LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

4º Trimestre de 2003

 

Título: Mordomia Cristã — Servindo a Deus com excelência

Comentarista: Elienai Cabral

 

 

Lição 7: A mordomia do espírito humano

Data: 16 de Novembro de 2003

 

TEXTO ÁUREO

 

O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhas de Deus(Rm 8.16).

 

VERDADE PRÁTICA

 

O espírito no homem identifica a sua natureza espiritual e possibilita a comunhão pessoal com o seu Criador.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Mt 27.50

Jesus, como homem perfeito tinha espírito

 

 

Terça — Pv 16.32

O homem pode dominar seu espírito

 

 

Quarta — Jó 34.14; Is 42.5

Fôlego e espírito são coisas distintas

 

 

Quinta — Rm 8.16

É no nosso espírito que o Espírito Santo testifica da nossa filiação com Deus

 

 

Sexta — Tg 2.26

O Espírito comunica vida ao corpo

 

 

Sábado — Jo 4.24

No espírito está o âmago da nossa adoração a Deus

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

1 Coríntios 2.14-16; Provérbios 16.2; Zacarias 12.1; Marcos 14.38.

 

1 Coríntios 2

14 — Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.

15 — Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.

16 — Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.

 

Provérbios 16

2 — Todos os caminhos do homem são limpos aos seus olhos, mas o Senhor pesa os espíritos.

 

Zacarias 12

1 — Peso da palavra do Senhor sobre Israel. Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.

 

Marcos 14

38 — Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.

 

PONTO DE CONTATO

 

Descubra na Bíblia, juntamente com sua turma, o tratamento dado às palavras fé e consciência. Que implicações são atribuídas à fé? Como ela pode ser expressa? Quantos tipos de fé existem? Procure exemplos bíblicos de pessoas que exercitaram a fé.

Como é tratada a consciência na Bíblia? O que significa: boa consciência (At 23.1), consciência sem ofensa (At 24.16), consciência pura (2Tm 1.3), consciência alheia (1Co 10.29), testemunho da consciência? (Rm 9.1).

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, seu aluno deverá estar apto a:

 

  • Mencionar alguns pecados contra a crença inata em Deus.
  • Citar as referências que confirmam o ensino da tricotomia.
  • Identificar as duas faculdades do espírito humano.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

O homem é uma criatura singular porque é constituído de algo que lhe possibilita ter um relacionamento com o Eterno Criador. O espírito que juntamente com a alma compõe o ser interior. Podemos distingui-los como sendo esta a sede da personalidade; e aquele, a das qualidades espirituais. Essa comunhão só pode se efetivar quando permitimos que o Espírito Santo nos convença do pecado, da justiça e do juízo. Através da salvação, esse componente imaterial do homem é vivificado. Pelas Escrituras, podemos entender que o espírito do não crente encontra-se inativo, pois não tem comunhão com Deus, está sufocado pelas concupiscências da carne. Suas faculdades mais importantes são a consciência, que soa dentro de nós como um alarme nos avisando do perigo. E a fé, a nossa capacidade inata de crer ou fé natural, nada tendo a ver com a fé imprescindível à salvação.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Pergunte aos seus alunos o que se deve fazer para ter uma vida saudável. Quantas refeições eles fazem por dia. Quantos dias ou quantas horas eles conseguem ficar sem comer. O que acontece quando eles passam muito tempo sem se alimentar.

Se possível, peça que escrevam no quadro. Depois, trace um paralelo entre a nossa vida espiritual e física. Assim como o nosso corpo, o nosso espírito também precisa de alimento. A Bíblia e a oração são elementos indispensáveis para a manutenção da comunhão do cristão com Deus. Se não nos alimentarmos espiritualmente de maneira adequada, ficaremos fracos e doentes, sem resistência para enfrentarmos nossas lutas diárias e poderemos até morrer.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

O espírito é a parte mais profunda e íntima do ser humano. Scofield comentou nas notas de sua Bíblia que “sendo o homem espírito é capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com ele. Sendo alma, tem conhecimento de si próprio. Sendo corpo, tem, através dos sentidos, conhecimento do mundo”. Nesta lição, estudaremos as relações do espírito, as suas faculdades e como administrar o próprio espírito para o cumprimento de suas funções naturais, conforme Deus estabeleceu.

 

 

I. QUE É O ESPÍRITO HUMANO

 

Na Bíblia, a palavra espírito deve ser interpretada dentro do seu contexto para que seja entendido o seu real significado (Mt 27.50; Lc 8.55; 24.39; Jó 12.10; 32.8; 1Co 14.15 e Is 26.9).

