LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

4º Trimestre de 2003

 

Título: Mordomia Cristã — Servindo a Deus com excelência

Comentarista: Elienai Cabral

 

 

Lição 1: A doutrina da Mordomia Cristã

Data: 05 de Outubro de 2003

 

TEXTO ÁUREO

 

Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo, e aqueles que nele habitam(Sl 24.1).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Mordomia Cristã é uma doutrina que proporciona ao crente uma perspectiva global e administrativa da sua vida como despenseiro de Deus.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Pv 3.9,10; 11.25

O crente e seus bens

 

 

Terça — 2Co 8.1-11

O crente e a ação social

 

 

Quarta — Sl 90.12; Ef 5.16

O crente e o uso sábio do seu tempo

 

 

Quinta — 2Co 9.6-10

O crente e a contribuição financeira

 

 

Sexta — At 4.32-35

O crente e o socorro aos necessitados

 

 

Sábado — Ml 3.10; Mt 23.23

O crente e o dízimo do Senhor

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Salmos 24.1-10.

 

1 — Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.

2 — Porque ele a fundou sobre os mares e a firmou sobre os rios.

3 — Quem subirá ao monte do Senhor ou quem estará no seu lugar santo?

4 — Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente.

5 — Este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação.

6 — Esta é a geração daqueles que buscam, daqueles que buscam a tua face, ó Deus de Jacó.

7 — Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.

8 — Quem é este Rei da Glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra.

9 — Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.

10 — Quem é este Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos; ele é o Rei da Glória.

 

PONTO DE CONTATO

 

Ao contrário do que comumente se pensa, mordomia não é desfrutar os prazeres da vida sem precisar pagar as próprias despesas. Não é ter um visão como costumam bradar os que se habituaram a fazer chacota da vida alheia. Buscando o exato significado da palavra, você pode averiguar que mordomia possui significado completamente oposto. Se considerar à luz da Bíblia então, ficará admirado! Deixe-se surpreender com as grandes lições bíblicas sobre mordomia que foram elaboradas para serem estudas neste trimestre.

Qualquer função para ser bem exercida exige preparação adequada. Com a mordomia não é diferente. O que significa a palavra mordomo? Que qualificações morais, intelectuais e emocionais devem ser exigidas de um bom mordomo? Quais são as tarefas pertinentes ao despenseiro? Quais as suas atribuições? Qual a diferença entre servo e mordomo?

Converse com a turma sobre o tema e deixe que exponham suas impressões. Você acha que tem sido um bom administrador da vida que Deus tem lhe proporcionado? Pense nisso.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, seu aluno deverá estar apto a:

 

  • Definir a palavra mordomia.
  • Citar os três direitos especiais que Deus tem sobre o homem.
  • Identificar a base da doutrina da mordomia.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

Segundo está escrito em 1 Coríntios 4.2, fidelidade é pré-requisito fundamental para o perfeito desempenho das funções de administrador. No Reino de Deus não é diferente. Tanto é assim que, na parábola dos dez talentos, aquele senhor, ao receber relatório do trabalho prestado, declarou “bem está servo bom e fiel […]”.

Fiel é aquele que inspira confiança, que não falha, que não muda. Que cumpre aquilo a que se obriga. Que é capaz de cumprir com diligência as ordens de seu senhor. Que é capaz de defender com zelo os bens a ele confiados.

Esta mesma parábola revela-nos que aquele proprietário distribuiu àqueles homens tarefas de acordo com a capacidade que possuíam para executar o trabalho, portanto, não há desculpas para a negligência. Segundo nossa capacidade, devemos cumprir nossa missão como bons administradores de Deus na terra.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Um exemplo clássico do exercício eficiente de mordomia, é José no Egito quando prestou serviço na casa de Potifar. Leia com atenção a passagem de Gênesis 39 com destaque especial para os versículos 5 e 23. Tenha em mente que Deus, ainda hoje, nos faz mordomos de seus dons e talentos e nos pedirá prestação de contas deles.

