LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

4º Trimestre de 2005

 

Título: E agora, como viveremos? — A resposta cristã para os tempos de crise e calamidade moral

Comentarista: Geremias do Couto

 

 

Lição 5: O relativismo moral predominante no mundo

Data: 30 de outubro de 2005

 

TEXTO ÁUREO

 

Nunca me esquecerei dos teus preceitos, pois por eles me tens vivificado(Sl 119.93).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Os preceitos absolutos de Deus contidos na Bíblia Sagrada são o referencial necessário para nortear nosso posicionamento e nossas atitudes diante do relativismo moral predominante em nossa sociedade.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Gn 26.1-6

Os preceitos de Deus abençoam

 

 

Terça — Sl 19.7,8

Os preceitos de Deus são retos

 

 

Quarta — Sl 119.9-16

Os preceitos de Deus alegram

 

 

Quinta — Sl 119.25-32

Os preceitos de Deus ensinam

 

 

Sexta — Sl 119.33-40

Os preceitos de Deus vivificam

 

 

Sábado — Sl 119.41-48

Os preceitos de Deus libertam

 

HINOS SUGERIDOS

 

175, 275 e 247 da Harpa Cristã

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Salmos 119.89-96.

 

89 — Para sempre, ó SENHOR, a tua palavra permanece no céu.

90 — A tua fidelidade estende-se de geração a geração; tu firmaste a terra, e firme permanece.

91 — Conforme o que ordenaste, tudo se mantém até hoje; porque todas as coisas te obedecem.

92 — Se a tua lei não fora toda a minha alegria, há muito que teria perecido na minha angústia.

93 — Nunca me esquecerei dos teus preceitos, pois por eles me tens vivificado.

94 — Sou teu, salva-me; pois tenho buscado os teus preceitos.

95 — Os ímpios me esperam para me destruírem, mas eu atentarei para os teus testemunhos.

96 — A toda perfeição vi limite, mas o teu mandamento é amplíssimo.

 

PONTO DE CONTATO

 

O pensamento plural é consequência da mudança social provocada pelo pensamento pós-moderno. Para que o pluralismo se estabelecesse como teoria e prática, foi necessário que os homens negassem a existência de absolutos éticos e morais. Pois, como se pode falar em pluralidade se existe verdade, ética e padrões morais universais? Observe, no entanto, que, para lograrem êxito em suas propostas pluralistas, os pós-modernistas relativizaram a verdade, a ética e a moral, atribuindo-lhes um caráter particular, individual, circunstancial e não universal. Foi necessário ainda que negassem a existência de uma divindade única e absoluta como atesta a cultura judaico-cristã. Contudo, os ateus apresentaram o homem deificado, rumo à perfeição, enquanto os religiosos apresentaram um panteão de divindades e literaturas espiritualistas, budista, hinduístas, etc, a fim de confirmar a existência de outras “verdades” e outros caminhos que conduzem ao aperfeiçoamento do próprio indivíduo.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Descrever os fundamentos do relativismo moral.
  • Explicar as consequências do relativismo moral.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

O relativismo moral é a corrente de pensamento humanista que ensina a inexistência de normas, verdades e moral procedentes da vontade absoluta de Deus. Nesta lição, estudaremos os principais fundamentos e consequências do relativismo, e as três características dos princípios bíblicos que combatem a moral relativista.

Esse pensamento anticristão está fundamentado em duas correntes seculares: no materialismo filosófico e no existencialismo defendido pelo pensador francês Jean Paul Sartre. Segundo a primeira corrente, a única realidade no Universo é o mundo físico e material; nada existe além deles. É ateísta, nega a realidade espiritual, a existência dos anjos, os milagres e a criação do homem e do Universo por Deus. Por esta razão, não crê em qualquer princípio, verdade, moral ou ética proveniente de Deus. Consequentemente, o materialismo promove o existencialismo, que por sua vez, é uma das principais concepções humanistas pós-modernas. Segundo esta teoria, o homem existe independente de qualquer ato divino, porquanto é responsável por aquilo que é, por seu destino, pelo seu domínio e pela sua existência.