1. A distinção do espírito humano. O espírito humano é mais que a simples respiração ou fôlego de vida. É parte principal que o habilita a ter comunhão pessoal com seu Criador, mediante a salvação em Cristo e agência do Espírito Santo. É o espírito que vivifica a alma e dá-lhe consciência de Deus. Mediante Cristo, é ele que nos relaciona com Deus na oração, na adoração e na comunhão. Das criaturas de Deus só o homem possui espírito, o que o torna singular no reino físico (Jó 12.10).

 

 

II. DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO

 

Alma e espírito compõem a parte imaterial ou espiritual do ser humano e são distintas. Há muito de misterioso e profundo na compreensão detalhada do espírito, alma e corpo humanos. Particularidades não estão reveladas na Bíblia, principalmente quanto à alma e ao espírito. O próprio corpo — o elemento mais conhecido, encerra mistérios que nem os estudiosos, nem a ciência puderam desvendar: nas células, no sangue, no tríplice sistema nervoso e no equilíbrio e sincronia das funções de seus muitos órgãos. Imagine você, agora, as verdades ocultas na área da alma e do espírito!

Alguns textos na Bíblia referem-se, às vezes, à alma e ao espírito como se fossem uma coisa só. Porém, o vasto conteúdo bíblico deixa claro que há uma perfeita e indiscutível distinção entre alma e espírito. Uma vez que alma e espírito são diferentes, intensamente conjugados, certas referências bíblicas ao espírito abrangem a alma e vice-versa (Ec 12.7 e Mt 10.28; Ap 6.9 e Hb 12.23; Lc 23.46 e At 2.31; Gn 35.18 e Tg 2.26; 2Co 7.1 e 1Pe 2.11; Tg 5.20 e 1Co 5.5).

1. A composição tríplice do homem. “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo vosso espírito e alma e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23). Uma outra escritura mostra a mesma distinção de modo claro: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, é mais penetrante que espada alguma de dois gumes; que penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). A Palavra de Deus penetra até a divisão da parte imaterial do homem as quais são alma e espírito.

 

 

III. FACULDADES DO ESPÍRITO HUMANO

 

São duas as faculdades essenciais do espírito humano: fé e consciência. Essas duas faculdades identificam a religiosidade do homem, isto é, o seu lado intermediário espiritual. Fé e consciência expressam a natureza moral e espiritual do homem e mostram sua primazia e diferença da criação irracional. Pela alma, o homem revela a sua personalidade através dos sentimentos físicos e psicológicos. Pelo espírito, o homem manifesta, pelos sentidos espirituais, o seu ser espiritual (Hb 5.14).

1. Fé. É uma qualidade do espírito com significação profunda e ampla. Ela envolve outras qualidades como adoração, esperança, reverência e oração. A fé é a expressão máxima da natureza religiosa do homem. Ela abre caminho para a adoração a Deus, o Criador. A fé suaviza o futuro com a esperança. Daí, o fato de que o homem tem intrínseca em seu espírito, a crença em Deus. É a chamada fé natural. Notemos o fato de que este tipo de fé tem o sentido de crer. Deus, o Criador, dotou o ser humano da capacidade de crer. Não se trata de fé salvadora, ou fé como fruto do Espírito ou fé como dom do Espírito Trata-se de fé como crença inerente em Deus.

2. A consciência. É a lei moral e espiritual, gravada no espírito do ser humano, que age como juiz, que aprova ou desaprova o procedimento de uma pessoa (Rm 2.15; Ec 7.22; 1Jo 3.21; Gn 42.21). Na linguagem popular a consciência é a voz de Deus no espírito do homem. É uma lei moral interior, inscrita pelo Criador para nos manter em alerta e aprovar ou reprovar nossos atos e atitudes consoante nossas prévias convicções morais. Essas convicções devem vir da Palavra de Deus.

 

 

IV. PECADOS CONTRA O ESPÍRITO HUMANO

 

1. O pecado afetou o espírito humano. Diz-nos a Palavra de Deus: “Portanto, assim como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12). Aqui está a declaração de que “todos pecaram”, isto é, cada pessoa e todos os seus elementos: corpo, alma e espírito.

2. O aferidor do espírito humano. O caráter santo de Deus é o meio aferidor do estado e conduta do espírito humano. Deus é o aferidor universal da criação, isto é, pelo seu caráter santo e justo, Ele é a base da justiça para julgar as ações do homem. Porém, é preciso esclarecer que a nossa consciência não é o árbitro final das obras do homem, mas sim Deus.