Elabore uma pequena encenação com a ajuda de alunos voluntários. Não se preocupe com grande produção. O objetivo da dramatização é trazer à memória o que Deus faz na vida daquele que se mantém fiel a despeito das circunstâncias.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

A leitura bíblica da lição desta semana destaca um cântico do salmista Davi em que este glorifica a Deus como Criador, Senhor da terra e do mundo, e de tudo o que neles há (Sl 24.1). Tudo o que somos, o que vemos e o que possuímos na vida pertencem a Deus, porque Ele criou todas as coisas (Gn 1.1). Esse conceito bíblico deixa claro que o ser humano foi criado por Deus para ser seu mordomo, isto é, o administrador de todas as coisas criadas.

Criação é o livre ato de Deus, pelo qual todas as coisas foram feitas. Diz-nos as Escrituras que após Deus haver completado a obra de criação, criou o homem e a mulher e confiou a ambos a missão de administrar a terra e o que nela existe (Gn 1.26-28; 9.2; Sl 8.6-8). Portanto, o homem foi estabelecido para ser mordomo do Altíssimo. Deus nunca lhe entregou qualquer direito de propriedade, mas para si mesmo reservou as coisas que criou.

Nesta lição, estudaremos os princípios básicos da vivência humana cotidiana, especialmente em relação ao crente, conscientizando-o acerca do seu papel como mordomo do Senhor dos senhores (1Co 4.2).

 

 

I. O QUE É UM MORDOMO

 

Mordomo é o administrador de uma casa, ou dos bens de outrem. As palavras família, casa, pai de família, bens, mordomo, servo e administrador estão todas ligadas ao sentido da palavra mordomia. Do ponto de vista bíblico, aplicável e prático, mordomia é a administração da nossa vida individual em toda a sua extensão física, moral, material e espiritual. Todas as atividades pessoais do cristão devem ser administradas sob a exata aferição da Palavra de Deus.

 

 

II. A BASE BÍBLICA DA DOUTRINA DA MORDOMIA

 

A primeira grande verdade que um cristão deve aprender acerca da mordomia cristã é que a Bíblia é a revelação de toda vontade de Deus para o homem. É a Palavra de Deus que ensina o papel do autêntico cristão como mordomo. Deus confiou ao homem a administração de bens e poderes que pertencem a Ele. Portanto, é da sua competência administrar com eficiência os bens confiados por seu Senhor, para que seja plenamente feliz (Lc 12.42-44; 1Co 4.2).

1. O princípio da soberania de Deus. Essa soberania revela-se nas palavras inspiradas do salmista: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo, e aqueles que nele habitam” (Sl 24.1). Por esse princípio divino entendemos que nosso papel como criaturas e filhos de Deus é o de reconhecermos sua soberania sobre todas as coisas e ser-lhe submissos sem reservas (Lc 14.26,27,33; Mt 28.20). A mordomia bíblica destaca a soberania de Deus em termos do senhorio. Ele é o Senhor!

2. Deus é Criador e Senhor de todas as coisas. A doutrina da criação, exposta na Bíblia, tem por objetivo revelar a grandeza, o poder e a sabedoria de Deus como Criador, bem como a relação entre Ele e o homem. A Bíblia evidencia o fato de que Deus é a fonte de toda a criação, e de que ela pertence a Ele e se lhe sujeita (Am 4.13; 9.5,6). A criação do Universo é apresentada como um fato consumado e aceito pela fé: “Pela fé entendemos que os mundos, pela Palavra de Deus, foram criados” (Hb 11.3).

Sem dúvida, há uma intensa relação entre Deus, o Criador, e a sua criação. Essa relação demonstra que o Eterno cuida e se interessa por tudo quanto criou. Ele é quem sustenta e provê todas as coisas. (Jo 5.17; Hb 1.3; Sl 104.30).