Contudo, o cristão não apenas contesta essas duas filosofias seculares, como também reafirma que os princípios bíblicos são absolutos, imutáveis e universais.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Professor, para esta lição, desenvolva um Plano Gráfico de todo o conteúdo da aula. Este recurso didático apresenta um resumo geral da lição, fundamentado nos principais conceitos, tópicos ou verdades presentes no comentário. Ao apresentar o gráfico à classe, explique-o na seguinte ordem: 1) O relativismo moral subverte os valores morais e espirituais; 2) O materialismo e o existencialismo são dois sistemas racionais que fundamentam o relativismo; 3) As doutrinas fundamentais de cada teoria; 4) Contraste-os com os absolutos, imutáveis e universais princípios bíblicos. Este recurso pode ser usado como uma introdução ao conteúdo da lição, fortalecendo o argumento presente na Síntese Textual. Reproduza o gráfico abaixo de acordo com os recursos disponíveis.

 

SISTEMAS QUE SUBVERTEM OS VALORES MORAIS E ESPIRITUAIS

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Como vimos nas lições anteriores, a negação da existência de Deus e a entronização do homem como o centro do universo conduz ao relativismo, um mal predominante desta era chamada de pós-moderna. O relativismo equivale a afirmar que não há verdades nem preceitos absolutos. Cada um faz suas próprias escolhas e sua própria vontade como bem lhe parecer, sem atentar para nenhum padrão de caráter universal, partindo dos princípios das Sagradas Escrituras como norma de fé, de vida e de conduta humana.

Veremos, a seguir, o conceito de relativismo, de que forma ele atua no mundo, as suas funestas consequências e como refutá-lo à luz da Palavra de Deus, cujos preceitos permanecem para sempre e são a base inamovível de uma vida saudável em todas as esferas humanas.

 

I. OS ARDILOSOS FUNDAMENTOS DO RELATIVISMO

 

1. O fundamento materialista. O relativismo é a visão materialista da vida. A partir do momento em que alguém contempla o mundo como auto-existente e não como oriundo da mão criadora de Deus, tudo mais passa a ser visto sob essa perspectiva.

Se tudo surgiu do acaso, sem a ação de um Ser infinitamente superior, ou sem qualquer propósito elevado, e que tudo se limita à matéria, cada um então tem o direito de ser absoluto, de ignorar direitos e deveres e de viver a seu bel-prazer.

Durante a travessia de Israel no deserto, em direção à Terra Prometida, esta nociva filosofia de vida, de inspiração totalmente carnal, dominou o povo de Israel, o qual preferiu fazer o que bem lhe parecia aos olhos, ao invés de cumprir os estatutos ordenados por Deus. Em suas advertências finais, Moisés fez ver aos israelitas que por essa razão, após 40 anos, ainda não tinham entrado em Canaã (Dt 12.8,9; Sl 95.10,11). A obediência aos preceitos divinos deve ser a alegria dos cristãos, conforme reconheceu o salmista (v.92). Ver também Sl 119.24,34,47,127,143,174.

2. O fundamento existencialista. O materialismo descarta os valores eternos. Os adeptos do relativismo seguem os princípios daquilo que a moderna filosofia chama de existencialismo, cuja essência é a ideia de que “a existência humana [é] constituída pelas escolhas feitas pelas pessoas”. Enquanto o justo vive da fé, segundo a revelação divina (Rm 1.17), esses tais modernistas “vivem” de ideias; não de realidades por nosso Senhor Jesus Cristo (2Tm 1.9,10).

O conceito de existencialismo pode ser definido numa frase bastante popular e levemente alterada pelo comentarista: “cada um por si e Deus por ninguém”. Isto significa que o existencialismo busca dar sentido à existência mediante a liberdade dos atos individuais. Em resumo, cada um constrói o seu momento presente de acordo com o que vive, pensa e acredita. Repita-se: (eles dizem) nada há absoluto.

