LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

4º Trimestre de 2005

 

Título: E agora, como viveremos? — A resposta cristã para os tempos de crise e calamidade moral

Comentarista: Geremias do Couto

 

 

Lição 4: A divinização do homem ante a soberania de Deus

Data: 23 de outubro de 2005

 

TEXTO ÁUREO

 

Não vos assombreis, nem temais; porventura, desde então, não vo-lo fiz ouvir e não vo-lo anunciei? Porque vós sois as minhas testemunhas. Há outro Deus além de mim? Não! Não há outra Rocha que eu conheça(Is 44.8).

 

VERDADE PRÁTICA

 

A busca da comunhão com Deus, a partir da fé em sua existência, é o caminho que Cristo oferece para a verdadeira redenção do homem.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Gn 1.1-31

Deus como o criador

 

 

Terça — Sl 91.1-16

Deus como o protetor

 

 

Quarta — Gn 22.1-14

Deus como o provedor

 

 

Quinta — Sl 37.1-40

Deus como o abençoador

 

 

Sexta — Jo 17.1-20

Deus como o santificador

 

 

Sábado — Hb 12.12-24

Deus como o Justo Juiz

 

HINOS SUGERIDOS

 

225, 298 e 340 da Harpa Cristã

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Lucas 12.13-21.

 

13 — E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança.

14 — Mas ele lhe disse: Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?

15 — E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.

16 — E propôs-lhe uma parábola, dizendo: a herdade de um homem rico tinha produzido com abundância.

17 — E arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos.

18 — E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens;

19 — e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens, para muitos anos; descansa, come, bebe e folga.

20 — Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será?

21 — Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus.

 

PONTO DE CONTATO

 

Professor, atualmente, no contexto educacional, a aprendizagem repetitiva, isto é, memorística está sendo substituída pela aprendizagem significativa. Nesta, a matéria a ser ministrada pelo professor e aprendida pelo aluno precisa fazer sentido para este último. Isto significa que a nova informação ou conhecimento transmitido fundamenta-se em conceitos já conhecidos, facilitando o aprendizado do indivíduo. Assim, o conteúdo estudado e assimilado junto a outros conceitos que o aluno possui, pois o saber novo complementa o que já está presente na estrutura cognitiva dele. O professor, portanto, não pode desprezar o que o aluno já sabe, mas deve desenvolver o conteúdo a partir do conhecimento prévio dele. Faça uma bateria de perguntas sobre os principais temas das lições seguintes e, a partir das respostas dos alunos, prepare as próximas aulas.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Definir o termo antropocentrismo.
  • Explicar a doutrina da imanência e da transcendência de Deus.
  • Compreender como a razão, a natureza e a revelação explicam a existência de Deus.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

O antropocentrismo, em sua forma atual, é consequência do conjunto de transformações literárias, artísticas e científicas produzidas na Europa nos séculos XV e XVI conhecido como Renascimento ou Renascença. Entre os aspectos negativos mais acentuados do antropocentrismo de origem renascentista está a ausência de preocupação com a vida religiosa. Há dois tipos de adeptos deste pensamento: os que consideram a religião cristã e seus ensinos desnecessários para explicar o mundo e o próprio homem, e os pensadores cristãos que se esforçam para adequar o cristianismo a essas novas exigências filosóficas, sociais e religiosas.

As consequências dessa nova identidade cultural são o ateísmo, o deísmo, a deificação do homem, a materialismo e a negação da doutrina da transcendência divina. Contudo, a verdadeira identidade humana não se encontra na cultura pós-moderna, mas nos ensinos das Sagradas Escrituras.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Professor, a presente lição divide-se era dois principais temas ou blocos: Antropocentrismo e Teocentrismo. A fim de que o aluno observe as diferenças entre esses dois sistemas, reproduza o gráfico abaixo de acordo com os recursos de que você dispõe.

 

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Os ensinos da filosofia pós-modernista, como já vimos, são todos centrados no homem. Nada têm de Deus. O termo que define esse comportamento materialista é antropocentrismo. É o oposto do teocentrismo, que é Deus como único soberano e Senhor. O antropocentrismo considera-se como origem e causa motivante de toda a atividade humana, como se Deus não existisse e não estivesse no controle do Universo. Esse é o espírito que permeia e domina o mundo (Ef 2.1,2) e que age continuamente para que a verdade de Deus seja obstruída, paralisada e esquecida de todos.

Contudo, conhecemos, através da Bíblia, a realidade do fim da história e sabemos que “aquele que habita nos céus se rirá deles” (Sl 2.4). O triunfo final e total do Reino de Deus já está determinado. Mas enquanto aguardamos esse ditoso dia, temos o compromisso de proclamar que Deus, e não o homem, como veremos nesta lição, tem o leme e o destino final da história em suas mãos e que Ele está infinitamente acima do Universo como o grande e sublime Criador de todas as coisas.

