LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

4º Trimestre de 1999

 

Título: Efésios — A Igreja nas regiões celestiais

Comentarista: Elienai Cabral

 

 

Lição 6: A Igreja, o grande mistério revelado

Data: 07 de Novembro de 1999

 

TEXTO ÁUREO

 

A saber, que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho(Ef 3.6).

 

VERDADE PRÁTICA

 

A Igreja de Cristo é a reveladora dos mistérios divinos da graça de Deus ao mundo.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Gl 5.2

Uma forma especial de identificação paulina

 

 

Terça — Ef 1.10

A importância da dispensação

 

 

Quarta — Ef 2.5-8; 2Co 9.8

O sentido da palavra graça

 

 

Quinta — Ef 4.7; Rm 12.3,6

A tarefa designada por Cristo

 

 

Sexta — Rm 16.25; Cl 2.2

O mistério de Cristo

 

 

Sábado — Gl 3.29; 4.7

Coerdeiros com Cristo

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Efésios 3.1-13.

 

1 — Por esta causa, eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios,

2 — se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada;

3 — como me foi este mistério manifestado pela revelação como acima, em pouco, vos escrevi,

4 — pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo,

5 — o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas,

6 — a saber que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho;

7 — do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder.

8 — A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo

9 — e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos, esteve oculto em Deus, que tudo criou;

10 — para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,

11 — segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor,

12 — no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele.

13 — Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória.

 

PONTO DE CONTATO

 

Como tem sido a reação de seus alunos diante do estudo da epístola aos efésios? Será que estão realmente interessados? De que forma eles têm participado das aulas? Esta epístola é uma das que Paulo, o “prisioneiro do Senhor”, escreveu durante sua primeira prisão em Roma. Mesmo estando preso, o apóstolo dos gentios sentia imenso gozo em sua alma. Por esta razão nos comunica lições tão preciosas. Pergunte à sua classe se sabem o significado da palavra “mistério”. Aguarde alguns minutos e depois responda. Mistério significa literalmente, aquilo que foi ou está “escondido”, uma verdade “selada”, um “segredo” que só Deus pode revelar.

A Igreja, o mistério escondido em Deus, estava prevista na mente do Senhor antes que o mundo fosse criado. Esse mistério, projeto divino revelado em Cristo que permite aos gentios participar das promessas do evangelho, Deus colocou ao encargo de Paulo.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula seu aluno deverá estar apto a:

Demonstrar que a Igreja não foi uma obra acidental de Deus; ela foi criada antes da fundação do mundo e manifestada por Jesus.

Explicar o significado da missão de Paulo como despenseiro da graça na revelação do grande mistério que é a Igreja.

Descrever fatos e indicar referências que confirmam a identificação e função do apóstolo Paulo como ministro da revelação divina.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

O mistério da dispensação da graça, durante a qual o Senhor forma a sua Igreja, foi ocultado a todos os homens até nos ser agora revelado pelo Espírito Santo. O apóstolo Paulo tornou-se ministro da revelação do evangelho para a inclusão dos gentios no plano de Deus, descortinando assim, o mistério da Igreja. Os gentios, antes longe das promessas, agora aproximados pelo sangue de Cristo, são unidos aos outros membros do corpo de Cristo, participando do direito de acesso à Deus, antes somente concedido aos judeus. Paulo foi o instrumento usado por Deus no recebimento e canalização desse mistério.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

O texto em estudo evidencia a chamada específica de Paulo para o ministério entre os gentios. O apóstolo expõe de forma pormenorizada a natureza e o propósito de sua missão. Os ensinos por ele explanados podem ser resumidos em três palavras: mordomia (vv.2-6), serviço (vv.7-12) e sofrimento (v.13). Escreva as três palavras no quadro de giz e solicite a participação de três alunos de sua classe. Cada qual deverá escolher uma dessas palavras e selecionar outras passagens bíblicas que envolvem o ministério de Paulo com esses três aspectos.

