LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

4º Trimestre de 1999

 

Título: Efésios — A Igreja nas regiões celestiais

Comentarista: Elienai Cabral

 

 

Lição 9: Os dons de Cristo

Data: 28 de Novembro de 1999

 

TEXTO ÁUREO

 

E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores(Ef 4.11).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Os dons ministeriais são concedidos à Igreja para o aperfeiçoamento dos santos.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Ef 4.1-6

A unidade do Espírito

 

 

Terça — Mt 10.2; At 14.4,14

O dom de apóstolo

 

 

Quarta — 1Co 12.28; At 13.1

O ministério profético

 

 

Quinta — At 21.8; 8.6,12

O ministério de evangelista

 

 

Sexta — 1Tm 3.1-5; Tt 1.7-11

O ministério de pastor

 

 

Sábado — 2Tm 1.11-14

O ministério de ensino

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Efésios 4.7-16.

 

7 — Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.

8 — Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens.

9 — Ora, isto — ele subiu — que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da terra?

10 — Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas.

11 — E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,

12 — querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo,

13 — até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,

14 — para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente.

15 — Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,

16 — do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.

 

PONTO DE CONTATO

 

Comece a aula fazendo duas perguntas à classe. A primeira: Se seus alunos têm convicção de que são chamados para o serviço do Mestre. A Segunda: Se já estão exercendo uma função de acordo com a sua vocação. Todo crente possui algum dom. Obviamente nem todos possuem um dom que os destaque na congregação, mas todos têm capacidade para servir de algum modo dentro do corpo de Cristo. Os dons são distribuídos “segundo a proporção do dom de Cristo”. É Cristo quem distribui de acordo com a sua vontade. Portanto, ninguém pode invejar aqueles cujos dons sejam mais notáveis e honrosos aos olhos dos homens, nem tampouco menosprezar aqueles que lhe parece valer menos.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula seu aluno deverá estar apto a:

Enumerar os dons ministeriais descritos nos vv.11,12 do texto em apreço.

Destacar a importância e o propósito dos dons de Cristo no desenvolvimento espiritual do crente e no crescimento da Igreja.

Explicar o significado, a finalidade e a contextualização de cada dom listado no texto em estudo.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

Os dons ministeriais foram dados à Igreja com o propósito de preparar o povo de Deus para o trabalho, promover crescimento, desenvolvimento espiritual, e fortalecer a unidade do corpo de Cristo. Desse modo, a Igreja vai sendo construída, aumentada e seus membros são edificados. Cada membro usa seus dons individuais segundo o que o Senhor da Igreja ordena e, desta forma, cada um desempenha um serviço espiritual para com seus companheiros no corpo e para com Jesus Cristo. O Senhor escolhe seus instrumentos, reveste-os de seus dons para o ministério e dá-lhes a capacidade espiritual de servi-Lo no caminho que deseja para cada um.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

O estudo correlativo das Escrituras é excelente para desenvolver a capacidade de análise e síntese de seus alunos. Ou seja, eles terão condições de raciocinar com logicismo e independência. Esta autonomia, lhes permitirá executar tarefas importantes no processo ensino-aprendizagem. No Novo Testamento encontramos três listas de dons. Proponha a turma, como exercício, a comparação destas três listas. Proceda do seguinte modo:

Divida a turma em três grupos:

O primeiro ficará com a responsabilidade de enumerar os dons listados em Efésios 4. O segundo se ocupará com a relação de Romanos 12 e o terceiro, a de 1 Coríntios 12. As listas deverão ser comparadas e as semelhanças e diferenças anotadas.

Para esta atividade utilize o quadro de giz. Divida o espaço do quadro em três partes. Cada grupo deverá usar o espaço a ele reservado. É interessante que haja a participação de toda a classe.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

A Bíblia nos revela três classes de dons espirituais: os dons de Deus Pai, os dons de Cristo e os dons do Espírito. Estudaremos a respeito dos dons de Cristo. Esses dons são ministeriais, concedidos por Cristo para fortalecer o seu corpo que é a Igreja. Constituem-se em bênçãos vitais ao desenvolvimento sadio da Igreja através dos seus membros.