Após estabelecer o mundo natural pelo poder de sua Palavra, a ação criadora de Deus culminou com a criação do ser humano (Gn 1.26-30). Primeiro o Todo-Poderoso criou todas as outras formas inferiores de vida. No reino pessoal destaca-se o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, em termos relativos à personalidade e espírito. No reino impessoal, os seres irracionais, que a Ele pertencem por direito.

Quanto aos seres humanos, Deus tem três direitos especiais, que focalizaremos a seguir.

 

 

III. A RELAÇÃO ENTRE O CRIADOR E O HOMEM

 

Deus criou o homem, ser racional e espiritual, e capacitou-o para pensar, sentir, raciocinar e decidir. Após criá-lo, Ele o fez seu mordomo sobre tudo quanto estabelecera. Concedeu-lhe poderes para dominar (Gn 1.28) sobre as demais criaturas do mundo animal. O homem, ao cair em pecado no Éden, perdeu todos os seus direitos de domínio. Contudo, o amoroso Criador não desistiu de sua criatura especial, mas providenciou a sua restauração através de Jesus Cristo, seu Filho Amado. Tal restauração inicia-se imediatamente, sempre que o homem crê em Jesus como seu Salvador e serve-o de todo o seu coração.

1. O homem pertence a Deus por direito de criação (Gn 1.27; Is 43.1; 45.12; Ez 18.4). Ao criá-lo, o Eterno concedeu-lhe uma estrutura física: seu corpo fora formado do pó da terra. O verbo “formou”, em Gênesis 2.7 referente a Deus quando da formação de Adão, confere um sentido dinâmico à sua criação, indicando que ele não é só constituído de espírito e alma, mas também de materiais preexistentes. A forma material e a espiritual resultaram de um ato completo do poder criador de Deus, como está declarado nas Escrituras; e não de um processo gradual evolucionista até chegar ao macaco. Enquanto Deus o eleva, criando-o perfeito e completo, como declara a Bíblia, ele próprio se degrada, aparentando-se com os animais irracionais.

A distinção da criação especial do homem por Deus está no fato declarado pela Bíblia em Gênesis 2.7 que diz: “e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Esse fato nos mostra que o homem tem mais que vida física; possui vida espiritual. Ele é também um ser pessoal com consciência de si mesmo e dotado de livre-arbítrio, o que o torna altamente responsável, além de revelar em parte o seu caráter.

2. O homem pertence a Deus por direito de preservação (At. 14.17; 17.28; Cl 1.17). Deus não só criou o homem, mas também o sustenta por sua divina providência. Essa providência é inicialmente conhecida pelo oxigênio que respiramos, pelo vestuário e pelo alimento que a terra produz para nós.

Ele é criação especial de Deus que o preserva por meio de suas leis espirituais e naturais expressas na própria vida física e espiritual do homem. No que se refere à mordomia de sua própria vida, o homem deve obedecer e respeitar essas leis para ter uma vida feliz e abençoada (Dt 33.12-16, Ne 9.6, At 17.28).

3. O homem pertence a Deus por direito de redenção (1Co 6.20; Tt 2.14; Ef 1.7). Por causa da sua queda no Éden, o homem perdeu seu rumo e, portanto, o alvo para o qual foi criado. Perdeu, de igual modo, a preciosa e imprescindível comunhão com o seu Criador. A palavra hamartia define o pecado como “desvio do alvo”, ilustrado pela flecha do atirador, disparada, mas sem rumo, sem alvo, perdida. Esse é o estado atual do homem sem Deus por causa do pecado. Entretanto, o Todo-Poderoso não desistiu de sua criatura e, enviou seu Único Filho, o qual se fez carne e, habitou entre nós para redimir a humanidade e restaurá-la à comunhão com o Criador.

O preço da redenção foi pago com o sangue inocente e imaculado de Cristo. Por meio desta maravilhosa obra redentora, o homem é restaurado à sua condição original de comunhão com Deus. O agente regenerador, nesta obra salvífica, é o Espírito Santo, que nele opera a regeneração e a santificação (Tt 3.5; 2Ts 2.13). É imperioso afirmar que a condição essencial da redenção é a fé em Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 3.21-26; At 26.18).