O sábio Salomão viveu algo parecido, como se depreende do livro de Eclesiastes. Ele buscou motivações e propósitos para a vida nas riquezas, nas grandes realizações pessoais, nos prazeres mundanos, na soberba de sua sabedoria, para, ao fim, concluir que nada faz sentido se Deus não for o nosso supremo bem (Ec 5.1,19,20; 11.9,10; 12.1-4). Assim fez também Davi: “Nunca me esquecerei dos teus preceitos, pois por eles me tens vivificado” (v.93). Para ele, as diretrizes da sua vida vinham da Palavra de Deus (Sl 119.105).

 

II. AS CONSEQUÊNCIAS DO RELATIVISMO

 

1. Destrói os valores espirituais. O relativismo arruína a vida em geral. Em primeiro lugar, porque os valores espirituais são tidos como inexistentes, ou, no máximo, como algo particular de cada individuo. Sob esse prisma, como afirmou de público determinada autoridade brasileira, Deus é produto da mente humana, e não o Ser Pessoal e Onipotente como revelado na Bíblia.

Assim, no relativismo, a crença no Deus bíblico — o Senhor de todo o Universo — não é uma necessidade de todo ser humano, mas uma mera opção pessoal.

Ora, se a crença na existência do Criador tem sentido relativo, desaparece também o princípio da autoridade, oriundo do próprio Deus. Não é de estranhar-se que, atualmente, essa seja uma área sob constante convulsão em todos os níveis da sociedade. Se alguém não admite a autoridade de Deus sobre o mundo, como a aceitará nos níveis institucionais?

2. Destrói os valores morais. Em segundo lugar, o relativismo trata os valores morais como dependentes das circunstâncias do momento e não como padrões universais, a transgressão dos quais produz prejuízos irreparáveis. Para os adeptos do relativismo, prevalece a tese de que a sociedade detém o direito de convencionar entre si o padrão ético que melhor lhe convém, sem admitir como referenciais inabaláveis e eternos os valores absolutos estabelecidos pelo próprio Deus nas Santas Escrituras.

Por isso, o crescente rebaixamento moral e ético da sociedade moderna é muito maior do que o do reino de Judá nos anos que antecederam o exílio babilônico. O profeta Jeremias empregou todos os recursos figurados da linguagem hebraica para descrever como aquele povo se afastou de Deus e quais as graves consequências de tal comportamento (Jr 2.1-37; Jr 3.1-5), o que de fato aconteceu com a invasão de Jerusalém por Nabucodonosor.

Não é essa a realidade de hoje, com a desintegração generalizada da família e a anarquia moral predominante em todo o mundo? Não é essa a forma de viver mais apregoada nos quatro cantos da terra? Não é assim que se portam aqueles que não valorizam a união conjugal bíblica e desprezam o leito sem mácula (Hb 13.4) em troca da vida adúltera e da prostituição? Não é esse o espírito de muitas canções mundanas ouvidas, bem como de vídeos por toda parte (Jr 5.1-9)?

 

III. OS PRINCÍPIOS E PRECEITOS BÍBLICOS E O RELATIVISMO

 

1. Os princípios e preceitos bíblicos são absolutos. Deus continua e continuará para sempre no governo do Universo e conta com aqueles que O amam e que permanecem fiéis aos seus estatutos. Estes adotam os mandamentos de Deus estabelecidos na Bíblia como absolutos e estão plenamente convictos de que eles, em qualquer circunstância, direcionam todos e quaisquer aspectos da vida humana.

Quando a nossa tradução da Bíblia usa o superlativo “amplíssimo” para denotar a excelência dos mandamentos de Deus, como escreveu Davi (v.96), a ideia é de que nenhuma área do nosso cotidiano ficou esquecida na Palavra de Deus e de que esses mandamentos são absolutamente necessários. Deus não deixou de prover sempre o melhor para cada situação.

Ao insistirmos nos absolutos, não queremos afirmar que não haja também conceitos relativos. Essa diversidade se manifesta, por exemplo, nas comidas típicas de cada país, nos estilos da arquitetura, no estilo da vestimenta e até mesmo em relação à hora de dormir, que depende do fuso horário. Mas tais circunstâncias relativas acabam apontando para princípios biológicos absolutos: todos precisam alimentar-se, todos precisam dormir.