3. Pecados contra a crença inata em Deus. Depois da queda, todas as faculdades morais e espirituais do homem foram afetadas pelo pecado. Então, a comunhão entre Deus e o homem foi abolida, sendo somente restaurada por Jesus Cristo naquele que nEle crê (Ef 2.13-18).

a) Idolatria. Esse é um pecado que atinge frontalmente a soberania e a santidade de Deus. O primeiro dos dez mandamentos dados a Moisés, estabelece: “Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20.3). Aprendemos também, que esse mandamento ensina a eterna autoridade do Criador. A Ele pertence a glória, o poder e a honra. Portanto, idolatria é rebelião contra Deus.

b) Orgulho. O orgulho é um pecado que faz o homem levantar-se contra Deus e os homens igualmente. É vanglória, soberba, arrogância, presunção, exaltação. Uma das evidências do orgulho é a sede insaciável pelo poder, a busca desenfreada de autoafirmação. A Bíblia diz que o orgulho endurece o espírito (Dn 5.20); o orgulho é um obstáculo que impede o homem de buscar a Deus (Sl 10.4; Os 7.10). A Bíblia condena o orgulho com veemência e diz que os orgulhosos serão abatidos (Dn 4.37; Mt 23,12); castigados (Ml 4.1); justiçados (Sl 31.23).

c) Egoísmo. É outro pecado do espírito humano. O egoísmo torna o espírito das pessoas obsessivo em torno do seu próprio eu. Tudo o que faz, pensa ou realiza gira em torno de si mesmo. A grande vitória espiritual do crente está em crucificar seu ego, para que Cristo reine e se assente no trono do coração (Gl 2.20). O egoísmo abriga e esconde certos pecados da carne, como adultério, embriaguez etc. Esse pecado contraria a natureza fraterna e altruísta do homem (Rm 15.1; 1Co 10.33).

d) Dureza de coração. Outro termo conhecido com o mesmo sentido é “duro de cerviz”. A “dureza do coração” refere-se à insensibilidade de uma pessoa para com o próximo e para com Deus (1Sm 25.3). A expressão “dura cerviz” refere-se à pessoa que não se submete a qualquer ordem ou mando. A palavra “cerviz” é de origem latina e significa nuca, pescoço. É o espírito insubmisso, autoritário, autocrático (Êx 32.7-9; At 7.51).

 

 

CONCLUSÃO

 

A mordomia do espírito humano implica, portanto, na administração das faculdades que expressam as ações do espírito. A manutenção das nossas relações espirituais com Deus é de fundamental importância para uma vida feliz.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Teológico

 

“A diferença não está na formação orgânica do homem, mas na sua constituição interior. Os animais são seres vivos, mas não possuem espírito. Comunhão íntima com Deus só é facultada ao ser humano pelo espírito de Deus que habita nele.

O espírito é a faceta do homem interior que tem a capacidade de se relacionar responsavelmente com Deus e conhecê-lo porque nele residem a consciência e a fé.

A consciência é o ‘tribunal’ que há dentro de cada um de nós, que condena ou aprova as nossas ações, motivadas e instigadas pela alma, e que pode ser cauterizada ou arrefecida pela prática constante do pecado, bem como pode vir à tona pelo toque inconfundível do Espírito Santo.

A consciência age na mente humana. Consciência é a ação do espírito na mente, que é uma das facetas da alma.

Fé é a capacidade de crer, religiosamente falando. Ao referirmo-nos à fé, falamos não da fé que é obtida pela ministração do Evangelho, não da fé sobrenatural, mas de uma característica inata, congênita, inerente a todos os seres humanos, uma capacidade de crer religiosamente falando, uma tendência natural que todos possuem para religiosidade e para a adoração — a fé natural” (Reflexões sobre a Alma e o Tempo, CPAD, pp.29,30).

 

GLOSSÁRIO

 

Altruísta: Desprendido, abnegado, o que ama ao próximo, filantropo.

Âmago: A parte fundamental; o principal, a essência.

Autoafirmação: Necessidade íntima do indivíduo de impor-se à aceitação do meio.

Autocrático: O que é próprio do soberano absoluto e independente.

Conjugado: Ligado, unido. Ego: O eu de qualquer indivíduo.

Fôlego: Capacidade de reter o ar nos pulmões.

Intrínseco: Que está dentro de uma coisa ou pessoa e lhe é próprio; interior, íntimo.

Primazia: Excelência, superioridade.

Singular: Diferente, distinto, notável.

Veemência: Intensidade, atividade, vivacidade.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

Introdução à Teologia Sistemática, Eurico Bergstén, CPAD.

A Síndrome do Canto do Galo, Elienai Cabral, CPAD.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. O que é o espírito humano?

R. É a parte principal do homem que o habilita a ter comunhão pessoal com o seu criador.

 

2. Cite uma passagem bíblica que sirva de base para a tricotomia.

R. 1Ts 5.23; Hb 4.12.

 

3. Quais as faculdades essenciais do espírito humano?

R. Fé e consciência.

 

4. Quem é o aferidor universal da criação?

R. Deus, pelo seu caráter santo e justo.

 

5. Mencione alguns pecados contra a crença inata em Deus.

R. Idolatria, orgulho, egoísmo e dureza de coração.