 

 

I. ELEMENTOS DA UNIDADE DO ESPÍRITO NA IGREJA

 

1. A graça concedida para a unidade da Igreja (v.7). Deus concedeu sua graça à Igreja, não de modo coletivo, mas individualmente. É uma concessão especial da parte de Deus para manter o ritmo normal das atividades do corpo de Cristo.

2. A razão da unidade do Espírito na Igreja (v.8). O apóstolo procura mostrar porque Jesus tomou-se apto para “dar dons aos homens”. Ele começa contando a história íntima do Calvário; aquela que os homens não puderam ver — entre a sua morte e a ressurreição. Paulo teve a revelação dessa história e inicia declarando: “Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens”. O Espírito Santo levou o apóstolo a fazer aqui uma analogia à base do Salmo 68.18, que ilustra um guerreiro vencedor que leva cativos seus vencidos, e os despoja de suas armas. Foi assim que Jesus, o guerreiro vencedor do Calvário venceu a morte e a sepultura. Esse texto é, também, uma declaração profética acerca da vitória de Cristo no Calvário e a sua ascensão.

3. A vitória de Cristo sobre o pecado, a morte e o inferno (vv.8-10). “Subindo ao alto” fala de sua ascensão e volta ao seio do Pai. A expressão “levou cativo o cativeiro” provavelmente significa que Cristo, antes de ter subido “ao alto”, desceu “às partes mais baixas da terra” (v.9). É uma linguagem metafórica acerca do inferno, lugar invisível dos mortos, identificado na Bíblia como “estado intermediário” (Lc 16.19-31). Ler At 2.24-33.

Jesus, ao morrer na cruz, em algum momento seu espírito desceu ao Inferno e tomou de Satanás as suas chaves e levou “cativo o cativeiro”, isto é, trasladou os santos para a presença de Deus, onde aguardam a ressurreição de seus corpos. O pecado perdeu a sua força na vida do crente, porque Cristo o derrotou na sua morte (Rm 6.14; Hb 9.15). A morte perdeu o domínio da sepultura, porque Cristo ressuscitou poderosamente dentre os mortos (Ap 1.17,18). O Inferno perdeu seu domínio sobre o crente. Por isso, quando morre, a alma e o espírito do crente descansam com Cristo enquanto aguardam a gloriosa ressurreição de seu corpo.

 

 

II. OS DONS ESPECÍFICOS PARA A UNIDADE DA IGREJA

 

Mediante a sua vitória no Calvário Jesus conquistou o direito de conceder dons à Igreja (v.8). A ordem dos dons na listagem do v.11 não é uma evidência de hierarquia no ministério cristão. Cada dom de Cristo é concedido afim de produzir a unidade, a maturidade e a perfeição dos salvos (vv.11,12).

1. Apóstolos. Através da história tem havido muita polêmica acerca da atualidade ou não de apóstolos. Alguns entendem que apóstolos foram apenas os doze que estiveram com Cristo. Paulo, entre outros dons ministeriais tinha o de apóstolo. Não há qualquer ensino no Novo Testamento afirmando que o dom de apostolado tenha ficado restrito aos tempos primitivos. Esse ministério em nossos dias não deve ser confundido com títulos meritórios conferidos a pastores por tempo de pastorado. Pois, é um ministério de enviados pelo Espírito Santo, desbravadores para o reino de Cristo.

2. Profetas. A profecia é exercida no ministério cristão como “dom de Cristo” e, também, como “dom do Espírito” (1Co 12.10). É preciso distinguir a função segundo a fonte do dom. Se o dom é ministerial, a função difere do dom do Espírito quanto à finalidade da profecia. Em nossos dias, esse dom existe, mas não é reconhecido. Na Igreja primitiva, os profetas exerciam um ministério de exortação à Igreja (At 13.1,2; 15.32). Entretanto, como dom do Espírito, tinha um caráter especial de edificação, exortação e consolação (1Co 14.3).

3. Evangelistas. Esse é um ministério específico na vida da Igreja. Sua função básica é levar as boas novas do evangelho aos que ainda não as receberam. Não é um trabalho lixo dentro da igreja local. O evangelista tem uma chama divina que o impulsiona para fora “onde estão os pecadores”. Lamentavelmente, essa função tem sido equivocada como um degrau abaixo da função de pastor. Entretanto, as marcas de um verdadeiro evangelista aparecem no poder sobrenatural para anunciar as Palavras de Deus e nos sinais e maravilhas operadas por sua fé, levando as pessoas se converterem a Cristo.

