulo?

R. A fé e o amor dos crentes.

 

2. Quais os três elementos indispensáveis à oração?

R. Constância, gratidão e intercessão.

 

3. Quais os três objetivos da oração?

R. Obter o “espírito de sabedoria”, ter o “espírito de revelação” e ter “iluminados os olhos do entendimento”.

 

4. Quais as garantias da nossa oração?

R. Jesus ressuscitou dos mortos, Jesus está acima de todos os tipos de poderes, Jesus tem um nome acima de todo o nome e Jesus foi constituído como cabeça da Igreja.

 

5. Como cada crente está ligado a Cristo?

R. Em termos de vida e atividade.