Se assim ocorre com os princípios biológicos, que dirá quanto aos princípios morais e espirituais! Ver Js 22.5; 2Rs 17.37; Rm 13.9.

2. Os princípios e preceitos bíblicos são imutáveis. Da mesma forma que Deus não muda (Ml 3.6), suas ordenanças também permanecem para sempre inalteradas, pois são plenamente completas e atuais para o ser humano de qualquer época.

3. Os princípios e preceitos bíblicos são universais. Precisamos sempre ter em mente que os princípios e preceitos bíblicos são universais. Em outras palavras, eles não foram estabelecidos apenas para determinado período ou para um povo específico, mas para a humanidade de todos os tempos.

São princípios irrestritos, inclusive no tocante à igreja, como, por exemplo, a autoridade governativa concedida ao homem nos primórdios da criação (Gn 1.26-28). Vivê-los deve ser a nossa busca constante, principalmente porque estamos sob as bênçãos do novo pacto em Cristo Jesus.

 

CONCLUSÃO

 

Portanto, diante de uma sociedade secular, entregue de corpo e alma ao relativismo moral, sejam as palavras de nossa boca o clamor de Davi: “Sou teu, salva-me; pois tenho buscado os teus preceitos” (v.94). Só assim faremos a diferença necessária para influenciar de forma positiva o nosso ambiente.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Devocional

 

“Uma ética acima de qualquer suspeita

As implicações éticas absolutas do Reino de Deus, como se vê no Sermão do Monte, decorrem de ser o próprio Deus quem controla e estabelece suas leis. Como um ser moral, Ele não pode exigir menos do que impõe a sua própria natureza. Ainda que se valham de instrumentos próprios de cada realidade cultural, essas leis, como princípios universais, não se alteram ao sabor das diferentes situações, não se ajustam ao que pensa o homem e nem se modificam para adaptar-se ao estilo de vida de cada um, mas são a exata expressão do propósito de Deus para o seu povo. Deus é imutável. Suas leis também são imutáveis. Deus é soberano. Suas leis também são soberanas. Deus é absoluto. Suas leis também são absolutas. Por esse motivo, têm sido fonte de inspiração, ao longo dos séculos, para que as nações inteiras formulem sua estrutura jurídica e se submetam a ela à luz desses princípios.

Contudo, por que a ética do Reino de Deus é absoluta?

1. Para definir de modo claro o ideal a ser incessantemente buscado por aqueles que professam a fé cristã [...]

2. Para revelar que nenhum esforço humano é capaz em si mesmo de vivê-la, a não ser pelos méritos da obra redentora de Cristo [...]

3. Para demonstrar, de forma antecipada, como que por espelho, o sublime estilo de vida a ser experimentado na dimensão futura do Reino de Deus [...]” (COUTO, Geremias do. A transparência da vida cristã. RJ: CPAD, 2001, pp.72-3).

 

GLOSSÁRIO

 

Existencialismo: Movimento filosófico que engrandece a existência em detrimento da essência. Seus adeptos acreditam que o ser humano não deve preocupar-se com questões espirituais, mas tirar o máximo proveito da existência.

Imutável: Não sujeito a mudanças ou variações.

Inamovível: Que não pode ser removido; absoluto.

Universal: Comum a todos os homens, ou que é aplicável a todos.

Valores absolutos: Trata-se do reconhecimento da existência de normas morais válidas para todas as pessoas em todas as épocas. Para os cristãos, são as santas leis morais da Sagrada Escritura.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Cite os dois fundamentos do relativismo mencionados na lição.

R. O materialismo e o existencialismo.

 

2. Explique o materialismo.

R. Tudo se limita à matéria, o mundo é auto-existente e não oriundo da mão criadora de Deus.

 

3. Defina existencialismo.

R. Corrente de pensamento que busca dar sentido à existência mediante a liberdade dos atos individuais, contrariando toda e qualquer norma absoluta.

 

4. Mencione as consequências do relativismo para a igreja e para a sociedade.

R. Destrói os valores espirituais e morais.

 

5. Quais as características dos princípios e preceitos bíblicos?

R. São absolutos, imutáveis e universais.