4. Pastores. O Espírito Santo chama pessoas e as dota com capacidade de liderança no seio da Igreja. São pessoas chamadas para cuidar do rebanho de Deus, alimentá-lo com alimento sadio e consistente e, guiá-lo. Esse ministério de pastor tem sido confundido com o de ensinadores, porque ambos, pastores e doutores, estão muito próximos na ministração da Palavra de Deus. O dom de pastor se manifesta, essencialmente, na capacitação pelo Espírito, para o obreiro chamado por Deus administrar, proteger e liderar o rebanho de Deus.

5. Ensinadores. Esse ministério não é maior nem menor no contexto da Igreja. Deus tem dotado homens e mulheres com a capacidade para ensinar de modo didático as doutrinas que norteiam a vida do crente no mundo. Alguns teólogos tradicionais veem esse ministério ligado diretamente ao de pastor. Entretanto, há conhecidos e excelentes ensinadores da Palavra que não conseguem ser bons pastores, no sentido administrativo. Alguns exemplos na Igreja primitiva como Apolo que percorria as igrejas ministrando a Palavra de Deus (At 18.27; 1Co 16.12; Tt 3.13).

 

 

III. O PROPÓSITO DOS DONS MINISTERIAIS

 

1. O aperfeiçoamento dos santos (v.12). As pessoas remidas por Cristo são “santas”, isto é, separadas para Deus. O ministério cristão visa o aperfeiçoamento dos santos, no sentido de, como crentes, todos precisamos conhecer as doutrinas que formam a nossa fé. O aperfeiçoamento diz respeito à promoção, pela Palavra, da renovação espiritual, purificação dos pecados e dinamização para servir a Deus.

2. A obra do ministério (v.12). No trabalho de aperfeiçoamento espiritual dos crentes, o Espírito trabalha, também, vocacionando pessoas para a obra do ministério. Os dons são dados para “aperfeiçoar os santos”. Por isso, cada dom ministerial concedido por Cristo através do Espírito Santo satisfaz plenamente as necessidades espirituais da Igreja. Esta, por sua vez, deve preparar e habilitar obreiros para a obra do ministério. Ministrar a vontade de Deus requer do ministro a capacidade de ouvir a voz do Espírito e de conhecer a Palavra de Deus, pois esse ministério é para “a edificação do corpo de Cristo”.

3. O objetivo dos dons ministeriais (v.13). Mais uma vez, a preocupação básica é com a manutenção da unidade da Igreja quanto à sua fé e prática. Os dons ministeriais têm por objetivo principal desenvolver a fé cristã no crente, no sentido de levá-lo ao “conhecimento da pessoa e obra de Jesus Cristo” (v.13). É também evitar que os inconstantes se percam; aqueles que facilmente se deixam levar por heresias e crenças absurdas (v.14).

4. O crescimento e o ajustamento do corpo de Cristo (vv.14-16). No v.14, o apóstolo destacou a importância do ensino para firmar os inconstantes, os que são levados por ventos de doutrinas. No v.15, ele ensina que a verdade deve ser apresentada em amor para com as pessoas. O ministério cristão visa equilibrar esse modo de falar a verdade, pois alguns ministros, são “secos” e “duros”, não cumprindo o verdadeiro papel ministerial. No v.16, a Bíblia mostra que o desenvolvimento espiritual do crente objetiva ajustar o corpo (a Igreja) à medida perfeita de Cristo. Um crescimento desproporcional, retardado e desequilibrado do crente prejudicará o funcionamento do corpo. A obra do ministério visa ajudar esse crescimento proporcional.

 

 

CONCLUSÃO

 

A Igreja de Cristo é mantida em sua unidade espiritual pelo desempenho dos dons ministeriais. Por isso, busquemos do Senhor a edificação e o aperfeiçoamento.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Exegético

 

“‘Para que não sejamos mais meninos inconstantes’, v.14. No original a palavra ‘meninos’ aparece como ‘ nepioi ’ (grego), que significa infantes ou criancinhas que ainda não falam. Dá a ideia de crentes-meninos, isto é, imaturos e inseguros. As palavras ‘meninos inconstantes’ contrastam com a expressão ‘varão perfeito’, v.13.