 

I. O CULTO DA DEIFICAÇÃO DO HOMEM

 

1. O alvo do antropocentrismo. É de inspiração demoníaca. Trata-se de deificar ou cultuar o homem como se fosse um deus; como se fosse senhor absoluto de si mesmo e do seu próprio destino. O personagem da parábola da leitura bíblica em classe da presente lição é o retrato perfeito dessa deificação do homem. Veja o uso repetido de termos possessivos (“meus frutos”, “meus celeiros”, “minhas novidades”, “meus bens”). Ele vive e trabalha em função de suas possessões materiais (vv.17,18). Em segundo lugar, ele reduz a vida ao materialismo ao pressupor que os seus bens são suficientes para lhe dar tudo o que precisa (v.19), esquecendo-se, porém, que as necessidades da alma só Deus pode supri-las (Sl 139.1-18). No versículo 21, o Senhor não condena a riqueza em si mesma, mas o fato de ela ocupar o lugar de Deus na vida e propósitos do ser humano.

Mesmo que não haja no antropocentrismo uma divinização formal do homem, como acontece em casos bem específicos, descritos mais adiante, nesta lição, ela revela-se na maneira como os atuais antropocêntricos procedem. O sentimento que se apoderou do príncipe de Tiro, mencionado por Ezequiel (Ez 28.1-10; Is 31.3), numa alusão certamente ao próprio Diabo, é o mesmo que leva tais pessoas a se considerarem pequenas divindades e senhores absolutos de si e do mundo que os cerca até que toda prepotência caia por terra (v.20), pela falibilidade e limitação da vida humana (Tg 1.9-11; 4.13-17).

2. Emblemas do antropocentrismo. O antropocentrismo tem os seus representantes na história da civilização. No Antigo Testamento, Nabucodonosor é o destaque entre os personagens nesse sentido. Ele julgou-se um deus quando construiu uma imponente estátua de ouro e impôs que todos a adorassem (Dn 3.1-7).

Entre os vários deuses adorados no panteão romano, na capital daquele império, reservava-se ao imperador um espaço de honra para ser cultuado como personagem divino em todos os limites do império.

Com certeza, muitos cristãos foram martirizados nos primeiros séculos da história da Igreja por se recusarem a adorar esses deuses do paganismo e ao próprio imperador. Mas o espírito tenebroso daquela época continua operando hoje, através do movimento filosófico-religioso denominado Nova Era, que tem como meta a deificação do homem, servindo assim aos propósitos malignos.

 

II. COMO SE MANIFESTA O ENDEUSAMENTO DO HOMEM

 

1. A transcendência de Deus sob ataque. Para maior aceitação do antropocentrismo no mundo, seus ideólogos e promotores tentam invalidar a doutrina bíblica da transcendência de Deus. Israel no deserto, estando Moisés ausente durante quarenta dias no Sinai, por ainda não ter a compreensão exata do Deus Todo-poderoso, invisível, transcendente, tentou substituí-lo por um bezerro de ouro, à moda do politeísmo pagão egípcio (Êx 32.1-7).

É preciso entender que a imanência de Deus não exclui a sua transcendência. São verdades e atributos que se completam. Se, por um lado, Deus na sua imanência, participa ativamente da história humana, conduzindo o seu glorioso plano através dos tempos, Ele também, na sua transcendência, como Criador e Todo-Poderoso, é infinitamente superior à criação e à criatura (Is 57.15). Ele é Deus sobre todas as coisas; não há outro além dEle, e não há outra Rocha que Ele conheça (Is 44.8).

2. O orgulho humano. O endeusamento e idolatria do homem advém do seu espírito orgulhoso. Este é um pecado que atua com força demolidora no coração humano. Inclusive, todo cristão deve sempre vigiar contra isso. O orgulho precede a ruína (Pv 16.18). O orgulhoso julga-se grande e maior do que todos. Isso atenta contra Deus, pois só Ele é grande e glorioso. O orgulho e a soberba formam um todo, sendo um teórico e outro prático. Voltemos ao episódio do Éden, anteriormente abordado. Foi a soberba que tornou o primeiro casal refém da voz da serpente sob a hipótese de que Deus poderia não estar fazendo a coisa certa (ver Gn 3.1-5). As consequências todos conhecem.

Quando o homem é levado a pôr em dúvida os desígnios de Deus, a arma diabólica logo empregada é a de que ele pode exercer domínio absoluto sobre a sua vida — ser um pequeno deus — assim como pensou o insensato da parábola em estudo. Sua afirmação é extremamente reveladora: “Tens em depósito muitos bens, para muitos anos” (v.19). Noutras palavras, tenho controle absoluto da situação. Mas não foi isso que ocorreu. Ele teve de deparar-se com a realidade de que Deus permanece sempre no trono. Ele é o Criador (v.20). O ser humano apenas criatura.