Exemplo:

a) mordomia (1Co 9.17 e Cl 1.25) ⇒ “dispensação”, palavra que traduz o vocábulo grego oikonomia (economia);

b) serviço (2Co 6.4 e 1Tm 4.6) ⇒ “ministro”, ( diakonos ) significa servo ou assistente.

c) sofrimento (2Co 11.23-28 e Cl 1.24) ⇒ a palavra “tribulação” significa literalmente “pressão”, mas na Bíblia tem o sentido de aflição.

Embora só três alunos possam ir ao quadro, os demais também poderão participar sugerindo outros versículos.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Nos dois primeiros capítulos de Efésios, a Bíblia revela a profundidade do pecado e a sua libertação mediante a obra expiatória de Cristo, destacando a sua obra maravilhosa da formação de um novo povo, derrubadas as diferenças entre judeus e gentios. A Igreja, formada dentre as nações, é o novo povo de Deus. No capítulo 3, o apóstolo se apresenta como despenseiro da graça de Deus na revelação do grande mistério que é a Igreja.

 

 

I. PAULO REVELA A SUA MISSÃO ESPECIAL

 

Em Efésios 2.22, o apóstolo declara dos crentes: “edificados para habitação de Deus”. Por esta razão, Paulo foi levado a fazer uma segunda oração em favor dos destinatários dessa epístola (3.14-21). Antes, porém, ele se identificou de modo especial para que o crédito de sua mensagem não causasse dúvida entre os efésios. Paulo começa o capítulo dizendo “por esta causa” para referir-se a tudo quanto havia escrito anteriormente.

1. Paulo, o “prisioneiro de Cristo” (v.1). Na verdade, ao dizer-se prisioneiro, Paulo referia-se a dois lados dessa situação. Primeiro, estava, de fato, encarcerado numa prisão em Roma e, segundo, essa prisão literal lhe dava oportunidade de servir a Cristo como seu “prisioneiro especial”. A expressão “prisioneiro de Cristo” tinha o sentido de não poder fazer outra coisa, senão, pregar a Cristo como Senhor e Salvador. Além disso, o fato de estar preso permitiu a Deus comunicar ao seu servo as poderosas verdades destinadas a ser a força e a inspiração de sua Igreja. Ele não lamenta a prisão, mas inverte a situação, e torna o seu cativeiro uma oportunidade para melhor servir ao Senhor.

2. Paulo, o mordomo da graça de Deus (vv.2,3). O apóstolo assume o seu papel mais importante na missão que recebeu de Cristo que é o de ser mordomo da graça de Deus. E a tradução do termo original oikonomia , que significa dispensação, administração dos bens de outrem, administração de uma casa, mordomia (no sentido bíblico). Paulo revela que seu ministério recebido da parte de Cristo era o de revelar, dispensar e mostrar o propósito da graça de Deus a todos os homens. Ele faz questão de afirmar que se tornou ministro do evangelho aos gentios, por isso era chamado “apóstolo dos gentios” (2Tm 1.11; 2Co 10.1; Gl 5.2,3; Cl 1.23).

3. Paulo, o possuidor da revelação do mistério da graça de Deus (vv.3-5). Não era nenhuma presunção do apóstolo frisar que o evangelho aos gentios lhe havia sido revelado especialmente para que fossem partícipes dos privilégios do reino de Deus, tanto quanto os judeus. A designação do seu ministério aos gentios foi revelada por profecia a um discípulo chamado Ananias, quando o Senhor disse: “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel” (At 9.15). No v.9, a palavra “demonstrar” e “mistério” estão intimamente ligadas. Paulo foi o revelador, sob a direção do Espírito Santo, do mistério de Cristo (1Tm 3.16; 1Co 12.27; Cl 1.27; Ef 5.32).