 

 

CONCLUSÃO

 

Nesta lição, aprendemos essencialmente que todas as coisas existentes no universo foram por Deus criadas e, portanto, tudo lhe pertence. Ele é o Senhor de tudo e de todos. Como guardiões de Deus na terra, devemos exercitar a nossa mordomia sobre todas as coisas. Em síntese, a palavra mordomia fala da consciência que o crente deve ter de que tudo quanto possui é, acima de tudo, um bem proveniente de Deus (Tg 1.17).

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Teológico

 

“Em última instância, como é natural, não possuímos nada; apenas somos mordomos das coisas que Deus nos confiou. É Deus quem possui todas as coisas. Devemos usar nossos recursos econômicos e nosso trabalho conforme Ele ordena, de acordo com a sua lei de justiça e misericórdia […].

[…] Quando levamos a cabo nossa vocação em obediência às ordenanças de Deus, escreveu Martinho Lutero, então o próprio Deus trabalha através de nós de acordo com seus propósitos. Essa parceira inclui todas as formas legítimas de trabalho, não só as vocações espirituais. Lutero rejeitou totalmente a noção de que os monges e o clero eram comprometidos com o trabalho mais santo do que os lojistas e as donas de casa. ‘Trabalhos aparentemente seculares são adoração a Deus’, escreveu, ‘e uma obediência que agrada bastante a Deus […]’.

[…] A rejeição da doutrina bíblica da Criação conduziu à rejeição de sua doutrina da natureza humana (sua antropologia). Os seres humanos já não eram mais vistos como resultado do trabalho manual de Deus, vivendo de acordo com elevados propósitos espirituais e morais — amar a Deus e servir aos semelhantes. Ao invés disso, passaram a ser vistos somente como parte da natureza, dirigidos pelo egoísmo e pela conveniência. Como resultado, a ética protestante foi separada de seu contexto cristão de mordomia e serviço, e degradou-se em um credo de sucesso pessoal” (E Agora Como Viveremos? CPAD, pp.454,456-458).

 

GLOSSÁRIO

 

Aferição: Ato de aferir; conferir (pesos, medidas etc) com os respectivos padrões.

Dinâmico: Ativo ou diligente em alto grau; muito empreendedor.

Imaculado: Que não tem mácula ou mancha de pecado; puro, inocente, cândido.

Imperioso: Impreterível, inevitável.

Impessoal: Que não se refere ou não se dirige a uma pessoa em particular, mas às pessoas em geral.

Imprescindível: Indispensável; o que não se pode abrir mão.

Irracionais: Que não raciocina.

Soberania: Autoridade moral, tida como suprema; poder supremo.

Universo: O conjunto de tudo quanto existe (incluindo-se a Terra, os astros, as galáxias e toda a matéria disseminada no espaço).

Vivência: O fato de ter vida, de viver; existência.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

E Agora, Como Viveremos? Charles Colson, CPAD.

Grandes Sermões do Mundo. Clarence E. Mcartney, Editor, CPAD.

Teologia Sistemática. Charles Finney, CPAD.

Teologia Sistemática. Stanley M. Horton, CPAD.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. O que é mordomia do ponto de vista bíblico?

R. A administração da vida em toda a sua extensão física, moral, material e espiritual.

 

2. Qual é o nosso papel como criaturas e filhos de Deus?

R. Reconhecermos a soberania do Deus Criador sobre todas as coisas e ser-lhe submissos sem reservas.

 

3. Mencione três direitos especiais que Deus tem sobre o homem?

R. Direito de criação, preservação e redenção.

 

4. O que torna a criação do homem tão especial?

R. O homem possui mais que vida física; possui vida espiritual. É um ser pessoal com consciência de si mesmo e dotado de livre-arbítrio.

 

5. O que Deus fez para restaurar a sua comunhão com o homem?

R. Enviou Jesus para pagar o preço da redenção através de sua morte na cruz.