Que tipos são esses ‘meninos inconstantes?’. São aqueles crentes facilmente agitados por circunstâncias, sujeitos a mudanças provocadas por ‘ventos’ de doutrinas falsas. São aqueles que naufragam nas dúvidas espirituais e se deixam levar pelo desânimo, que lhes causa o abandono da fé recebida. Paulo usa expressões náuticas para ilustrar aqueles que se ‘agitam’ e são ‘levados’ por heresias e crenças absurdas. São os que facilmente vacilam na fé quando surge qualquer vento de doutrina. A continuação do versículo mostra a causa que leva esses ‘meninos inconstantes’ na fé a vacilarem. Os que trazem esses ‘ventos’ são homens que com astúcia enganam fraudulosamente. A expressão ‘engano dos homens’ tem um sentido mais claro para entendermos o ensino de Paulo. A Palavra ‘engano’ pode ser trocada por estratagema, que significa originalmente ‘jogo de dados’. Entende-se, então, a mesma palavra estratagema por truque. Assim, como os jogadores usam truques (‘engano’) no jogo de dados, assim também, homens perniciosos a serviço de Satanás usam de formas maliciosas para enganar os mais fracos na fé, com ensinos errados que ferem frontalmente a Palavra de Deus” (Carta aos Efésios, CPAD. pp.119,120).

 

 

Subsídio Teológico

 

“O emprego por Paulo da metáfora a respeito da Igreja reconhece que todas as partes do corpo ‘são interdependentes e necessárias à saúde do corpo’. A dinâmica do relacionamento não é meramente uma opção conveniente. Fomos feitos à imagem de Deus (Gn 1.26-28) e, a Igreja tem o propósito de ser uma restauração corpórea da imagem quebrada. A Igreja não só é uma ideia genial, como também é essencial ao plano divino da redenção (Ef 3.10,11). Deus manifesta sua presença ao mundo através de um povo interdependente de pessoas que servem umas às outras.

Porque o ministério à Igreja reflete uma figura bíblica que representa a Igreja como um organismo, podemos ver como a dimensão relacional da vida na Igreja é dinâmica e, não estática. Certamente exercemos algum efeito uns sobre os outros. O ministério à Igreja corrige a tendência da sociedade ocidental de enfatizar o indivíduo mais do que a comunidade. O ministério da Igreja inclui equipar um grupo de pessoas que vivem em mútua comunhão, capacitando-as a crescerem até formarem uma entidade amorosa, equilibrada e madura” (Teologia Sistemática, CPAD. pp.601,602).

 

GLOSSÁRIO

 

Analogia: Ponto de semelhança entre coisas diferentes.

Cativeiro: Escravidão, servidão.

Didático: Relativo ao ensino ou à instrução, ou próprio deles.

Evidência: Qualidade do que é evidente; certeza manifesta.

Fraudulosamente: Propenso à fraude; enganosamente.

Heresia: Rejeição voluntária de um ou mais artigos da fé; ponto de vista contrário às doutrinas aceitas pela comunidade dos fiéis.

Hierarquia: Ordem e subordinação de poderes.

Profético: Relativo a profeta ou a profecia.

Trasladar: Mudar de um lugar para outro; transferir, transportar.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Quais as três classes de dons reveladas no Novo Testamento?

R. Os dons de Deus Pai, os dons de Cristo e os dons do Espírito.

 

2. O que foi concedido especialmente por Deus para a unidade da Igreja?

R. A graça.

 

3. Quais as três coisas que perderam domínio sobre o crente após Cristo ter descido “às partes mais baixas da terra”?

R. O pecado, a morte e o Inferno.

 

4. Para que os dons de Cristo são concedidos à Igreja?

R. Para produzir a unidade, a maturidade e a perfeição.

 

5. Que versículo mostra que o desenvolvimento espiritual do crente deve objetivar o ajustamento da Igreja?

R. Versículo 16.