 

III. DEUS E NÃO O HOMEM

 

1. A existência de Deus — uma necessidade da razão. Este é um ponto destacado desta lição: Deus ao invés do homem. É o teocentrismo em teologia. Esta é a verdade que jamais pode ser removida da história sob pena de a criação perder todo o seu significado (Os 13.4). Como diz Charles Finney, em sua Teologia Sistemática, a crença na existência de Deus é uma necessidade primacial da razão, sem a qual é impossível dar sequência coerente a qualquer forma de raciocínio. A ideia de uma causa, de onde se origina qualquer processo, ou que produza qualquer efeito, precisa sempre estar presente no pensamento humano. Assim, a própria razão, por depender dessa necessidade, aponta para Deus como a causa de todas as coisas.

2. A existência de Deus — um testemunho da natureza. A natureza declara em toda a sua extensão que só um ser com capacidade infinita teria condições de criar o Universo com a exata precisão e harmonia que o caracteriza. Em síntese, uma criação inteligente e perfeita, que pressupõe e requer um Criador inteligente e perfeito.

No Antigo Testamento, Davi compreende essa verdade e, extasiado diante da magnificência divina, assim a descreve: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos” (Sl 19.1). No Novo Testamento, o apóstolo Paulo alude à mesma ideia, em sintonia com o testemunho da consciência, como prova de que só se concebe o mundo através da crença na existência do Criador (Rm 1.19,20; 2.12-16).

3. A existência de Deus — a pedra angular da revelação. A existência de Deus é a pedra angular da revelação bíblica. Ao apelo da consciência e ao testemunho do que vemos à nossa volta, a Bíblia simplesmente responde: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). As Escrituras não se preocupam em provar a existência de Deus, visto que isso é um fato admitido. Seria um contrassenso Deus apresentar provas de sua existência à criação que Ele mesmo criou, inclusive o homem. Se hoje, como no passado, muitos duvidam e descreem na existência de Deus, isso provém do distanciamento pecaminoso do homem para com Ele. As Escrituras cumprem o papel de revelá-lo em toda a sua glória e majestade, satisfazendo assim, de forma plena e suficiente, a necessidade da razão e o testemunho da natureza.

 

CONCLUSÃO

 

Conclui-se que a incontida busca humana pelo endeusamento é um engano diabólico para afastar o homem do seu Criador. Entretanto, diante de evidências tão fortes, a sua mente não tem como deixar de ir em busca da existência de Deus.

Se insistir em negá-lO, ao final, não haverá escapatória, pois todos hão de encontrá-lo como o grande juiz de toda a Terra (Am 4.12).

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Teológico

 

“1. ‘A tradição dos homens’. Em sua defesa do evangelho, Paulo referiu-se aos ensinos dos homens que não observavam a doutrina de Cristo, considerando-os “tradição dos homens”. Ele advertiu os colossenses que não se fizessem presa de tais ensinos. Não só na época em que foi escrita a epístola, mas, há muito tempo, existe em curso todo um movimento filosófico, chamado humanismo, que coloca o homem no centro de tudo, excluindo a Palavra de Deus, e o próprio Deus, de suas conjecturas.

2. O que ensina o humanismo. Segundo essa filosofia, que inclui a ‘tradição dos homens’ a que se referia Paulo, o homem e o universo são apenas originários da energia que se transformou em matéria, por obra do acaso. É filosofia irmã do evolucionismo biológico. Nega a existência de um Deus pessoal e infinito; nega ser a Bíblia a revelação inspirada de Deus à raça humana. Para o humanismo, o homem é o seu próprio deus; o homem pode melhorar e evoluir, segundo tais preceitos, por meio da educação, redistribuição econômica, psicologia moderna ou sabedoria humana. O humanismo é relativista, pois crê que padrões morais não são absolutos, e sim relativos e determinados por aquilo que faz as pessoas sentirem-se felizes... ensina que o homem não deve ficar preso a ideia de Deus” (RENOVATO, Elinaldo. Colossenses. RJ: CPAD, 2004, Série Comentário Bíblico, pp.90-1).

 

GLOSSÁRIO

 

Imanência: Descreve o modo como Deus é revelado e manifestado aos homens, sem, contudo, ser confundido com a criação.

Teocentrismo: Sistema que concebe Deus como o centro de todas as coisas e ser absoluto do qual todas as normas éticas e morais absolutas procedem.

Transcendência: Trata da essência e atributos naturais de Deus que O tornam infinitamente superior a tudo que criou.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

RENOVATO, Elinaldo. Colossenses. CPAD, 2004.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Qual o alvo do antropocentrismo?

R. Deificar ou cultuar o homem como se fosse um deus; como se fosse senhor absoluto de si mesmo e do seu próprio destino.

 

2. Mencione um representante do antropocentrismo no Antigo Testamento.

R. Nabucodonosor.

 

3. Explique a doutrina da transcendência.

R. Esta doutrina apresenta Deus como Criador e Todo-poderoso, infinitamente superior a criação e á criatura (Is 57.15). Ele é Deus sobre todas as coisas; não há outro além dEle.

 

4. Explique a doutrina da imanência.

R. Esta doutrina apresenta Deus como participante ativo da história humana, conduzindo o seu glorioso plano através dos tempos.

 

5. De que maneira podemos explicar a existência de Deus?

R. Por meio da necessidade da razão, do testemunho da natureza ou da revelação bíblica.