4. Paulo, o revelador das bênçãos universais de Deus (vv.5,6). A razão pela qual Paulo enfatizava o direito às bênçãos de Deus em Cristo é porque muitos judeus cristãos tentavam diminuir esses direitos dos gentios. Paulo não aceita as razões sem bases desses judeus e declara que todos, independente, de serem judeus ou gentios, têm os mesmos direitos e privilégios ante a graça de Deus. O apóstolo testifica de modo enfático, que os gentios são “coerdeiros e coparticipantes do mesmo corpo de Cristo”. Ao ingressarem no reino de Deus, mediante a obra de Cristo no Calvário, os gentios participam igualmente de todas as bênçãos. Eles não são cidadãos de segunda categoria. Eles são participantes das promessas de Cristo e formam um só corpo espiritual com os judeus, resultando na Igreja (1Co 12.13; Ef 2.13). Os gentios, em Cristo, foram feitos “povo de Deus”, “geração eleita”, “nação santa”, “povo adquirido” juntamente com os judeus.

 

 

II. PAULO, MINISTRO DA REVELAÇÃO DIVINA

 

No primeiro ponto desta lição estudamos que Paulo declarou a sua missão especial como agente da revelação do mistério da graça de Deus. Agora, ele se identifica, não apenas como receptor dessa revelação, mas como ministro do evangelho.

1. Paulo, ministro da revelação divina (v.7). As palavras iniciais do v.7 são uma continuação da declaração que Paulo havia feito no v.6, ao afirmar que os gentios eram “coerdeiros” e “coparticipantes” das bênçãos do evangelho. Ele, então, diz “do qual fui feito ministro”. Desse modo, Paulo considerava seu ministério um grande privilégio, porque fora feito ministro, não por qualquer mérito ou dignidade, mas “segundo a operação do seu poder”. Paulo, desde o início do seu ministério sofreu da parte dos judeus e dos gentios, mas superou as dificuldades e manteve-se como aquele que recebeu de Deus a missão de ministrar a graça de Deus aos gentios e, também, aos judeus.

2. A revelação que Paulo menciona (v.8). Diante da magnitude das revelações recebidas de Deus, Paulo se diz “o menor de todos os santos”. A grandeza e alcance dos mistérios de Cristo eram maiores do que ele podia compreender. Quando fala de “riquezas incompreensíveis de Cristo”, ele sabia quão insondáveis eram essas riquezas espirituais. Era algo que superava qualquer conhecimento humano. Tudo que refere-se à gloria de Cristo, sua divindade, sua glória moral e sua glória meritória na cruz do Calvário tem um valor incalculável. “O privilégio de Paulo era pregar aos gentios a Cristo como Salvador, e declará-los incluídos como participantes das bênçãos de Cristo: At 9.15; 22.21; 26.17; Rm 11.13; Rm 15.16-21; Gl 2.7-9” (Carta aos Efésios, CPAD).

3. A quem mais foi revelado o mistério? (vv.9-11). O mistério da salvação “estava oculto em Deus”. Em sua presciência, Ele estabeleceu o tempo da revelação do mistério da salvação através de Jesus Cristo. O v.10 declara que “agora” a Igreja se constituiu na proclamadora da revelação, o que indica que ela sempre fez parte do plano divino. A Igreja não foi uma obra acidental de Deus; ela foi criada antes de todos os tempos e manifestada através de Jesus. Outrossim, essa revelação não ficaria restrita aos homens, pois diz o v.10 que, também, os anjos (“principados e potestades”) teriam conhecimento dessa revelação através da Igreja. O v.11 afirma que o mistério foi revelado “segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus”. Esse eterno propósito divino, antes de todos os tempos, já tinha Jesus Cristo como a razão de tudo. Tudo quanto foi criado por Deus teve a sua elaboração na eternidade.

4. Três palavras especiais: ousadia acesso e confiança (v.12). Essas três palavras tornam possível nossa comunhão mais profunda com Deus. Não há como entrarmos na presença de Deus senão com santa “ousadia”. O “acesso” diz respeito a nossa entrada na presença de Deus (Ef 2.18; Rm 5.2). E, a palavra “confiança” envolve a nossa fé em Deus.

 

 

CONCLUSÃO

 

Valorizemos mais o privilégio de sermos a Igreja do Senhor. Desfrutemos das riquezas divinas ao nosso alcance. Mas, não somente isso. Proclamemos ao mundo a salvação que nos alcançou.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Histórico

 

“Durante sua prisão, Paulo foi tratado com grande benevolência, embora continuasse sempre acorrentado a um guarda. Aonde quer que fosse, o soldado o acompanhava. Depois de dois anos dessa vida, vários guardas já tinham ouvido o Evangelho e alguns deles se converteram. Paulo não era um cristão oculto; através de seus amigos crentes, fez saber a todos que explicaria o Evangelho a quem o procurasse em sua residência. Muitos aceitaram o convite, e sua casa em Roma veio a tornar-se um centro de testemunho cristão.

Crentes de várias cidades iam e vinham, procurando os conselhos de Paulo sobre assuntos de fé cristã e levando suas cartas às igrejas do Leste. Listra e Derbe, Corinto e Éfeso, Colossos e Tessalônica, e até a igreja de Bereia enviaram seus representantes para trabalhar sob a direção de Paulo. Orientados por ele, divulgaram o Evangelho nas cidades onde Cristo não era conhecido. Alguns deles testemunhavam nas ruas movimentadas de Roma, e ao mesmo tempo ministravam ao apóstolo. Sua casa tomou-se um centro de atividades, de onde os mensageiros da Cruz partiam para todo o império. Depois de cada viagem, como os cometas em sua órbita, voltavam ao ponto de partida.

Paulo passou a amar os soldados que o guardavam. Eram homens corajosos e fiéis, e não demorou muito para que um pequeno grupo de crentes se formasse entre a guarda pretoriana e os homens da casa de César. Ao serem convencidos da Verdade, esses homens levavam a mensagem aos familiares, bem como a todos os militares nos quartéis. Cada vez que o velho apóstolo refletia sobre sua prisão, um sorriso aflorava-lhe aos lábios e ele agradecia a Deus. Suas cadeias, em vez de prejudicar o Cristianismo, tinham-no ajudado!” (A Vida e os Tempos do Apóstolo Paulo, CPAD, pp.189,190).

 

 

Subsídio Doutrinário

 

“A palavra grega ekklesia (igreja), literalmente, refere-se à reunião de um povo, por convocação (gr. ekkaleo ). No NT, o termo designa principalmente o conjunto do povo de Deus em Cristo, que se reúne como cidadãos do reino de Deus (Ef 2.19), com o propósito de adorar a Deus. A palavra ‘igreja’ pode referir-se a uma igreja local (Mt 18.17; At 20.28; Ef 2.21,22).

A igreja é apresentada como o povo de Deus (1Co 1.2; 10.32. 1Pe 2.4-10), o agrupamento dos crentes redimidos como fruto da morte de Cristo (1Pe 1.18,19). É um povo peregrino que já não pertence a esta terra (Hb 13.12-14), cujo primeiro dever é viver e cultivar uma comunhão real e pessoal com Deus (1Pe 2.5; ver Hb 11.6).

A igreja foi chamada para deixar o mundo e ingressar no reino de Deus. A separação do mundo é parte inerente da natureza da igreja e a recompensa disso é ter o Senhor por Deus e Pai (2Co 6.16-18)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1422).

 

GLOSSÁRIO

 

Coerdeiro: Aquele que herda em comum.

Despenseiro: O encarregado da despensa.

Insondável: Inexplicável, incompreensível.

Meritória: Que merece prêmio ou louvor; louvável.

Magnitude: Qualidade de magno; grandeza.

Mordomo: Administrador dos bens de uma casa.

Multiforme: Que tem muitas formas ou se apresenta de muitas maneiras.

Partícipe: Participante.

Presciência: Qualidade de presciente; previdência, previsão.

Revelação: Ação divina que comunica aos homens os desígnios de Deus.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Como Paulo revela a sua missão?

R. De modo especial para que o crédito de sua mensagem não causasse dúvida entre os efésios.

 

2. De que Paulo foi o revelador sob a direção do Espírito Santo?

R. Do mistério de Cristo.

 

3. De que Paulo revela ser ministro?

R. Do evangelho.

 

4. O que declara o v.10?

R. Declara que a Igreja se constituiu na proclamadora da revelação do mistério da salvação.

 

5. Quais as três palavras que tornam possível nossa relação mais íntima com Deus?

R. Ousadia, acesso e confiança.